Afetadas pela dor

By anonimocristao

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Sinopse: Será que a dor pode criar laços tão fortes quanto os outros sentimentos? Suellen, Anna e Luana são t... More

BookTrailer
OBSERVAÇÕES
Capítulo 1. A morte do Felix
Capítulo 2. Fogo na biblioteca
Capítulo 3. Acampamento na praia
Capítulo 4. Acampamento na floresta
Capítulo 5. O diário
Capítulo 6. O pesadelo
Capítulo 7. Grávida
Capítulo 8. Tentando contar a verdade ao Pedro
Capítulo 9. O afogamento
Capítulo 10. Tentando denunciar o professor
Capítulo 11. Última tentativa
Capítulo 12. Desaparecido
Capítulo 13. A decisão do Pedro
Capítulo 15. A vingança
Capítulo 16. Tentando salvá-la
Capítulo 16. Tentando ficar bem
Capítulo 17. Despedida
Capítulo 18. Natal
Capítulo 19. Amigas guerreiras

Capítulo 14. O grande plano

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By anonimocristao

Luana

O dia chegou.

Acordo na minha cama sentindo alguma coisa sendo jogada em cima de mim.

Foi a primeira vez que conseguir dormir depois de um tempo.

Tomo um susto quando vejo várias aranhas pequenas no meu corpo.
Eu grito e então Anna e Suellen rir. 

Anna está vestida de vampira e Suellen de bruxa. Estão com um saquinho nas mãos, dentro tem aranhas falsas.

Eu fico sentada na cama e infelizmente lembro quando os irmãos nojentos jogaram formigas em mim na floresta.

Eu digo:

— Ficaram loucas?

— São falsas. — Suellen falou rindo.

— É boba, são aranhas falsas! Feliz Halloween! — Anna falou rindo.

— Uau, hoje é dia 31 de outubro. Halloween era minha festa favorita. — Eu falei.

— Era? — Suellen disse parando de rir.

— Sim. Não consigo mais ter alegria com as festas. — Eu falei desanimada.

Anna também para de rir e diz:

— Vamos tentar nos divertir hoje. Faça uma fantasia. — Com a mão direita ela aponta para os dentes grandes de vampiro na boca dela e diz: — Eu fiz os dentes falsos que vi em um vídeo na internet como fazer. — Com a mão direita ela aponta para o vestido dela e diz: — Eu peguei esse vestido velho e curto preto que tinha no guarda-roupa. — Com a mão direita ela aponta para a capa nas costas dela e diz: — Eu fiz a capa com uns panos que encontrei aqui em casa e também vi no vídeo como fazer. — Com a mão direita ela aponta para a bota e diz: — Peguei essa bota do Pedro, não costumo usar botas. Então virei vampira. — Anna sorri e com a mão direita aponta para o vestido de Suellen e diz: — Suellen pegou o vestido velho dela e longo da cor roxo. — Com a mão direita ela aponta para o chapéu de bruxa que tem na cabeça de Suellen e diz: — Ela comprou esse chapéu de bruxa. — Com a mão direita ela apontou para a bota de Suellen e diz: — E essa bota você deve conhecer, é sua. — Anna me olha e diz: — Seus pais deixou a gente entrar e então entramos no seu quarto e Suellen olhou seu guarda-roupa e encontrou essa bota. 

— Ainda quero comprar o nariz de bruna. — Suellen disse.

— Vocês estão incríveis. Mas, eu não estou no clima de Halloween. Nem pensei na minha fantasia. — Eu falei.

— Trate de pensar! — Suellen falou. — Vamos sair por aí assustando as pessoas. 

Então eu resolvo fazer uma fantasia de zumbi. Nem precisava de maquiagem que minha cara já parece de morta. Mas, vi uma maquiagem incrível de zumbi em um vídeo na internet e faço alguns cortes no meu vestido longo branco com mangas. 

Então nós três ficamos andando pela rua, fingindo sermos os personagens que escolhemos. Bruxa, vampira e zumbi. 

Algumas crianças nos olham assustadas. Alguns adultos ficam tirando foto com o celular. Suellen fica nos filmando com o celular dela. E depois tira algumas fotos nossa. 

Pedro ao lado de uma amiga fica se aproximando da gente. A amiga do Pedro está fantasiada da boneca assassina. Pedro está fantasiado de lobisomem.
Pedro diz:

— Então, encontrei minha inimiga a vampira, Anna. 

— Se prepare para morrer, lobinho. — Anna falou sorrindo.

— Que Pedro morra de beijos, nova forma da vampira matar lobisomem. — Falou a amiga do Pedro.

— Você é brilhante, ótima ideia. Boneca assassina. — Pedro disse para a amiga. 

Pedro se aproxima de Anna e dá um selinho nela. 

— Eu vou morder e comer vocês, se não pararem de ficar se beijando. — Eu falei irritada.

Anna e Pedro riram parando de se beijar.

Nicolas aparece dentro do carro dele. Ele para o carro do nosso lado. Ele está fantasiado de demônio.

Suellen diz:

— O demônio mais bonito que eu conheço e isso é horrível pra dizer. 

— Horrível mesmo, mas, a maquiagem ficou demais, bem assustadora. — Pedro falou.

— Obrigado. — Nicolas disse. 

De tarde todos nós fizemos piquenique no zoológico e assustamos algumas pessoas. Ficamos indo na casa das pessoas e assustando na rua mesmo. 
E de noite fomos para uma boate. Todos estavam fantasiados.
Aqui é difícil as pessoas comemorarem o halloween, mas, ainda tem gente que comemora.

Passaram-se semanas... Anna e Pedro viajaram para os Estados Unidos, ela espera muito conhecer a banda One Direction. E também ela e Pedro estão aproveitando os momentos juntos, ele pagou a viagem toda. E não ficam só se divertindo, Anna fica indo ao psicólogo e ao psiquiatra de lá com o dinheiro que os pais a deram. 

Pedro e Anna resolveram dá um tempo antes de tentarem denunciar o professor Vicente, pois, talvez a vida deles mudem pra pior. Eles precisam se sentir preparados para tudo que vier. E também estão querendo esquecer esses problemas que eles tiveram, principalmente com o Vicente. 

Enquanto isso eu e Suellen ficamos indo ao psicólogo daqui mesmo no Brasil. A gente ver Anna pelo webcam todo final de semana. Elas ler livros juntas, eu fico escutando, cada capítulo uma de cada vez ler.
O primeiro livro que leram juntas era o meu favorito sobre anjos caídos. Era o meu favorito, pois, no momento não estou com vontade de ler nada, mas, mesmo assim elas ler pra mim. O primeiro livro da saga Hush, Hush. Que saudades dessa história!

Eu enchi meu braço direito de tatuagens. Tem esqueleto, ET e outras coisas estranhas que as meninas acham, eu acho demais.

Eu e Suellen ficamos indo ao psicólogo que se chama Klaus todo sábado.
Ele é muito legal, o conheço faz um tempo, antes mesmo de ele ser psicólogo. E principalmente conheço o filho dele, Kleber.
Eu e Kleber fazemos sexo algumas vezes, nos divertimos muito. Admiramos um ao outro, mas, não queremos nada sério e isso é ótimo, pois, eu não sinto nada tão grande por ele. 

As meninas souberam disso, que eu e Kleber fazemos sexo. Suellen não gostou, pois, ele é bem mais velho que eu, trinta anos e eu tenho dezessete. Mas, ele não tem cara de velho e mesmo se tivesse, o que importa é que ele me trata bem. Não vejo problemas com as idades e nem Anna viu problema. Mas, não contamos nada ao pai dele. Tudo que acontece entre eu e Kleber, eu permito.

Infelizmente ainda não consigo me sentir melhor, mesmo com o Klaus, meu psicólogo me ajudando.
Suellen diz que se sente melhor, ela não precisou ir aos outros profissionais, já eu sim. Mas, eu só fui algumas vezes e eles pediam pra eu tomar remédio e eu não conseguir. Então resolvi por enquanto só ficar conversando com o Klaus e ele já me ajudou bastante, mas, acha que preciso dos remédios.

Meus pais continuam achando frescura, dizendo que vai passar.
Suellen acha que pode passar, mas, não como meus pais pensam, não rapidamente.

Eu não consigo mais ter esperanças que irá passar. Que a depressão vai embora.
Não consigo mais me sentir feliz. Nem consigo mais fazer as coisas que eu amo, está tudo piorando cada vez mais.
Eu sorrio sim, fico fingindo está feliz por alguns momentos, principalmente quando estou ao lado das meninas. Mas, na verdade já me sinto morta por dentro, já acho que está na hora de eu morrer, só não pensei como fazer isso ainda.
E não quero que as pessoas que eu me importo sofram, mas, eu também não consigo continuar nesse mundo sofrendo. E tenho certeza que eles ficarão melhor sem mim, estou dando muito trabalho com essa depressão. 

Eu e Suellen ainda estamos indo ao colégio e eu só quero que o ano termine logo.
Os irmãos idiotas Barbara e Peter continuam me perturbando, fazendo piadas, mas, não tocam em mim. E outras pessoas também fazem piadas sobre o meu corpo e sobre eu ser estudiosa, então me chamam de nerd. 

Eu e Suellen aparecemos no colégio. Algumas pessoas continuam rindo de mim. 
O meu grande plano ainda está de pé, preparei tudo no diário que comprei. Um diário que tem a capa preta e dentro tem folhas brancas, sem linhas, escrevi com caneta e coloquei fotos dos colegas que tirei escondido pelo meu celular. 

Está quase chegando o grande momento de eu me vingar de todos os malditos que fizeram bullying comigo nesse maldito colégio.

Ok, o colégio não é maldito, os professores tirando Vicente são legais, as tias também, principalmente a tia Rose da biblioteca. Os vigias são legais, o diretor, as aulas, a sala de teatro, a quadra e principalmente a biblioteca. Tem muita coisa legal aqui, apesar de que eu não consigo mais ficar tão bem aqui, mas, eu tento.

Agora os colegas são malditos. Não são todos, mas, tem muitos que me machucaram com palavras ou com empurrões, puxões de cabelo e às vezes me segurando e deixando outros me baterem. Esses tem que pagar principalmente os irmãos Peter e Barbara Aguiar. 
Eu fiz o plano no meu diário, um plano que pensei faz um bom tempo. Irei criar uma festa, será fácil esses malditos irem, pois, vou fingir que a festa é do Pedro e como muitos gostam dele, com certeza irão.
Então eu irei criar armadilhas pra todos eles. Vou pedir para o Pedro, Nicolas não estarem presente, nem minhas melhores amigas. Só eu e os malditos preconceituosos, filhos da puta que fizeram bullying comigo. Não sei se eles irão aprender a lição, mas, eu vou me sentir melhor. 

Mas, infelizmente eles já tiraram a felicidade que eu tinha, eles já acabaram com a minha vida e por isso também estou pensando em como irei me matar. E será ótimo me matar depois dessa festa, pois, eu posso ser presa, farei dezoito anos em breve, então posso ser presa por ter criado as armadilhas para os preconceituosos e ninguém merece ficar na prisão sem poder me cortar. 

Anna e Luana não sabem do meu plano, ninguém sabe ainda, mas, espero que elas me ajudem arrumando as armadilhas.
Ainda vou gravar tudo e colocar na internet.
Claro que irei usar uma máscara pra ninguém saber que sou eu. Pois, ainda não tenho certeza quando vou conseguir me matar, então é melhor eu me esconder da polícia por um tempo. Mas, eu preciso gravar tudo para os idiotas nunca se esquecerem do meu grande plano brilhante.

Sorte daqueles malditos que eu não tenho coragem de matá-los, apesar de que eles merecem morrer, eu não conseguiria matá-los, não sou assassina. Mas, sou vingativa e me tornei uma pessoa ruim, então irei machucá-los de algum jeito. Quero ver sangue, mas, não morte. 

Até porque a morte é muito pouco pra eles, eles merecem sofrer como eu sofri. Já eu mereço morrer, pois, talvez eu mereça a morte, algo que me sentirei em paz e nunca mais sofrerei por ninguém e por nada.
Já eles têm que sofrer sempre, a morte é rápida e não sei o que acontece depois. Mas, prefiro só ficar longe daqui. E eles merecem está nesse mundo cruel.

Não estou dizendo que eu não mereço, sou pecadora, mereci alguns sofrimentos. Mas, não acho que mereci sofrer bullying só por ser gorda e só por ser mais quieta, mais estudiosa e não ser bonita e outras coisas... Enfim, não quero mais pensar nisso. 

Estamos no mês novembro. Eu e Suellen ficamos andando no corredor dos armários da escola. Ela coloca o skate dela no armário dela e a mochila.
Eu coloco minha mochila no meu armário.

Íamos para a biblioteca quando o primo do melhor amigo de Suellen se aproxima de Suellen. Ele diz:

— Olá, idiota. 

— Oi, idiota. — Suellen disse. — Você andou sumido, faz um mês que não te vejo. 

— É, eu fui visitar uma tia e então acabei faltando aula. Mas, já estou passado de ano em muitas matérias e estou de volta, vai ter que me aturar.

— Vai ter que me aturar também.

Ele sorri e cruza os braços dizendo:

— Droga.

Suellen sorri e diz:

— Jonathan... Eu lembro que você salvou minha vida. Obrigada.

Jonathan para de sorri e me olha. Acho que ele pensa que eu contei.

Então ele volta a olhar pra Suellen e diz:

— Não sei do que você está falando.

Suellen para de sorri e cruza os braços dizendo:

— Porquê está mentindo?

Jonathan para de cruzar os braços e ia saindo do corredor, quando Suellen fica na frente dele.
Os dois param de andar um em frente para o outro.
Jonathan coloca as mãos nos bolsos da calça xadrez dele e diz:

— Ok, eu salvei sua vida e daí? Isso não muda nada, ainda te odeio.

— Isso não é verdade. — Eu falei me aproximando deles.

Jonathan me olha com uma cara de irritado. Ele diz:

— Valeu.

— De nada. — Eu falei sorrindo.

— O que estão me escondendo? — Suellen perguntou parando de cruzar os braços.

— Nada. — Eu respondi parando de sorrir. — Eu não te disse nada e continuarei não dizendo. Detesto fofocas.

Suellen coloca as mãos na cintura e diz:

— Luana Alves, não se atreva a mentir pra mim! 

— Estou mentindo, pois, não tem nada a ver comigo. Desculpe. — Eu falei.

Suellen olha para Jonathan, eu também o olho.
Ele tira as mãos dos bolsos da calça e cruza os braços dizendo:

— Que saco! Ok, você tinha toda a razão Suellen, eu sou um babaca e você não é a culpada pela morte do meu primo, Felix.

Suellen tira as mãos da cintura e diz:

— O quê? Está admitindo que eu estou certa e você errado?

Suellen sorri cruzando os braços e Jonathan diz:

— É engraçadinha, você realmente era a melhor amiga do meu primo, é claro que não queria o mal dele e sente muita falta dele. Eu também sinto. 

Suellen para de sorri e diz:

— Você me magoou muito Jonathan, dizia cada coisa horrível pra mim.

— Me desculpe! Eu sou um merda!

Jonathan para de cruzar os braços e fica encostado no armário.
Suellen se aproxima dele e diz:

— Sim, você é um merda. Na verdade, você foi um merda. Mas, o que importa é que se arrependeu do que disse. Está perdoado. Me desculpe também caso te magoei. 

— Você teria toda razão, mas, não magoou não. — Jonathan cruza os braços e diz: — Eu estava na casa da minha tia Fátima, esse tempo que faltei aula. Conversei com ela sobre a noite que te salvei e as coisas que você me disse. Ela se sentiu um pouco culpada por te culpar pela morte do filho dela. Mas, ela não quer ser sua amiga e nem nada, mas, está pensando em te pedir desculpas. Ela nunca quis te ouvir e agora quer tentar.

— Não quero as desculpas dela. — Suellen falou parando de cruzar os braços e fica encostada no armário ao lado de Jonathan. Ela olha para Jonathan e diz: — Jonathan, você errou, mas, não me conhecia, foi um pouco normal você pensar o que quisesse de mim. Errou, pois, tinha que me conhecer primeiro pra ver se julgaria mal. Mas, não tem ninguém pior que a mãe do Felix. — Jonathan para de cruzar os braços e Suellen continua dizendo: — Ela me conheceu, ela via todos os dias eu e o Felix, viu que era amizade de verdade. E mesmo assim ela resolveu se afastar de mim e me culpar por está viva e ele não. Ela falou coisas piores que você e fez coisas piores. Rasgou fotos que o Felix guardou de nós dois. Queimou roupas que ele me deu de presente e eu tinha deixado na casa dele... Ela foi uma vaca! Não quero o perdão dela, nunca vou conseguir acreditar que ela está sendo sincera e mesmo se estivesse, eu não vou conseguir perdoá-la. Espero um dia não ter mais raiva dela, pois, é o que o Felix iria querer e o criador Deus também. Mas, mesmo se eu perdoá-la algum dia, eu não quero ser amiga dela e nem a quero perto de mim. Mas, agradeço de coração por você conversar com ela sobre mim.

— Eu entendo perfeitamente. E sinto muito. — Jonathan com a mão direita coça o cabelo castanho cacheado e diz: — Ela vai voltar pra casa nessa cidade e depois que a escola acabar, esse nosso último ano irei voltar pra minha casa. — Ele para de coçar o cabelo e continua dizendo: — Só vim pra cá pra te perturbar, sorte que o diretor permitiu que eu estudasse aqui e minhas notas da escola anterior e tudo mais veio pra cá. Mas, já vi que não preciso continuar aqui nessa cidade. E ainda bem que eu vim se não iria ficar te odiando de longe, sem te conhecer. Agora que eu conheço e sei que sente muita amizade pelo meu primo, realmente sinto muito. — Jonathan fica de frente pra Suellen e diz: — Vou voltar pra casa feliz por estarmos numa boa e espero que você não tente mais beber tanto, você podia ter morrido. Acredito que o mundo precisa de você. Se você ainda está viva, é porque ainda tem que fazer coisas incríveis nesse mundo. A morte não é a solução, às vezes pode parecer que é. Eu já passei por momentos horríveis em minha vida quando era criança e achei que a morte me ajudaria. Mas, agora eu sei que não ajuda e consegui ser feliz de novo e nunca mais quero morrer, ainda preciso realizar meus sonhos e já conseguir realizar alguns. Então não desista da sua vida, ela pode ser brilhante como você é. Sei que não tentou se matar naquele dia, você só estava atravessando a rua sem atenção e o carro vinha muito rápido. Mas, caso pense em morte, tente lutar contra isso. Com certeza Felix diria algo parecido e estou sendo sincero. Até mais Suellen. 

Suellen está com os olhos de lágrimas.
Jonathan se aproxima dela e dá um beijo na bochecha direita dela e sai desse corredor. 

Uau, eu queria sentir algo sobre isso. Queria realmente esquecer a morte, tentar esquecer os problemas, tentar ser feliz, mas não consigo. 
O meu plano sobre a festa e armadilhas farei quando o Pedro e Anna voltarem da viagem. Espero que não demorem.
 
De tarde eu apareço em casa. Ainda bem que meus pais não estão aqui. Ele está pintando alguma casa, é pintor, só volta à noite. E ela está trabalhando no shopping, também só volta à noite. 

Eu queria ter o apoio da minha família, queria que tivéssemos coisas legais entre família. Mas, eles se importam mais com o trabalho do que comigo. 

Então eu tomo banho e depois fico almoçando sentada no sofá da sala.

Sinto muita vontade de ir à casa do filho do meu psicólogo. Costumo ir de madrugada nos finais de semanas para fazermos sexo e nos divertimos com outras coisas.
Mas, agora estou com muita vontade de ir. Pode ser nossa última vez transando.

Ele mora sozinho, então acho que não terá problema. A gente prefere fingir que não ficamos, pois, meus pais não iriam aceitar e também meu psicólogo que é pai dele, não aceitaria. Pois, ele acha que o filho dele poderia atrapalhar o trabalho dele que é ser meu psicólogo. Então por isso ficamos escondidos.
 
Então depois de eu escovar os dentes, colocar muito perfume. Pego minha chave em cima da mesa da cozinha e coloco no bolso do meu short de couro. Então saio de casa.
 
Consigo pegar um táxi e então depois de horas... Saio do táxi e bato na porta da casa do filho do psicólogo.

Ele abre a porta e fico muito feliz por vê-lo de toalha só cobrindo as partes intimas.
Ele é alto e forte da pele branca.

Parece surpreso em me ver e olha para trás de mim, parece está procurando alguém.

Ele me olha e diz:

— Luana Alves, o que faz aqui?

— Sei que não ficamos juntos de tarde, mas, me deu muita vontade de vim aqui, sabe? Preciso me agradar. — Eu disse sorrindo.

— Sabe que é só melhor nos finais de semanas e na madrugada. Eu preciso ir. 

Kleber ia fechando a porta, quando eu seguro a porta e entro na casa dele.

Eu paro de sorrir e digo:

— Não me trate assim. Podemos ficar só conversando? Já que vim até aqui.

— Me desculpe, mas, não é uma boa ideia. Meu pai vai vim mais tarde e também...

Eu o interrompo e digo: 

— Somos colegas e seu pai sabe que somos colegas, só não sabe que transamos.

Eu fico me aproximando de Kleber e com as minhas mãos fico tocando no lindo cabelo dele curto com topete da cor preto. Está um pouco bagunçado e molhado.

Eu o olho e ele me olhando, diz:

— Luana, seu perfume está muito forte e...

Eu o interrompo o beijando na boca, então paro de beijá-lo e com minhas mãos puxo a toalha dele e jogo no chão.

Eu digo:

— Vamos lá, será rápido!

Eu rir.

— Luana, você não está entendendo, é que... 

Eu o interrompo novamente o beijando e então paro de beijá-lo e tiro minha camiseta xadrez e jogo no chão.

Eu rindo, digo:

— Fico tão feliz por você não se importar por eu ser feia. 

— É claro que não me importo. — Kleber disse e eu paro de rir. Ele diz: — Eu te acho linda, por dentro e por fora e é muito inteligente, divertida e por aí vai.

— Como sempre com elogios fofos. Mas, você sabe que não ligo pra elogios fofos.

Então aproximo minha boca na dele, ele para de me beijar e diz:

— Luana você precisa ir embora.

— Eu sei que você não quer isso. — Eu falei ficando zangada. 

— É claro que não, é que...

Eu o interrompo o beijando novamente. Paro de beijá-lo e com as mãos toco na barriga dele e o empurro para o sofá grande.
Tiro meu sutiã e jogo no chão e então fico em cima dele.
Eu beijo seu pescoço e paro de beijar, olho pra ele e digo:

— Prometo que será rápido.

— Espera, eu conheço esse olhar. — Kleber disse segurando meus braços e me jogando no sofá ao lado dele. Kleber diz: — Você não está bem. Na verdade, você não está bem faz um bom tempo, mas, agora... Eu sei que é a hora de conversarmos. Ou posso chamar o meu pai. 

— Não! — Eu disse surpresa e Kleber solta meus braços. Eu digo: — Nada disso. Eu não quero um psicólogo agora. Eu quero você, sem lembrar que é filho do meu psicólogo. Você é só um homem gostoso que transa comigo.  

Eu beijo o pescoço de Kleber e ele em voz alta diz: 

— LUANA, MINHA MÃE ESTÁ AQUI!
 
Fico surpresa, minha nossa.

Paro de beijar o pescoço dele e coloco as mãos nos meus peitos, tentando escondê-los e fico olhando ao redor da casa de Kleber.

Eu o olho e levanto do sofá.
Em frente para Kleber, eu digo:

— Porquê não disse logo?

— Eu tentei! — Kleber disse. — Você não deixou me deixou falar, colocando seus maravilhosos lábios em mim e tirando sua roupa.

Eu rir e Kleber sorri dizendo:

— Não devia ter graça!

— Mas, tem graça sim.

Ficamos nos encarando e eu fico sem graça.
Últimamente ele vive me olhando diferente e querendo conversar. Antes era apenas sexo, agora eu não sei.

Eu paro de rir, mas, continuo sorrindo.
Kleber para de sorri.

Eu tiro as mãos dos peitos e pego meu sutiã e minha camiseta no chão.

Eu digo:

— Quando ela vai embora?

— Mês que vem, depois do natal. — Kleber disse levantando do sofá. 

— Droga.

— Não fala assim, quase não a vejo. — Kleber disse pegando a toalha do chão. 

— Desculpa.

— E você vai vim aqui não é? Disse que seus pais não irão comemorar.

Fico surpresa quando vejo uma mulher que se parece muito com o Kleber.
Alta, malhada e com cabelos até as costas liso da cor preto.
Que legal que ela tem franja de frente como eu.

Ela parece surpresa em me ver sem o sutiã e sem minha camiseta e Kleber sem a toalha.
 
Kleber toma um susto quando a vê e coloca correndo a toalha cobrindo as
partes intimas. 

Eu fico tentando não rir vestindo meu sutiã.

A mulher não parece velha, já meu psicólogo é velho.

Ela fica me olhando com seus olhos verdes, a mesma cor dos olhos do filho.
Ela acaba sorrindo me deixando surpresa e fico séria.

Ela diz:

— Belos peitos.

— MÃE! — Kleber falou em voz alta.

A mãe dele que é muito bonita olha para o filho e diz:

— O quê? Estou sendo sincera! — Ela me olha e diz: — Eu gostaria de ter peitos pequenos e bonitos como os seus. Os meus são bonitos, mas, muito grandes, eu não gosto muito.

Ela olha para os próprios peitos e eu digo:

— O da minha amiga Suellen também são grandes, ela gosta. — A mãe do Kleber me olha e eu continuo dizendo: — O da minha amiga Anna são pequenos, um pouco maior que o meu, ela também gosta. Sou a única que não gosto dos meus peitos.

— São incríveis! — A mãe do Kleber disse.

— Que conversa estranha. — Kleber falou sentando no sofá.

— Meu marido ama meus peitos, então estou tentando amar também. Tente amar os seus peitos, princesa gótica. — A mãe dele disse. Amei o apelido que ela me deu. Princesa gótica. Quem me dera parecer uma princesa. 

— MÃE! PARA DE FALAR ESSAS COISAS! QUE VERGONHA! — Kleber falou em voz alta.

Eu rir e a mãe de Kleber acaba rindo também.
Paramos de rir, mas, continuamos sorrindo e eu digo:

— Muito obrigada pelos elogios, é a primeira pessoa que elogia meus peitos. Tirando o seu filho.

Eu olho para Kleber e ele coloca as mãos no rosto envergonhado.

Então eu olho para a mãe de Kleber que também está o olhando e diz:

— Meu filho sempre teve bom gosto.

Kleber tira as mãos do rosto e diz: 

— Caramba, minha nossa, mulheres juntas me deixa louco! Eu vou lá pra cima me trocar. 

Kleber levanta do sofá e fica subindo as escadas. 

Eu e a mãe dele nos olhamos e sorrimos. Então ela se aproxima de mim e estende a mão direita dizendo:

— Me chamo Klaudia com K, muita gente pensa que é com C. Klaudia Samanta P. K. James.

— Mãe do Kleber James e imagino que esposa do Klaus James. Não sabia que era tão jovem. — Eu falei segurando a mão dela. 

— Não sou, só o rosto que engana, ainda bem.

Eu sorrio e paramos de dá as mãos.
Ela diz:

— Kleber nunca me disse que tem uma namorada, então imagino que não seja, pois, ele acabaria me dizendo.

— Pois é, eu não sou. E com certeza não ficaria na safadeza com ele na casa da senhora, só venho aqui, pois, é a casa dele ou nos encontramos em outro lugar.

— Entendo, realmente não iria querer você na minha casa, mas, essa é a casa dele. Acho normal as pessoas só se divertirem, já que não tem sentimentos fortes. Mas, tem que existir respeito com a família, então por isso não ia querer você na minha casa pra transar com o Kleber. Mas, se fosse pra almoçarmos não iria ver problema. E quem sabe ele se apaixona por você? Amaria ter uma nora. 

— Nunca teve?

— Nunca, dá pra acreditar? Ele nunca conseguiu se apegar a alguém.

— Por medo? Ou porque não apareceu ninguém em especial? Às vezes eu acho que ele tem medo de se apaixonar.
 
— Ele não tem medo, só não encontrou a mulher certa. Ou, pensa que não encontrou, pois, já vejo a mulher certa na minha frente.

Eu sorrio e digo:

— Eu já tive um namorado, mas, agora prefiro ficar solteira. E não sou apaixonada pelo seu filho, é melhor assim.

— Que pena. E conhece o meu marido?

— Sim, ele é o meu psicólogo. Mas, o conheço antes de ele ser meu psicólogo. Conheci quando eu ia ao médico pra tratar de doenças físicas. E agora infelizmente tenho doenças na cabeça, psicológicas. Enfim... E também conheço seu filho faz um bom tempo no mesmo hospital, ele sempre está lá. Mas, nos pegamos por agora.

— Entendi. Klaus realmente não fala das clientes. Vai almoçar hoje conosco, princesa gótica? Klaus virá em breve.

— Já comi, mas, obrigada. E por favor, não conta o Klaus que eu transo com o filho de vocês.

Fico surpresa quando percebo que ainda estou com os peitos mostrando.

Eu visto minha camiseta xadrez e ela diz:

— Está bem, querida. Será nosso segredo. Apareça mais vezes. Enquanto estou aqui sem sexo, por favor, mas, apareça.

Eu sorrio e digo:

— Pode deixar. E muito obrigada por não me olhar diferente. 

— Como assim? 

— Muita gente me olha diferente, se acham melhores que eu. Parece que você não me acha diferente de você mesma e dos outros. 

— Há. Você é diferente sim, como eu também sou. Qual a graça de sermos iguais não é mesmo? Ser diferente é bom. Somos incríveis por sermos diferentes. Cada um com o seu jeito, com a sua aparência. Então não ligue se as pessoas te olharem diferente, se te acharem diferente. 

Uau, essa mulher é incrível!

Kleber aparece com bermuda preta e sem camiseta.
Ele diz:

— O que eu perdi? Alias, deixem, eu não quero saber.

Eu e Klaudia rimos. 

Eu resolvo ir embora, Klaudia insistiu pra eu ficar, mas, já vi que ela me quer como nora, melhor não ter muita intimidade.

Não tive vergonha de ela ter visto meus peitos, só fico com vergonha se alguém me zoar. Mas, depois que meu primeiro namorado viu, eu não liguei muito de outros homens também ver.

Fico feliz que Klaudia elogiou meus peitos, é raro alguém me elogiar hoje em dia. 


Então eu fico andando pela rua, indo em direção ao shopping. 

Sinto alguém me dando um grande empurrão por trás e então eu caio no chão deitada de costa.

Minha nossa. 

— Achou que iríamos mesmo deixar de tocar em você? — Escuto Barbara falar.

— Nunca iremos te deixar em paz, vadia nerd! — Escuto Peter falar.

Fico levantando do chão e sinto algum pé pisar em minhas costas, me jogando de volta para o chão.
Então essa pé fica longe das minhas costas e Peter fica abaixado do meu lado.
Imagino que foi o pé dele.

Ele diz:

— Meus pais estão um horríveis comigo e com a Bárbara depois do Vicente contar o que fizemos com você na floresta. Isso não é justo!

Com a mão direita Peter segura em meu cabelo por trás e empurra minha cabeça para o chão, me fazendo bater o rosto e a cabeça no chão.
Ele solta meu cabelo e eu sinto muita dor, no rosto, na cabeça... Merda.

Então Peter fica em pé ao lado de
Bárbara, os dois rindo da minha cara. 

Eu consigo ficar sentada no chão e fico encarando eles.

Então eu me lembro de que está bem perto de eu me vingar deles e que não tenho mais medo deles e nem tenho vontade de chorar. 

Então eu grito, grito muito alto.

Os dois param de rir e parecem assustados.

E então eu paro de gritar e começo a dá risada, risada bem alta.
Que alegria! Finalmente irei me vingar deles, falta pouco. 

— O QUE DEU EM VOCÊ? — Peter falou em voz alta.

— PARA DE RIR! VADIA MALUCA! — Bárbara falou em voz alta.

Vejo várias pessoas nos olhando.

Eu paro de rir aos poucos quando um homem se aproxima da gente e diz:

— Acho bom vocês dois ficarem longe da menina, não entendi porquê bateram nela, mas, acho que não deveriam. 

— Se não entendeu, então não se intrometa! É claro que ela merece apanhar! — Bárbara falou. 

— Obrigada moço, mas, não se preocupe, eu estou bem. — Eu falei tentando levantar do chão.

— Não está nada bem! — Peter disse.

— Acredite se quiser, querido. — Eu falei. 

— Mentirosa! — Bárbara disse. 

Eu aponto minha mão direita junto com o dedo do meio pra os irmãos e o homem me ajuda a levantar.

Eu digo:

— Obrigada. 

Eu pisco para os irmãos e dou um enorme sorriso.

Então saio daqui. 

Eu pego um táxi e resolvo ir para um bar.
Bebo muita vodka e compro uma caixa de cigarro. Mas, deixo o cigarro guardado no bolso do meu short.
Então continuo bebendo sentada no banco em frente ao balcão.

Alguns homens tentam ficar comigo, mas, não estou afim. Só quero beber e esquecer a Bárbara e o Peter por um momento e de todos os malditos que fizeram bullying comigo.

Eu ainda infelizmente sofro um pouco com tudo isso. Mas, logo vai passar, pois, não estarei mais aqui e irei me vingar, ficarei feliz por um momento. Eu espero ficar feliz.

Eu me aproximo do palco que tem nesse bar e fico dançando tirando minha camiseta xadrez e meu short de couro.
 
Alguns homens ficam gritando de felicidade, algumas mulheres também, mas, outros homens e algumas mulheres não parecem gostar.

Então eu deixo meu short e minha camiseta no chão e fico pulando e balançando o cabelo curto para o lado e para o outro. 

Sinto um homem se aproximando de mim por trás, com as mãos segurando minha cintura.

Então eu paro de balançar o cabelo e fico dançando agarradinha com ele.
Ele fica beijando meu pescoço e então eu viro em direção a ele e beijo seus lábios, sinto gosto de cigarro, que maravilha!
 
Então ele para de me beijar e diz:

— A primeira vez que estou beijando uma garota novinha. Mas, isso não importa.

— Que bom. — Eu falei sorrindo bem falso. 

— Vamos à minha casa?

— O quê? — Eu falei parando de sorri. — Não! Seu babaca! Dançar agarrado e dá uns beijos não quer dizer que precisamos também fazer sexo.

— Calma gata, se não quer tudo bem. 

— Também não quero mais ficar aqui, seu velho! 

Eu pego minhas roupas no chão e uma garrafa de vodka. Já paguei tudo. E então saio do bar. 

Fico andando pela rua, de calçinha e sutiã e meu sapato all star.
Com a mão direita estou segurando meu short e minha camiseta. Com a mão esquerda segurando minha garrafa de vodka. 

Então eu paro de andar e acabo vomitando no chão da rua. Eu respiro fundo e paro de vomitar e volto a andar.

Meus olhos enchem de lágrimas. Eu não quero chorar. Mas, as lágrimas caem nos meus olhos.

Eu paro de andar e fico encostada na parede, eu limpo minhas lágrimas com o meu short. 

Então consigo pegar um táxi e fico no banco de trás.
A motorista dirige e fica me olhando pelo espelho da frente, ela diz:

— Você sabe pra onde está indo?

— Por acaso perdi a memória?

— Ok. 

Ela para de me olhar pelo espelho. 

Depois de horas... Apareço em casa.

Então fico no corredor dos quartos, fico me aproximando do meu quarto.

Aqui não têm escadas, só corredores. Então passo pela porta fechada do quarto dos meus pais. Os escuto transando.
Merda, queria está fazendo isso também com o Kleber.

Então eu entro no meu quarto e tranco a porta.

Me sinto tonta, mas, não ligo.

Jogo minhas roupas em cima da cama e a garrafa de vodka também. Então eu pego meu celular em cima da cama e vejo que tem ligações perdidas de Suellen e mensagens de Anna e uma ligação perdida do Kleber, que fofo, ele me ligou.
 
Então no meu celular pelo vídeo na internet eu coloco a música Pretty Hurts com a voz da Beyoncé.

Uma vez eu vi pelos comentários desse vídeo algumas pessoas dizendo que a música não é da Beyoncé, mas, eu amava ouvir na voz dela. E também amava ouvir as músicas dessa cantora. Agora não sinto que amo, mas, eu tento amar de novo, então eu coloco pra ouvir. Principalmente quando escuto essa música na voz da Beyoncé, parece muito com o que estou sentindo. 

Então eu deixo o celular de volta na cama e sento no chão perto da cama. Abro a garrafa de vodka e tomo a vodka na garrafa mesmo.
Paro de beber e pego a caixa de cigarros no bolso do meu short.

Levanto do chão e pego na primeira gaveta do guarda-roupa um isqueiro e então pego um cigarro na caixa e coloco na boca e coloco o isqueiro no cigarro e então deixo o isqueiro de volta na primeira gaveta. 

Sento no chão e fico fumando, paro de fumar e tomo mais um pouco de vodka. 

Então me olho no espelho que tem colado na parede ao lado da minha cama.

Eu odeio me olhar no espelho, pedi pra meus pais tirarem e eles não tiraram. 
Fico agradecida por a mãe do Kleber achar meus peitos bonitos e também por ele achar. E por ela achar que ser diferente é bom. Mas, eu não acho, não me acho nem um pouco bonita e queria ser parecida com muitas pessoas que acho bonitas.
Antes eu tentei me achar bonita, pois, existem magras como eu que se acham maravilhosas. Como também existem gordas que se acham maravilhosas.
Eu era magra, a depressão me deixou gorda. Pois, como muito. Só sabia comer.
A depressão tem isso, ou nos deixa magras, pois, ficamos sem fome, ou nos deixa gordas, pois, ficamos com muita fome.
E também me sinto no buraco, no escuro, presa. 

Eu paro de olhar para o espelho e olho no meu celular em cima da cama.
A música ainda está passando no meu celular.

Várias pessoas dizem que essa música é bem triste. Sei que é bem a minha realidade.
 
Paro de olhar o celular e fico fumando, então levanto do chão e olho para o espelho.
Paro de fumar e tomo um gole de vodka. 

Olho novamente a maldita aparência no espelho.
Eu tentei tantas vezes ser bonita, usando maquiagem, às vezes ficando sem comer, sei lá, estava tentando achar a beleza que muitos preferem. Mas, eu desistir disso faz um tempo, desistir de tentar ser o que não sou. Mas, ainda odeio a minha aparência.

Eu queria amar a minha aparência, no começo eu não ligava, mas, depois de tanto preconceito acabei me importando com a opinião dos outros. Só que aos poucos já não estou me importando com a opinião de ninguém, mas, eu ainda me importo com a minha opinião e ainda não gosto de me olhar no espelho. 

Então com raiva eu jogo a garrafa de vodka no espelho.
O espelho quebra, sinto vidros em mim, mas, não tô nem aí.

Finalmente me livrei do espelho. 

Sinto vontade de chorar, meus olhos enchem de lágrimas. Que droga de vida!
Não é que eu quero realmente chorar, não consigo mais sentir nenhum sentimento. Tristeza, alegria, nada disso eu sinto mais. Mas, esses sentimentos aparecem quando eu menos espero. 

Lágrimas caem nos meus olhos e já fico chorando.
Sento no chão, abaixo a cabeça e choro em voz baixa. 

Então escuto alguém batendo na porta.

Respiro fundo e tento parar de chorar.
Levanto do chão e abro a janela e jogo o cigarro fora. Com as mãos fico enxugando as lágrimas do meu rosto. 

Novamente alguém bate na porta.

Eu paro de enxugar minhas lágrimas, pois não tem mais nenhuma e pego o meu celular em cima da cama e desligo a música.

Deixo o meu celular de volta na cama e digo:

— O que é?

— Filha, é a mamãe. — Escuto minha mãe dizendo. 

— Eu conheço sua voz mãe, não precisa dizer que é você. — Falei olhando em direção à porta fechada. 

— Ok. Eu e o seu pai ouvimos um barulho, você está bem?

— É claro que estou bem! Só dei um jeito no espelho já que vocês não deram. — Eu falei me aproximando da janela e fechando.

— Desculpe querida, já íamos tirar o espelho, só que os nossos empregos estão nos deixando cansativos.

— Claro, sempre os empregos. — Falei cruzando os braços olhando em direção à porta fechada. 

— Pode abrir a porta?

— NÃO! — Falei em voz alta parando de cruzar os braços. — SAIA DAQUI E PARE DE FINGIR QUE SE IMPORTA, PERGUNTANDO SE ESTOU BEM, QUE PORRA! 

— FALE BAIXO LUANA! — Escuto meu pai falar em voz alta. — É CLARO QUE NOS IMPORTAMOS! TRABALHAMOS PRA DÁ COMIDA E ROUPA PRA VOCÊ, SUA INÚTIL! 

— Se acalmem vocês dois. — Escuto minha mãe dizer. — Iremos dormir filha, boa noite. 

Eu me jogo na cama de barriga pra cima e coloco as mãos no rosto, volto a chorar.
 
Com raiva paro de chorar, com as mãos fico enxugando minhas lágrimas do rosto. Então levanto da cama e vou até o banheiro.
Eu pego no armário do banheiro uma gilete.

Então eu fecho a porta e sento no chão, deixo minhas costas na porta. 

Ainda estou de calcinha e sutiã.

Então eu coloco o gilete na direção dos meus ombros.

Meus braços já estão cortados, minhas coxas, minha barriga, tudo já estão cheio de cicatrizes, menos as partes dos ombros.

Então eu faço um corte no ombro direito. 

Antes quando eu me cortava vinha uma dor tão forte que dava vontade de parar de me cortar.

Agora eu sinto a dor, mas, já estou tão acostumada que eu não ligo.
 
Então eu faço outro corte, ainda no ombro.

Ficam aparecendo sangue é claro, são cortes bem fundos.

Faço outro corte. 

Depois de cinco cortes...

Eu levanto do chão e jogo a gilete na lixeira perto do vaso. Me aproximo da pia e ligo a torneira, fico lavando meus ombros. Muitos sangues aparecem na pia. 

Se cortar só ajuda um pouco, só por um pequeno momento. Mas, pelo menos ajuda. 

Então depois eu limpo a pia com água mesmo e então resolvo tomar um banho rápido. 

Ligo o chuveiro e fico me molhando, tiro a calcinha, o sutiã e deixo no chão. Passo sabonete no meu corpo.

Depois desligo o chuveiro e pego a toalha que está presa em um prego. Então fico me enxugando.

Não ligo de não ter tomado banho direito.

Então deixo a toalha no chão e saio do banheiro. 
No meu quarto eu pego no guarda-roupa minha jaqueta preta que vai até o joelho e uma calcinha na primeira gaveta. Então me visto. Então deito na cama. 

Está amanhecendo. Não consigo dormir novamente.

Só fico deitada esperando mais um maldito dia chegar.
Não quero sair de casa hoje. Acho que não estou mais bêbada, mas, já sinto vontade de beber de novo. 

Escuto alguém batendo na porta, não respondo e a pessoa continua batendo.

Então escuta Suellen dizendo:

— Luana? É Suellen. Você está aí?

— Luana, voltei de viagem! — Escuto Anna falar.

Eu não quero falar com elas, não consigo falar com ninguém agora.

— Viemos aqui ontem, seus pais tinham dito que você não estava em casa. Te ligamos, mandamos mensagens e você não respondeu. — Suellen disse.

Devem ter vindo quando eu estava na casa do Kleber.
 
— Isso não é nada legal, Luana. Estamos juntas nessa esqueceu? — Suellen disse. — Você nos deixou preocupada. Sei que não foi de propósito, mas, por favor, abre a porta.

— Não precisamos falar sobre nada agora, só ficarmos juntas. — Anna disse.

Meus olhos enchem de lágrimas, eu respiro fundo e tento levantar da cama.

Não consigo, me sinto tão fraca, sem ânimo nenhum.

Eu respiro fundo e digo:

— Não consigo levantar da cama. Tem outra chave do meu quarto pendurada na parede da sala. Lá ficam as chaves. É a chave com um chaveiro de um morcego.

— Ok, já voltamos. — Suellen disse.

Não demora muito e uma delas abre a porta.
Então as duas deitam perto de mim na cama.

Eu digo:

— Que bom que voltou, Anna. 

— É bom ver vocês pessoalmente. — Anna disse.

— Me conta como foi à viagem, não consigo falar muito, mas, quero ouvir. — Eu falei. 

— Às vezes estava tudo incrível e muitas vezes não estava. — Anna disse.
— Pedro muitas noites chorava por lembrar o que o pai dele fez comigo. E quando não chorava ele ia beber em alguma boate e queria brigar com as pessoas. Ele não queria ficar bêbado, ele não gosta disso. Mas, às vezes a bebida resolvia os problemas, a opinião dele era essa, pois, quando ele batia nas pessoas, ele achava que estava batendo no pai dele. Ele não teria coragem em bater de novo no pai dele, pois, ele acha pecado, mesmo que o pai dele merece, ele não conseguia mais bater no pai dele. Então ele preferia bater nas pessoas, descontava nas pessoas a raiva que ele tinha pelo Vicente. — Anna fica sentada na cama e diz: — Eu achei isso muito errado, então a gente brigava. E quando ele soube que eu estou grávida do pai dele, eu finalmente contei. Ele ficou zangado por eu não ter contado antes, mas, entendeu o meu lado. Depois iremos a igreja com meus pais.

— Que bom que ele entendeu, Anna. É mesmo difícil falar que está grávida de um estuprador. — Suellen disse.

— Pois é. — Anna disse. — Só que Pedro queria que eu abortasse, pois, ele não achava certo eu ter um bebê de um estupro, ainda mais que o estuprador é o pai dele e eu sou a namorada dele, seria estranho. Mas, eu não consigo tirar a vida dessa criança, eu já pensei nisso, mas, não consigo. Acho que posso conseguir amar essa criança. Vai ser difícil no começo, vou ficar com raiva e triste por lembrar que Vicente é o pai de sangue dessa criança. Mas, o Pedro pode ser o verdadeiro pai, o pai que ama, que cria. — Com os olhos de lágrimas Anna diz: — A criança pode ser incrível. Se for homem vai aprender a não ser estuprador, se for mulher vai aprender a tentar ser feliz de novo mesmo se for estuprada. Eu falava isso ao Pedro e depois de alguns dias, ele aceitou e claro que disse que vai amar essa criança. Também será difícil, mas, ele vai tentar, pois a criança não tem culpa de nada. — Lágrimas caem nos olhos de Anna e ela diz: — Se eu fiquei grávida, é porque era pra eu ficar. Não posso tirar a vida de uma pessoa. Eu quero olhar pra essa criança e não lembrar que veio de um estupro, de uma coisa que me deixou mal. Quero olhar pra essa criança e lembrar na verdade sim do estupro, mas, que me deixou forte, que me deixou superar tudo isso. 

— Falou muito bonito, Anna. — Suellen disse. — Também acho que não é certo abortar. Mas, não sei o que eu faria nessa situação. 

— Eu abortaria, mas, respeito sua decisão, Anna. — Eu falei.

Com as mãos Anna enxuga as lágrimas dos olhos e para de enxugar, pois, não tem mais nenhuma. Ela diz:
 
— Enfim, por causa de algumas brigas que tive com o Pedro, eu continuei me sentindo horrível, mas, não tenho mais vontade de me cortar ainda bem e também quando lembrava que estava grávida chorava muito, antes de aceitar totalmente essa criança, agora eu aceito. Mas, no começo dessa nossa viagem, eu não aceitei. Tivemos momentos maravilhosos, mas, é melhor ficarmos aqui. — Anna volta a deitar na cama perto de mim e diz: — Não podemos fugir dos nossos problemas, ou tentar esquecê-los. Os problemas existem e precisamos superar. Não dá pra esquecer, mas, quando superarmos, conseguir seguir em frente, vai ser incrível lembrarmos que conseguimos ser fortes por causa desses problemas. Então eu quero que a gente fique bem, eu, vocês, o Pedro. Quero que a gente saiba aproveitar a vida, mesmo com os problemas. Tentaremos nos afastar dos problemas, mas, se eles vierem, vamos enfrentar. 

— Eu queria pensar assim, Anna, mas, não consigo. — Eu falei sincera. — Acho que você está conseguindo sair do seu sofrimento, mas, eu ainda não conseguir. É que... Eu não sinto nada. Não sinto mais raiva, ou medo, ou tristeza. Eu choro sim, eu bato nas coisas às vezes, mas, não por sentir algo, só por vontade. Não sei explicar. Mas me sinto tão vazia. Não consigo ler livros esses dias, eu não consigo fazer as coisas que me agradava antes. Vocês estão melhorando e isso é ótimo, mas, eu só sinto que estou piorando. 

— Isso faz parte da depressão. — Suellen disse. — Eu já me sentir assim mesmo não tento depressão, depois percebi que é horrível. O sofrimento voltou pra mim meninas, mas, não estou desse jeito como você, Luana, pois, você infelizmente está doente e eu quero mandar o sofrimento ir embora de novo. Temos que lutar sempre. Temos que tirar essa dor sempre que ela quiser voltar, temos que mandar ela embora. Ela pode voltar quantas vezes quiser, mas, pelo fato da gente lutar pra ela ir embora, pra ficarmos bem, já é um grande passo. 

— Tem toda razão, Suellen. — Anna disse. 

— É, mas infelizmente será difícil, pois, além de eu sofrer bullying, também não aceito a minha aparência. — Eu falei.

— Sério? Achei que já estivesse aceitando. Você é linda! Principalmente por dentro. — Suellen disse.

— Não adianta elogiar, não acredito Suellen. Muita gente fala da minha aparência, me julgam e isso me deixa péssima. O pior de tudo é que eu concordo com essas pessoas, me acho horrível.  — Eu falei. 

— Eu me acho feia também, mas, já aceitei. — Anna disse. — Às vezes ligo para a opinião dos outros, mas, o que importa é o que eu penso. Se eu sou linda ou feia, não importa. O que importa é que tenho um bom coração. Eu me acho feia com um coração lindo. 

— Eu me acho linda e acho vocês lindas. Mas, sim o importante é ter um bom coração. — Suellen fica sentada na cama e diz: — Eu também já sofri preconceito por ser negra, já fiquei muito magoada, mas, eu já não ligo faz muito tempo. As pessoas falam e fazem coisas sem pensar direito como as outras pessoas irão se sentir. E isso magoa muito. E muitas fazem já sabendo que vai magoar. Mas, eu percebi que não adianta bater de frente com essas pessoas. Não adianta chorar pelos cantos. O que adianta é ignorar, é fingir que isso não me destrói e pode acabar não me destruindo. Pois, eu não preciso agradar ninguém, eu só preciso agradar a mim mesma. Com um tempo essas pessoas podem parar de falar ou fazerem coisas ruins, de serem como são e quando pararem já vou me sentir melhor, pois, já vou ter deixado de me importar antes. Vai virar tanto faz se as pessoas continuam ou não com isso. O que importa é eu continuar ignorando. Sorrindo. Levando na brincadeira. Ou não fazendo nada. 

— Uau, disse tudo, Suellen. — Anna disse. 

Suellen sorri e diz: 

— Pois é. Sempre vai existir alguém pra me criticar por causa da minha cor ou por causa de outra coisa. Não posso estragar minha vida só porque eles não gostam de mim.

— Não gosto de xingar, mas, agora deu vontade. Que se foda todo mundo! — Anna disse.

— Tenho uma ideia! — Suellen disse. — Tem uma música incrível que vocês precisam sempre ouvir. Se chama Who You Are de Jessie J. Gosto dessa cantora que aprendi todas as músicas.

Suellen pega no bolso do macaquito jeans dela o celular e coloca a música que ela disse. 

A música ainda está passando, nunca ouvir.

Anna olhando para o celular de Suellen diz:

— Eu escutava essa música às vezes, me fazia realmente me sentir melhor e então aos poucos fui aceitando a minha aparência. Mas, ainda me acho feia, mas, não ligo como antea. 

Anna olha para Suellen e Suellen me olha e depois olha pra Anna e diz:

— Todos nós temos uma beleza diferente. Acredito que todos nós somos bonitos, mas, não perfeitos. Temos rostos diferentes, corpos diferentes. Algumas pessoas têm espinhas e muitas outras coisas no rosto, algumas pessoas são gordas, algumas pessoas são magras, malhadas e etc. Mas, isso não nos faz ser feio, só diferentes e pra mim ser diferentes é bom. E achar alguém bonito é muito pessoal. O que pode ser bonito pra mim, pode não ser pra vocês. Então não deveria existir padrão de beleza.

Suellen fica cantando o refrão da música junto com a cantora.
Suellen fica sorridente, olhando às vezes pra mim e às vezes pra Anna.

Ela tem uma voz linda.

Anna sorri a olhando. Suellen ainda cantando com a mão direita faz carinho no rosto de Anna. E depois para de fazer e ainda cantando com a mesma mão ela faz carinho no meu cabelo.
Então ela para de fazer e ainda cantando fica olhando para o celular. 
Então ela deixa o celular na cama e levanta da cama ainda cantando e com as mãos puxa os braços de Anna pra levantar da cama.
Suellen então coloca as mãos na cintura de Anna e fica dançando com ela, no ritmo da música. Anna também coloca as mãos na cintura de Suellen e fica dançando. Depois Suellen dá um giro nela e elas ficam rindo.

Queria ser como elas, conseguir lutar contra o sofrimento, contra os pensamentos horríveis que tenho na minha cabeça. Mas, não consigo mais lutar contra essa doença, não consigo mais tentar e não consigo querer ajuda. Mas, não quero que elas se preocupem. 

— Vamos fazer alguma coisa? Precisamos levantar nos distrair. — Anna disse parando de dançar. 

Suellen para de dançar e eu sento na cama e digo: 

— Meninas, antes eu preciso pedir uma coisa a vocês. 

Fico feliz por conseguir levantar um pouco.

— O quê? — Suellen disse sentando na cama e desligando a música.

— Eu tenho um plano pra me vingar de todas as pessoas que me fizeram sofrer. — Eu falei me animando. — Quero muito que o Pedro e vocês me ajudem nisso. 

— Como assim Luana? Não precisa se vingar de ninguém. — Suellen disse me olhando. — Sei que foram horríveis as coisas que eles fizeram com você, mas, você precisa ignorá-los. Não abaixar a cabeça, não os deixar bater em você. Mas, ignorar, fingir que não se importa e talvez você acabe mesmo não se importando. Eu já disse, não devemos bater de frente com essas pessoas, não adianta. 

— Aos poucos realmente não estou me importando, mas, eles precisam pagar por tudo que fizeram. Achei que entenderia, Suellen. — Eu disse séria surpresa. 

— Não apoio violência, não apoio vingança. — Suellen falou.
 
— Eu apoio agora. — Anna disse.  Amei quando o Nicolas bateu no Vicente. Pode contar comigo, Luana. Se não for matá-los, tudo bem.

— Muito obrigada, Anna. — Eu falei. 

Anna senta na cama perto da gente e Suellen diz:

— Garotas, por favor, não façam isso. Luana, isso será bullying. Você vai fazer a mesma coisa que eles fizeram com você, isso não é certo!
 
— Suellen, eu não quero discutir com você. Se não quer ajudar, ok, mas também não atrapalhe. — Falei zangada. — Respeito sua decisão em ser boazinha, até com quem não merece, mas, eu não sou assim. Já aturei demais essa gente, está na hora de eu mostrar que nunca mais eles devem brincar comigo. As pessoas boas tentam dá o seu melhor, mas, muitas vezes as pessoas ruins ou alguma coisa ruim faz as pessoas boas decidirem serem ruins também. Se eu ficar sempre boazinha, as pessoas irão pisar em mim, pois, sempre irão pensar que não serei capaz de fazer alguma coisa. Mas, eu sou capaz sim. Agora eu sou!

— Você é capaz de superar tudo isso continuando sendo uma boa pessoa. Não precisa ser ruim. — Suellen disse. 

— Sim, eu preciso. O meu lado bom já desapareceu para as pessoas ruins. — Eu disse.
 
— Ok, você que sabe. — Suellen disse e olha pra Anna e depois olha pra mim e diz: — Eu amo vocês, mas, não posso ajudar em algo que não apoio. Vou orar pra dá tudo certo. 

— Obrigada. — Eu e Anna falamos ao mesmo tempo.

— Eu preciso sair. Bom dia pra vocês. — Suellen disse levantando da cama.

Suellen sai do meu quarto.

Eu cruzo os braços.

Anna me olha e diz:

— Não fique zangada com ela.

— Estou, mas, vou tentar não ficar. — Eu falei.

Anna sorri e diz:

— Me explica esse seu plano direito.

Eu sorrio parando de cruzar os braços e digo:

— Eu criei umas armadilhas e preciso que o Pedro convide todas as pessoas da minha lista pra uma festa. Ele convidando será mais fácil às pessoas irem. Então, vou contratar uns meninos do colégio que gostam de mim, eles sabem mexer com câmeras e eles são donos de uma loja que vende câmeras. Vou pedir pra eles pegarem algumas câmeras pra filmar tudo que irei fazer. Irei usar uma máscara, perucas. O seu papel é comprar as máscaras, perucas pra mim e roupas que irei usar. Vou está ocupada, falando com uns colegas, então faça isso por mim. E o Pedro durante a festa pode ir embora, trancando todas as portas, que seria o papel da Suellen, mas ok. 

— Combinado, vou conversar com o Pedro. — Anna disse. — Mas, infelizmente, Luana, isso não vai mudar muita coisa. Ainda existem muitos preconceituosos por aí, não quero que fique com ódio no coração ok? Fará isso pela primeira e última vez e depois tentará ignorar os idiotas que fizerem bullying com você. Se eles te agredirem, a gente chama a polícia. Não seja horrível como eles.

— Combinado. Realmente será a primeira e última vez.

Anna sorri. 

Anna precisou ir pra casa que o Pedro a ligou. 

Então eu sento no banco em frente ao meu computador e resolvo editar um vídeo com minhas fotos quando era criança e depois fotos de agora adolescente.
Coloco uma música que eu escuto às vezes. Human da Christina Perri. Escrevo a tradução dessa música.
 
Depois pego o meu celular e gravo um vídeo.
Depois que termino de falar tudo que tinha pra falar... Eu deixo o vídeo salvo em uma pasta no meu computador. Deixo escrito na pasta – despedida para todos vocês
Então deixo o meu celular na mesinha do computador e desligo o computador e deito na cama. 

Novamente pensamentos horríveis aparecem.
Sobre pessoas que me fizeram bullying comigo e como odeio a minha aparência.
Ninguém se importa comigo e principalmente eu não me importo comigo. 

O dia fica passando rápido.

Fecho os olhos tentando esquecer os problemas, mas, não consigo, claro que não. 

A noite chega. Apareço na sala e meus pais estão entrando em casa.

Eu digo:

— Preciso que vejam um vídeo.

— Agora? Estou muito cansado. — Meu pai falou deixando a mochila no sofá.

— E eu estou com muita fome. — Minha mãe disse deixando a bolsa no sofá.

— Será rápido, podem, por favor, olhar? — Eu falei.

Meus pais se olham.
Estão surpresos. Não sou de pedir por favor.

Eles me olham e dizem:

— Ok.

Então nós três aparecemos no meu quarto. Eles ficam sentados na minha cama e eu no banco em frente ao meu computador.

Eu coloco play no vídeo que editei onde tem minhas fotos criança e adolescente, onde tem a música Human da Christina Perri com a tradução que precisei escrever.

Nessa música, diz muito o que eu pensava no começo da depressão.
As fotos criança mostram como eu era feliz, quando eu não tinha essa doença, quando eu tinha pessoas que se importavam comigo e principalmente quando eu me importava comigo.

E as fotos adolescente mostram meu rosto mais triste, alguns sorrisos falsos. É exatamente como estou agora. 

Quero que meus pais entendam como eu me sentia, queria que eles dessem valor a mim. Agora eu não ligo mais. Mas, eu preciso que eles vejam esse vídeo. Que eles saibam que eu avisei.

Depois que o vídeo acaba.

Meu pai está com os olhos de lágrimas. Ele me olha e diz:

— Linda como sempre meu bem. E o vídeo, a música, muito emocionante.

— O que isso significa querida? Essa música está falando de você? — Minha mãe perguntou me olhando. 

— Sim, falava de mim. — Eu respondi. — Eu só quero dizer que não sinto como antes, mas, amei muito vocês e não se esqueçam dessa garota feliz que eu era.

— Também te amamos muito, meu amor. Seja lá o que estiver passando, você vai ficar bem. — Meu pai disse. — Eu sei que muitas vezes eu dizia que é besteira, mas, só você conhece sua dor. Espero que saiba como superar.

— É, Lulu, te amamos. Você precisa se amar também. — Minha mãe disse. — Não precisa fingir está bem. Muitas vezes eu percebi que você não estava, mas, não consigo dizer as melhores palavras. Desculpe se usamos palavras horríveis com você. Você só precisa resolver isso sozinha, não dependa de mim e do seu pai, somos pessoas que não saberíamos te ajudar o bastante. Mas, te amamos e podemos te dá um abraço quando quiser, mas, esse negócio de levar ao psicólogo, não acho que você precise, pra mim é coisa de maluco. Mas, já que você está indo, espero que resolva alguma coisa. Sinto muito que eu e seu pai não demos dinheiro, só não concordamos, pois, achamos que você pode ser capaz de sair dessa dor sozinha. Não precisa de um psicólogo, ainda mais pagar psicólogo pra tratar sua dor, isso é ridículo! Você só precisa se valorizar. É difícil, mas, não é impossível. Conte conosco se quiser chorar, se quiser só falar o que está sentindo. Mas, infelizmente não podemos te forçar a ficar bem, você tem que tentar sozinha. Isso só você pode fazer. Você é a humana mais incrível que eu conheço, espero que um dia perceba isso. 

— Obrigada, mãe e pai. — Eu falei sem sentir nada. Queria muito sentir algo sobre essas palavras. 

— Deixa a gente te abraçar? — Meu pai perguntou.

— Sim. — Eu respondi.

Os dois levantam da cama e me abraçam. Eu os abraço de volta.
Mas, continuo não sentindo nada.

O meu pensamento de me matar não tem muito a ver com meus pais. Eles erraram muito sim, mas, não os culpo.

Culpo as pessoas que fizeram bullying comigo e principalmente me culpo por ligar para a opinião dos outros, por ligar pra minha opinião de odiar minha aparência.

A verdadeira culpada de tudo isso, sou eu. E por isso, eu não quero mais incomodar ninguém.

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