— Pelo menos está com uma aparência melhor. — Bryan disse chegando no ringue.
Uma semana já tinha se passado desde o acontecido. Uma semana, ele não viera. Ela queria falar com ele. Queria mais do que qualquer coisa. Queria entender tudo aquilo.
— Você não devia estar voando com a legião? — Catrin perguntou.
— Ethan nos dispensou, disse que vai sair do acampamento por uns dias. — Bryan falou.
— Ethan é um folgado, porque tio Rhys só vem atravessar nós dois a tarde e ele já dispensou vocês? Preguiçoso. — Brincou Catrin.
— Seu outro primo não vai? — Bryan perguntou com uma curiosidade desinteressada.
— Não hoje. Devlon não liberou ele dos treinos. E o aniversário da Adyra é em dois dias, então tio Rhys só vem buscar ele para a festa. Como eu e Ethan não somos subordinados ás ordens de Devlon, vamos uns dias antes. E eu vou passar mais uns dois dias depois. — Catrin contou.
— Entendi. Então você vai deixar as meninas sozinhas e sem treino por quase uma semana? — Bryan disse.
— Ah não, elas terão dever de casa. E com Ethan longe, você vai ter tempo livre o suficiente para vir ajudar elas, você é o único macho aqui que eu confio para isso. — Ela disse firme, uma comandante.
— Verei com Nyx se foi sendo mandona assim que o conquistou. — Bryan brincou, mas a diversão no rosto de Catrin se esvaiu. — Desculpe, eu não devia ter tido isso, eu sou um idiota.
— Esquece Bryan, não tem problema. — Catrin disse.
— Como você está? Digo, em relação a isso tudo? — Bryan perguntou.
— Eu quero falar com ele, essa é a única coisa que eu sei. Não sei o que exatamente falar, mas eu quero. Quero muito. Quero entender o porquê desde aquele maldito beijo eu quero estar com ele a cada segundo. — Catrin desabafou.
— Você sabe né, o que isso pode significar? — Disse Bryan.
— Talvez, mas eu não não considerei. Quero falar com ele. Eu acho que não é, ele se manteve afastado. Já faz uma semana, ele não voltou até aqui. Não sei nem se quer falar comigo. — Disse Catrin.
— Não se preocupe com isso. Fale com ele quando se sentir pronta. — Bryan aconselhou.
— Eu estou pronta. Ficarei um tempo com minha família primeiro, mas depois vou falar com ele. — Catrin contou.
— Vocês vão ficar bem Catrin. Conversem, seja lá o que decidirem, conversem. — Bryan falou.
Catrin sorriu e abraçou o amigo.
— Obrigada, vou sentir saudades de você. — Ela disse.
— Sem dramas, você vai ficar uns cinco dias fora não cinco décadas. — Disse Bryan.
— Cuide bem delas enquanto eu estiver fora. — Catrin pediu.
— Sim senhora treinadora. — Ele disse e novamente apertou o abraço na amiga. E depois se separaram.
— Meninas, por hoje é só. Mas vocês sabem que vão continuar treinando, Bryan vai acompanhar vocês na minha ausência. — Catrin orientou.
As meninas que eram mais próximas a ela a abraçaram em despedida. Ela se despediu novamente de Bryan e então voltou para a casa.
Tomou um banho e vestiu um conjunto leve. Sem couro, estava indo pra casa, não para um campo de batalha. Penteou os cabelos e quando se virou para sair do quarto, viu a concha na mesinha de cabeceira e sorriu. Iria dar certo. Tinha que dar.
Logo depois do almoço, Rhys chegou na cabana.
— Tio Rhys! — Catrin cumprimentou e foi abraçá-lo. O Grão-Senhor também deu um abraço em Ethan depois.
— Prontos? — Ele perguntou. Os dois concordaram.
Catrin notou que tinha algo diferente no olhar do tio para ela. Não entendeu muito bem, mas antes que pudesse perguntar eles sumiram em fumaça e vento.
Rhys os atravessou para o limite da Casa do Vento, de onde terminaram o trajeto voando. Azriel, Gwyn, Nestha e Cassian já esperavam os filhos.
— Nós estávamos morrendo de saudades de ter vocês em casa de novo. — Nestha disse depois da sessão da abraços. Rhysand já tinha retornado para a Casa do Rio.
Azriel e Cassian saíram, para resolver algum problema, Ethan foi junto. Nunca gostou de ficar em casa. Gwyn, Nestha e Catrin foram para a biblioteca particular, era o lugar preferido das três depois do ringue de treinamento.
— Sua mãe contou a mim e a Emerie sobre as garotas, que elas sabem sobre nós. — Disse Nestha enquanto devorava sua fatia generosa de bolo de chocolate fornecida pela Casa.
— Elas ficaram malucas quando descobriram. Não sabiam se ficavam mais em choque por eu ter sido treinada pelos melhores illyrianos da história ou ser treinada pelas Valquírias e o pior, ser filha deles. Isso que nem contei que quem me ensinou arco e flecha foi a própria Grã-Senhora. — Catrin disse também comendo o bolo.
— Elas são incríveis, são garotas fortes. Elas adoram a Catrin. E como vai aquele garoto... Bryan o nome dele né? — Gwyn perguntou sugestiva e Catrin sentiu o olhar malicioso de Nestha.
— Vocês duas são terríveis. Ele é meu amigo, e apenas isso. — Catrin disse. — E ele tá bem mãe, voltou a treinar, na Legião de Ethan.
Elas ficaram lá durante a tarde toda, como amavam ficar lá. Mais tarde Feyre e Adyra também apareceram. Apesar de estar feliz em matar a saudade da tia e da amiga, Catrin esperou que outra pessoa aparecesse. Ela esperou o dia todo por Nyx, mas ele não veio. Ele sabia que ela estava lá, mas não veio.
Depois do jantar, com Cassian, Azriel e Ethan já tendo retornado, Catrin decidiu provar o ar de Velaris.
Ela saiu da Casa do Vento e sobrevoou a cidade, deixando que a luz, os sons e cheiros a atingisse. Tão diferente daquele lugar insípido que era o Acampamento. Velaris, sua casa, era sem igual. Ela circulou o Sidra, passou pelo quarteirão dos artistas. Ela passou pela Casa dos Grão-Senhores. Ela desejou ver por trás das paredes, apenas para saber se Nyx estava ali. Ela pensou se ele, com o poder que tinha, sabia que ela estava voando pouco acima de sua casa. Mas se ele sentiu, também não veio.
Ela passou mais boa parte da noite no terraço da Casa do Vento, mas ele não veio, nem na manhã seguinte. Então depois do almoço ela disse a mãe que iria ver Adyra e então saiu.
Quando chegou na casa, foi Feyre quem a recebeu e a levou para a sala, onde Adyra estava. Elas conversaram iluminação pouco e comeram alguns biscoitos que Nuala tinha trazido.
— Nyx está em casa? — Ela perguntou tentando parecer desinteressada.
— Saiu pouco antes de você chegar, não disse para onde ia, mas deve ter ido longe, porque ele atravessou. — Disse Feyre.
— Entendi. Eu já vou indo, podem dizer a Nyx para me procurar quando ele voltar? Preciso falar com ele. — Catrin pediu.
— Nós vamos passar a manhã no estúdio amanhã. Você poderia vir com a gente, a festa é só a tardezinha. — Disse Adyra.
— Sabe que eu sou terrível com pintura, mesmo com sua mãe se esforçando muito para me ensinar. — Disse Catrin.
— Não se preocupe Adyra, vá lá para nos fazer companhia. — Feyre pediu.
— Apareço por lá, até mais! — Ela se despediu e foi embora.
Deu uma volta por Velaris, passando pelos lugares que Nyx geralmente gostava de ir. Ele não estava em lugar algum. Então ela voou de volta para casa. Passou o resto da tarde com a mãe e a tia, e no finzinho, quando a noite ia chegando, ela foi treinar com seu pai e seu tio.
— Parece distraída Catrin. — Seu pai observou enquanto guardavam as armas. As sombras começaram a rodea-la, como se quisessem descobrir algo.
— Enxeridinhas. — Ela disse para as sombras que a rodeavam. Azriel riu e chamou suas fiéis companheiras de volta, elas relutantemente, obedeceram. — Estou bem pai, não se preocupe.
Não, ela não estava bem. Tentava tirar da cabeça que Nyx a etava evitando, afinal, não tinha como fazer isso para sempre.
— Não foi muito convincente, mas se não quiser contar, não posso forçar você a fazer isso. — Az disse.
— Fica tranquilo pai. — Ela disse.
— Tudo bem, então agora vá tomar um banho antes do jantar. — Azriel disse e puxou a filha e deixou um beijo no topo de sua cabeça.
Ela também passou boa parte daquela noite no terraço, ele não veio, mesmo com o provável aviso de sua mãe e irmã ele não veio. Ele estava a evitando. Fugindo. Mas fugindo de quê? Já tinha acontecido, porque evitar? Se tivesse sido ruim, ele poderia simplesmente dizer para esquecerem que aquilo que havia acontecido. Uma resposta, era a única coisa que ela queria. Mas ele não veio, então ela foi dormir.
O que Catrin não sabia é que do alto de um prédio, Nyx olhava para a varanda da Casa do Vento que era levemente iluminada por luzes feericas. Ele observou a figura alada feminina. Ela queria falar com ele, mas ele evitou, evitou máximo que pode. Aquela semana foi confusa para ele. Ele não sabia como diria aquilo para ela, mesmo que todos os instintos gritassem para que ele fosse para aquela varanda e contasse tudo, ele não foi. Depois que ela desapareceu, Nyx voltou para casa.
No dia seguinte, Catrin foi até o ateliê onde Feyre ensinava crianças de toda Velaris a pintar. Deu um grande abraço em Adyra, a parabenizando pelo aniversário.
Ela ajudou as crianças com as tintas e pincéis, e até arriscou pintar algumas flores que saíram terríveis.
— Acho melhor você continuar como minha treinadora Catrin. — Disse Rhys que chegou ao ateliê.
— De fato tio. A arte das espadas é bem mais fácil que isso. — Catrin concordou.
— Por isso que amo tanto minha esposa, ela é excelente nas duas. — Rhysand disse com um sorriso malicioso retribuído pela sua parceira.
— Você podia almoçar lá em casa com a gente. — Sugeriu Adyra.
— Ok, tudo bem, só preciso avisar minha mãe, para ela não ficar esperando. — Catrin disse. Rhys logo fez aparecer um pedaço de papel e uma caneta e entregou a Catrin.
Ela escreveu um bilhete simples.
Irei almoçar na casa de Rhys e Feyre. Volto logo em seguida. Beijo, Catrin.
Logo depois, Rhys fez o bilhete desaparecer, indo direto para sua mãe na Casa do Vento. Logo depois, o Grão-Senhor saiu, dizendo que tinha mais algumas coisas para resolver.
As três terminaram com as crianças e depois partiram caminhando até em casa.
Assim que entraram, Catrin procurou por Nyx, mas não o encontrou.
Foi Rhys que chegou logo em seguida.
— Meu amor, você viu o Nyx? — Feyre perguntou.
— Vai almoçar fora, não disse onde. — Rhys respondeu.
— Estranho, Nyx nunca é de sair para comer sozinho. — Disse Adyra. Ela deu de ombros e foi para a sala de jantar, onde um banquete já os esperava.
Catrin acompanhou as conversas da mesa, a Casa tinha uma movimentação intensa devido aos preparativos para a festa de Adyra ali mais tarde.
Mas Catrin entendeu, agora definitivamente ele estava fugindo dela. Ela debateu se ele também tentaria fugir da festa da irmã. Ficou irritada. Ainda queria conversar com ele, mas sua raiva aumentou e a tomou. Nyx era um idiota. Que tipo de pessoa beija alguém, fala que foi um erro e simplesmente some. Catrin já tinha ficado com muitos outros machos, por Velaris, mas nenhum tinha sido tão idiota quanto Nyx estava sendo.
Depois de agradecer a todos pelo almoço ele se despediram brevemente, aliás, se veriam na festa mais tarde.
Catrin se arrumou para a festa. Colocou um vestido vinho bonito, sua saia era fluída, mas não tinha fendas como ela costumava usar, era mais simples, hoje, o dia era de Adyra, ela seria discreta. Deixou os cabelos soltos, ela preferia eles assim. Quando abriu a gaveta de jóias, viu suas muitas opções. Sempre gostou de joias, então ganhava de toda sua família.
Ela escolheu um conjunto que ganhou de Amren, sem dúvidas a que melhor sabia escolher as peças.
Rhys tinha ido buscar Dahrlan fazia cerca de duas horas. O garoto se arrumou assim como o resto da família e todos os moradores da Casa do Vento foram para a Casa do Rio.
Assim que chegaram foram recepcionados pela própria aniversariante. Adyra estava linda, um vestido azul claro bordado em dourado e o cabelo adornado com um discreto Diadema dourado. Amren já estava na casa, assim como Mor e Emerie.
Catrin escutou os passos firmes descendo as escadas, ela sabia quem estava descendo. Catrin cedeu dar um olhar a Nyx que já estava quase no último degrau quando também a encarou. Ele usava um conjunto preto de sempre, resaltado por linhas prateadas e os olhos azuis brilhavam, havia muita coisa não dita naqueles olhos, coisas que Catrin não quis ler, não quis saber, não quando se lembrou que ela o procurou e esperou durante dois dias e ele a ignorou, fugiu.
Ela então desviou o olhar e focou na conversa entre Nestha e Amren.
Nyx desceu as escadas e quando encarou Catrin ele viu o porque a evitou durante esses dias. Tantas perguntas, dando dúvida, ele jurava que podia ver mágoa no olhar dela. Mas quando ele estava pronto para dar um sorriso, ela virou-se, desviou o olhar e o ignorou durante toda a hora inicial da comemoração, como se ele fosse um estranho. E talvez depois daquele beijo ele fosse. Não sabia dizer.
Ele a observou a festa toda, cada passo. Foi quando viu ela indo em direção ao lavabo da casa, ele foi atrás, esperou até que ela saísse do cômodo que ficava em um corredor. Assim que ela deu de cara com ele, seu rosto ficou tenso, raiva, angústia e rancor estavam ali, presos ali. Ela não disse nada, apenas o encarou com aqueles olhos lindos e ameaçadores, ressaltados pela cor do vestido. E o cheiro, o cheiro invadiu os sentidos de Nyx o inebriando, ele precisou de todo autocontrole para evitar toca-la.
— Você está linda. — Foi o que ele conseguiu dizer.
O rosto de Catrin se tornou ainda mais furioso.
— É isso que tem pra me dizer? É isso depois de me deixar no escuro durante uma semana naquele acampamento e depois me ignorar por dois dias? É isso? — Catrin disse indignada.
— Me desculpe, eu só... — Nyx começou a dizer e foi interrompido.
— Ontem eu vim aqui e te procurei, passei a tarde toda esperando, boa parte da noite te esperando, vim aqui almoçar e adivinha? Você saiu, magicamente foi almoçar fora. Você me evitou descaradamente. — Catrin disse e Nyx sentiu a mágoa na voz dela. — Eu tentei me convencer do contrario Nyx, tentei pensar que não fosse, mas você estava certo, foi um erro, aquele maldito beijo foi um erro e você se arrepende, por isso está me evitando.
— Catrin não é isso... — Ele foi cortado novamente.
— Um erro Nyx. Foi um erro. Não precisa mais se sentir culpado e me evitar, por que concordamos que foi um erro. — Ela disse e voltou para a sala onde a festa acontecia.
Nyx seguiu atrás, devastado. Seu pai percebeu e quando o olhar do Grão-Senhor senhor se encontrou com o do herdeiro, Nyx mostrou o que havia acontecido a ele.
Não force, não fale mais com ela hoje, aqui não é hora nem lugar, vocês precisam se acalmar e conversar sozinhos. Ela não percebeu a parceria ou se percebeu esta irritada o suficiente para negar. — Rhys disse na mente do filho.
Eu provoquei isso, eu sou um idiota. Lidarei com as consequências. Mas hoje vou deixa-la em paz. — Nyx respondeu.
Todos os homens dessa família tiveram problemas no início da parceria. Não achou que ia ser o único privilegiado em ter uma parceria calma e sem problemas. — Rhys considerou. Nyx não respondeu. Não quando viu Catrin com um semblante perdido conversando com Adyra.
A comemoração continuou alheia ao clima estranho entre Catrin e Nyx. O jantar contou com os pratos preferidos de Adyra e foi seguido por um enorme bolo. A garota, chamada de Princesa de Velaris estava completando 20 anos. Apenas o início de sua existência imortal.
Na hora de se despedirem, Catrin foi dar um abraço na amiga.
— Se estiver livre amanhã, preciso que me leve a um lugar. — Adyra disse.
— Ok, onde iríamos? — Catrin perguntou.
— Conto amanhã. Venha preparada para voar. — Disse Adyra.
— Ok, passo aqui ás oito. — Catrin disse e deu outro abraço nela.
A meio-illyriana se despediu de todo o restante da família, mas não se dignou sequer a olhar ara Nyx que estava sentado em uma poltrona distante. Ela sabia o que encontraria ao olhar e não queria ver, não naquele momento.
Já na Casa do Vento, Catrin nem trocou de roupa quando disparou para a sala e viu Ethan ali.
— Vamos sair. — Ela declarou puxando o primo pelo braço.
— Como assim Catrin? Onde? — Ele questionou.
— Sair, beber algo. — Ela disse, seu rosto era tenso. Ela precisava sair, precisava ocupar a mente com algo que não fosse aquele encontro terrível com Nyx.
— Tudo bem vamos. — Ele se pôs de pé e eles começaram a caminhar para o exterior da casa. — Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu, mas não quero falar sobre isso, apenas seja um bom acompanhante e não pergunte. — Catrin disse.
Ethan parecia preocupado, mas concordou. Os dois voaram até um bar pequeno e arrumado que ladeada o Sidra. O local tinha um pequeno terraço com vista para as estrelas.
Catrin e Ethan beberam em silêncio. Ela tinha coisas demais para serem ditas e explicadas e ele manteve o papel de acompanhante compreensivo.
Perto dali, Nyx estava em seu quarto. Quieto com um copo de alguma bebida destilada nas mãos. Observava as estrelas do seu quarto. Que bagunça ele havia feito. Quanto bagunça. Mas ele iria consertar. Não sabia como, mas iria. No dia seguinte, ele iria.
Oi gente! Demorei mas cheguei!
Não acharam que ia ser fácil assunir essa parceria né?
Espero que gostem do capítulo, não se esqueçam de comentar muito e deixar seu voto!
Um beijão, até mais! ❤