90's Lovᥱ ⋆ johndery

Door ri1jin

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DISPONÍVEL: Livro Físico. - Clube de Autores (site - link na bio). Johnny é um adolescente americano rebelde... Meer

Cᥲst + Iᥒformᥲtιoᥒs ; 🌼
🦋 - "I ρromιsᥱ."
🦋 - "Bᥱყoᥒd frιᥱᥒdshιρ."
🦋 - "Hᥲρρყ Bιrthdᥲყ"
🦋 - "I ᥣovᥱ ყoᥙ"
🦋 - "Eᥒd. Or mᥲყbᥱ ᥒot."
🦋 - "Boᥙqᥙᥱts for tᥕo".
🦋 - "Forᥱvᥱr."
🦋 - book?

🦋 - "Mᥲkᥱ mᥱ ყoᥙr ᥲᥒd bᥱ mιᥒᥱ."

303 35 105
Door ri1jin

31 de dezembro de 1995 ; Domingo.
Orchard Beach ; Manhattan ; Nova York ; 08:43AM.

- Ainda não acredito que está escrevendo nossos nomes num tronco. - Hendery estava sentado sobre o galho mais baixo e espesso da árvore, os pezinhos balançavam contra ao vento enquanto, pouco abaixo de si, em solo firme, o melhor amigo tinha em mãos uma espécie de canivete e sobre a madeira da planta ele desenhava cuidadosamente as letras de seus designados nomes.

Há pouco menos de duas horas que tinham sido entregues à Nova York, a carona recebida de TaeYong e Tem fora muito bem vinda e ter que se despedir do casal mais uma vez também não fora de total agradável para o chinês, mas "quando menos esperar nos encontraremos de novo" fora o que o tailandês deixou como conforto para o Wong e este confiava nas palavras deste, afinal era Chittaphon, eram raras as ocasiões em que o tal não tinha razão.

- Não achou que eu machucaria essa pobre coitada sem um motivo nítido, achou? - Perfeccionista, o americano finalizou os retoques de sua mais recentes obra, girou o canivete entre os dedos, fechou-o e pôs-o de volta no bolso do shorts onde sempre fora seu lugar de origem. - Estou marcando-a como nossa por um propósito. - Johnny levou os dedos até os louros e compridos fios, cuidadosamente juntou a parte superior destes num pequeno rabinho, - dois teimosos fios escapavam pelas laterais partidos ao meio, dava um charme ao penteado - e amarrou-o com o lacinho que até então se prendia ao seu pulso. Após terminado ele se esticou os braços para o menino convidando-o a vir para si. - Venha, desça. - Chamou. Normalmente KunHang se negaria até morte a obedecer, o que estava prestes a fazer era perigosíssimo, mas era John ali abaixo de si pronto para pegá-lo, então não exitou em pular caindo diretamente no colo do mais velho, este abraçou-o como se nada fosse evitando que se espatiface no chão e logo após pôs-o de pé sobre a areia da ilha pouco isolada da praia. - Quero propor uma coisa. - Não muito longe dali estava estacionada Sky, o pezinho de metal afundava no solo fofinho e aquecido pelo sol, o mesmo solo que os pés descalços dos dois jovens saboreavam ao andar até a mesma.

- O que está tramando, mocinho? - Recebendo um sorriso como resposta o Wong viu o mestiço abrir a mochila recostada sobre uma das rodas da motocicleta e tirar de dentro dela uma pequena caixinha de madeira. Era rústica, antiga, reforçada pelo verniz, podia-se notar também pequenos desenhos esculpidos na própria madeira. - Oh, não. Você levou a sério o que eu te disse?

- Não combino muito com o clichê, mas estamos de acordo que por você eu iria até o fim do mundo. - O menino corou. - Então, sim, nós vamos fazer uma caixinha com nossas cartas, escrevendo nelas nossas metas pro futuro, sonhos e até uma mensagem que não pode se esquecida mas se for que merecerá ser lembrada e se quisermos colocar junto algum pertence o faremos e em seguida a enterraramos para daqui alguns anos voltarmos e lê-las para relembrarmos que prometemos sermos eternos. - Em mãos ele também tinha dois pedaços de pergaminhos novos e um par de canetas, um de cada ele estendeu ao mais novo e o que restou ele ficou para si. Sentaram-se lado a lado na areia e enquanto aproveitavam o som das ondas e a brisa do mar, trataram logo de eternizar aquele momento.

Hendery não tinha a menor dificuldade em listar metas pois ao longo dos anos, sendo obrigado a ser quem não era, acumulou para si um punhado de sonhos e embora junto de seu amigo tivesse realizado muitos ainda restava um bocado. Johnny por outro lado mal sabia o que escrever, não era porque não queria estar fazendo aquilo, muito pelo contrário, como já dito ele fazia de tudo pelo chinês e de muito bom grado, a verdade era que talvez ele realmente não tivesse nenhum desejo, pois sua maior cobiça já havia sido conquistada e naquele momento estava sentada ao seu lado escrevendo numa folha de papel como se o mundo dependesse disso.

- Johnny-ssi... - Enquanto dobrava a cartinha que depois de muito pensar conseguiu finalizar, o Seo distanciou sua atenção novamente a voltando para o adolescente. - O que escreveu no seu pergaminho? - Um sorriso estampou-se na face do loiro, KunHang por outro lado mal podia conter a curiosidade dentro de si, quando depositou seu papel junto ao alheio dentro do veludo vermelho que compunha o interior da madeira da caixa, não pensou em fazer outra coisa além de sentar-se corretamente sobre a areia e esperar por uma resposta, esta que por sinal não fora exatamente o que estava esperando.

- Não vou dizer. - Bufando o chinês deu de língua como uma criança birrenta. Aproveitador como era YoungHo aproximou-se e robou-lhe um selinho demorado.

- Quem dá língua pede beijo. - Ditou sapeca recebendo vários tapinhas brincalhões como resposta e em conjunto a esta veio a risada do Wong que consequentemente provocou a sua. - Quer colocar algo a mais na caixinha? - O buraco já havia sido cavado e agora com os papéis em seus devidos lugares só lhes restavam fechar o objeto e pô-lo solo abaixo.

- Acho que não, as cartinhas são suficientes. - Sorriu. - E quanto a você? - Correspondendo o gesto Johnny retirou do bolso de sua bermuda uma pequena caixinha aveludada, a julgar pelo seu tamanho o que aquilo escondia deveria ser menor até mesmo que um mindinho, o objeto não ocupou nem um quinto do outro recipiente. - O que tem aí? - O americano fitou a areia antes de voltar a empurra-la de volta ao buraco, cobrindo a madeira da caixa com esta.

- Em cinco anos você irá descobrir.

31 de dezembro de 1995 ; Domingo.
Park Slope ; Brooklyn ; Nova York ; 10:41PM.

- Onde estamos? Por que todo esse mistério? - Sky fora estacionada e enquanto era ajudado a descer da moto Hendery curiava-se. Óbvio que não conseguiria ver nada a seu redor, pois uma bandana dobrada e cuidadosamente amarrada atrás de sua cabeça tampava-lhe os olhos, ele tateou o ar e nada encontrou além da mão de seu melhor amigo envolvendo a sua, evitando que este tocasse em algo prontamente perigoso ou que não devesse ser relado. Era agoniante ver que não obtinha resposta, nem dava para garantir que o homem consigo era mesmo o americano já que eles percorreram um caminho de vários quilômetros com o chinês tendo seus dois olhos tampados, por outro lado seu coração palpitava em certeza de sua companhia, afinal o perfume amadeirado e levemente doce do maior acariciava-lhe as narinas a cada nova aproximação. Quando deu-se por si já subia uma pequena escada, um, dois, três, no total seis degraus.

- Pode tirar a venda agora, amor. - Ele o fez. Um pouco a sua esquerda Johnny descansava recostado sobre o batente da entrada de uma casa, mais a sua volta ele notou estar numa das mais famosas e conhecidas ruas do Blooklyn. A casa na qual se encontrava era apenas mais umas das típicas do famoso bairro Slope, lembrava-se muito Amsterdã pelas semelhantes e famosas parede interligadas umas as outras, no entanto estas eram feitas pelo glamouroso mosaico de tijolos à vista, normalmente todas adaptadas em três andares com quatros janelas, sendo estas duas em cada um dos cômodos superiores. - Foi aqui que eu cresci. Minha mãe me deixou este lugar como herança no dia em que partiu, cogitei voltar e construir uma vida civilizada aqui inúmeras vezes, mas no entanto nunca o fiz, pois Nova York não tinha o que Los Angeles sempre teve: você. - A expressão impressa na face desconcertada do rapaz dedurava o quão bobo ele se encontrava, estava dividido entre sorrir ou chorar. - Agora tem.

- Então este é seu lar. - Deduziu por fim, a cada novo dia as famosas borboletas procriavam-se e triplicavam mais e mais dentro do estômago de ambos, revirando-os de dentro para fora, o que não cabia em seus interiores consequentemente vinha para fora em forma de demonstração de carinho.

- Não. - Parando de girar o chaveiro em seus dedos o loiro aproximou-se de KunHang. - Sun, preste atenção. - Seu indicador posiciou-se abaixo do queixo alheio, um ato era consequente a outro então o feito levou o menino a encará-lo quase que instantaneamente. - Lar é onde o coração mora, e o meu mora com você desde o primeiro minuto em que contaste presença na minha vida. Capische? - Pôde jurar que se a iluminação do bairro fosse um pouco mais eficiente, poderia ter visto o quão vermelho as orelhas e as bochechas do chinês se encontravam no momento em que este acenou afirmativamente. - Ótimo. Agora abra! - Segurou a mãozinha do Wong e depositou sobre ela a chave que segundo suposições abriam a porta a sua frente. O rosado estava pronto para questionar mas foi interrompido. - Apenas abra, é crucial que entre primeiro. - Sem muito entender ele encaixou o metal na fechadura, destrancou-a, girou a maçaneta e então empurrou a madeira. No segundo seguinte pensou estar sonhando.

Velas aromatizadoras iluminavam toda a extensão do interior - de uma porta a outra - estas formavam uma pequena trilha, um caminho acompanhado também por lindas pétalas de rosas vermelhas que caiam entre o espaço de uma chama e outra.

Nas paredes algumas fotos coladas relembravam as atuais e até as mais antigas memórias do casal, algumas KunHang nem se recordava de terem sido tiradas, mas todas continham uma lembrança especial dentro de um dia memorável. A mãozinha pousava de imagem a imagem, o quadro maior era a fotografia que fora feita em Hollywood, o amanhecer do aniversário do Wong. Ah, aquela madrugada permaneceria para sempre no modo lembrar de seus corações e mentes: os dois enrolados nos lençóis brancos que normalmente usavam para se cobrir, em pé e abraçados, Johnny possuía o quadril do menor com as mãos, os corpos fundidos um ao outro como se fossem um só e os olhos encontravam-se intensamente, seguidos dos sorrisos em seus rostos que pareciam brilhar mais que o sol nascente trás da montanha do letreiro. Até mesmo a foto do primeiro encontro dos dois adolescentes fora registrada e estava lá, contando presença.

As tantas turbulências de recordações que lhe atingiram lhe impediram de notar que por mais devagar que o tempo estivesse passando para si, ao seu redor tudo parecia numa velocidade acelerada pois agora ele já estava frente a frente com a porta que dava para os fundos da casa. Próximo ao trinco um pequeno bilhete indicava: abra. E ele abriu.

A primeira coisa que seu olhos capturaram foi um tripé, este segurava uma mediana e quadrada lona branca, estendida, uma mesa era apoio de um refletor. Conhecidência ou não aquele protetor ligou-se no exato instante em que Hendery pois-se a olha-lo.

- "Oi, príncipe." - Johnny apareceu-lhe na tela. Os cabelos estavam infantilmente presos em dois rabinhos no topo de sua cabeça, os colares caiam sobre as famosas roupas pretas, ainda mais surpreendente fora o fato de que até maquiagem tinha aplicada sobre sua pele, que vale ressaltar não precisava de produtos para ser perfeitamente bem cuidada. Em sua mão uma rosa distraía seus olhos. - "Se estiver vendo esse vídeo significa que tomei a frente para avançar mais um passo ao seu lado." - Ele sorriu levando o menino a consequentemente seguir-lhe. - "Dery, peço perdão, mas no momento não tenho nada valoroso para lhe dar. Tudo que posso lhe oferecer é uma imensa dose de amor, com algumas xícaras de carinho, umas colheres de conforto, dúzias de palhaçadas, pitadas de boiolagem e alguns muitos litros de compreensão e beijinhos. É eu sei, uma receita tremendamente desastrada, mas... Minha. Esse sou eu. O que posso fazer? Claro, eu poderia te dar o mundo, é óbvio! Mas... Se for parar pra pensar você não merece os preconceitos e maldades existentes nele." - O YoungHo dentro daquela filmagem falava sem parar, estava nervoso, mas deu-se o trabalho de fitar profundamente os olhos turbos do mandarim ou os de qualquer um que pudesse ver aquele vídeo. - "A minha vida sempre esteve dividida, Sun. Faltava uma peça no quebra-cabeça. Eu estava partido entre o alcoolismo que levou a morte da minha mãe e ausência não tão insuportável do meu pai. Outras pessoas teriam interligado isso a vícios negativos e se dado um destino não muito diferente do da minha mãe, como eu mesmo cogitei fazer. Mas você não. Sua primeira solução foi partir essa corrente opressora em mil pedacinhos. A minha vida era um calabouço e você era a chave necessária." - O chinês viu nos olhos alheios tudo que o que ele precisava falar e mesmo num silêncio mútuo, compartilharam entre si todo o desejado. No fundo o Seo sabia que fracassaria em fazer um belo discurso de amor, mas ele tentou. - "Mesmo se tivesse terminado meus estudos como me pediu e aprendesse todas as palavras para hoje ser bom com elas, ainda assim não poderia usá-las pois nem todas elas juntas serião o suficiente para definir o quanto é grande meu amor por você." - Hendery observou-o tomar em suas mãos um violão até então largado ao seu lado. - "Sempre lidei melhor com discursos cantados." - Ele preparou-se para tocar. - "Ah, e mon amour... Por favor, lembre-se, que por você eu iria através das nuvens, escrever nas estrelas o quanto eu te amo." - KunHang reconheceu a piada interna que ambos criaram quando mais jovens e quis virar para o homem atrás de si e socá-lo por aquilo ter soado tão malditamente brega porém fofo, mas a primeira nota do violão veio a ser tocada e novas imagens invadiram o telão, acompanhadas de fundo pela voz do americano.

"It still feels like our first night together,
It feels like the first kiss.
And it's getting better, baby.
No one can better this.
I'm still holding on.
You're still the one."

(Ainda parece nossa primeira noite juntos,
Parece o primeiro beijo.
E está ficando melhor, amor.
Ninguém pode melhorar isto.
Ainda estou aguentando.
Você ainda é a pessoa certa.)

As pessoas dizem que fotos servem para guardar lembranças de dias e momentos que não queremos esquecer. Mas já parou pra pensar no quanto um vídeo pode ser mais eficiente? Bem... Se não, parece que Johnny tinha pensado. As imagens gravadas reproduzidas pelo refletor pareciam estar sincronizadas com a letra cantada, pois nos primeiros momentos o primeiro beijo que recebera fora gravado e ali estava, sendo exibido. Sim, os adolescentes tinham o hábito de gravar tudo que faziam desde que se conheceram e o primeiro selar Hendery desferiu na bochecha de Johnny estava incluso, assim como aqueles muitos que antes deste o americano tinha costume de depositar na testa alheia.

"The first time our eyes met,
It's the same feeling I get,
Only feels much stronger.
I wanna love you longer,
You still turn the fire on."

(A primeira vez que nossos olhos se encontraram,
É assim que ainda me sinto,
E sinto cada vez mais forte.
Eu quero amá-lo para sempre,
Você ainda acende o fogo.)

No primeiro aniversário de YoungHo que fora devidamente comemorado, ele passou com o Wong, este que na madrugada daquele dia pulou a janela de seu quarto apenas para correr até a moradia do melhor amigo, levando numa mochila um bolo comprado por Yukhei e alguns docinhos. Atrás do pequeno barracão onde o Seo residia, naquele dia uma bela fogueira fora acesa, a câmera que como sempre estava com eles, registrou aquele momento como o primeiro de muitos olhares significativos. Johnny que até então, nunca tiveram um dia especial dedicado à seu aniversário, carregava em suas orbes naquele dia o verdadeiro significado de gratidão e apenas dava início ao sentimento de saber como era ter um amigo, mais pra frente descobriria como era amá-lo e mesmo que tivesse de esperar anos para se declarar, valeria a pena tentar.

"So, if you're feeling lonely, don't!
You're the only one I'd ever want!
I only wanna make it go
So, if I love you
A little more than I should..."

(Então, se você estiver se sentindo sozinho, não se sinta!
Você é o único que eu sempre quis!
Só quero continuar assim.
Então, se eu o amo,
Um pouco mais do que deveria...)

Hendery não sabia como, mas todas as fitas de vídeo cassete que aquela velha filmadora possuía estava sendo reproduzida ali num mini filme. Era como se sua vida inteira passasse diante de seus olhos e somente agora se desse conta do quanto esteve cego nos últimos anos. Agora enquanto Johnny cantava por de trás do vídeo, KunHang tinha a chance de relembrar o dia em que o Seo apareceu na janela do seu quarto com uma caixinha e dentro desta vinha com um lacinho no pescoço o seu tão amado gatinho Leon e enquanto ouvia o áudio do vídeo se misturar com a música, ele percebeu o quanto sentia saudades do bichano, de brinde veio a voz do loiro dizendo naquele dia: "quando se sentir sozinho aqui e eu não estiver por perto, lembre-se de que Leon lhe ouvirá por mim".

"Please, forgive me.
I know not what I do,
Please, forgive me.
I can't stop loving you,
Don't deny me.
This pain I'm going through...
Please, forgive me.
If I need you like I do,
Please, believe me.
Every word I say is true,
Please, forgive me.
I can't stop loving you."

(Por favor, perdoe-me.
Não sei o que faço,
Por favor, perdoe-me.
Não posso parar de amá-lo,
Não me negue.
Essa dor que estou sentindo...
Por favor, perdoe-me.
Se eu preciso de você tanto assim,
Por favor, acredite em mim.
Cada palavra que eu digo é verdade,
Por favor, perdoe-me.
Não posso parar de amá-lo.)

O chinês lembraria de perguntar ao americano que milagre ele fizera com a câmera naquele dia chuvoso que agora o refletor lhe mostrava. Fora um dos raros dias em que eles estavam brigados, John costumava dizer que o universo sentia quando ambos estavam tristes pelas brigas, pois o céu chorava especialmente nesses dias e era verdade, sempre que um atrito ocorria entre eles as nuvens despencavam-se em gotas profundamente grossas e intermináveis de água. Lá estavam eles ensopados se abraçando na chuva enquanto as lágrimas de arrependimento se misturavam as gotículas molhadas e desculpavam-se, prometendo nunca mais brigarem. No entanto, bastava apenas alguns dias a mais e tudo voltava a se repetir. Mas afinal, o que é uma amizade de verdade sem algumas pequenas e grandes discussões, não é mesmo?

"Still feels like our best times together,
Feels like the first touch.
We're still getting closer, baby.
Can't get close enough,
I'm still holding on,
You're still number one."

(Ainda parece nossos melhores momentos juntos,
Parece o primeiro toque.
Estamos cada vez mais próximos, amor.
Mas não próximos o bastante,
Ainda estou suportando,
Você ainda é o número um.)

Lá estava ele. O dia de maior orgulho de Johnny: o dia que saiu na porrada com um valentão da escola de Hendery para livrar o pequeno dos bullyings praticados por ele. A cicatriz no cantinho dos lábios que até hoje não sumira? Ele carregava com muito orgulho. Sentado sobre o acolchoado da cama o americano era cuidado por KunHang que tinha em mãos um pano molhado e ali de lado ele deixava a postos um pequeno pote com água morna junto da caixinha de primeiros socorros. O loiro filmava todo o processo de limpeza que o - naquela época - moreno fazia em si com um sorriso nos lábios, demonstrando o quão cheio de si estava. Naquela noite a câmera ficara por horas ligada, pois esqueceram-se completamente dela ao que deitaram-se de conchinha sobre a cama e adormeceram. Lembraram-se dela apenas na manhã seguinte, quando por fio de minutos o pai de Hendery não pegou-os no flagra dormindo abraçadinhos.

"I remember the smell of your skin.
I remember everything.
I remember all your moves,
I remember you, yeah.
I remember the night,
You know I still do!"

(Lembro-me do cheiro da sua pele.
Lembro-me de tudo.
Lembro-me de todos os seus movimentos,
Lembro-me de você, sim.
Lembro-me da noite,
Você sabe que eu ainda lembro!)

Atrás de KunHang, Johnny lhe observava e quando este virou para fitá-lo com o rosto coberto em lágrimas - estas que mal percebera estar escorrendo -, lá estava ele com uma rosa presa entre o sorriso. O menino tomou-a em mãos e o americano tomou a ele com os braços. Dançavam, sim. Enquanto o Wong decidia se chorava, sorria ou soluçava, YoungHo aconchegava-o em seu peito, ritmando passadas lentas e balançares de corpos, enquanto em seu ouvido sussurrava a letra agora duplamente cantada por si. A flor entre eles era regada sutilmente pelas grossas gotas salgadas que os olhos do pequeno expeliam, enquanto este silenciosamente mentalizava que mais tarde teria de beber muita água para poder repô-las de tantas que havia derramado.

"So, if you're feeling lonely, don't!
You're the only one I'd ever want!
I only wanna make it go.
So, if I love you,
A little more than I should..."

(Então, se você estiver se sentindo sozinho, não se sinta!
Você é o único que eu sempre quis!
Só quero continuar assim.
Então, se eu te amo,
Um pouco mais do que eu deveria...)

Carinhosamente o Seo segurou-lhe o rosto e com seus grandes polegares secou-lhe as lágrimas, a pontinha de seu nariz fora levemente selada pelos lábios cheinhos do americano antes de ambos partilharem de um gracioso beijinho de esquimó. Não dava pra imaginar que três minutos de uma única música poderia deixá-lo tão desconcertado como estava, ao virar-se de volta para o telão o menino sentiu sua cintura ser envolvida por um par de braços aconchegantes e seu ombro pesou ao ter o queixo alheio apoiado ali.

"Please, forgive me.
I know not what I do,
Please, forgive me.
I can't stop loving you,
Don't deny me.
This pain I'm going through...
Please, forgive me.
If I need you like I do,
Please, believe me.
Every word I say is true,
Please, forgive me.
I can't stop loving you."

(Por favor, perdoe-me.
Não sei o que faço,
Por favor, perdoe-me.
Não posso parar de amá-lo,
Não me negue.
Essa dor que estou sentindo...
Por favor, perdoe-me.
Se eu preciso de você tanto assim,
Por favor, acredite em mim.
Cada palavra que eu digo é verdade,
Por favor, perdoe-me.
Não posso parar de amá-lo.)

John uniu suas mãos as do menino e pôde ver assim o quão perfeita ambas ficavam juntas, feitas na metragem correta para sempre parecerem melhores quando entrelaçadas. Até mesmo os corpos foram modelados para se encaixarem perfeitamente e no refletor aqueles beijos filmados que vinham trocando nos últimos dias também possuíam a imagem perfeita de suas bocas abraçando-se uma a outra com perfeição como se fossem condecoradas sobre uma perfeita medida.

"The one thing I'm sure of,
Is the way we make love!
The one thing I depend on,
Is for us to stay strong.
With every word and every breath, I'm praying,
That's why I'm saying..."

(A única coisa que eu tenho,
É a nossa forma de fazer amor!
A única coisa da qual dependo,
É de nós continuarmos fortes.
Com cada palavra, cada respiração, estou rezando,
É por isso que estou dizendo...)

Os dois ali estavam começando a compreender que eram como duas retas paralelas. Dizem que elas não se encontram, mas se observadas do ângulo correto, elas sempre estiveram juntas pois permanecem sempre uma ao lado da outra e trilhando todo o tempo o mesmo caminho. A junção de Johnny e Hendery era assim, sempre foram impedidos de estarem juntos, mas no fim das contas sempre estiveram lado a lado independentemente das circunstâncias.

"Please, forgive me,
I know not what I do.
Please, forgive me,
I can't stop loving you.
Don't deny me,
This pain I'm going through...
Please, forgive me,
If I need you like I do.
Baby, believe me.
Every word I say is true,
Please, forgive me.
If I can't stop loving you,
Never leave me.
I don't know what I'd do,
Please, forgive me.
I can't stop loving you."

(Por favor, perdoe-me,
Não sei o que faço.
Por favor, perdoe-me,
Não posso parar de amá-lo.
Não me negue,
Essa dor que estou sentindo...
Por favor, perdoe-me,
Se eu preciso de você tanto assim.
Amor, acredite em mim,
Cada palavra que eu digo é verdade,
Por favor, perdoe-me.
Se eu não posso parar de amá-lo,
Nunca me deixe.
Eu não sei o que faria,
Por favor, perdoe-me.
Não posso parar de amá-lo.)

O vídeo chegava ao fim. As filmagens cessavam e lá estava YoungHo de novo, desta vez Ten e TaeYong estavam de prontidão um de cada lado seu, apoiados na parte de trás do sofá onde o americano sentava trocando um olhar significativo entre si, só então KunHang se dera conta do quão envolvidos o casal estivera naquilo tudo, todo esse tempo. As últimas notas do violão foram tocadas.

"Yeah! I can't stop loving you."

(Yeah! Não posso parar de amá-lo.)

- Me perdoa por não ser bom o bastante... Mas, até o fim dos tempos espero ter sido suficiente. - Ele deixou o instrumento de lado e aproximou-se da câmera, seus lábios formaram um biquinho adorável enquanto sua mão livre batia contra esses mandando para o rosado milhões de beijinhos, estes que só cessaram quando o loiro acenou e disse uma última coisa: - Eu te amo, pequeno.

Sim, KunHang se encontrava em lágrimas pela segunda vez. Virou-se com uma falsa fúria para o homem atrás de sim e estapeou-o várias vezes, fracamente, então parou e o encarou entre soluços.

- C-Como pode dizer que não é bom o suficiente? - Manhou cruzando os braços e em frente ao peito. - Você é muito mais do que eu mereço, seu marmanjo bobão! - Johnny apenas gargalhava não tardando a se reaproximar.

- Hey, angel! - Chamou. - Eu não tenho um anel super caro para dar a você, embora saiba que mereça bem mais do que apenas um. No entanto, só me resta esperar que pra você meu coração e isto... - Tirou do bolso um pequeno bolo de linha vermelho, em cada uma de suas pontas um nózinho fora dado e dentro daquelas pequenas aberturas cabiam sob medida o mindinho de uma pessoa. Um YoungHo encaixou no seu próprio dedinho o outro ele cuidadosamente pôs no de Hendery. - Sejam suficientes. "Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se. Independentemente do tempo, lugar ou circunstâncias, o fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir". - Com os olhos vermelhos o rosado olhava a linha presa em sua mão e que percorria um caminho até a do loiro, numa questão de segundos ele viu seu melhor amigo ajoelhar-se a sua frente, o mindinho enroscado ao fiozinho estendido para si. - Agora que descobrimos sempre estivemos interligados, venho até você pedir para que faça-me seu e que se permita ser meu... Príncipe, me perdoa se estiver fazendo isso da maneira e na hora errada, mas... Você aceita deixar o termo "melhor amigo" no passado e passar a ser oficialmente meu namorado?

Segura as pontas aí, seu leitor molenga, era pra apenas Hendery estar chorando, seca essas lágrimas!

- Johnny... - O Wong juntou os dedinhos, mal tinha fôlego para formular uma resposta descente. - Eu sempre fui seu. - Ajoelhou-se em frente ao americano e bateu sua mãozinha livre sobre o lado esquerdo do peito deste, indicando o coração alheio, que batia forte e sem controle de velocidade ali dentro. - E isto, pra mim... É bem mais do que apenas suficiente.

The End.

🌼

E assim chega ao fim nossa queridissíma 90's Love.

Estou aqui pra me despedir de vocês e também agradecê-los, foram 6 capítulos de muita diversão e carinho, os comentários de vocês eram sempre minha dose mais importante de seretonina, tudo que eu precisava pra ter um dia simplesmente incrível.

Agora somos 1,2K de leituras, e como eu já havia dito lá no início, eu jamais esperaria tamanha quantidade de views, mas já que ultrapassamos a meta não desistam de mim, pois o extra virá, ok? Na verdade serão dois. Um para agradecer pelos 1K e outro para dizer que eu pra caralho vocês, ok?

Eu estava aqui pensando, vocês topariam fazer uma espécie de entrevista com a nossa autora e com os personagens? Como funcionaria? Bem, vocês mandariam perguntinhas aqui nos comentários para mim e para os personagens (qualquer um deles) e em forma de um terceiro extra essas questões seriam respondidas, por eles e por mim (meio que como se eu pudesse literalmente me encontrar com eles, entrevista-los e ser entrevistada e o cap seria narrado como qualquer outro).

E aí, topam? Se sim, deixe aqui o seu "topo" que logo mais eu estarei disponibilizando um capítulo exclusivo para vocês perguntarem, pode ser?

Gente... Não pode beijo porque estamos numa situação pandemica, mas... FODA-SE! BEIJÃO PRA TODOS VOCÊS!!! Sério, muito obrigada, por lerem e principalmente votarem e comentarem, vocês não tem idéia do quanto vocês me incentivam a não desistir. Se você é um leitor fantasma, não votou, nem comentou ou me seguiu, aproveita a oportunidade e me segue porque logo mais virão muitas outras obras pra vocês disfrutarem, sim?

Ah, e a música cantada pelo Johnny é Please Forgive Me do Bryan Adams - tem na playlist de duas músicas que eu fiz pra 90's Love, o link pro meu perfil do Spotify tá na Bio -.

Bem, eu vou ficando por aqui, é o término de 90sL mas não se preocupem, ainda não é o fim. (Sarah você tá bugando os poucos neorônios que seus leitores têm, poxa.) Até logo, docinhos!

Arrivederce! Bye Bye! I love you, muchachos!

Momentinho desabafo: essa autora aqui vai sentir tanta saudades de vocês quanto ela sente do HyunJin e do Mingi, ok? (Entendedores entenderão.)

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