▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜
Pode conter erros.
Boa leitura.
▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜
Ethan Blake
Antes que pudesse sequer escutar o primeiro som de discagem, o telefone foi tomado rapidamente de mim por uma pequena mão, cujo a dona não esperou para desligar e guardar em seu bolso.
Já não bastava a noite que deveria ser cotidianamente péssima, porém fora triplicada por Lindsay, agora precisava lidar com o ser ardiloso que necessitava da paciência que eu não detinha.
— Lowell, me devolva essa merda agora — ordenei entredentes.
— Você não irá precisar.
— Eu quem dito o que preciso ou não, agora me devolva para não termos problemas.
— Creio que teremos caso eu o obedeça — afirmou em seu tom irritantemente sereno. — Não irá ligar para sua querida pirralha, independentemente do estado.
A única pessoa que entrou em meu caminho, ou melhor o invadiu, virou-me de ponta cabeça, e não pude matar por falta de oportunidade ou por realmente precisar. O que não acontecia em meses, era uma regra de rotina simples, entrar e não retornar, torturar e possivelmente matar quem adentrar meu caminho ou torrar minha paciência.
— Lowell — chamei procurando paciência de onde não poderia existir.
— Quantas vezes tenho que pedir para confiar em mim? — questionou de uma forma que poderia dizer que era incrédula apesar do vazio e cansaço. — Tenho motivos para isso, então será um teste para provar o que muitos dizem sobre sua mudança de sentimentalismo para razão. — Pausou minimamente me fitando, diferente de mim, não estava com chamas nos olhos. — A pirralha está bem.
O silêncio completo enfim invadiu a sala.
Fitava os olhos castanhos à procura de algum tipo de traço que mostrasse que era uma grande mentira o que dizia, para minha surpresa, seu cenho se mostrou sereno e a procura de alguma aprovação. Nada de ameaças ou frieza.
Por segundos tive a ideia de confiar em Lowell.
— Pode realmente garantir isso?
— Sim, Shadow, eu sou a responsável por Aggie e garanto que ela está bem — Alexa concluiu sendo a única a pronunciar algo e de forma firme.
Todos estavam esperando a Terceira Guerra Mundial explodir.
— Que merda é essa aqui? Vão lançar mísseis? — Hillary interpelou rude ao adentrar a sala com seu lanche.
— Apenas uma conversa conveniente — concordamos em uníssono.
Conveniente aquilo com certeza não era, contudo poderia ser quase uma balança lutando para se manter equilibrada em todos os tópicos que detínhamos, paciência, ações, poder e interesse.
— Será que iremos demorar mais aqui, Blake? — inquiriu levantando queixo como uma ordem desafiadora.
— Sinto dizer, mas você quem se atrasou princesa — repliquei em mesmo tom.
— Precisava tirar uma pedra de meu sapato. — Deu de ombros.
— Percebi as mudanças nos códigos de Lindsay — Isaac sondou desconfiado o suficiente para receber um olhar cúmplice de Roxie.
— A vigia?
— É necessário.
— Sabotá-la não faz mal a ninguém — Janne concordou com um sorriso vil.
— Ótimo, precisarei de você, já que seu amiguinho fez besteira.
— Não é apenas eu quem tomo decisões com más reações necessárias, Lowell — recordei nosso último encontro, e como de costume nenhum efeito se mostrou presente.
— Tudo limpo — anunciou alguém ao adentrar a sala.
Nesse mesmo instante a sala tomou um ar sufocante e arisco, o som metálico de armas sendo engatilhadas se espalhou por todos os cantos após movimentos rápidos. Como um instinto rápido puxei Roxie para trás de mim e levantei a arma no mesmo instante que levantei os olhos para quem chegou.
Um homem de postura imponente e despreocupada com o tanto de armas apontadas para ele, ou o fato de seus seguranças também estarem preparados para qualquer movimento. O cabelo castanho-claro e olhos âmbar afiados estavam gravados em minha mente, apesar dos traços mais maduros que da última vez que nos encontramos, um dos grandes nomes da lista.
— Kozlov? — James foi o único a conseguir proferir apesar da confusão.
— Ghost — cumprimentou com um aceno. — Shadow. — Apenas um aceno e olhar curioso para algo atrás de mim. — Fox. — Um largo sorriso.
— Antony? — questionamos juntos e quase perdidos.
— Irão baixar as armas ou precisarei mandar fuzilar cada um? — Roxie indagou soltando-se do aperto inconsciente em seu pulso.
Nesse instante a atenção se voltou para nós, ou melhor, meu reflexo impensado por instinto de proteção. Hillary nos fitou de cima abaixo, porém focou os olhos de águia em Roxie, como se pudesse cortar sua pele até as entranhas para descobrir algo, os outros apenas se mantinham confusos e curiosos. Menos Antony, este se aproximou e tomou Roxie para si em um ato quase possessivo, para em seguida me encarar com o cenho franzido.
— Sua Polly maldita, quem pensa que é para sumir sem dar notícias? — Isaac entrou em minha frente para cumprimentar Antony com um soco no peito e um abraço.
— Seu carinho comigo é apreciável e bipolar, Newton — desdenhou com seu mínimo tom russo e um abraço.
— O meu é ainda melhor, saia, Newton e cabeça de fogo. — James nos empurrou para abraçá-lo.
— Precisa me matar sufocado, Barbie? — Realmente, James às vezes fazia o papel de Dean na falta deste. — Blake.
— Kozlov.
Ele parecia entender minha confusão e relutância, dando brecha para saber que estava bem envolvido com nossos problemas. Sua pouca fala, olhar cortante e aperto firme de mão era uma forma de nos jogar em uma linha tênue entre confiança e rivalidade, esta percebida por Roxie que nos fez soltar as mãos com um pigarro e toque.
Toque esse que pareceu eletrizar cada nervo de meu corpo, esfriando-me e tomando atenção pelo que poderia ser um choque de realidade ou um balde de gelo, porém parecia mais que isso, por sinal, não apenas o meu. Foi como ditar uma ordem ou criar uma barreira indestrutível entre um lado e outro, como resposta rápida soltamos as mãos e mantivemos a atenção um no outro.
— Então, de qual lado você está, Kozlov? — indaguei deixando de lado toda receptividade e amizade da sala. — Sinto dizer que a resposta errada pode me custar uma bala. Do lado de Oliver ou do nosso lado?
Um pequeno sorriso medíocre pintou nos lábios de meu velho amigo, era uma mensagem mínima sobre sua ambição e cinismo. Um mínimo ato que me fez segurar firme a arma e o impulso quase selvagem de tirar Roxie de sua frente, apenas mais um movimento.
— Estou do lado de minha esposa, Shadow, de Roxie.
O silêncio pesou na sala, assim como um imenso ponto de interrogação se formou em meu rosto e mil perguntas em minha cabeça. Ao menos uma coisa estava explicada, o territorialismo ao tomá-la e mantê-la ao seu lado, de forma tão possessiva e instintiva quanto eu faria com Rosalie.
Encarei James no mesmo instante que ele o fez comigo, seus olhos estavam quase saindo do crânio, de certo estava remoendo todos os seus pecados por cobiçar e cogitar algo com a esposa do amigo, o mínimo sinal com o dedo no pescoço foi a confirmação disso.
Talvez Kozlov desejasse meu pescoço por invadir o banheiro onde Roxie estava tomando banho, ou colocar uma arma em seu peito. Medidas necessárias, mas que possivelmente poderiam me trazer um olho roxo ou pior.
Independente de todas as questões de como ele conseguiria casar-se com Lowell, ou os atos dos últimos dias, uma coisa era certa, Antony era tão louco quanto eu para cobiçar e se apaixonar por uma tirana narcisista e trapaceira. Com certeza era a mulher que o ganhou antes mesmo do exército e por vezes o enlouquecia, mesmo à distância.
— Casados? — Isaac foi o único a se pronunciar.
— Casados — Roxie respondeu mostrando o anel dourado em sua mão direito, anel este que jurávamos ser apenas um comunicador.
— Estou realmente surpresa, Kozlov — Hillary disse expelindo seu discreto veneno, que por sinal não fez efeito algum. — Cerimônia reservada?
— Estando com o pescoço na máfia, é o melhor a se fazer — replicou simplista.
— Saindo dos holofotes, temos muito o que fazer e eu não tenho a tarde toda — declarei chamando a atenção de quem filtrava as informações.
— Não temos. — Antony deixou envelopes na mesa de centro e sinalizou para que pegássemos. — Listas de nomes de aliados e inimigos de Oliver. A ordem dele para nós é simples, conseguir aliados ou reforçar alianças, e matar quem for contra ou cometer um erro. É sua forma de conseguir mais força, seja por amor, medo ou ódio.
— As mortes desta lista gerarão movimentos, sejam alianças ou desavenças, seja para a ASSA ou outros. Por exemplo, uma morte encomendará outra, incomodará pessoas, acarretará brigas entre gangues, máfias, empresários ou agências — Alexa complementou. — De acordo com os nomes que mandei que fizesse um paralelo de ralações isso é o esperado, não é, X?
— Pearl está trabalhando com você, X? — Janne quase engasgou surpresa.
Fato que precisei apagar para retornar à atenção aos papéis. Era quase a mesma lista de Rosalie, com alguns nomes a mais e quase nenhum a menos, como se em algum momento tivesse copiado os arquivos, ou os detivesse primeiro. Opções que não poderia ter certeza no meio de nosso jogo.
— Eu tenho controle sobre suas missões e passos, vocês são realmente valiosos para Oliver, mesmo que ainda descartáveis e suspeitos, para contornar isso daremos a ele o que pensará que quer e precisa, isso os oferecerá segurança e regalias — Roxie tomou a frente.
— Irá manipulá-lo?
— Minhas cartas, Shadow — acenou. — Você manterá seu sujo trabalho com a loira e eu o meu com Oliver, e isso envolverá manipular e sabotar.
— Será um prazer o enlouquecer, no entanto quanto ao nosso poder sobre?
— Virá das alianças que nós faremos e da morte das pessoas que selecionarmos, como assassina principal e diplomata de Oliver, tenho poder de julgamento e influência sobre ele. Eu quem ganho os maiores acordos, limpo o caminho das piores ameaças e o levo ao auge.
Uma jogada suja, alinhada com o que desejávamos e cogitávamos, porém com uma oportunidade ainda mais generosa e arriscada. O seguro era algum resquício de confiança em Kozlov, o objetivo era derrubar Oliver e o prêmio final parecia ainda incerto, todos extremos e ambiciosos em sua devida escala.
Contudo, em meio a sabotagem, cartas, ambição e mentiras, ainda existia um ponto não acordado, o principal e mais delicado que ainda mantinha Roxie respirando em plena calma e autoridade.
— E Rosalie?
— Estará em tudo o que disse, garantir a segurança de vocês, ganhar alianças e varrer inimigos, assim detém espaço para derrubar Sparks e conseguir tempo para Sea.
— Entretanto se apressem com esses nomes, não tenho o dia inteiro — Alexa insistiu, de fato, ninguém tinha, e era necessário.
— Podem ficar com esses nomes, existem detalhes no sistema da Alpha e Beta, no entanto se precisarem de mais locais e dados, nós conseguiremos. — Antony me lançou seu olhar de fria segurança como nos tempos do exército, estávamos em guerra e ele também não mediria esforços. — Aconselho que não escondam nada, isso só nos levará ao chão.
Me juntei a Hillary e Isaac para selecionar os nomes que não estavam na lista anterior e os dados que antes não eram tão precisos. Poderia ser a lista verdadeira e completa, ou reajustada, ainda assim era valiosa demais ao mostrar o poder sobre as pessoas nas decisões de Oliver.
Enquanto isso James e Janne trabalhavam em outros detalhes com nossos agentes, Alexa se retirou por instrução de Roxie que estava ocupada conversando baixo com o marido.
— Sabe sobre todos? — Hillary questionou sem esconder a desconfiança.
— Sim, os podres e melhores de cada um.
— Ela conhece os interesses, e eu tenho contato por ser membro do conselho particular de Oliver — Kozlov aclarou gerando maior curiosidade.
— Então conhecem todos?
— Apenas o suficiente, todavia não importa, estão com os dias contados. — Deu de ombros.
— É um erro entrar no caminho de algumas pessoas, mas é suicídio no de outras.
— Espero que estejam cientes disso também, Lowell — asseverei fitando-a igualmente ácido, logo minha atenção foi para Antony.
— Somos bons jogadores Shadow, todos estamos cientes.
Assenti para Antony e mais uma vez meus olhos seguiram como ímãs para os impetuosos orbes castanhos de sua esposa, que não demorou a desviar para dar atenção a Alexa que examinava a sala.
— Onde está o gnomo azul, o projeto de Thor e o Steel?
— Trabalhando já que não são ligados a Sparks e não esperávamos isso.
— Então, querem começar pelo bom ou ruim?
— Comecemos de bom humor, não iremos estragar a boa opção com a destruição que esse ruivo pode causar — Janne anunciou me dando um tapinha nas costas.
(...)
— Já estava perdendo as esperanças. As notícias não lhe eram favoráveis, mesmo que línguas espertas falassem o contrário — engatou a ruiva com seu forte sotaque francês e um largo sorriso para Roxie.
Para minha sorte ou azar, o primeiro alvo era um de meus antigos casos, talvez o menos problemático e de maior número de noites durante e após nosso tempo. Era uma mulher cerca de 5 anos mais velha, extremamente inteligente, ardilosa e serena para qualquer assunto, por fim submissa quando desejava.
— Deveria confiar mais em mim, sabe como gosto de preliminares — replicou ambígua.
— Vagarosas ao extremo, achei que demoraria mais.
Mais uma vez estava perdido entre sorte e azar pelo fato de Roxie a conhecer tão bem ao nível de trocarem farpas amigáveis em tons relaxados e poderosos, apenas não trocaram cumprimentos íntimos pela árdua situação atual.
Lancei um olhar rápido para Antony que assistia tudo imparcialmente, no entanto logo me fitou e deu de ombros como se falasse "uma longa história". Uma longa história que eu esperava que desse resultado e não fosse apenas uma perfeita encenação que levasse a manchar a sala de sangue.
— Sente tanta minha falta? — Riu seco com escárnio. — Foi necessário.
O olhar da mulher ruiva seguiu por nós, Ella Blanche é uma das mulheres mais poderosas de nosso mundo, herdou um império de sua família e sobrepôs-se ao do falecido marido, sendo conhecida por grandes negócios firmados por sua ambição e astúcia, independente de seus vínculos. Fatores que me fizeram perguntar de qual lado realmente estaria, dos rebeldes ou do maníaco. Contudo, parecia que estava ao seu próprio lado, o lado de Roxie.
— NYX e Hask — chamou com um leve aceno. — Kozlov. — Sorriu abertamente e recebeu um mínimo em resposta. — Shadow — provou meu nome lentamente como se recordasse de nosso passado.
— Madame Blanche.
— Não precisamos de tanta formalidade — afirmou se aproximando lentamente, quase como de uma presa. — Nos conhecemos muito bem para isso.
— Um passado em comum, apenas isso.
Antes que suas mãos me alcançassem, as tomei parando entre nós como um reflexo para repelir qualquer toque extremo e circunstância que ela pudesse nos colocar por sua lascividade. Conhecia muito bem Ella para saber que poderia colocar-nos em jogos, ou tentar mudar o rumo da conversa ou interesses de mais de uma pessoa, porém não era como se fosse funcionar comigo.
Ainda assim existia o modo de proteção contra a mulher de olhos castanhos que me fitava aproveitando a proximidade de forma quase indiferente com os outros, e cínica para mim.
Um pigarro.
Um olhar em atroz debaixo de um semblante duro foi o suficiente para que Ella afastasse suas mãos rápido demais para alguém como ela, alguém que não se importa com ameaças, ordens ou opiniões, e o que quer que fosse a mensagem de Roxie, fez extremo efeito.
Um olhar intenso demais em alguém inexpressivo era quase indecifrável, suas chamas eram quase palpáveis, todavia não saberia dizer para quem ou porquê, contudo poderia dizer que conhecia minimamente aquela intensidade.
— Estamos aqui para negociar, Blanche, não para jogos e brincadeiras — assegurei austero ao afastá-la. — Coopere para os dois lados.
A postura de Ella mudou completamente em ínfimos segundos, quem não a conhecia não perceberia, sua pose dominante e soberba se desfez em um patamar abaixo da submissão, completa hesitação ao tomar nota da situação. Contudo se recompôs com uma amostra falsa de sorriso.
— Está afiado — concluiu e me analisou mais um pouco antes de retornar com o olhar intenso para Roxie, quase que com pena. — Ao que me parece, ainda irá demorar.
— Tão óbvio assim?
— Os conheço muito bem para afirmar que o momento almejado não chegou. — Deu de ombros ao me fitar mais uma vez.
— Estamos aqui caso o tempo tenha ocasionado péssimos efeitos em seu cérebro, Blanche — Hillary interferiu se colocando na linha de conversa das duas. — Se não querem que insistamos nesse assunto suspeito e íntimo, trabalhemos.
— Me acompanhem.
Seguimos até uma sala confortável e íntima, sua sala de visitas, conhecia seus moldes de decoração e utilidades, apenas pessoas específicas seguiriam até uma sala dessas, quase o coração da casa.
— Whisky?
— Cartas na mesa, por favor — Antony e eu pedimos mudando a atenção da ruiva.
— Devo deduzir que o momento do desenho da queda Oliver chegou — sugeriu em um falso pesar.
— Um amante que se tornou um problema, Blanche?
— Não, nunca provei de Oliver, não se precipite Ghost.
— Ainda assim teve contato com ele há algum tempo — Isaac refutou a fazendo o fitar intrigada. — Troca de e-mails e investimentos, contudo não encontros.
— Sim, investimentos altos para me manter no poder e gerar lucro para quem irá me manter no poder futuramente, a ASSA e a Sparks.
Roxie, Alexa e Antony apenas assistiam quase despreocupadamente, mas era perceptível a análise minuciosa sobre cada tom, fala e movimento, assim como eu não deixariam passar. Nosso acordo era apagar o que estivesse fora da curva.
Ella poderia ser definido como pecado da avareza, ninguém e nada importa além de seus bens, poderia passar o que fosse por isso. Porém ainda era consciente e inteligente, poderia mudar o jogo de Oliver a seu favor, todavia parecia temer outros pontos ao ponderar suas palavras e movimentos, sempre voltando a atenção para mim ou o trio estrangeiro.
— Independente de seu presidente? — Janne interpelou sugestiva.
— Vocês mesmo sabem que com Oliver no poder, não existirá o que conhecemos como ASSA
— Mas algo que pode ser de alguma forma bom para você, basta mover ao seu favor — Hillary reconheceu expelindo seu veneno que foi respondido com um aceno instigante.
— Seria uma disputa por atenção interessante — Alexa interrompeu o início da troca de provocações com a fala alta e um aceno para Roxie.
— Meus interesses são valiosos, garanto-lhe isso.
— Espero que sua inteligência também, Blanche — reiterei com um passo à frente, uma singela ameaça.
— Estão em minha casa, realmente devo pensar como uma ameaça? Justo a quem querem como aliado?
— Apenas uma necessidade de nosso jogo, garanto-lhe isso — repeti arqueando-lhe a sobrancelha.
— Nenhuma delas é meu pescoço ou o seu.
— Desde que tenha o que nos interesse.
— Manteve seus acordos e aliados? — A voz de Antony interveio em nossa conversa que baixava o tom a cada palavra e a fazia perder o caminho.
— Sim, ainda mais com a ascensão de Oliver, alguns apoiam e outros não, mas basta uma jogada e todos estarão ao meu favor.
— Mantenha-os na coleira e mantenha a sua bem firme, para o bem de todos — aconselhei.
— Não sabia que havia dado minha resposta.
— Está de qual lado, Ella? — Roxie perguntou em tom enfadonho.
A inglesa se aproximou sorrateiramente exalando extrema calma para quem poderia dar o bote em segundos e logo se postou ao meu lado. O olhar de Ella correu por nós dois com um brilho sagaz e um sorriso vil, então assentiu para mim.
— Não é como se eu quisesse ser torturada pelo casal Kozlov, ou ser alvo de sua fúria para encontrar seu novo brinquedinho, Shadow. — Essas palavras foram suficientes para uma risada amarga soar de mim e a mão de Roxie me impedir de replicar. — Desejo muito menos perder o que consegui e o que faço, estou ao lado de Lowell assim como dito há meses, as circunstâncias não mudaram.
— Espero que não mudem, não me importo de ignorar o passado e a caçarei para tirar do meu caminho — certifiquei retomando a negociação.
— E eu não me importo em ignorar nossos tratos e amizades para fazer a marca das NYX — Hillary atestou em seguida.
— Não falhem comigo também, ou eu os destruirei da mesma forma.
— Entregue o que conseguiu a Shadow, seu trabalho será com ele e seu acordo comigo, porém um erro e nenhum de nós hesitará, assim como você — Roxie ordenou e se afastou com uma ameaça implícita.
Sabia que seria capaz de ignorar qualquer passado ou cumplicidade com Blanche na altura do campeonato, então resquícios de provocações ou ambiguidades seriam como soltar a guilhotina em seu pescoço exposto. Mas não poderia me valer agora, a ambição e alerta de Roxie eram explícitos assim como o de Antony.
Ella concordou com a cabeça como quem firma ao seu favor um acordo, não o contrário como seu estado atual, e buscou na mão de sua empregada uma pasta branca com "Sparks" gravado em preto.
— Para firmar nosso acordo, aqui estão os nomes de quem esteve com Rosalie Aubry Sparks e os locais que frequentaram — ditou alto para a sala e logo voltou a atenção apenas para mim. — A segurança dela depende dos seus movimentos e decisões, Shadow.
— Não me divirto com meias palavras como você, Ella.
— Ela jogou bem por poder, ela está no jogo ainda e não é como uma peça, porém agora você precisa jogar tão bem quanto por detalhes e estabilidade, é o que Oliver deseja.
— Blanche — Roxie chamou. — Mais algo a pontuar?
— Não, mas acredito que vocês terão muito trabalho e o que conversar. — Deu de ombros.
— Um ótimo trato, se considere sortuda e vigiada — James intimou e recebeu o mesmo ato.
— Um erro custará sua vida, está ciente, não é? Regra das NYX.
— Venus, eu as conheço muito bem ou não ajudaria com a nova Sparks — replicou rolando os olhos. — Suponho que receberam meus convites, mas não responderam por essa situação. Porém sinto informar que seria um desperdício negar este convite, garanto que será uma festa interessante detendo seus alvos sob seus olhos e retirando especulações com este retorno à sociedade.
— Pensaremos — Alexa anunciou interrompendo qualquer fala. — Agora precisamos ir, tenho meus assuntos e vocês uma morte encomendada.
Assentimos e nos despedimos de Ella, que ficou para trás conversando baixo com Roxie, algo que não tinha qualquer tipo intenção de escutar, mesmo que pudesse revelar um pouco sobre meu conveniente alvo.
Minha atenção estava na pasta em minhas mãos, carregava nomes e endereços, assim como imagens e fichas de pessoas principais, e eu preferia que fosse apenas isso. Fotografias de Rosalie sendo exposta como um troféu ou animal de companhia entre as pessoas em eventos, também compunham a pasta.
Meus olhos percorriam por cada linha, cada palavra parecia como combustíveis para uma explosão. Enquanto faíscas eram geradas em minha mente ao cogitar qualquer arquétipo de autorização de Oliver para que tocassem em Rosalie contra sua vontade, me obrigando a recordar de seus olhos desesperados ou vazios ao reviver de seu passado ou de Janne.
Todos os rostos e nomes seriam cravados em minha mente com uma sentença de morte.
— Ele é nosso próximo alvo. — A voz suave de Janne soou ao meu lado se referindo a um dos homens da fotografia. — Não o mate antes de conseguirmos algo.
▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜
Lua Mazzine