Agridoce - Bubbline AU

By TersyGabrielle

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Marceline é uma bagunça total. Ela está no fundo do poço. Não há nada em sua vida que não tenha dado errado. ... More

Capítulo 1 - Amargo & Doce
Capítulo 2 - Realeza
Capítulo 3 - Deveres Acima de Tudo
Capítulo 4 - Hierarquia
Capítulo 5 - Hétero, né!?
Capítulo 6 - Vadia má
Capítulo 7 - Por Trás Daqueles Olhos de Mel
Capítulo 8 - Como organizar uma revolução adolescente
Capítulo 9 - É hora de... Festa!
Capítulo 10 - Quem é você, Bonnibel?
Capítulo 11 - Equilíbrio
Capítulo 12 - Quando Eu Não Lembrar de Você
Capítulo 13 - Por que, Marceline?
Capítulo 14 - Tudo Permanece
Capítulo 15 - A Linha Entre Raiva e Misericórdia
Capítulo 16 - Princesa da Noitosfera
Capítulo 17 - Sob o Toque Dela
Capítulo 18 - Viva, Apesar de Mim Mesma
Capítulo 19 - Diga Que Nada Tem Que Mudar
Capítulo 20 - Eu Poderia Mentir
Capítulo 21 - Onde Você Possa Me Ver
Capítulo 22 - Ascenção ao Trono
Capítulo 23 - Rainhas do Grito
Capítulo 24 - Viva, Bonnibel
Capítulo 25 - Três Palavras Aterrorizantes
Capítulo 26 - Flores em Chamas
Capítulo 27 - Sob o Toque Dela... As Avessas
Capítulo 29 - Perdoar Não é Esquecer
Capítulo 30 - O Garoto É Um Cafajeste... O Melhor Que Você Já Teve
Capítulo 31 - Como Você Poderia Saber?
Capítulo 32 - Um Pé No Berço, O Outro Na Cova
Capítulo 33 - Eternamente Srta. Petrikov
Capítulo 34 - Não Preciso de Ajuda, Posso Me Sabotar Sozinho
Capítulo 35 - Muita Coisa, Pouco Tempo
Capítulo 36 - Nem Amargo, Nem Doce
Notas Finais e Agradecimentos
Todos Para O Jardim, Lá Tem Algo Esperando.

Capítulo 28 - Você Se Foi, E o Mundo Agora é Nosso

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By TersyGabrielle

A última vez que eu atualizei rápido assim, foi nas minhas férias do ano passado. Ironicamente, eu saio de férias de novo na segunda feira.

Bem, meus amores, vou deixar vocês com o capítulo de hoje. Apenas recomendo muito mesmo ouvir a música do capítulo, 40% porque ela dita o sentimento da parte onde ela aparece, 60% porque ela é foda mesmo.

Boa leitura!
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"Ela é perfeita, maravilhosa, inigualável. Eu não tô brincando, ela é tipo... a mulher da minha vida. Eu não seria quem eu sou sem ela. Não tem nenhuma outra melhor que ela. Eu não tenho nem palavras o suficiente pra descrever o meu amor por essa mulher" - Marceline já estava no processo de despejar elogios por um bom tempo, os olhos verde/mel brilhando enquanto ela olhava para o alvo do seu discurso de longe.

"Marceline, eu estou ouvindo isso."

"Desculpa, Bonnie, mas a Hayley Williams já era o amor da minha vida muito antes de eu te conhecer." - ela respondeu, com um dar de ombros e uma expressão de 'não posso fazer nada'.

Houve um momento de risadas entre o grupo enquanto Marceline abraçava a namorada e lhe beijava a bochecha, reforçando mais uma vez que estava brincando.

Bem, tinha um fundinho de verdade, mas ela não precisava reforçar isso agora.

Marceline, sua banda, Bonnie, Kevin, Finn, Jake e Hayley estavam todos perto da área dos camarins das bandas menores, todos alvoroçados depois de descobrirem que a localização mais alta permitia uma visão privilegiada da área onde estavam os camarins das bandas principais, e agora se ocupavam em observar a vocalista da banda para qual fariam a abertura conversando com o pessoal da organização do evento.

"Será que a gente vai ter a chance de falar com eles em algum momento?" - perguntou Guy, tentando tirar a mão de Bongo da frente de seu rosto, já que o garoto estava montado em suas costas, tentando ter uma visão melhor dos camarins.

"Bem, o mínimo que eu esperaria é que o evento desse um jeitinho de apresentar a gente pra banda em algum momento" - respondeu Marceline, tentando ver daquela distância se o cabelo de Hayley ainda estava platinado, se as pontas estavam coloridas ou se ela finalmente havia pintado de laranja. Mas a infeliz estava de cabelo preso e boné. "De qualquer forma, minha mãe comprou o meet & greet mais vip pra gente por precaução. Pelo menos cinco minutinhos de papo e uma foto depois do show, a gente já garantiu."

"Cadê o Taylor, cacete?" - perguntou Keila, também olhando à distância. Eles já haviam visto Hayley perambulando por ali, e anteriormente o bateristas, Zac Farro, mas nada do guitarrista.

"Nos noticiários de amanhã, todos vão estar chocados com o fiasco da participação do Paramore no festival após Hayley perceber, tarde demais, que esqueceu Taylor York no porão" - brincou Priscilla, fazendo o restante da banda rir.

Eles continuaram por mais um tempo, observando a movimentação nos camarins principais e identificando outros artistas famosos que estavam por ali. Quase não perceberam a chegada de um dos funcionários do evento se aproximando.

"Vocês são a banda Marceline and The Scream Queens, certo?"

"Nós mesmos" - disse Marceline, se virando na direção do homem e estendendo a mão para um aperto.

"Prazer, John" - disse o homem, apertando a mão dela, e em seguida do restante do grupo. "Vejo que estão com alguns groupies" - completou ele, em tom de brincadeira.

"Bem, ela é" - disse Marceline, apontando para a namorada, prontamente sendo respondida com uma cotovelada na cintura. Não satisfeita, completou, apontando para Kevin: "E ele ali também."

"Certo" - John ria das graças do grupo de adolescentes, aparentando ter experiência com aquela faixa etária. "Por favor, me acompanhem. Vou mostrar pra vocês o caminho mais fácil para o local onde vocês vão assistir os shows. Separamos um espaço bem legal para as bandas de abertura que ganharam o concurso. Depois, vou levar vocês para darem uma passada de som e deixarem os instrumentos mais ou menos no ponto para poderem ir curtir os shows que vão acontecer antes do de vocês. Vocês vão ter mais ou menos duas horas de shows pra ver antes de subirem no palco."

"Beleza. Quanto tempo pra passar o som?" - perguntou Marshall, que andava mais ou menos lado a lado do homem enquanto eles caminhavam para a área no palco.

"Bem, mais ou menos uns trinta a quarenta minutos. Mas vocês vão ter que esperar um pouquinho por lá, porque o Paramore deve estar subindo pra fazer a passagem de som agora." - respondeu ele, com um sorrisinho. Já sabia qual seria a reação do grupo.

E ele estava certo - o grupo saiu do modo "profissional" para o modo "grupinho de fangirls e fanboys adolescentes" em questão de segundos.

"Hm, groupie. Tá bom" - resmungou Kevin, ainda meio encucado com a brincadeirinha de Marceline. Não tinha percebido que Marshall Lee havia ficado uns passos para trás enquanto o grupo se agitava, com a certeza de que iriam passar o som junto com sua banda favorita, e estava bem do lado dele.

"Exatamente. Meu groupie. Vai, não é má ideia, é?" - respondeu Marshall, no pé do ouvido dele.

"Vá a merda, Lee" - as bochechas de Kevin queimavam enquanto ele apertava o passo, memórias demais piscando em flash em sua mente só pelo tom de voz do outro garoto. Quando ouviu a risada grave de Marsh atrás de si, não pode evitar de dar um sorrisinho também.

Não, não era má ideia.

[...]

A banda estava se organizando agora para subir no palco. Ajeitando os pontos eletrônicos do retorno de som, repassando o setlist com a equipe de mixagem, a correria costumeira do pré-show. Ainda estavam todos em polvorosa pela interação com sua banda favorita.

Keila e Marshall não conseguiam parar de falar sobre terem feito uma palinha do solo de guitarra de That's What You Get com Taylor, com direito a Williams gritando um "senhoras e senhores, com vocês: Marshall Lee e Keila Mills!" no lugar do costumeiro "com vocês: Taylor York!" que ela costumava sempre dizer em shows antes daquele solo.

Priscilla ainda não conseguia calar a boca sobre ter recebido vários conselhos de Zac, que era o seu baterista favorito. Ah, não podemos esquecer do papo sobre pintar cabelo que teve com a vocalista, não é? Será que tinha sido muito fangirl da parte dela deixar bem claro que usava a marca de tonalizantes de Hayley no cabelo? Bem, com certeza foi quando ficou praticamente dando pulinhos de alegria quando confirmou que sim, a vocalista tinha pintado o cabelo de laranja.

Bongo e Guy simplesmente não sabiam onde se enfiar de felicidade e nem sabiam dizer qual parte da interação havia os impactado mais.

A cada cinco segundos, Marceline repetia: "Me belisca, caralho. Nem fodendo que eu brinquei de bater cabelo com a porra da Hayley Williams. Pode me matar que eu morro feliz."

Bem, a euforia era bem vinda, pois com ela vinha um bom punhado de confiança. E ela seria extremamente necessária na primeira apresentação do grupo para uma plateia que chegava não as centenas, mas aos milhares de pessoas. E que poderia estar valendo um contrato com gravadora.

Depois de mais um tempo foram chamados ao palco. Foi com certa surpresa que foram recebidos aos gritos pela platéia. Bem, o evento havia feito um bom trabalho divulgando as bandas de abertura do festival, e aparentemente o público havia ido fuçar algo a mais sobre a banda deles. E tinha uma quantidade considerável de conteúdo sobre Marceline and The Scream Queens para se encontrar: covers, demos de músicas originais, vídeos descontraídos de ensaios, gravações completas de pequenos shows feitos em eventos ou dentro da Noitosfera.

E, bem, eles tinham lá sua pequena leva de fãs. Eram praticamente uma banda indie, trabalhando de forma independente, e sempre há um público para esse nicho. E essa base de fãs estava bem representada no meio da platéia alvoroçada.

Uma quantidade respeitável de pessoas se mostraram capazes de cantar junto as músicas originais. E com os covers de músicas mais conhecidas, o chão vibrava com a balbúrdia da platéia, berrando e pulando como se já fosse a banda principal. Mas o melhor, eles guardaram para o final.

Marceline incluiu aquela música no setlist, ensaiou ela com a mesma intensidade que ensaiou todas as outras, mas não tinha certeza se realmente iriam tocá-la. Tinha deixado uma outra no gatilho para fechar a apresentação, porque a presença dela naquele show dependia de um outro fator.

Aquela música seria seu grito de guerra, da sua volta por cima. Seria ela assinando que tinha ressurgido do fundo do poço onde Ash a deixara largada. Mas para isso, ela teria que realmente ter dado a volta por cima.

E bem, ela tinha. Quando finalizaram sua penúltima música, e a platéia começou a gritar, uma voz se sobressaia dentre as demais nos ouvidos de Marceline. Colada na grade, a maquiagem preta e forte (porque não queria se sentir deslocada no meio de fãs alucinados de rock) contrastando com o rosa do cabelo, a única com uma camiseta 'oficial' da banda e berrando mais que qualquer outro: Bonnibel poderia se declarar fã número um do grupo, e ninguém iria discordar. Quando viu Marceline olhando para ela, abriu aquele sorriso açucarado que só ela sabia dar.

Marceline lembrou da noite anterior e foi invadida por um turbilhão de sensações, mescladas nelas mesmas. Tinha adrenalina, incredulidade, um arrepio indecente, uma sensação de coração aquecido. E felicidade pura. Tudo misturado naquele bolinho de emoções que lhe crescia no peito e era bombeado direto nas veias.

Uma última confirmação com a banda, e ela estava pronta para o seu gran finale.

"Bem, pra fechar essa apresentação, a gente reservou uma música especial" - ela disse, e esperou o público parar de vibrar antes de prosseguir. Ainda sentia um frio na barriga ao se dar conta do tamanho gigantesco daquela platéia. "Bem, antes de mais nada, é uma pequena homenagem ao Paramore e nosso pequeno agradecimento ao grupo que mais nos serviu de inspiração. Então desde já deixo registrado aqui o nosso eterno 'muito obrigado'."

O público entrou em polvorosa, já que estavam ali principalmente pela banda principal, então era normal que compartilhassem desse mesmo sentimento. Marceline precisou aguardar mais um pouco para poder prosseguir.

"Bem, mas também é... outra coisa. Acho que o que sempre me cativou nessa banda, além do talento incrível de cada integrante, é a forma como cada letra me atinge que nem um soco. Quase como se tivesse sido escrita pra mim" - ela parou por momento, engoliu em seco. Dessa vez o público guardou certo silêncio, como se houvesse um consenso geral de que havia algo de importante a ser dito por Marceline. "Há algum tempo atrás, nossa banda quase morreu. Porque eu quase desisti" - ela fez uma pausa antes de prosseguir, a voz querendo embargar. "Houve alguém que ultrapassou todos os limites possíveis, e isso quase nos custou o sonho de uma carreira. Bem, mas nós não desistimos. Eu não desisti. Fiquei muito tempo brigando comigo mesma, com o mundo inteiro, me mantendo de pé do jeito que dava. Mas..."

Ela para, respira fundo. Bonnibel está olhando para ela, o olhar meio embargado, porque ninguém naquela platéia sabe mais que ela o peso do que Marceline está dizendo. Mas também está orgulhosa, sorrindo como se o sucesso de Marceline fosse o seu também. Marceline sorri, continua a falar ainda olhando para ela.

"Mas, entre o finalzinho do ano passado e o começo desse, eu consegui derrubar praticamente todas as barreiras que ainda estavam me prendendo. E ontem... ontem a noite eu derrubei a maior delas" - a última frase saiu mais baixo, como se só agora a realidade daquilo estivesse se abrindo para ela. Como se só agora tivesse entendido que, sim, ela tinha mesmo feito aquilo. "Bem, eu nem vou tentar agradecer a responsável por isso agora, porque eu nunca vou achar palavras boas o bastante."

Houve uma pequena comoção na platéia, gritos de apoio se espalhando pelo lugar. Bonnibel tentava inutilmente impedir que umas lágrimas teimosas descessem por seu rosto.

"De toda forma, não é bem isso que eu quero celebrar essa tarde. Eu quero celebrar esse grupo incrível que eu tenho comigo," - ela disse, gesticulando com as mãos em direção ao restante da banda - "que nunca desistiu de mim, que continuou do meu lado nos piores momentos, esperou até que eu estivesse pronta pra hoje. Principalmente aquele carinha ali" - ela apontava Marshall, que respondeu se curvando em reverência aos pés da irmã, fazendo a platéia vibrar outra vez e Marceline rir. "Certo, certo, levanta daí! Bem, essa música eu dedico a nós mesmos. E de certa forma, ao merdinha que achou que derrubaria a gente. Se ele estiver de alguma forma vendo isso, espero que se deleite da sua derrota."

O público entrou em polvorosa. O êxtase veio mesmo quando o toquinho de guitarra inicial da música começou. Quando Marceline começou a cantar, o público acompanhou fervorosamente.

You were my conscience
So solid, now you're like water
And we started drowning
Not like we'd sink any further
But I let my heart go
It's somewhere down at the bottom
But I'll get a new one
And come back for the hope that you've stolen

(Você era minha consciência
Tão sólido, agora você é como água
E começamos a nos afogar
Não como se pudéssemos afundar ainda mais
Mas eu deixei meu coração ir
Ele está em algum lugar lá no fundo
Mas vou conseguir um novo
E voltar pela esperança que você roubou)

Essa foi a única música que Marceline não acompanhou com seu baixo. De cima de uma das caixas de retorno de som, ela cantava bem em frente ao público. Quando o refrão entrou, ela começou a bater cabelo no melhor estilo punk, sem perder a entonação, fazendo a platéia gritar e cantar junto ainda mais alto.

I'll stop the whole world
I'll stop the whole world
From turning into a monster, eating us alive
Don't you ever wonder how we survived?
Well, now that you're gone
The world is ours

(Vou impedir o mundo todo
Vou impedir o mundo todo
De se transformar em um monstro, nos devorando vivos
Você jamais se perguntou como nós sobrevivemos?
Bem, agora que você se foi
O mundo é nosso)

Ela desceu da caixa e começou a
passar perto da platéia com a mão estendida, parando somente para beijar a mão de Bonnibel quando passou por ela. Ela e a platéia trocavam energia de um jeito surreal. A presença de palco dela estava invejável, regada pela sensação insana de liberdade, de que o lugar dela era e sempre seria ali, em cima de um palco, emanando energia e recebendo-a de volta de milhares de pessoas que, de alguma forma, partilhavam daqueles mesmos sentimentos.

I'm only human
I've got a skeleton in me
But I'm not the villain
Despite what you're always preaching
Call me a traitor
I'm just collecting your victims
And they're getting stronger
I hear them calling (calling), they're calling

(Sou apenas humana
Tenho um esqueleto em mim
Mas não sou a vilã
Apesar do que você está sempre pregando
Me chame de traidora
Só estou coletando suas vítimas
E elas estão ficando mais fortes
Eu as ouço chamando (chamando), estão chamando)

No final das contas, cada integrante daquela banda havia sido afetado de alguma forma pelas atitudes de Ash. Não é fácil aceitar que você foi amigo de um monstro. Que você torceu para que esse monstro ficasse com sua melhor amiga. Que você viu, com seus próprios olhos, sua irmã largada no chão entre sangue e lágrimas, por obra de um monstro que você chamou de melhor amigo.

Todos eles, de alguma forma, quase caíram. Uns mais que outros. Ninguém mais que ela. Mas todos saíram com uma cicatriz.

Mas cicatrizes já não são mais feridas abertas. Com elas, ainda é possível levantar, sacudir a poeira e se jogar de volta na batalha. E era exatamente isso que eles estavam fazendo.


I'll stop the whole world
I'll stop the whole world
From turning into a monster, eating us alive
Don't you ever wonder how we survived?
Well, now that you're gone
The world is ours

Marshall e Keila estavam mais vivos que nunca. Até mesmo Guy, que estava habituado a ser um pouco mais metódico, e Bongo, que estava sempre no teclado, com exceção das raras vezes que precisava substituir Marceline no baixo principal, se moviam pelo palco, enérgicos. Priscilla marcava o tempo da música perfeitamente, daquele seu jeito tão característico que dava a impressão de que estava possuída dada a rapidez dos movimentos.

Sincronia perfeita. Harmonia perfeita. Marceline não conseguia lembrar a última vez em que todos pareciam estar tão perfeitamente unidos na mesma energia. Sorrisos estampados em cada um de seus rostos.

Ela era boa sozinha, mas só com eles conseguia ser perfeita no que fazia. Aquele palco estaria infinitamente solitário sem eles. Ela já teria desistido sem eles.

Encheu o peito antes de cantar a ponte da música, mas dessa vez não foi de raiva, tristeza acumulada ou qualquer outro desses sentimentos negativos que já haviam alimentado suas canções por tanto tempo. Era alegria pura. Depois de muito tempo, finalmente alegria.

Well, you find your strength in solutions
But I like the tension
And not always knowing the answers
Well, you're gonna lose it, you're gonna lose it

(Bem, você encontrou sua força em soluções
Mas eu gosto da tensão
E de nem sempre saber as respostas
Bem, você vai perder essa, você vai perder essa)

Elas estava muito concentrada em não chorar. Não era orgulho nem nada, só não queria desafinar.

Já era difícil se manter firme olhando para a namorada e os outros amigos colados na grade e berrando os versos com ela, mas se tornou impossível quando uma movimentação ocorreu na área da equipe de engenheiros de som, e ela percebeu que sua mãe estava entrando na pista junto aos seus amigos, começando a berrar os versos também.

As lágrimas vieram, ela caiu de joelhos no meio do palco, mas não perdeu o tom. Com o máximo de força, cantou aquele refrão.

I'll stop the whole world (whole world)
I'll stop the whole world
From turning into a monster, eating us alive
Don't you ever wonder how we survived?
Well, now that you're gone
The world

Na reta final, Marshall a fez ficar de pé novamente, se unindo a ela nos vocais. Eles cantavam de frente um para o outro, naquela sincronia perfeita que eles tinham desde o primeiro dia. Marceline fez uma nota mental para fazer mais duetos com ele.

A casa veio abaixo. A platéia em uma só voz, cantando e pulando. A bateria ficando mais marcada enquanto Priscilla dava tudo de si, e mesmo que não houvesse captação de microfone para provar, todos eles estavam cantando aquele refrão final.

Não importava os resultados finais daquele show. As réstias do fantasma de Ash haviam se dissipado de uma vez por todas. Eles haviam vencido.

(Marceline e Marshall Lee)

I'll stop the whole world (whole world)
I'll stop the whole world
From turning into a monster, eating us alive
Don't you ever wonder how we survived?
Well, now that you're gone
The world is ours

Sem silêncios dessa vez. O que havia  era os berros, pedidos de mais, um emaranhado de sons alucinados, era aquilo que Marceline definia como estar viva.

O irmão a puxou para um abraço apertado, tentando controlar um pouco o próprio choro. Mas não era só emoção por conta daquela performance insana.

"Você disse que... ontem a noite... Marcy, isso significa o que eu acho que significa?"

"Sim" - ela estava agarrada a camisa dele, e já tinha desistido de manter a postura. Deu um soluço e uma risada no meio do choro.

Ele quebrou o abraço apenas para mais uma vez fazer reverência em frente a irmã. O restante da banda também se curvou de onde estava. No meio da sua mistura de riso e choro, Marceline se posicionou bem no centro do palco, de costas ao público, e também prestou reverência às suas eternas rainhas do grito.

Se aproximando novamente da irmã, Marshall disse, ao pé do ouvido dela, porque a platéia ainda estava gritando alto demais.

"Você é a mulher mais forte da porra desse mundo, Marceline. Nunca mais deixe ninguém te convencer do contrário."

[...]

Marceline ainda estava em um certo estado de choque. Aquilo tinha sido surreal. A resposta do público, a mera sensação de ter finalmente se livrado de tudo aquilo.

Ainda não estava acreditando também que, ao saírem do palco e se encontrarem com a banda principal, que estava se preparando para entrar em cena, a vocalista a tinha puxado de canto brevemente.

"Primeiramente, essa abertura foi incrível" - ela disse, e por meio segundo Marceline achou que fosse desmaiar pelo elogio. "Em segundo, eu ouvi o que você disse antes da última música. Aliás, adorei o cover. Eu sei como é ver sua banda quase acabar porque você está caindo em si mesma. Aconteceu comigo mais vezes do que gosto de lembrar. Só se lembre que você é maior que isso, ok? E se apoie no seus amigos. Não tem nada melhor que estar em uma banda com seus amigos. Se agarre nisso."

Alguém da produção a chamou, e ela precisou ir, dando uns tapinhas encorajadores nas costas de Marcy. Ela só teve tempo deixar escapar um "obrigada, Hayley" e ver a mulher se afastar com um aceno.

Marceline sabia bem do que a outra estava falando. O período de depressão, integrantes da banda saíndo em maus termos (as vezes processando a banda), o relacionamento abusivo e o divórcio conturbado - a mais velha tinha tido o seu próprio gostinho do inferno. Mas deu um jeito de dar a volta por cima. Transformou a dor em dois álbuns solo e em seguida começou a trabalhar em um álbum novo com a banda.

Marceline tinha ótimas fontes de inspiração.

Agora estava na área de camarote, acompanhando o show de sua banda favorita meio estática. Ainda não acreditava que tinha acabado de tocar naquele mesmo palco.

Uma movimentação chamou sua atenção. Era sua mãe, Bonnibel e o restante do grupo, sendo trazidos para a área VIP por um segurança.

Bonnibel vinha um pouco mais na frente, o olhar fixo na namorada e um sorriso no rosto. Mas não conseguiu chegar até ela.

Foi parada no meio do caminho pelo cunhado, que tirou ela do chão no maior abraço que podia. Ela o abraçou de volta meio confusa, sem entender porque diabos ele estava chorando.

O restante da banda olhou para Marceline. Eles já tinham seu palpite e precisavam de uma confirmação. O sorriso tímido de bochechas coradas que ela deu respondeu por ela.

E em um segundo a banda inteira estava esmagando Bonnibel em um abraço gigante, porque eles sabiam muito bem que talvez jamais vissem o lado mais vivo de Marceline outra vez se não fosse por ela.

Quando finalmente se viu livre, conseguiu abraçar Marceline. Essa a recebeu num abraço mais sutil, mas ainda mais carregado de emoção.

Tinha tantas coisas que ela queria dizer. Tanto que ela queria agradecer. Mas ela ainda era Marceline, afinal de contas. Odiava soar dramática. Como poderia dizer que as coisas continuariam daquela forma, naquele nível de confiança, sem parecer piegas?

O seu bom e velho sorrisinho sacana se abriu.

"Sabe, Bonnie, tocar baixo quase o show todo meio que acabou com meus braços. Você tá no controle na próxima semana" - ela disse, ainda no meio do abraço, baixo o bastante para só Bonnibel ouvir.

"Viciou de primeira, é? Não esperava isso de você, Marceline."

"Vá a merda, Zanne" - as duas caíram na gargalhada, apertando mais o abraço.

No entanto, a banda não teve muito tempo para não ficar emotivos. Megan se aproximou deles, como quem quer não quer nada, as mãos atrás do corpo.

"Desculpe interromper, meninos, mas só queria avisar que vocês vão precisar cancelar qualquer plano que vocês tenham para o final de semana que vem."

"Porque, Megan?" - perguntou Priscilla, a expressão preocupada. Não era possível que algo ruim fosse acontecer logo agora.

"Bem, vocês tem essa reunião marcada com..." - ela parou um momento, relendo o nome do contato que havia salvo no celular - "Henry Rogers. Sábado de manhã."

"Quem diabos é esse cara, mãe?" - perguntou Marshall, totalmente confuso. O restante do grupo estava na mesma situação.

Mas Finn, Jake, Hayley, Bonnie e Kevin trocaram olhares entre si, em meio a risinhos conspiratórios. Eles claramente estavam mais bem informados.

"Ninguém importante" - disse a mulher, apoiada na grade, balançando a cabeça ao som da música. Abriu o sorriso de canto tão característico dos Abadeer. "Ele só é produtor de uma enorme gravadora de Nova York. Parece que gostou de vocês."

"MULHER, VOCÊ NÃO PODE ME DAR UMA NOTÍCIAS DESSAS ASSIM, EU SOU CARDÍACO" - Guy estava apoiado na grade, a mão no peito. Bongo correu em seu encontro e começou a abanar seu rosto. De um segundo para outro, a ficha de todos realmente caiu, e eles se enfiaram em abraço grupal, a banda, os demais, Megan esmagada entre eles.

Era simplesmente um dia incrível.

[...]

Tarde da noite, depois do evento ter enfim acabado, o grupo se dirigiu para um bom hotel, onde passariam a noite. Keila e Priscilla desapareceram com outras duas meninas. Bem, alguém tinha que ter groupies de verdade, não é?

Bongo e Guy estavam exaustos, então entraram no hotel primeiro, deram check-in no mesmo quarto e sumiram também. Bem, pelo menos o motivo que eles deram para a pressa foi exaustão. Mesmo que não parecessem tão cansados assim.

Enfim, Marceline e Marshall entraram para dar check-in também. Marceline pediu um quarto de casal para ela e Bonnibel. Foi então pedir para Marshall e Kevin.

"E um quarto com duas camas de solteiro, por favor."

"Dois com cama de casal, na verdade." - corrigiu o garoto, parado atrás dela.

A atendente localizou os quartos, entregou as chaves e indicou o caminho para eles.

"Eu sabia" - disse a garota, cutucando a cintura do irmão.

"Não é como se eu estivesse tentando esconder" - ele respondeu, revirando os olhos.

"O que, então? Amigos com benefícios ou algo a m..."

"Amigos com benefícios. Pode parar" - cortou Marshall, as bochechas ficando meio vermelhas.

"Dou um mês pra você arriar os quatro pneus" - a voz de Marceline era uma mescla de provocação com um tom meio sério, algo do tipo 'eu estou falando por experiência própria'.

"Não sou mole que nem você, morceguinha."

"Eu mandaria você ir se foder, mas acho que isso já vai acontecer de qualquer forma."

"Eles estão falando da gente, não estão?" - Kevin perguntou para Bonnibel. Os dois estavam do outro lado do lobby do hotel, observando os irmãos conversando em meio a empurrãozinhos e reviradas de olhos.

"Muito provavelmente" - ela respondeu. Sacudia a cabeça como quem já está acostumado com a situação. "Eles estão vindo. Marceline vai tirar sarro de vocês se Marshall tiver pedido quarto de casal. O ônus de namorar um Abadeer é que vem outro Abadeer como cunhado."

"Mas eu não estou namorando Abadeer nenhum" - ele sussurrou, contrariado.

"Ainda" - ela respondeu, deixando o garoto irritado para trás quando os dois irmãos se aproximaram e Marceline a pegou pela mão, claramente com pressa para estar no quarto logo.

Bonnibel não tinha preocupação alguma naquela noite. Só o que ela precisava ter em mente era o caminho que suas mãos e sua boca fariam em Marceline, que só fez jogar as mochilas em cima da cama antes de puxar Bonnibel para o banheiro do quarto, imediatamente despindo-a.

Nem sequer se lembrou que tinha um celular, e era melhor assim. Porque a noite teria sido arruinada se ela tivesse lido suas mensagens.

Mãe 🙄

"eu espero que você tenha uma boa explicação para o fato de eu ter acabado de receber uma ligação de um dos integrantes do conselho de pais da escola me perguntando desde quando você tem namoradA.

e esteja em casa amanhã até no máximo as 11h".

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Os níveis de fangirl/boy nesse capítulo podem ou não ter sido baseados nos meus próprios níveis de fangirl pelo paramore :D

Não se esqueçam de deixar seu voto, e um comentário se tiverem gostado!

Ps: eu nunca prometi alegria por mais de dois capítulos seguidos por aqui.

Vejo vocês no próximo capítulo!

- Tersy ♥️

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