Fiquei dançando com o Cartas na pista por um bom tempo, ele falava algumas coisas que estavam me incomodando e sempre que eu tentava rebater ele me cortava.
-Vamos lá pra casa, ficar no love?- ele fala no pé do meu ouvido me fazendo arrepiar.
-Deixa eu só avisar o Morte, para ele não ficar me procurando depois- falo, mas quando eu iria sair ele me agarra
-Não necessidade, vocês dois não tem nada, não tem que da satisfação- ele fala sério
-Mas ele quem me trouxe e é meu melhor amigo, eu tenho que avisar sim
-Manda mensagem, olha ele subindo ali- olho pro camarote e vejo ele subindo com uma loira, uma pitada de ciúmes me atinge, mas é coisa da minha cabeça.- vamos- ele me puxa e eu pego meu celular mandando mensagem.
Cartas sobe na moto e já liga ela, coloco o celular dentro da bolsa e subo com cuidado, por conta da saia, coloco a bolsa na frente pra ninguém ver minha causinha. Ele nem espera eu me consertar e já sai cantando pneu, quase eu cai.
-Vai devagar, eu quase cai- falo me concertando
-Não se segurou por que não quis- ele fala e acelera mais
Fico boquiaberta com tamanha grosseria desse filho da puta. Chegamos na sua casa e nem me ajudar a descer ele ajudou, porra, eu tô de salto.
Entramos na sua casa que é normal. Não é maior que a do Morte mas parece confortável.
-Pode ficar de boa, vou pegar umas bebidas pra nós
-Não vou beber- falo e me sento no seu sofá
-Que isso minha gata- ele aparece na sala com duas garrafas- só um pouco não mata- ele sorrir e eu me incomodo com isso.
-Não, eu já bebi de mais, tenho que tá consciente- ele se senta do meu lado e liga a TV
-Tá comigo, tamo em casa, tem essa não pô, pode beber sem medo- ele coloca em um filme qualquer
-Não quero Cartas, eu tô bem- forço um sorriso
O assunto morre ali, começo a prestar a atenção na televisão, o filme tá uma bosta, não tem nada de bom. No meio do filme sinto a mão dele na minha coxa e vai subindo devagar, antes de chegar na barra da minha saia eu paro ele.
-O que foi?- ele pergunta e me olha
-Não continue, melhor para aí- ele me olha com um olhar de tédio
-Deixa de mimizeira, uma dedada não mata ninguém, você é insuportável
-Não me importo se eu sou chata pra você ou não, já falei que não, sua obrigação é aceitar.
-Ata- ele rir e me beija com muita força, tento empurra ele mas não consigo. Porra, de novo não
Ele agarra minha cintura e aperta me fazendo arfa, morde meu lábio com muita força que sinto até o gosto do sangue. Ele começa a me deitar no sofá e beijar o meu pescoço.
-Cartas para- falo ainda tentando empurrar ele.- Para porra
-Eu sei que você quer Aly, se não quisesse não estaria aqui.- ele continua descendo o beijo
-Para porra- empurro ele que me olha com raiva- eu falei que não, caralho
-Você quer sim- ele vem com tudo pra cima de mim, prende minha mão e continua descendo a cabeça. Por conta do medo eu levanto minha perna de vez, que acaba batendo com tudo no seu queixo.
Seu corpo amolece, o aperto no meu pulso arrocha e o corpo dele cai em cima de mim. Empurro o corpo dele com tudo no chão, que faz um baque seco, porra, será que eu matei ele, levanto e fico andando pra lá e pra cá. Até que eu caiu em mim. Ele tentou, ele tentou, eu quase fui, de novo.
Meu olhos se enchem de água e eu começo a chorar, eu preciso sair daqui. Agora. Pego minha bolsa, e saio correndo da casa, eu não lembro, droga de memória, porra.
Pego meu celular e ligo pra primeira pessoa que passa na minha cabeça. Por favor atende. No terceiro toque ele atende.
-Fala demonia- eu não consigo segurar e começo a chorar
Morte falou que estava chegando, mas eu tô morrendo de medo, não tem como eu ir pra um lado ou outro, eu vou me perder, que inferno.
-Então aí está você sua puta- olho para a esquerda e lá está Cartas, com o nariz e a boca sangrando. Meu corpo gela e o medo me atinge.
-Fica..Fica longe- falo me afastando e ele vem na minha direção. Meu corpo treme e lágrimas descem do meu rosto
-Ficar longe?- ele rir- eu vou matar você, mas primeiro- ele me olha de cima a baixo- eu vou brincar um pouco- o sorriso que ele tem é sinistro. Um carro vem de lá pra cá, rápido. Eu espero que seja você Morte, por favor Deus. Cartas se aproxima e eu dou outro passo para trás e bato minhas costas no poste.
Ele pega no meu pescoço e começa a apertar com força, tento me soltar mas não consigo. Fecho os olhos já vendo o que está por vim, mas logo o aperto afrouxa e sinto meu corpo ser imprensado no porte. Abro os olhos devagar e vejo duas paredes na minha frente.
Escuto barulho de ossos se quebrando e um gemido de dor. Então eu escuto a voz dele. Meu corpo se alivia, mas eu não comigo velo. Por conta dos dois homens na minha frente.
-Morte- falo é um soluço sai da minha boca.
-Tá tudo bem pequena- um dos homens que estão na minha frente fala- ele tá bem, só pediu pra não deixarmos você ver o que ele está fazendo.
Dessa vez o soluço é algo, coloco a mão na minha boca pra abafar, lágrimas ainda descem do meu rosto, agora mais ainda. Soluço, de novo e de novo. Sem para, não tenho controle, minha respiração é cortada por conta dos soluços.
-Morte- falo só que dessa vez mais alto, sinto braços me rodearem, e o perfume dele invadir o meu nariz, com a cabeça no seu peito, ainda soluçando, sinto um cafuné na minha cabeça.
-Calma, eu já cheguei, eu to aqui.- choro mais ainda, mas agora de alívio- shiiu- ele faz carinho na minha cabeça- nada vai te acontecer, eu prometo princesa.
Ainda com a cabeça no seu peito. Ele me levanta, me pegando no colo, iria levantar a cabeça pra olhar, mas ele coloca ela no seu pescoço.
-Não olha, vai ser melhor- não contesto, continuo do deixo que ele deixou. Ainda abraçada, sinto ele se sentar em algum lugar, no colo dele como se eu fosse um bebê. Estava tão vulnerável, fraca, era isso que eu era, fraca.
-Você não é fraca, para de pensar isso- ele fala como se estivesse lendo minha mente.- já passou, e nunca mais vai acontecer de novo, eu não vou permitir. Não vou deixa que toquem em você de novo. Nunca mais. Ninguém nunca mais tocar no que é meu.- sinto um alívio ao ouvir isso.- dorme um pouco, vamos pra casa.
Não contesto, não faço nada, a não ser fechar os olhos e deixar que toda aquela escuridão me pegue de novo.
Levanto em um pulo, porra de pesadelo, droga, olho ao redor e não sei onde eu tô, não sei como cheguei. Flash e mais flash passam na minha cabeça.
-O que foi, tá sentindo alguma coisa?- Morte pergunta e eu suspiro, olho pra ele e o alívio me invade.
-Desculpa, não era pra te acordar- me sento na cama e passo a mão no cabelo.
-Tá tudo bem, o que foi pra você ter acordado assim?
-Só um pesadelo- suspiro
-Quer que eu saia?- olho pra ele que está com um olhar preocupado- talvez eu ter ficado aqui tenha causado um gatilho em você, eu vou deixa você sozinha.
-Não, eu.. eu não quero ficar sozinha. Fica aqui- pego a mão dele, ele me olha e concorda, ele deita e me puxa pra ele.
-Desculpa não ter chegado mais cedo- ele faz cafuné na minha cabeça.
-Você chegou na hora certa, como sempre Morte.
-Peter- ele fala e eu levanto pra olhar- Meu nome- sorrio
-Ok, Peter- deito e sinto ele beijar minha cabeça, me sinto confortável nos seus braços, e me aconchego mais. Meu sono não demora a vir.