a little death {lwt+hes}

By ifavjodie

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Quando Louis sofre um acidente e morre por alguns segundos, antes de ser ressuscitado, ele acaba parando em u... More

antes de começar
.I.
.II.
.III.
.IV.
.V.
.VI.
.VII.
.VIII.
.IX.
.X.
.XI.
.XII.
.XIII.
.XV.
.XVI.
.XVII.
.XVIII.
.XIX.
.XX.
.Epílogo.
Agradecimentos.

.XIV.

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By ifavjodie

"When I think of you some time and I want to spend some time with you"

- Just the two of us by Grover Washington Jr.

O momento foi bruscamente interrompido ao que Louis precisou se desvencilhar dos braços de Harry somente para se virar e espirrar três vezes seguidas, seu corpo parecendo estar querendo o chutar nas costas com força até que ele estivesse em algum lugar coberto e vestindo roupas secas. Ao observar a cena e o nariz de botão completamente vermelho, Harry se deu conta de que ele não pode ficar doente, mas Louis ainda é um humano com um organismo fraco se comparado a um demônio; Então eles imediatamente decidem entrar, mas claro, não sem antes os olhos azuis se iluminarem em meio a chuva ao se recordar da comida caseira guardada dentro do carro. Acenando levemente, ele abre a porta e apanha os potes, correndo logo em seguida para o quarto enquanto protegia da melhor forma possível a refeição preparada com tanto amor e carinho, travando o carro habilmente com a ponta de seu polegar.

Louis sempre achou um baita de um clichê falar sobre borboletas no estômago, porém ele não se importa de ser hipócrita agora que tem milhares delas batendo suas belas asas furiosamente em seu interior, tudo porque Harry abriu o mais belo dos sorrisos quando lhe foi contado que Nora Tomlinson cozinhou biscoitos especialmente para ele. Harry se encontrava desarmado e sem qualquer postura, rendendo-se ao gesto zeloso que as vezes teimava em acreditar que não existia mais. Não foi preciso perguntar se ele gostava do sabor, pela forma que os olhos verdes brilhavam em admiração, ele muito provavelmente comeria mesmo se fosse a comida que mais detesta.

Satisfeito pela reação positiva do cacheado, Louis finalmente focou em seu estado molhado, tremendo dos pés a cabeça quando uma rajada de vento entrou pela porta escancarada. Harry também reparou, levantando os olhos do pote para identificar de onde estava vindo o ar frio, não tardando em fechar a porta com os olhos transparecendo preocupação com a saúde do garoto retirando as roupas encharcadas em uma velocidade impressionante.

— Harry, você pode...- ele se virou atrapalhado pra tirar a blusa, rindo do próprio desastre ao encarar o resultado que consistia em braços presos e um cordão de prata se embolando no meio da bagunça. Em meio a brecha da gola, Louis consegue enxergar a figura de Harry segurando a risada com as bochechas estufadas e a boca, consequentemente, cheia.— Você parece um esquilo, eu deveria te chamar de Alvin? Pensando bem, chega a ser engraçado como vocês dois são parecidos.

Harry sorriu debochado sem mostrar os dentes, tentando engolir a massa sem parecer um desesperado.

— Se você ainda quiser beijar esses lindos lábios e meter a mão nessa bunda bonitinha, eu aconselho que não faça isso.- disse com sarcasmo transbordando nas palavras que compuseram a sua sentença (que, no ponto de vista de Louis, está mais para uma ameaça).– Agora deixe eu te ajudar, desengonçado.- brincou andando até o menor que não deixou de revirar os olhos, mesmo que ainda sorrisse sereno.— Como você fez isso?

— Não sei, honestamente.- bufou levemente constrangido, o rosto queimando antes que percebesse.— Só tome cuidado com o colar, sim? Se quiser, pode cortar a blusa, mas imploro que tome cuidado com ele, é importante pra mim.

Ainda que não pudesse ver por estar de costas para Harry, ele tem quase certeza de que o maior balançou a cabeça em concordância, deslizando seus dedos pela fechadura com delicadeza. Louis suspirou em alívio quando foi solto, caminhando para estender a blusa na saída do aquecedor já que se via sem muitas opções e era a única peça que tinha ali.

— Onde...- Harry limpou a garganta meio atordoado, os olhos fixos no pingente sobre a palma de sua mão, procurando palavras coerentes para reformular sua pergunta.— Quem te deu esse colar?

— Meu avô comprou pra mim quando fomos a uma feira artesanal a beira mar. Eu estava esperando por ele enquanto comia uma casquinha e ele apareceu com um pequeno embrulho atrás das costas. Ele disse que era um amuleto da sorte para um garoto especial e de coração bom. Foi a primeira vez na vida que me senti incluso, muito mais do que um qualquer na família.- contou nostálgico, as íris azuladas se tornando quase cristalinas ao se lembrar de alguns fatos de sua vida.— Minha mãe guardou pra mim quando me mudei porque a correntinha havia arrebentado quando... Enfim. Nora se lembrou de me devolver, disse que ia trazer sorte.

— Com o que?- perguntou curioso, sua pele tocando os símbolos desenhados na prata tentando enxergar ali todos os sentimentos bons que Louis sentiu ao usá-lo pela primeira vez.

— Principalmente com você.- confessa sentindo um comichão se alastrando rapidamente por seu peito nu, ousando subir para seu pescoço.

— Isso em seus olhos...- começa apontando com o indicador.— É vergonha, hm?- implicou se aproximando com um sorriso rasgando o rosto, nem tentando esconder sua felicidade. Louis desviou o olhar, ganhando em resposta um beijo suave em sua testa.— As vezes você é tão...

— Bobo?- arriscou inseguro.

— Eu ia dizer apaixonante, mas isso serve bem mais.- estalou os dedos repetidas vezes indicando a quantidade exuberante em clara provocação. O menor em seus braços grunhiu antes de se afastar para espirrar, aguçando os instintos protetores de Harry.— Você é lindo corando, mas 'to realmente preocupado com a sua saúde, então guarde esse assunto para mais tarde, vamos tomar banho.

— Vai me deixar massagear seus cabelos?- pediu com um biquinho adorável, implorando aos céus para que esteja se parecendo com algo fofo e convincente.

Harry soprou um "gatinho bajulador" antes de concordar hesitante e Louis o puxar para dentro do banheiro rapidamente, temendo que Styles volte atrás com a decisão.

+

Louis cantarolava um blues, a letra sobre passar um tempo a sós com uma pessoa especial soando tão bem ao sair dos lábios bonitos que Harry, em seu estado de puro relaxamento aproveitando a massagem nos cabelos, não sabe dizer se em algum momento escaparam de sua boca todos os elogios sinceros que rondavam a sua mente. O menor, no entanto, guardou todos eles como se fosse sagrado, tirando proveito de estar atrás de Harry para sorrir largo, se recusando a fazer comentários a respeito, temendo que ele reprima seu inconsciente caso suas suspeitas sejam confirmadas. Todas as vezes que a voz se elevava algumas oitavas e reverberava pelos azulejos brancos do banheiro, causando um doce eco sem falhas ou tremulações, Styles exclamava em satisfação, deitando mais a cabeça nas mãos de Louis e tornando a repetir que por todas as poucas vezes que esteve no céu, podia afirmar que esse deveria ser o mais novo canto dos anjos– consequentemente recebendo em troca dedos suaves massageando de forma ainda mais prazerosa seu couro cabeludo.

— Ok, - Louis começou assim que a canção chegou ao fim, permitindo que Harry fosse para de baixo da água para tirar o condicionador dos cachos cor de chocolate.— se você não quer ser chamado de Alvin...- um sorriso travesso pintou seus lábios ao escutar o outro bufar, tendo clara consciência de que ele revirou os olhos em tédio e falsa irritação.— então eu deveria te chamar de Asmodeus?

Sentindo-se vitorioso, Louis assistiu como se fosse a sua cena preferida de Grease os músculos das costas de Harry se tencionando tão rápido quanto o seu verdadeiro nome havia sido pronunciado. As pintinhas passaram a ficar sobre os holofotes, e os pelos da nuca se eriçaram para acompanhar o processo. Para conter a risada convencida, ele se virou e alcançou o pacote com o sabonete que o hotel oferece afim de ensaboar seu corpo e fingir estar distraído, quase indiferente.

Harry agarrou sua cintura dispensando delicadezas, aproximando seus corpos e colocando sua cabeça na altura da orelha alheia. A respiração pesada e quente bateu contra o pescoço de Louis, arrancando dele um suspiro sôfrego, dissipando no mesmo instante a vontade que antes sentiu de provocar o outro com seu jeito petulante. Harry e sua voz rouca deram uma única ordem poucos segundos depois:— Vira. Eu quero te beijar.

E Louis definitivamente, em hipótese alguma, conseguiria cogitar recusar seu desejo, se posicionando de frente para os olhos verdes e admirando lascivo as íris se tornarem escuras em uma velocidade assustadoramente deliciosa.

— Repita.- disse autoritário.

— Então você gosta de ser chamado assim, hm? É só comigo ou com todos os outros?- perguntou diminuindo o tom e sem nunca desviar o olhar (e ele não seria capaz nem se quisesse).— Me diga, Asmodeus e depois me tome por seus lábios.

Provando seu ponto, Styles gemeu e suas pupilas trouxeram a cor vermelha para acompanhar o preto.

— Só com você, angelus. Ouvir você me chamando assim...- mordeu o lábio inferior com força.— Poderia ser o meu fim.

Os olhos cristalinos brilharam.

— Isso é bom porque eu quero tocar suas ruínas até que sejamos um começo.- sussurrou como se fosse uma confissão sagrada, onde nem mesmo as paredes seriam dignas de ouvi-la.— Me beije.

E por mais que o beijo fosse de tirar o fôlego para ser compatível com a intensidade que os cercava, não havia segundas intenções. Entre línguas se encontrando e suspiros audíveis escapando, ambos chegaram em um acordo silencioso de que não passariam disso. Naquele momento, existia algo superior ao desejo sexual, eles almejavam desesperadamente beijar até sentirem suas bocas se tornarem dormentes e se sentirem satisfeitos quanto a mistura de gostos em seu paladar, mas nada além. O vermelho nas íris verdes correspondia a paixão e Louis, mais uma vez, achou que poderia morrer ao sentir sob a ponta de seus dedos a epiderme tão quente que o chuveiro de resistência fraca jamais poderia alcançar tal temperatura. Entretanto, nada se comparava com a sensação do coração de Harry batendo sob a palma de sua mão em um ritmo frenético e viciante.

Ao que terminaram o banho e vestiram cuecas limpas– Louis agradeceu a Harry por ter sido tão atencioso em comprar uma pra ele também–, Tomlinson deitou em sua cama, sorrindo calmamente enquanto observava Harry empurrar a sua até que estivessem juntas, revirando os olhos divertido ao notar a expressão nada modesta de Louis. Harry apagou as luzes e se deitou virado para Louis, que também se acomodou para que ficassem cara a cara, ele não pode resistir a vontade de beijá-lo, não quando tirou uns segundos para memorizar cada mínima pintinha e curva no rosto de Styles. Ele é tão lindo que dessa vez sentia o próprio coração batendo sob sua mão quase como se tivesse intenção de fazer companhia ao solitário que Harry carrega em seu peito.

Lábios frios, textura macia, línguas loucas para se conhecerem. Beijos calmos e corações em sincronia. Os dois adormeceram assim.

E, infelizmente, acordaram com o terrível som do celular– o qual não estava tocando pela primeira vez. Louis não podia mais apertar em recusar, era hora de levantar e ver quem estava morrendo ou em que confusão se meteu. Antes que atendesse, a ligação caiu na caixa postal e o aparelho vibrou indicando uma nova mensagem, em menos de um segundo Louis despertou, pulando da cama e enfiando uma escova de dentes na boca enquanto vasculhava sua mochila a procura do computador.

— Lou?- Harry chamou meio grogue de sono e se Louis não estivesse realmente com pressa, ele teria tirado um tempinho para admirar os cachos bagunçados caindo sobre os olhos semiabertos.— Volta pra cama, angelus. Ainda é cedo.

Observar o maior bater no lado do colchão que estava vazio, o chamando docemente, quase o fez jogar tudo para o alto, mas seu senso de responsabilidade estava falando mais alto naquela manhã.

— Bem que eu gostaria, H.- suspirou ligando o computador na tomada do seu lado da cama após desconectar o cabo do abajur. Em meio a correria encontrou o terno de Harry pendurado por um cabide.— Se importa?

Harry abriu mais os olhos e negou com a cabeça, dizendo rouco– porém audível– que iria comprar algo para comerem de café da manhã na lanchonete ao lado que fedia a bacon frito e gordura, tratando de se levantar e arrumar os lençóis. Por estar com fome e pressa, Louis não se opôs, correndo para o banheiro para tomar um banho rápido e vestir as roupas sociais de Harry, se permitindo rir no processo ao que quase tropeçou nas barras longas demais para seu um metro e setenta. Puxou as mangas até os cotovelos e aproveitou para agarrar e beijar Harry de surpresa quando o maior passou por ele com destino ao banheiro, Louis aplicou uma força moderada deixando-o completamente desnorteado– Louis, no entanto, apenas sorriu e disse bom dia sem mais explicações, escalando a cama e assumindo uma postura profissional ao entrar em uma reunião via skype.

Minutos mais tarde, Harry saiu do banho e Louis sentiu sua concentração se esvaindo no ar como um balão de gás hélio furado, se remexendo na cama quando Styles desfez o nó da toalha em sua cintura para poder secar seu cabelo, expondo toda a sua nudez. Diferente do que Louis pensou, Harry não foi de imediato se vestir, ao invés disso ele deitou-se na cama aos pés dele, barriga para cima, mãos descansando na altura dos quadris.

— O que está fazendo?- sibilou retirando um lado do fone de ouvido e tampando a câmera com o dedão, quase engasgando ao assistir Harry começar uma masturbação lenta bem na sua frente.

— Pensei em deixar a reunião mais interessante pra você, sabe?- sussurrou porque mesmo sabendo que só iriam ouvir se ele se aproximasse do microfone, não queria arriscar.— Você pode assistir eu me tocar enquanto desejo você dentro de mim...- propõe, interrompendo sua fala somente para suspirar em êxtase, amando estar fazendo aquilo na frente de Louis.— E depois, quando a reunião terminar, você pode vim aqui resolver isso. O que acha?

Louis precisou reprimir um gemido e não respondeu, se sentindo incapaz de desviar os olhos da mão cheia de anéis subindo e descendo pelo comprimento grande e com veias já aparentes– as quais fizeram Tomlinson salivar, desejando senti-las novamente no céu de sua boca. Harry, então, parou.

— Continue.- Louis disse alto e firme, sua permissão coincidindo com uma pergunta feita na reunião direcionada a ele. Seu colega de trabalho voltou a falar e Harry a se masturbar, dessa vez molhando dois dedos com a própria saliva– apesar da lubrificação quente e natural cujo muito interessava Louis e seu paladar– e os levando até a sua entrada.

— Só mais um detalhe.- Harry começa ofegante, sabendo muito bem onde tocar.— Se você perder toda a sua concentração na reunião e focar somente em mim, eu irei parar e vestir minhas roupas. Responda o que perguntarem, faça o que pedirem. Sei que você consegue prestar atenção nos dois, não é?- Louis tirou a mão da câmera, seu rosto aparecendo novamente na tela.— Você não vai me decepcionar, vai? Seja um bom "anjinho" pra mim.- ironizou com um sorriso safado.

Louis concordou e ajeitou a postura, procurando se integrar na conversa enquanto ouvia frustrado Harry suspirar e gemer sem poder fazer nada a respeito. Por enquanto.

+

"Você vai ficar fora por quanto tempo?" Niall perguntou do outro lado da linha, seu instinto protetor nunca esteve tão aguçado quanto naquele momento.

Louis colocou o celular entre a orelha e o ombro para poder adoçar seu chá.

"Eu não sei. Pode ser por uma semana ou um mês."

"E pode me dizer por qual motivo não posso saber sua localização exata?"

"Porque..." pausa para um gole. "Por mais que eu confie a minha vida a você, Harry não acha seguro. Não por não confiar em você, mas por conhecer seu irmão..." se odiava por estar, em partes, mentindo, mas era para a própria segurança de seu amigo. "o suficiente para saber que ele faria de tudo e mais um pouco para arrancar essa informação da sua boca caso descobrisse que você a tem, entende?"

Niall resmungou um "entendo" porque ele realmente entendia, mas estava odiando se sentir impotente.

"Mudando de assunto, como você e Harry estão?" disse curioso.

Louis sorriu malicioso para o nada, relembrando dos acontecimentos daquela manhã. Ele, com muito esforço, conseguiu dividir sua atenção e, antes que Harry chegasse no seu segundo orgasmo, a reunião foi finalmente encerrada e Louis colocou suas coisas do outro lado, chamando Styles para seu colo com leves tapinhas nas coxas. Harry o agarrou pelas lapelas e grudou suas bocas, não deixando de comentar sobre o quão sexy Louis fica usando suas roupas e no quanto queria sentar nele com elas ainda no seu corpo. E assim ele o fez, até suas pernas tremerem em cansaço quando o segundo orgasmo lhe atingiu, pintando seu terno levemente de branco. Tomlinson, como recompensa pela intenção do maior de o agradar, o fodeu até que ele estivesse chorando manhoso com a cabeça enterrada no espaço entre seu pescoço e a clavícula, não aguentando mais sentir seu pau sensível e a entrada maltratada pulsando, porém jamais desejando que aquilo acabasse, seus instintos os tirando daquele espaço tempo ao gozar pela terceira vez em menos de duas horas quando Louis o encheu com sua porra.

"Muito bem." não se conteve dando ênfase no 'muito', totalmente sugestivo.

"Oh, como você é pervertido! Eu não tinha falado nesse sentido, que horror."

Louis gargalhou, sua risada ecoando pelo quarto vazio. Ele sabe, de certa forma, que se Harry estivesse ali ele iria sorrir somente por ouvir este som e isso imediatamente o deixa ainda mais relaxado, o incentivando a falar.

"Estamos bem. Nos desentendemos ontem, acabei agindo e falando por impulso, mas agora está tudo bem. Há diálogo entre nós dois, é... bom."

"Isso é incrível, Lou! Ele está ai?"

Negou com a cabeça e ao se dar conta de que seu amigo obviamente não poderia ver, largou seu croissant para poder falar "Não. Ele saiu pra comprar café, passou aqui só para deixar o meu chá e avisar que estava indo se encontrar com Owen em um lugar afastado para pegar nossas coisas."

"Ótimo então posso te perguntar." Louis se endireitou na cadeira sentindo que o assunto tinha sua parcela de seriedade. "É só isso mesmo? Digo, o que há entre vocês é só sexo?"

"Não é só isso, somos amigos também."

"Oh, por favor, Lou! Você é meu amigo e nem por isso estamos dormindo juntos ou alguma vez fizemos isso."

"Sim, porque você é hétero e eu não consigo te ver dessa forma, você é como um irmão pra mim."

Niall estalou a língua.

"Seus pontos são bons e eu me sinto da mesma forma, mas sua frase também é boa para ser reutilizada. Certamente você vê Harry de outro jeito, então até que ponto vocês são apenas amigos? E não me refiro ao ato sexual ou derivados."

Louis mordeu o lábio inferior se recordando das noites sem pesadelos por estar sentindo a presença de Harry, do abraço depois de se resolverem, do beijo repleto de paixão e sem segundas intenções no banho e de como se beijaram até caírem no sono. Poderia significar muito, como também poderia significar nada.

Antes que pudesse responder algo, escutou o motor do carro do lado de fora. Harry estava abrindo a porta quando Louis se despediu prometendo conversar depois, mandando beijos e garantindo que ia ficar bem.

— Oi.- Harry sorriu sem realmente adentrar o quarto.— Podemos ir? Deixei o carro ligado e já fiz o check-out.

— Sim, claro.- concordou colocando sua mochila nas costas e dando uma rápida olhada no quarto para ter certeza de que não estavam esquecendo de algo. 

Louis passou o percurso inteiro pensando nas palavras do seu melhor amigo. Ele sempre teve dificuldades de compreender seus sentimentos e emoções, sempre pareceu um trabalho muito complicado identificar o que é mais dos que as entrelinhas podem dizer. No seu primeiro e único relacionamento, ele passou dias se perguntando se realmente amava a garota ao seu lado ou se apenas gostava, ou até mesmo adorava. O processo resultou em conflitos internos sobre se achar incapaz de amar por não compreender o amor, não saber se aquela sensação em seu peito era real ou apenas algo inventado pela sua mente afim de atender as próprias expectativas e as de sua companheira, simulando o amor e o levando a ser precipitado.

Seus pensamentos se calaram no instante em que Harry estacionou o carro em frente a um chalé de dois andares. Ao sair do veículo, Louis olha ao redor, só então notando que não há nada além de árvores e animais, o lugar realmente sendo perfeito por estar longe da civilização. Styles já se encontrava alguns passos a frente, arrastando, uma em cada mão, as malas de rodinhas pelo caminho de pedras após contornar um pequeno e bonito lago. Louis pegou o resto das bolsas e se juntou a ele, o assistindo desativar o alarme pelo celular e por fim enfiar a chave na fechadura.

— "Humilde".- Louis murmurou sarcástico as únicas palavras saindo da boca de Harry que ele conseguiu captar quando estavam na estrada. O lugar, apesar de rústico, era luxuoso e espaçoso a sua maneira.

Harry deu de ombros.

— Nada comparado a minha casa.

— Bem, ainda é a sua cara.

— Linda, então?- sorriu e Louis revirou os olhos.

— Humilde como você, Harry Styles.

O cacheado riu e pendurou sua chave no chaveiro:— Os quartos são lá em cima, sinta-se a vontade, querido. Tudo está limpo e lavado, Madelyn deixou as coisas prontas e deve chegar a qualquer minuto.

Louis carregou sua mala para o primeiro degrau, mas não sem antes perguntar quem era a mulher.

— É uma senhora que trabalha pra mim há anos cuidando do chalé para que não acumule sujeira. Na terra, ela é a única pessoa que sabe sobre mim, além de você.- Harry explicou enquanto buscava duas taças e uma garrafa de vinho.— Mas por favor, não a chame de senhora, ela simplesmente odeia, diz que prefere senhorita afinal cinquenta anos não é tanto.- disse entregando a taça a Louis.— Agora venha, eu te ajudo.

Harry colocou suas coisas em um quarto com vista para as montanhas e começou a ajudar a tirar algumas coisas da mala, Louis abriu o armário e exclamou surpreso ao ver caixas de jogos de tabuleiro na prateleira alta, puxando o seu favorito de tampa amarela.

— Não sabia que gosta de Monopoly!- falou entusiasmado, a caixa tradicional o remetendo a momentos bons de sua vida.

— Eu sou um profissional, Madelyn sempre perde.- se gabou.

— Ok, só uma pessoa.- zombou.— As outras ganham de você?

Harry sorriu calmo, tirando uma blusa da mala.

— Não tenho esse jogo em casa e nunca trouxe ninguém além de Madelyn aqui. Você é o primeiro e pretendo manter assim, aqui é um pouco pessoal pra mim.

Oh.

Sem saber o que responder ou como esconder seu sorriso idiota, Louis focou nas peças desenhadas na caixa.

— Houve uma época que eu era tão obcecado por esse jogo que procurei entender todo ele, desde o tabuleiro até as peças. O criador não escolheu nada por acaso, e é fascinante como a escolha do jogador pode dizer muito sobre ele.

— Quais seriam as nossas peças?- perguntou genuinamente curioso.

— Sempre escolhi a cartola, e me identifiquei ao saber o significado. Segundo estudos, é a peça mais usada e quem a utiliza geralmente é mais introvertido na vida real e usa o jogo como uma forma de escape, quem escolhe a cartola não tem medo de querer dominar durante a partida e não poupa estratégias. Você... Bem, teve uma vez que te comparei com as peças.- Harry ergueu as sobrancelhas e Louis riu suavemente, se lembrando do episódio.— Você seria o ferro porque são para pessoas persistentes e que raramente cedem, mas lidam bem com a adversidade. Porém, agora que te conheço sinto que você escolhe o carro, pois é para alguém extrovertido e simpático, ele é para pessoas apaixonadas pela vida.

O gole em seu vinho foi longo porque ele estava corando, entretanto Harry não esperou para puxá-lo pelo cós da calça e o abraçar, beijando seus lábios doces pela bebida alcoólica e emanando felicidade através de seus poros.

— Harry?- uma terceira voz os interromperam e Louis se virou, encontrando uma mulher baixa de cabelos loiros e ralos, marcas de expressão pelo rosto e sorriso bondoso, mas que vacilou ao olhar para Tomlinson. Ele se sentiu nervoso de repente, não sabia o quão importante era Madelyn para Harry, mas ao que os dois se abraçaram com carinho, Louis soube, de um jeito ou de outro, que ela era a figura mais próxima de mãe que Harry tinha.

Ela cumprimentou Louis de modo breve, com um sorriso que não alcançou os olhos.

Ok. Não surte, Louis.

— Fui comprar o que faltava para o jantar, gostaria de me acompanhar, Haz?- ela chamou após conversarem um pouco, nunca olhando para Louis.

— Claro, vem Lou.

Louis olhou para suas malas querendo usar as roupas fora do lugar como desculpa para evitar constrangimentos.

— Depois você faz isso, venha.- sem esperar por uma confirmação, Harry o puxou pelo corredor tagarelando com Madelyn sobre várias coisas ao mesmo tempo.

Louis suspirou, optando por permanecer calado e apenas ouvir os dois.

+

Depois do jantar, Louis foi proibido por Harry de lavar as louças, então ele se despediu– não sem protestar um pouco– e subiu para adiantar a bagunça, guardando tudo para finalmente tomar banho e vestir seu pijama. Ele se jogou exausto na cama confortável, porém, após rolar de um lado pro outro procurando pelo calor que nenhuma coberta poderia lhe proporcionar, Louis criou coragem de ir até o quarto de Harry, não precisando andar muito ao vê-lo no corredor conversando com Madelyn.

— Ei, H?- ele assistiu a senhora dar um passo para trás com a sua presença.

— Oi, Lou.- Harry abriu um sorriso para ele.— Não consegue dormir?

— Na verdade, não. Você pode dormir esta noite comigo?- perguntou hesitante, os dedos se contorcendo dentro das meias.

— Nem precisa pedir.- piscou e se virou para a senhora.— Mad, amanhã você me diz o que queria, tudo bem? Já está tarde, querida. Sabe que seu médico fica louco quando passa do seu horário.

Ela não fez menção de contrariar, somente sorriu e desejou boa noite.

— Acho que ela não gosta de mim.- Louis sussurrou quando já estavam em seu quarto, desfazendo as cobertas para se deitarem.

— Quem? Mad?- o menor assentiu.— Isso é impossível. Mad deve estar apenas preocupada, contei sobre a sua situação para alertá-la.

— Pode ser, mas meu sexto sentido nunca falha.- ele precisou teimar.

Harry revirou os olhos e se deitou.

— Angelus, ela gosta.

— Se você diz.- bufou.— O que está fazendo?

Harry abriu os olhos confuso, se virando para Louis que já se encontrava deitado.

— Tentando dormir?- respondeu incerto.— Quer dizer sei que essa casa é no meio do mato e tenho Edward nesse nome, mas não estamos em crepúsculo, eu durmo sabe.

— Idiota.- soltou em meio a uma risada.— Perguntei porque você estava de costas pra mim. Hoje quero ser a concha menor. Vire-se e me abrace.

Os olhos de Harry brilharam, mas ele fez um biquinho.

— Sem mochilinha hoje?

— O que?

— Quando sou a conchinha menor, você parece uma mochilinha pelo seu tamanho e tal.- disse enrolando um cachinho em seu dedo indicador.

— Ora, cale a boca!- resmungou se colocando de costas fingindo estar irritado, a risada alta de Harry soando como música.

Mesmo rindo, Styles ainda o abraçou, deixando um beijo em sua bochecha e ombro. E não importava de fato se ele não tinha certeza se sabia distinguir seus sentimentos, ou se não tinha uma resposta para dar a Niall, pra ele bastava saber que gostava de Harry o abraçando com força para protege-lo de seus pesadelos e de sentir o coração dele batendo calmo, quase em paz, por estar com ele.

Louis sorriu e permitiu que o cansaço fechasse suas pálpebras.

+
oi! um capítulo mais leve do que o habitual pra acalmar um pouco os ânimos:)

sobre o monopoly: caso não se lembrem, era sobre essa cena do capítulo quatro quando o louis vai atrás do harry na loja da gucci((confesso que eu estava ansiosa pra colocar essa cena, sempre quis explicar a metáfora.

Não sei se as alterações são notificadas, mas agora todos os capítulos começam com uma música e um trecho que dá uma boa dica sobre o capítulo👀.

bem! espero que tenham gostado do capítulo e obrigada, de coração, pelos 10k de views!!!! amo muito vocês.

até a próxima att!

— Lou.

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