Quando amanheceu, eu levantei primeiro que Tom. Fiz minhas necessidades no banheiro antes de colocar meu uniforme e pegar minha mochila, indo com calma até o salão principal.
- Angel! – Eu ouvi a voz de Edmundo e me virei, vendo o garoto caminhar até mim. – Bom dia.
- Bom dia, Ed. – Eu sorri e ajeitei a mochila em meu ombro. – O que Slughorn disse sobre nossa poção?
- Bem... ele disse que foi impressionante e definitivamente foi a melhor da sala. – Ele disse, animado. – Nós fomos os únicos a tirar nota máxima.
Eu sorri, mas logo meu sorriso murchou ao ver os dois grifanos, que esbarraram em mim antes, provocando um aluno do primeiro ano. Eles estavam com a mochila do garoto no ar, mandando ele pular para tentar alcançar.
- Pode ir, Edmundo, eu alcanço você depois. – Edmundo assentiu e subiu as escadas, indo até o Salão. – Ei! – Eu gritei para os grifanos, que pararam de se mexer e me encararam confusos, mas logo me encararam com malícia.
- Vaza daqui, pivete. – O mais alto jogou a mochila no rosto do garoto e os dois vieram até mim enquanto o garoto corria. Eu peguei minha varinha do bolso e me preparei para lançar azarações. – Se perdeu, putinha? – Meu sangue ferveu pelo título.
- Deveríamos ajudar ela, Trevor? – O loiro perguntou, olhando para o mais alto, que se chamava Trevor, e sorrindo.
- Mas é claro, por que não levamos ela até o ninho de cobras e... cuidamos dela um pouquinho? – Meu estômago se revirou de nojo com suas falas, decidi acabar logo com aquilo.
- Asfixo Maladum! – Eu apontei para o garoto chamado Trevor, que me olhou com receio antes de colocar as duas mãos na garganta e respirar com dificuldade. O loiro o olhava aterrorizado, sem saber o que fazer. Trevor se ajoelhou no chão, roxo por não conseguir respirar. Ele me olhou, implorando com os olhos para que eu parasse. Eu retirei o feitiço, vendo a cor de Trevor voltar ao normal. – Se maltratarem qualquer outro aluno dessa escola, eu não hesitarei em lançar um feitiço dez vezes pior. Entenderam? – Os dois me olharam com ódio, mas saíram dali rapidamente.
- Obrigada. – Ouvi uma voz infantil atrás de mim e me virei, vendo o garoto que estava sendo maltratado pelos grifanos. Ele era da lufa-lufa.
- Por nada. – Eu me agachei para ficar da sua altura. – Qual seu nome?
- Fred. – O garoto disse, olhando para o chão.
- Bem, Fred... meu nome é Angel. Se eles te incomodarem novamente, você aponta sua varinha para eles e fala "Azulacius", entendeu? – Ele assentiu, repetindo a palavra.
- O que esse feitiço faz? – Ele perguntou, franzindo a testa. Eu sorri, desejando estar presente quando isso acontecer.
- Você vai descobrir na hora. – Eu me levantei e baguncei seus cabelos. – "Vaza daqui, pivete". – Imitei Trevor falando, fazendo Fred dar risada junto comigo.
- Tchau, Angel. – Fred acenou para mim e saiu rapidamente, subindo para o salão principal. Eu sorri, ainda parada no lugar.
- Você daria uma boa mãe. – Me assustei ao ouvir a voz de Mulciber. Revirei meus olhos, ajeitando minha bolsa e subindo as escadas. – Por que nunca me dá uma chance de conversar com você? Você e o esquisito do Riddle estão namorando? – Eu engoli em seco, me recusando a gaguejar.
- Não, claro que não. Eu só não estou interessada em você, Hardy. – Eu dei de ombros e entrei no Salão, sendo acompanhada por ele.
- Por que não? – Ele insistiu, se sentando ao meu lado na mesa.
- Por que... eu já gosto de uma pessoa. – Eu usei como desculpa e comecei a me servir, implorando silenciosamente que Hardy parasse de falar. Eu realmente estava gostando de alguém... eu acho.
- Mas minha família é rica... – Ele lamentou, apoiando a cabeça nas mãos. Eu dei risada antes de dar dois tapinhas no ombro dele.
- Uma mulher de verdade nunca se interessará por você pelo seu dinheiro, Mulciber. – Eu continuei me servindo, Hardy pareceu interessado no que eu estava falando. – E você tem muito mais para oferecer além de dinheiro.
- Tipo o quê? – Eu engoli em seco, sem saber o que falar. Mulciber não era inteligente, e também não era engraçado, nem simpático.
- Bem... você é bonito e... leal. – Eu dei um sorriso torto, implorando para que ele finalizasse a conversa.
- E isso é melhor do que dinheiro? – Ele fez uma careta.
- Claro que é. – Eu sorri e olhei pela mesa da sonserina, procurando uma garota. – Ali, está vendo a menina de cabelos presos em um coque?
- A ruiva? – Ele apertou os olhos para ver melhor.
- Sim. Ela é bonita e parece ser legal, assim como você. Por que não tenta falar com ela civilizadamente? – Dei ênfase na última palavra, fazendo Hardy me olhar confuso.
- Como eu faço isso? – Eu dei um sorriso pequeno.
- Bem, você vai até ela discretamente e a chame para sair. Garotas gostam de meninos diretos, mas não seja abusado. Se ela recusar, você supera e parte para outra. – Ele pareceu entender.
- E se ela aceitar?
- Aí você sorri para ela e fala que o lugar será uma surpresa. Mas não a assuste fazendo parecer que você irá sequestrar ela. Diga que você sabe de um lugar romântico e que, se ela quiser, você leva ela até lá de surpresa. – Eu coloquei um pedaço de manga na boca e mastiguei com calma, vendo Hardy processar toda a situação.
- E se ela não gostar de mim..? – Ele levou uma unha até os lábios e começou a roer.
- Se ela não gostar de você, você procura alguém que goste. Nem todas as garotas irão adorar você, mas nem todas irão te dispensar. – Eu dei de ombros, tranquilizando ele. Hardy sorriu e olhou para a menina, respirando fundo enquanto levantava.
- Obrigado, Angel. – Ele deu dois tapinhas na minha cabeça e foi até a garota, se sentando ao lado dela e começando a falar com ela. Eu sorri automaticamente quando a menina colocou uma mecha atrás da orelha e corou, abaixando a cabeça e assentindo sobre algo. Ela havia aceitado. Hardy me olhou com os olhos arregalados e um sorriso enorme no rosto, me fazendo dar risada do seu jeito.
Ele e a garota continuaram conversando um pouco enquanto eu voltava a comer rapidamente, terminando e indo para a primeira aula do dia.
- Parabéns pela poção, senhorita Swan. – Slughorn me parabenizou. – O senhor Pevensie me disse que você foi a mente da operação, então você que deveria levar os créditos. – Ele deu dois tapinhas em meu ombro.
- Oras, que besteira da parte de Edmundo, ele fez metade do trabalho. – Eu disse, colocando a alça da mochila no ombro e ajeitando ali.
- Mesmo assim, meus parabéns, você tem bastante talento. Terá um futuro ótimo pela frente. – O professor sorriu e se afastou. Eu caminhei na direção da sala de herbologia, minha segunda aula do período da manhã.
Exatamente 4 horas depois, nós fomos liberados das aulas. Amanhã será sábado, então fui rapidamente até o dormitório de Tom na esperança de convidá-lo para irmos tomar cerveja amanteigada.
Eu bati três vezes na porta e esperei a resposta, mas nada havia acontecido. Eu bati mais três vezes, dessa vez abrindo a porta devagar em seguida. Adentrei o quarto lentamente e fechei a porta, procurando por Tom. Ele parecia não estar no quarto. Eu suspirei e me virei para sair, mas parei ao ver o pote de ração da Angel vazio. Ela veio até mim, miando e se esfregando em minhas pernas.
- Ele realmente deixou você sem comida? – Eu a peguei no colo e acariciei, ouvindo ela ronronar. Eu coloquei ela na cama de Tom e fui em direção ao saco de ração, colocando bastante para ela comer. Eu me sentei na cama e fiquei observando ela, pensando onde Tom poderia estar.
Eu me levantei e fiz carinho em Angel antes de me dirigir até a porta.
- O que estava fazendo no meu quarto? – Tom apareceu no corredor enquanto eu fechava a porta e parou na minha frente, me olhando com os braços cruzados.
- Procurando você. – Eu dei de ombros. – Aproveitei para dar comida à Ang...
- Já falei para não entrar no meu quarto! – Ele esbravejou, fazendo meu sorriso murchar. – Como você consegue ser tão teimosa? – Ele passou por mim e entrou em seu quarto, fechando a porta com força e me deixando ali sozinha. Eu pisquei várias vezes antes de engolir em seco e sair dali, indo em direção à biblioteca.
- Angel! – Uma voz me chamou enquanto eu entrava na biblioteca. Eu me virei e encontrei Hardy vindo até mim. – Obrigada pelas dicas, eu e Emily combinamos de sair amanhã.
- Isso é ótimo, Hardy. – Eu lhe dei um sorriso doce, feliz pelo seu sucesso.
- Estou pensando em levar ela até a Casa dos Gritos. – Eu dei risada, imaginando a confusão que isso seria. – O quê foi?
- O que acha de levar ela até o Dedos de Mel e comprar para ela um Tablete de Nugá ou uma Maçã do Amor? – Ele franziu a testa, pensativo.
- É uma boa ideia... – Ele coçou o queixo. – Você acha que ela vai gostar?
- Eu tenho certeza que ela vai adorar, Hardy. – Eu dei dois tapinhas em seu ombro e entrei na biblioteca após ele agradecer e se despedir.
Eu fui em direção aos poucos livros trouxas que a escola possuía e peguei um de Shakespeare, me sentando na cadeira e ligando o pequeno abajur que pendia no ar e iluminava a mesa. Eu coloquei o livro ali e comecei a ler, me perdendo nas frases apaixonantes e profundas do escritor. Eu levei horas para terminar o livro, estava tão envolvida que não me dei o trabalho de ir até o quarto ler mais confortavelmente. Coloquei um feitiço aquecedor na cadeira, sempre me mantendo quente e confortável em meio ao clima gélido e congelante da Escócia. Do lado de fora da escola, a neve já se acumulava na grama e nos pequenos muros, que mais serviam de assentos para os alunos. Todos os alunos já se direcionavam para fora da biblioteca enquanto eu guardava o livro e pegava mais um do mesmo autor, dessa vez indo ler no meu quarto.
- Incarcerous. – Senti meus braços e pernas serem presos e o livro cair de minha mão, fazendo um baque contra o piso de madeira. Meus olhos foram para Trevor, que estava na minha frente com um sorriso macabro no rosto. Eu deveria ter suspeitado que esse garoto tem problemas mentais. – Agora somos só nós dois, pequeno Anjo. – Meu sangue gelou ao ouvir o apelido, me trazendo memórias desagradáveis. – Estou ansioso para me divertir com você.
ai, como eu ODEIO esse Trevor, q ódio
como vocês estão? (sejam sinceros)