No capítulo anterior:
Jungkook e Jimin se encontram apaixonados. Não conseguem tirar da cabeça a sensação do choque em seus corpos.
Seokjin se encontrava pasmo. Pela primeira vez em muitos anos, Jungkook aparecia para tomar café da manhã junto de seus irmãos de coração.
Yoongi, que estava reclamando sobre seus pés inchados e culpando seus alfas por isso, parou para observar o príncipe sentar-se na cadeira principal da mesa.
— O que há com esses olhares? - Jeon indagou.
— Não dormistes fora? - Seokjin foi o primeiro a perguntar.
— Olhe para ele Seokjin. Uma noite de sono e suas olheiras já sumiram! - Hoseok comentou. — Sangue Lupino tsk. - Brincou.
Jungkook suspirou. Não estava com vontade de responder as perguntas pois nem ele entendia o que estava acontecendo, só conseguia pensar no seu anjo.
Ontem quando estava pronto para sair e se divertir, Jungkook olhou em direção a grande varanda que fazia parte de seu quarto, olhando o horizonte vasto do mar que separava Coreia e Japão. Lembrou-se de Jimin. Com o coração apertado e um grande vazio, resolveu ir dormir.
E agora se encontrava tomando café da manhã com todos olhando para si.
— Vocês não tem mais o que fazer não? - O mais novo reclamou. — Irão me furar daqui a pouco!
Os outros riram. Fazia tempo que não sentiam um ar agradável na mesa de refeições junto a Jungkook. O alfa sempre aparecia bebado e na maioria das vezes, com ômegas da vida como acompanhantes, no final Seokjin acabava expulsando todos a vassouradas do castelo.
Mas hoje não, hoje o menino estava sóbrio.
Em dado momento os ombros de Seokjin relaxaram e pôde respirar em paz. Sem angústias ou medo do seu príncipe estar vagando por lugares imundos.
Namjoon percebeu e inconscientemente sorriu ao mais novo. Jungkook retribuiu, ele sabia o tendel que Seokjin sofria por causa de si, mas mesmo assim, não conseguia largar aquela vida, até agora.
A manhã se passou silenciosa e tranquila, todos muito atarefados em seus deveres. Namjoon junto de Jungkook e Yoongi formavam planilhas com gastos e lucros de futuras plantações, relações exteriores e o bem estar do povo.
Hoseok e Taehyung cuidavam dos guardas e monitoravam a ordem na grande Coreia.
E Seokjin, esse cuidava de todos. Literalmente. O médico era muito subestimado por ser um ômega, mas era brilhante em tudo que fazia. Ajudava outros ômegas em seus difíceis partos e era sábio em ervas medicinais.
O primeiro médico a estudar a anatomia dos ômegas e a compreender os melhores métodos para um parto seguro e saudável, principalmente os ômegas machos. Muitos morriam em seus partos, mas graças ao ômega, diversas vidas foram salvas graças a ele. Um herói.
Apenas uma coisa lhe angustiava: a demora para ter um filhotinho.
Seokjin sabia muito bem de sua condição recessiva. Nascido de pai ômega e pai beta, o ômega era considerado uma aberração da natureza. E mesmo com todas as palavras cruéis que recebeu ao longo de sua vida, nunca deixou de seguir seu sonho: a medicina. E nessa jornada difícil, encontrou Namjoon, seu amado alfa.
Mas mesmo em meio a tanto amor, Seokjin temia que Namjoon descobrisse e o deixasse por causa de sua deficiência genética.
Mal sabia Seokjin que Namjoon já sabia, e que aquilo não mudava em nada o amor dele pelo seu ômega.
O entardecer chegou depressa no grande castelo, todos já haviam feito a última refeição e estavam em seus devidos quartos. Menos Jungkook.
Este estava na praia, observando a maré subir em ondas apressadas.
Sentia falta de algo, e ele sabia o que era, mas mesmo assim Jungkook não sabia como encontrá-lo.
— Sabia que te encontraria aqui! - Jungkook virou-se para trás, tendo a visão de Minjun. — Soube que sofrestes um acidente e foi encontrado desacordado na praia... - O ômega comentou preocupado. Se importava com Jungkook, afinal o amava.
— Estou bem...
— Não tens nada para me contar do Japão? - Minjun tentou continuar uma conversa. Colocando a palma de sua mão no ombro do alfa.
— Não.
Minjun entristeceu com a falta de vontade do alfa em falar consigo, geralmente era bem humorado e muito falador.
— Algo lhe aflige?
— Por favor... apenas me deixe quieto. - Jungkook pediu, não estava com cabeça para mais nada.
Minjun, ressentido com aquele comportamento, deixou o alfa só. Tentaria outra investida no dia seguinte.
🍁
— Está pronto! - O rei entregou ao seu único filho um pingente de concha em formato de estrela do mar, feito detalhadamente a mão.
— Com isto terei pernas? - Jimin sorriu encantado. O Rei ajeitou o pingente em um lindo colar.
— Este colar era de sua mãe, quero que fique com ele. Sua herança, digamos assim. - Ambos sorriram, e Jimin encantou-se com o colar perolado que recebeu, devia ficar tão lindo em sua mãe...
— Lindo...
— Por Poseidon, Jimin, em hipótese alguma tire ele enquanto estiver perto dos humanos. - O Rei o avisou. — É melhor que contes por si quando estiver pronto, e quando sentir que tens a confiança deles.
— Obrigado, Papai! - Jimin o abraçou. Seu pai estava sendo tão compreensivo consigo... iria mostrar a ele que os humanos não eram maus e que encontraria o amor.
— Saia na madrugada, antes do pôr-do-sol, assim chegará de dia enquanto o sol ainda ilumina a terra. - O Rei avisou-lhe — Se saístes agora, vai encontrar as escadas do castelo tomadas pela maré alta.
Jimin olhou-o confuso. Como seu pai sabia das escadarias do castelo se Jimin não havia lhe contado? Mas, relevou. Estava pensando apenas em seu lindo e mágico colar.
— Se alguém te magoar ou machucar ao meu filho, irei tratar de eu mesmo arrancar a cabeça do cretino!
— Se esse é sua forma de dizer que me ama, então eu também te amo papai! - Jimin abraçou Muriel como nunca antes, o mais velho apenas retribuiu sorrindo.
A madrugada chegou, e Jimin estava mais do que pronto para partir. Não iria levar nada, apenas seu colar e muita coragem.
Se despediu em segredo de Pitu e de Muriel, o povo não ficaria sabendo, do contrário seria um escândalo para o reino de Suta.
Jimin se viu livre. Longe de quaisquer paredes ou criados implicantes, faria sua jornada e encontraria seu destinado.
O Rei observou de longe seu filho partir depressa, estava quase mandando que guardas fossem atrás dele. Mas não faria isso, deixaria Jimin se aventurar, mas nem tão sozinho.
— Como combinamos, proteja-o e mande relatórios semanais através de uma raia correio. - Pitu apenas escutou a tudo em silêncio.
— Sim senhor, farei de tudo para proteger meu príncipe.
Muriel não deixaria seu pequeno sozinho, não conseguia imaginar ficar sem notícias de seu filho. Principalmente pelos acontecimentos passados, ainda havia muito receio em seu coração.
Longe dali, Jimin se via nadando fervorosamente. Sentia perfeitamente a densidade da água mudar quando chegava mais perto da superfície.
Ao longo do percurso, pode sentir a água mais quentinha quando os primeiros raios de sol começaram a iluminar sua visão.
Jimin se assustou quando sentiu que algo nadava rápido em sua direção, mas acalmou-se quando viu ser um cardume de golfinhos.
Os animais acompanharam Jimin até boa parte do percurso, brincando e dando seus encantadores saltos nas ondas, mas se viu sozinho novamente quando os animais mudaram o rumo para onde nadavam.
Não muito tempo depois, Jimin já podia vislumbrar o grande castelo terrestre.
— Será que Jungkook virá ao meu encontro? - Jimin falou para si mesmo.
Assim como seu pai lhe disse, observou o castelo por alguns instantes até ter a certeza de que não havia ninguém por perto.
Aproximou-se no raso até que não conseguiu mais nadar, olhou seu colar uma última vez e rezou ao seu Deus.
— Alça vosso tridente, para que todos vejam tuas glórias! Confio a ti todo meu coração e alma, e a ti dedico esse momento. Que assim seja! - Pelo última vez, Jimin passou pelos cabelos a água do mar.
Colocou o colar e no mesmo instante uma onda de calor emergiu todo seu corpo, uma queimação em especial em sua cauda.
Tentou olhar mas uma luminosidade absurda se faz ali, tudo brilhante e dourado.
Quando a luz cegante sessou, o pequeno ômega finalmente pôde ver suas extraordinárias pernas.
— Pernas... - Olhou enfeitiçado para elas. Jimin estava encantado com seus... três novos membros?
O pequeno Jimin olhou confuso, havia visto apenas duas pernas em Jungkook, por quê ele teria três? Muito suspeito aos olhos do ômega.
— S-será que o feitiço do papai deu errado? - Choramingou para si. Estava nervoso e se sentia exposto, apesar de não saber o porquê.
Tentou levantar-se, mas falhando drasticamente. O pobre garoto não tinha noção alguma de equilíbrio ou de gravidade.
Sendo assim, engatinhou feito um neném para mais perto da areia, saindo completamente da água gelada. O que por sinal, nunca havia notado. Mas logo o sol tratou de aquecer sua pele branca como a neve. Muito branca. Ele nunca havia se exposto tanto ao sol.
Teimoso que só, o menino mais uma vez insistiu em levantar e com muito esforço, equilibrou-se em suas novas pernas. Sorriu grande ao conseguir tal conquista.
— Quem és tu? - Jimin olhou rápido para frente, tendo a visão de algumas pessoas.
— E-eu?
Os cinco estavam abismados pela nudez do garoto, não sabiam como reagir. Yoongi se prontificou a cobrir os olhos de seus alfas rapidamente para que não vissem a nudez de outro ômega. O baixinho era extremamente ciumento quando o assunto era outro ômega. Seokjin e Namjoon apenas estavam envergonhados e confusos com o garoto.
Ninguém sabia reagir, até Jungkook aparecer.
Ambos trocaram olhares intensos, se reconhecendo na mesma hora. O reencontro das almas havia se concretizado.
Continua...