❝ Heavy is the crown, but never
for a queen. ❞
05 ━ power is power.
1846, pequeno vilarejo no interior da França.
A jovem Badeaux estava sentada em uma poltrona, observando enquanto a linda bebê a sua frente dormia tranquilamente. A moça passava a mão pelos seus longos cabelos castanhos ondulados, formando uma delicada trança.
Ela não tirava seus olhos da criança nem por um segundo. Ela sentia que se ela se distraísse, mesmo que por pouco tempo, ela perderia sua bebê. Desde o nascimento daquele pequeno ser, tudo que a jovem conhecia era medo.
A criança começou, lentamente, a abrir seus olhos escuros. O som do choro preencheu os ouvidos da moça que, rapidamente, se levantou e colocou o bebê em seu colo.
─ Você não precisa chorar, mon trésor. ─ A jovem disse, abraçando a criança. ─ Eu estou aqui. Eu nunca vou deixar nada acontecer com você. ─ Ela continuou, soltando um suspiro. ─ Eu te amo, Amara.
A porta da casa se abriu e um homem entrou. Ele tinha cabelos loiros até os ombros, olhos verdes e segurava um pedaço de papel em suas mãos. Ele depositou um beijo na testa da jovem e segurou o bebê em seus braços.
─ Ela sempre para de chorar quando te vê, Raphael. ─ Ela disse enquanto a criança se acalmava, colocando a mão em cima do ombro do homem.
─ Ela está crescendo tão rápido, Cassandra. ─ O homem afirmou, erguendo o bebê para cima, arrancado uma risada de Amara. ─ Eu pensei que eu teria mais tempo. ─ Raphael disse com lágrimas se formando em seus olhos.
─ Pensei que estivéssemos seguros aqui. ─ Cassandra falou, com a voz estremecida. ─ O que aconteceu? ─ Ela perguntou com medo de ouvir a resposta.
─ Eu recebi uma carta da alcateia do sul. ─ Ele começou, sentando-se com a bebê ainda em seus braços. ─ Eles disseram que ele está se aproximando. Precisamos ir embora ao anoitecer. ─ O loiro entregou o papel para Cassandra.
─ Eles não podem nos ajudar? ─ A mulher perguntou, olhando para sua pequena criança, com lágrimas em seus olhos castanhos.
─ Não, mon amour. ─ O homem respondeu. ─ O líder deixou claro que muitos da espécie dele já morreram para nos proteger.
─ Para onde vamos agora? ─ Cassandra pediu, respirando fundo e tentando afastar o medo que crescia dentro de si.
─ Vocês vão. ─ Raphael afirmou, engolindo seco. Sua esposa o olhou chocada e as lágrimas começaram a escorrer pela face de ambos. ─ Só vocês duas. Para os Estados Unidos. ─ Ele retirou duas passagens do seu bolso e entregou para a morena.
─ Não. ─ Ela disse, negando com a cabeça. ─ Não! ─ A jovem exclamou. ─ Você prometeu que ficaríamos juntos. Que íamos proteger ela juntos! ─ O loiro colocou o bebê em seu berço e se aproximou de sua amada, segurando seus braços, tentando acalmá-la.
─ Me desculpa, Cassandra. ─ Ele pediu, encostando sua testa na testa da morena. ─ Você vai ter que proteger ela sozinha. Ele não vai te achar, mon amour. ─ O loiro passou a mão pela face de Cassandra, limpando suas lágrimas. ─ Eu vou deixar ele me encontrar e isso vai atrasá-lo.
─ Tem que ter outro jeito! ─ A jovem afirmou. ─ Você se entregando para ele é exatamente o que ele quer. E depois? Quando ele cansar de você? Ele vai vir atrás de mim. Atrás dela. ─ Cassandra olhou para sua bebê que brincava no berço.
─ Vocês já vão estar longe quando isso acontecer. ─ Ele passou a mão pelos cabelos de sua amada. ─ Não podemos deixar ele pegá-la, você sabe disso. Eu preciso que você seja forte, Cassandra. Por mim e por Amara.
A jovem assentiu, sentindo Raphael abraçá-la enquanto seu choro só aumentava. Quando eles se separaram e olharam para sua bebê, Amara estava os encarando, seus olhos agora com uma cor diferente.
─ Não temos muito tempo. ─ Raphael disse. ─ O barco parte em duas horas. Você sabe o que tem que fazer, não sabe? ─ A morena assentiu.
─ Sim. ─ Ela respondeu, soltando um suspiro. ─ Me camuflar entre os humanos para que ninguém sinta nosso cheiro e esconder quem ela é. Até dela mesma.
─ Eu te amo, Cassandra. ─ Ele disse, beijando a testa de sua esposa. ─ Não deixe Amara esquecer do quanto eu a amo. E sempre vou amar. ─ O loiro pediu. ─ Eu prometo, mon amour, Aro não vai encontrá-la.
FORKS, ATUALMENTE.
─ ... o Teorema de Jacobi exemplificado nesse exercício, na página 96 do livro de vocês, funciona como... ─ As palavras da professora de matemática não entravam na cabeça de Amara.
A morena estava sentada, observando o dia chuvoso pela janela, sentindo a leve brisa gelada tocar sua pele. Ela gostava de dias chuvosos, era como se admirar as nuvens cinzas a ajudasse a pensar.
Amara esteve assim a manhã toda. Depois da festa da noite passada, tudo que ela queria era ficar sozinha e pensar. Edward ainda não havia voltado e toda vez que seu celular tocava e ela via o nome dele no visor, a culpa impedia que ela atendesse.
Pensar que ela havia machucado Edward era como se uma faca estivesse rasgando seu coração. Ele não merecia aquilo. Ela não merecia ele.
Afinal, pessoas confusas só são capazes de machucar as pessoas ao seu redor.
Depois do beijo, depois que ela percebeu o que havia feito, ela fugiu. Voltou para sua casa e se escondeu em seu quarto. E, desde então, estava evitando Alice e Jasper.
O loiro havia tentado conversar com ela nas primeiras aulas e nos intervalos, mas Amara havia sido mais rápida em se esconder. Ela se sentia uma criança. Ela sabia que, alguma hora, teria que conversar com Jasper. Mas como ela poderia dizer algo para ele se nem ela mesmo tinha certeza do que estava sentindo?
Quando o sinal tocou e os alunos começaram a se levantar, Amara pegou seus livros e caminhou até seu armário. Mas, antes que ela pudesse chegar em seu destino, ela viu Jasper encostado no armário da vampira, claramente a esperando.
E, não se sentindo preparada para aquele encontro, Amara deu meia volta, procurando a saída mais próxima. "Você é uma covarde." Ela disse para si mesma.
Amara abriu a primeira porta indicando a saída que encontrou e deparou-se com a arquibancada da escola. Sabendo que teria que esperar alguns minutos ainda para ir embora, a morena se sentou no banco, observando o verde do estádio da Forks High School.
─ Por mais quanto tempo você pretende se esconder? ─ Amara se virou, se deparando com Alice, que se sentou ao seu lado.
─ Bom, eu sou imortal então... posso me esconder por bastante tempo. ─ Amara respondeu, recebendo um tapa no ombro de Alice.
─ Quer conversar? ─ A vidente perguntou, sorrindo de lado. A morena pensou alguns segundos antes de responder.
─ Na verdade, eu estou tentando fugir de conversas agora. ─ Ela disse, encostando suas costas no banco e voltando seu olhar para as nuvens cinzas no céu.
─ Eu sei que não é fácil pra você se abrir com as outras pessoas. ─ Alice declarou. ─ Mas você pode conversar comigo, somos uma família.
─ Você já sabe, não sabe? ─ Amara pediu, olhando para a vidente que a lançou um sorriso tímido.
─ Sim, eu vi. ─ Ela respondeu. ─ Desculpa, eu ainda não controlo o meu dom muito bem.
─ Então você sabe que, além das ótimas qualidades que eu tenho, eu adicionei traidora pra lista. ─ Amara desabafou, com um sorriso irônico em seu rosto.
A vidente a encarou, procurando as palavras certas para ajudar a vampira. ─ Olha, eu não vou dizer que o que você fez foi certo, porque não foi. ─ Alice disse. ─ Mas existe muito mais que isso na história e você não é uma pessoa horrível porque cometeu um erro.
─ Edward não merecia isso. ─ Amara afirmou. ─ Não depois de tudo que a gente passou. Isso não é justo com ele.
─ Você só tá pensando nele, Amara. ─ A vidente declarou. ─ Para de pensar no Edward por um minuto e pensa em você. O que você sentiu?
─ Por isso eu me sinto tão culpada, Alice. ─ Amara começou. ─ Eu senti tudo. Eu senti como se meu coração pudesse bater de novo. Eu senti como eu nunca me senti antes. ─ Ela suspirou. ─ Mas não é justo, Alice. Todo dia que eu estava presa naquele castelo, a única coisa que me fazia continuar lutando era o Edward. Nós perdemos tanto tempo e agora que nós finalmente estamos juntos, eu estraguei tudo.
─ Amara, eu sei que você ama o Edward. Todo mundo vê isso. ─ A vidente disse, segurando a mão da morena. ─ A pergunta que realmente você devia estar se fazendo é se você é apaixonada pelo Edward. Porque amar ele e estar apaixonada, são coisas completamente diferentes.
ENQUANTO A LUZ DA LUA ILUMINAVA SEU QUARTO, Amara estava deitada em sua cama, encarando o teto branco do cômodo. Depois de tudo que aconteceu e a conversa com Alice, a vampira sabia que precisava pensar sobre muitas coisas.
Sentimentos costumavam ser tão fáceis para Amara. Quando ela se apaixonou por Edward, foi tão fácil. E ela teve certeza que conheceu o amor da sua vida. Seu companheiro. Mas aquela Amara não existia mais. Por mais que ela tentasse ser a pessoa que costumava ser, ela sabia que aquela Amara tinha morrido.
A morena soltou um suspiro, se levantando. Edward havia mandando uma mensagem, dizendo que ele e Carlisle estavam quase chegando. Amara sabia que teria que ter duas conversas importantes e decidiu que a primeira devia ser com o telepata.
Quando escutou o barulho do carro estacionando, a vampira rapidamente foi até o encontro de Edward. O telepata, quando a viu, correu para abraçá-la e depositou um beijo em sua testa.
─ Eu senti sua falta. ─ Ele afirmou, passando a mão pela bochecha de Amara. A expressão diferente na face da vampira fez com que ele notasse que havia algo de errado. ─ Aconteceu alguma coisa?
─ Na verdade, sim. ─ Amara suspirou. ─ Nós precisamos conversar. ─ Ela disse, se afastando de Edward. ─ Ontem na festa... ─ Antes que a morena continuar, o som do carro se aproximando em alta velocidade chamou a atenção da dupla.
O carro de Alice entrou no campo de visão dos dois e, rapidamente, a vidente parou quando chegou em frente a residência dos Cullen. Alice saiu da porta do motorista e, da porta do passageiro, saiu Bella Swan.
─ Alguém invadiu a casa da Bella. ─ Alice exclamou, se aproximando da dupla e com preocupação em seu rosto. ─ Eu fui visitar ela e eu senti o cheiro. Foi um vampiro. Bella está em perigo.
CARLISLE, ESME, ROSALIE, ALICE, EDWARD E AMARA estavam reunidos na sala de estar, com Bella sentada no sofá, enquanto os outros estavam em volta dela. A humana estava tremendo e balançando suas pernas, claramente assustada.
─ Quem foi? Alguém que conhecemos? ─ Carlisle perguntou para Alice.
─ Um estranho. ─ Ela respondeu, abaixando seu olhar. ─ Eu não reconheci o cheiro.
─ Um nômade por aqui? ─ Esme perguntou.
─ Alguém assim não deixaria o pai da Bella vivo. ─ Rosalie disse e todos voltaram sua atenção para Jasper e Emmett que entravam pela porta.
─ O cheiro sumiu uns 8km ao sul da casa da Bella. ─ Jasper afirmou.
─ Alguém está manipulando isso. ─ Carlisle declarou, tentando pensar em quem seria capaz de fazer isso.
─ Os ataques de recém criados a Bella, os desaparecimentos em Seattle e agora isso. ─ Amara se pronunciou. ─ Tudo isso têm que estar conectado.
─ Victoria? ─ Bella perguntou e Amara a olhou confusa, sem saber de quem a humana estava falando.
─ Não, eu teria visto essa decisão. ─ Alice afirmou, olhando para a humana.
─ Tem que ser os Volturi. ─ Edward afirmou, trocando olhares com Amara.
─ Não acho que sejam os Volturi. ─ Alice respondeu. ─ Tenho observado as decisões do Aro também.
─ E se eles estivessem aqui, eles viriam atrás da Amara. ─ Carlisle concluiu.
─ Então vamos continuar procurando. ─ Emmett disse e seus irmãos concordaram com a cabeça.
─ Enquanto isso, vamos montar guarda na casa da Bella. ─ Carlisle afirmou e Rosalie o olhou irritada.
─ Mais uma ordem de proteção? ─ A loira reclamou, brava por precisar cuidar novamente da humana.
─ Rosalie... ─ Carlisle começou, mas Bella o interrompeu.
─ Ela tem razão. ─ Bella declarou. ─ Vocês não podem me proteger, vigiar o meu pai e procurar por um intruso.
─ E por Victória. ─ Rosalie disse.
─ E cuidar da sua alimentação. ─ Bella concluiu.
─ Não vamos te deixar indefesa aqui, Bella. ─ Amara afirmou.
─ E eu não vou deixar vocês morrerem de fome. ─ A humana respondeu. ─ E eu não vou ficar desprotegida, eu tenho...
─ Os lobos. ─ Amara disse antes que Bella continuasse. ─ Precisamos dos lobos.
Amara e Edward trocaram olhares, sabendo que algo grande estava por vir. E Amara sabia que estava pronta para lutar. Mas, quem diabos é Victoria?
NOTAS DA AUTORA.
Gostaria mais uma vez de agradecer o feedback que eu to recebendo de vocês, é muito importante pra mim.
Como vocês podem perceber, o ato um foi mais sobre o romance e o começo da verdadeira origem da Amara. Agora, no ato dois, quero explorar um pouco mais do passado dela.
Espero que estejam gostando!
E, estou trabalhando em mais duas obras: uma de Jogos Vorazes e a outra também no universo crepúsculo. Quem tiver interesse, pode checar no meu perfil. Obrigada.