Nós Não Temos Que Dançar

By JuzzPassynBai

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Sal Fisher e Larry Johnson estão conquistando o mundo do heavy metal. E sua rivalidade também. "Ele esperou... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32

Capítulo 27

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By JuzzPassynBai

Sal se lembrava da noite em que foram contatados pela Red Eyed Demon Records como se fosse ontem. Larry não conseguia. Mas Sal sim.

“Tivemos um agente que veio até nós depois do nosso primeiro grande show.  Lembro-me de como... você cheirava a cerveja. E graxa. Meu Deus, você estava nojento. Eu também estava nojento. Todos nós estávamos grudentos. Mas de qualquer maneira, esse cara veio até nós. Ele estava de terno e nós dois entramos em pânico porque achávamos que estávamos em apuros porque podemos ter quebrado um microfone e não ter contado a ninguém. Mas não. Ele era um agente. Ele queria que falássemos pelo Skype com seu chefe. E então falamos pelo Skype com Red no dia seguinte.”

“Qual foi a minha reação? Para isso?" Larry perguntou, sentado em sua cadeira de rodas perto da porta.

Sal sorriu. "Você me levantou e me girou e não dormiu a noite toda porque estava muito nervoso."

Larry estendeu a mão esquerda e empurrou a maçaneta que movia a cadeira de rodas motorizada para frente. Ele foi até a cama onde Sal estava sentado. “E-então eu era super gay. Entendi."

Isso fez os dois rirem. Ash, que estava sentada em um canto em uma poltrona macia, jogou uma revista em Larry. “Não gay. Você era estúpido. Não se esqueça de que ele tropeçou totalmente nas escadas do local.”

“Na frente dos fãs.” Todd acrescentou da cadeira ao lado de Ashley. Seus pés balançando. "E do agente."

Ele riu e afastou o cabelo curto do rosto. "Então, eu só sou realmente estúpido-o."

Ash concordou. “E nada mudou.”

"E então todos nós falamos juntos com ele no Skype. Todos os cinco. E fomos contratados naquele exato momento. Ele nos fez cantar alguns compassos para ele no Skype e Todd foi totalmente melhor do que nós dois na hora. Mas nós  conseguimos arrasar ou algo assim. Porque, caramba. Fomos contratados."

Todd cutucou os sapatos de Ash. "Contratados, selados, entregues."

"Bem nos braços de um demônio!" Ashley fez grandes movimentos exagerados com os braços. Todos eles riram quando ela torceu o rosto em uma expressão bestial.

Eram momentos como esse em que eles podiam esquecer que ainda estavam no hospital.

Algumas semanas se passaram desde que Larry acordou. A fisioterapia havia começado. E era um pesadelo. Larry mal conseguia ficar de pé, quanto mais andar curtas distâncias. Sua mão direita havia sumido para sempre. Entorpecida, inutilizável. Mal era capaz de fazer seu dedo mindinho se contrair. Sua gagueira permaneceu. E seus pulmões estavam muito, muito fracos. Sal e Lisa já haviam começado a terapia da memória também, desesperados para tentar consertar algo apenas para tentar fazer Larry se sentir uma pessoa novamente. Ele não iria admitir ou falar sobre isso, mas estava com um medo do caramba. E ele estava frustrado. E lívido.

Mais do que lívido.

Ele estava puto.

Mas ele não diria uma única palavra sobre isso. E ele não ouviria nada sobre isso também. Ele só conseguia mostrar suas emoções durante a fisioterapia, onde gritava e chorava de frustração antes de jogar algo pequeno pela sala com a pouca força que tinha. Sal tentava fazer tudo ao seu alcance para continuar sorrindo e encorajando, evitando falar sobre a realidade por precaução. Mas nada ajudava a acalmar a raiva e a dor dentro de Larry.

As coisas iriam bem por algumas horas de cada vez. Ou talvez até um ou dois dias. Larry ficaria alegre. Ele seria sarcástico da melhor maneira que sabia. Ele zuaria e brincaria e era cooperativo com seus remédios e banhos assistidos. Mas bastava uma pequena palavra para provocá-lo e mudar tudo. 'Turnê'. ‘Paralisado’. 'Reabilitação'. 'Dano cerebral'. Qualquer coisa nesse sentido.

Então ele se ia. E tudo o que restava era um Larry vazio e suicida que rosnava e atropelava os dedos dos pés do médico e gritava com as enfermeiras que entravam na sala. Era impossível lidar com ele nesses momentos. Ash e Todd normalmente usariam esse tempo para ir embora, descansar em seus hotéis, talvez fazer uma refeição. A maneira como Larry agia deixava Ashley incomodada. Ela puxou Sal de lado mais de uma vez para lembrá-lo de que sim, Larry estava passando por um momento difícil, mas seu comportamento estava tão fodido. Sal apenas assentia. Ele não ouvia. Ele estava muito focado em dar toda a sua alma a Larry. Sal e Lisa sentariam lá e levariam todo o esporro. Os dois estavam exaustos, feridos, suados e tristes. E ainda assim eles sentavam lá como campeões enquanto este homem adulto tinha ataques que até mesmo crianças ficariam horrorizadas.

Sal não sabia quanto tempo mais ele conseguiria ficar fazendo isso.

Quando Sal não se sentava lá, ele caminhava pelo hospital. Tudo cheirava igual. Tudo tinha uma névoa branco-azulada. Todos pareciam iguais. Mas qualquer coisa era melhor do que assistir Larry Johnson desaparecer. Ele costumava ser importunado por enfermeiras, estagiários e crianças por causa de sua máscara. Ele foi flertado algumas vezes por médicos aleatórios, o que não fazia sentido para ele, porque ele realmente parecia um atropelado manchado de mijo. Banhos não eram muito comuns. Talvez os médicos simplesmente aceitem o que podem no turno da meia-noite. Ai credo.

Ele tinha que admitir que era bom se sentir querido novamente. Ele se sentia um merda quando não conseguia tirar Larry de seus episódios depressivos delirantes. E talvez um ou dois elogios sobre seu cabelo, mãos e olhos não fossem uma coisa ruim.

Sal se esbarrou com um fã ocasional também, o que foi um soco no estômago. Ele deu um autógrafo, recusou uma foto. E ele teve que sorrir e dar a resposta clássica de RP às pessoas que perguntavam sobre Larry. E perguntavam sobre LarryFace. E apenas perguntavam.

Perguntas. Perguntas. Tanta porra de pergunta.

E não havia nenhuma porra de resposta para dar.

Cartas de fãs e e-mails empilhados na posse de Todd e Neil. A maioria para Larry, alguns para Sal. Mas todos eram positivos e cheios de votos de boa sorte. Não fazia nada além de tornar a atitude de Larry um milhão de vezes pior.

"Eu deixei todo mundo n-na mão." Ele murmurou baixinho, tirando a intravenosa com os dentes pela terceira vez naquele dia e jogando-a do outro lado da sala com a mão esquerda. "Eu deveria ter morrido-o. Todos eles m-merecem alguém melhor. Alguém com quem eles possam realmente contar-r."

Sal não tinha forças para discutir. Então ele apenas chamou as enfermeiras novamente.

Tudo parecia tão longo e chato. Monótono. Eterno. Sal se sentia tão egoísta toda vez que ficava irritado ou um pouco chateado. Não era ele quem morreu. Ele ainda poderia ter uma carreira na música. Larry estava acabado. Portanto, Sal não tinha o direito de reclamar.

Certo?

Pelo menos é assim que ele se sente. Especialmente quando ele participou da primeira sessão de terapia emocional de Larry.

“Então, Lawrence-“

"Larry." Ele perdeu a cabeça.

A terapeuta apenas balançou a cabeça, sem se incomodar com a grosseria. "OK. Larry. Eu sou a Dra. Anna Marie Garza. Vou ajudá-lo com algumas de suas lutas internas para, com sorte, trabalhar na melhoria das externas."

“Eu não estou tendo dificuldades-s. Eu vou ficar bem."

Sal estava sentado ao lado de Larry em uma cadeira dobrável, em frente a terapeuta na grande sala esterilizada. Provavelmente era uma sala usada para terapia de grupo, com toda a sala e as cadeiras e a televisão no canto. Mas hoje era a sala de Larry Johnson, e o ar estava parado e tenso com uma amargura somente alcançável pelo ego machucado de um astro do rock.

"Você está certo. Você vai ficar bem!" A terapeuta assentiu novamente. “Vai dar um pouco de trabalho para chegar lá, mas você consegue.”

Ele revirou os olhos. “Eu não preciso me esforçar para isso.”

"Então, quem você trouxe hoje, Larry?" Ela permaneceu inabalável.

"Meu n-namorado." Larry fez uma careta.

"Oh maravilhoso. Olá. Qual o seu nome?"

"Sal." Ele sorriu forçadamente. Ele se sentia tão pequeno ao lado da enorme aura escura de Larry. “Sal Fisher.”

"Prazer em conhecer vocês dois."

O resto da sessão foi tão estranho e forçado quanto as apresentações. E doloroso. Tão doloroso. Doloroso de escutar, doloroso de ouvir. Sal não disse uma palavra. Larry quase não disse nada, mas quando dizia, estava cheio de bile. Era grosseiro e mesquinho. Era vitríolo puro. No início, Sal ficou chateado por Larry não querer Lisa ali. Mas agora ele estava grato por uma das mulheres mais gentis da terra não ouvir isso.

Sal não aguentava. Ele não sabia se estava magoado ou com raiva ou sei lá. Mas a relutância absoluta de Larry em se esforçar para qualquer coisa, mesmo que fosse apenas a primeira sessão, fez o menino de cabelo azul perder toda sua energia. Por que disso? Qual seria sempre o motivo disso?

Ele queria fugir. Ele queria ir embora. Ele queria algo. Mas ele não sabia o quê.

Quando a terapeuta saiu, ela ainda conseguiu ser profissional e sorrir e estender a mão para apertar a mão de Larry, embora ele praticamente a tenha insultado pessoalmente. O som da porta fechando atrás dela ecoou na sala vazia. Sublinhava os sentimentos que Sal sentia por dentro.

Seu coração quebrou.

Sal fraziu a testa. “Você poderia pelo menos ter sido legal. Fingido. Ou alguma coisa."

“Haha, não. Por quê eu faria isso? Eu s-só quero que essa porra acabe."

Ele estendeu a mão pálida para tentar confortar o namorado. “Larbear-“

Larry afastou sua cadeira de rodas, olhando feio para Sal enquanto fazia isso.

Essa ação atingiu Sal de uma forma que ele não esperava. "Larry." Sua voz ficou repentinamente firme.

“Eu não tenho que ser legal com ninguém aqui. Eu não quero e-e-estar aqui. Isso tudo é u-uma porra."

Sal cerrou os dentes. "Eu entendo que é difícil para você-"

"Você não entende."

“Você tem que ser razoável, Larry. Tipo, você percebe o quão sério isso tudo é, certo?"

Ele apenas riu de volta.

"Por favor, apenas me escute."

Larry bufou e revirou os olhos. "Isso é b-besteira."

"Larry, para de ser idiota!" Ele gritou. "Você quase morreu!"

"Todo mundo morre, Sal."

"Ok, então!" Ele cruzou os braços. "Eu quero que você pense sobre eu estar morto." Ele disse. “Sobre você ter que planejar meu funeral. Ver meu corpo. Vamos. Pense nisso."

"Sal-"

“Quão doente eu pareceria. Quão nojento eu cheiraria. Se EU fosse o que tentou se matar.”

"Sal!"

"Pense nisso!"

"Eu não consigo!" Ele gritou.

“Bem, eu tive que fazer isso, Larry! Eu precisei. Cada maldito dia.” Sal levantou-se da cadeira com violência, fazendo com que o assento de metal se espatifasse no chão do hospital. "Você se finou. Você bateu as botas. Vou dizer de novo, caso ainda não tenha entrado nessa sua cabeça!" Ele saltou para frente e agarrou os ombros de Larry. "Você M-O-R-R-E-U."

Larry olhou nos olhos azuis de Sal com os seus próprios olhos castanhos escuros e finalmente, finalmente, pareceu entrar na cabeça de Larry exatamente o quanto cada momento de toda essa provação tinha rasgado a alma do outro. “S-Sal.” Ele gaguejou, seus olhos se enchendo de lágrimas.

Sal não conseguia chorar. Ele estava tremendo de raiva e estremecendo de quão repugnantemente magro seu namorado estava. “Só... caralho. Puta merda, Johnson. Analisa a porra da situação. Seja a merda de uma pessoa.”

Sal soltou os ombros de Larry e atravessou a sala para sentar em uma cadeira em direção à parede traseira. Larry apenas ficou imóvel, com a cabeça abaixada na cadeira de rodas, segurando a mão direita com a esquerda, fungando para si mesmo.

Depois do silêncio mais longo e doloroso, Sal soltou um suspiro pesado. “Então, quando é a sua primeira consulta de terapia da fala?”

Ele brincou com os dedos. "Hum... a q-quinta."

Sal assentiu. "Legal. Legal...” Ele olhou para seus sapatos. “Mal posso esperar.  Vai ser divertido. Podemos cantar juntos novamente.”

"Sim..." Larry assentiu baixinho. Depois de um momento, ele falou novamente. "Eu t-te amo."

Sal olhou para seu telefone. "Amo você também."

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