Oi, ma belles. Gostaria de agradecer pelas 10k de leitura e pelos 1k de votos.
Vocês não sabem o quanto isso é importante pra mim.
Então, pra agradecer, trouxe a parte 2 que tanto pediram. Aproveitem.
Amo muito vocês, obrigada, mesmo.
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O chão era gelado. O cinza era mórbido, como todo aquele lugar. O cheiro de sangue, não só próprio mas como também de Cassian e Azriel, dava raiva.
Os amigos foram machucados. A irmã estava presa. Todos caíram em uma emboscada.
Faye estava perdida. Não conseguia se concentrar. Mas o corpo inteiro da mulher travou quando Feyre gritou por ela. Não demorou muito para que realmente acordasse e então lutasse, para viver, como sempre fez.
Os pulmões estavam sem ar, mas continuaria. Se virou rapidamente, dando uma rasteira naquele que estava atrás de si. O olhar do homem se encontrou com o próprio.
Reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar depois de tanto o ver no dedo de Amarantha.
Jurian caiu e se chocou contra o chão, dsndo espaço para Morrigan se mover e pegar a espada dele.
Faye se levantou e gritou com isso.
As amarras foram postas em braços e pernas da mulher.
O feitiço a fez gritar com a dor.
Os olhos dela queimavam de ódio enquanto olhava para Hybern.
"Continue ajoelhada e lhe pouparei."
A voz a fez ter ainda mais raiva.
Ela queria voar no pescoço do Rei e o estraçalhar com os próprios dentes.
Mas não conseguia ao menos falar.
Apenas escutar os gritos da irmã.
Agora, parecia estar em ainda mais desespero.
Pensei que não poderia respirar sem você
Eu estou inalando
Você pensou que eu não poderia ver sem você
Visão perfeita
Você pensou que eu não poderia durar sem você
Mas estou durando
Você pensou que eu morreria sem você
Mas eu estou vivendo
Faye Archeron voava com o olhar por todo o salão, vendo então, duas figuras aparecerem.
Tamlin e Lucien.
Viu como a irmã foi tratada. Feyre não passava de uma recompensa para Tamlin. Um troféu de vitória que ele queria ter para si como objeto para mostrar a todos.
E faria isso se pudesse.
"Não."
Poderia dizer que foi baixa. Porém áspera. O hálito de Faye saiu queimando todo seu interior. Pelo fogo de caos que tinha.
A atenção foi toda para ela.
Aquilo que a prendia, se aconchegou, como lindas pulseiras.
Amarras agora submissas. Feitiço inútil contra aquela que sempre esteve presa dentro de si.
A casca que Faye era estava se quebrando.
"Não mesmo."
Ela riu, um riso de escárnio.
O rei rosnou. Como a besta que realmente era.
A Archeron apertou as mãos e sem dificuldade agora, se levantou.
Os olhos mudaram de cor.
De dentro da mulher, saia sua verdadeira forma.
O caos, o ódio e a morte, toda a raiva, dor e sacrifício, tudo o que representava a perda, a força interna, cada camada se abrindo.
Pensei que eu iria falhar sem você
Mas eu estou no topo
Pensei que seria até agora
Mas não vai parar
Pensei que eu iria me auto destruir
Mas ainda estou aqui
Mesmo nos meus anos vindouros
Eu ainda vou estar aqui
"Eu sou Faye Archeron. E eu não me ajoelho perante a ninguém. Ainda mais um verme insignificante que nem você, Hybern."
Como um chicote formado. Ela bateu contra o piso que sentiu nojo assim que viu.
A espécie de poder com cor vinho escura circulou pelo salão.
Ela tratou dos ferimentos dos companheiros, tirando os feitiços de todos.
"Você nunca será um rei perto de mim."
Umideceu os lábios, as garras voando para o pescoço de Hybern, o prendendo contra o trono e machucando aquela parte do mesmo.
"Queria guerra. E agora terá. Contra mim e somente a mim, porra!"
Gritou com anos de remorso no peito.
Os olhos escuros de Faye davam medo a qualquer um.
O vazio dentro dela angustiava até os que menos tinham sentimentos.
Eu sou um sobrevivente
Eu não vou desistir
Eu não vou parar
Eu vou trabalhar mais
Eu sou um sobrevivente
Eu vou fazer isso
Eu sobreviverei
Continue sobrevivendo
O caos sempre reina nos mais quebrados.
Aqueles que não tem luz.
Aqueles que o sangue foi esquentado apenas na luta e não no aconchego.
E ela sempre foi uma peça quebrada.
A que consertava todos mas não tinha a luz verdadeira.
Então, admirou a escuridão e a teve como sua.
A escuridão tocou o coração de Faye durante todos os acontecimentos.
O enlouquecimento na Corte Primaveril, sendo mantida em cativeiro por Tamlin e Lucien.
O modo que se culpava pelo o que aconteceu com a irmã.
Não conseguir controlar os poderes e ver que tinham medo de si.
Mas agora ela daria um motivo.
Até porque.
O mar recoou perante sua voz.
A terra tremeu com seu levantar.
O ar a fez voar atrás da liberdade.
E o fogo? Ela era o fogo.
E se ela envolvesse Prythian consigo mesma, poderia chamar tudo aquilo de uma obra de arte.
Porque Faye, era uma Archeron.
Assim como a irmã.
Era abençoada. Quebradora de maldição.
Era a raiva de todos.
Ela era a Rainha do Vazio e a Feiticeira do Caos.
A dona daquilo que todos sentiam mas nunca admitiam.
Eu sou um sobrevivente
Eu não vou desistir
Eu não vou parar
Eu vou trabalhar mais
Eu sou um sobrevivente
Eu vou fazer isso
Eu sobreviverei
Continue sobrevivendo
Sentiu a dor chegando.
A espada perfurando sua barriga.
Mas não se moveu, continuou a enforcar o rei.
Ela conseguiria.
"Você acha mesmo que irá me matar assim, querido."
Se virou para o homem. Encarando Jurian novamente.
Abriu um sorriso ladino com a surpresa que teve.
Mordeu o lábio inferior com a ponte criada nas mentes.
E adorou.
Adorou ter acesso a ele por inteiro.
"Vamos, me mate."
Pediu.
Era um desafio.
Mas também uma suplica.
Uma suplica mais do que verdadeira.
Sangue pode sair da boca dela.
Faye agradeceu a Mãe pela oportunidade.
Não podia ir ainda então, apenas retirou a espada de si. Não conseguindo se curar.
As coisas aconteciam rápido.
A visão ficava escura.
Hybern foi dominado e estava quase desacordado.
"Não faça nada com minhas irmãs novamente. Ou, terminarei de te matar."
Conseguiu falar. Só observando depois Nestha e Elain abraçadas no chão.
Ela quebrou os feitiços e quando tiveram uma brecha no tempo, atravessaram de volta para Velaris.
Mas, Faye não.
A mente dela continuou lá quando desmaiou e foi pega por Azriel.
[...]
A guerra era inevitável.
Assim como tudo o que aconteceu com Nestha e Elain.
E Faye havia tentado tanto.
Havia lutado tanto.
Sempre fez de tudo para que nenhuma das irmãs sofresse.
Ela morreu.
Por dentro e por fora.
Mais de uma vez ela fez isso.
E faria quantas vezes fosse necessário.
Mas não conseguia deixar de se transtornar perante a ideia que falhou.
Feyre teve que ser levada pouco depois de chegarem a Velaris. Pelo o acordo que Tamlin fez com o Rei.
Sua irmã foi levada de si. E ela pegaria de volta. Assim como a primeira vez.
E não demorou muito para se recuperar e ir sem a permissão de Rhysand.
Não precisava disso.
Não quando pós os pés na Primaveril com apenas uma tentativa de atravessar e sem se cansar.
Eu estou sempre pronto pra mais uma guerra
Passar por esse caminho novamente
É tudo a mesma coisa
Eu estou sempre pronto pra tirar mais uma vida
Você sabe que eu irei novamente
É tudo a mesma coisa.
Agora ela estava mais forte.
Agora ela podia tudo.
Podia por todos.
E seria por todos.
E começou entrando na Mansão.
Destruindo as portas e sendo recebida por Jurian, Tamlin, Lucien, dois outros desconhecidos e Feyre.
"Saudades?"
Abriu um sorriso. Olhando para a irmã.
Estalou os dedos, aquela magia antiga saindo de si novamente.
"Você não cansa, não é mesmo, Tamlin?"
Cantarolou, andando alguns passos, vendo os hybernianos tentarem a atacar com poderes daemati e serem derrubados facilmente.
"Você destrói as pessoas e ainda assim, vai atrás delas para tentar as ter como troféu e colocar elas como culpadas. Fez isso com Rhysand também né, idiota?"
Abriu um sorriso. Andando até Jurian e tocando no peitoral dele.
"Gostava mais de você quando estava no anel de Amarantha."
Revirou os olhos e pela mente negou isso.
Sabia do teatrinho de Jurian. E contou a todos assim que soube.
Assim que descobriu que ele era seu parceiro.
E desde então, vem o ajudando com milhares de problemas.
Me diga, quem vai me salvar de mim mesmo?
Quando essa vida é tudo que eu conheço
Me diga, quem vai me salvar deste inferno?
Sem você, estou completamente sozinho
"E você parecia mais interessante morta no chão do salão dela..."
Ele riu também.
Faye se moveu rapidamente, o derrubando de joelhos agora.
"Se ajoelhe perante a sua Rainha."
A voz era baixa. Uma ordem pessoal quando puxou a cabeça dele para trás com um puxão nos fios de cabelo.
Parou rapidamente o teatrinho.
Para que nada ficasse evidente.
O laço de parceria e tudo o que tinham.
Se virou para Feyre e foi abraçar a irmã. A segurando nos braços como uma criança.
Para a proteger de todo o mal do mundo.
"Já sabe que ficarei aqui. Todos os dias. Porque a protegerei de você diante tudo e todos. Principalmente você, Tamlin. E você, raposa."
Era difícil os encarar. Principalmente Lucien.
Uma traição era sempre difícil de encarar.
Ainda mais vindo de um amigo que você morreu para que ele pudesse viver.
Quem vai orar por mim?
Levar minha dor embora por mim?
Salvar minha alma por mim?
Porque eu estou sozinho, você sabe
Se eu for morrer por você
Se eu for matar por você
Então eu derramarei este sangue por você.
Era verdade e sempre seria.
Mesmo que difíceis, os dias ali, foram ótimos por saber que estava protegendo Feyre e que poderia ver Jurian por poucos momentos durante uma fuga a noite.
Planejar fugas e planos contra as armadas.
Pegar informações escondidas com seus poderes.
Repassar informações para as sombras, sabendo que talvez chegasse em Az.
Todo movimento era preciso e bem calculado.
Até aquele momento. O que tinham de realmente sair e tudo se complicou.
Ianthe atrapalhando.
Os irmãos.
Lucien e você mesma entrando em pânico quando Feyre ficou sem poderes.
Não conseguia se controlar tão perfeitamente.
Mas no momento, aprendera tudo novamente.
Os ensinamentos de Amren.
As leituras no Livro dos Sopros e o pouco que conseguiu conversar com o Caldeirão.
"Já sabem perfeitamente quem eu sou. Então, não. Não adianta tentarem correr."
Eu luto contra o mundo, luto contra você, luto contra mim mesmo
Eu luto contra a Mãe, só me diga quantos fardos mais terei que aguentar
Eu luto contra a dor e contra furacões, hoje eu chorei
Estou tentando lutar contra as lágrimas, uma inundação à minha porta
Vivendo o inferno da Terra, poças de sangue nas ruas
Os terremotos, os corpos caem, o chão se parte
Os pobres fogem com fumaça nos pulmões e cicatrizes
Quem precisa de um herói?
A cabeça dos dois foi posta por você como um prêmio. Fincadas no galho.
Em Ianthe, seu trabalho foi perfeito.
Como castigo, cortou os cabelos da "pura", lançando também uma maldição sobre ela.
"A mais bela de todas terá seu interior podre revelado. Como uma maçã vermelha e nojenta no fundo..."
Palavras tem poder.
E quando você é o poder.
Elas se tornam ainda mais precisas e ótimas para serem usadas.
Atitudes são necessárias.
Vindo de alguém que não tinha medo de morrer e ainda admirava essa escolha.
Alguém que não temia nada além de si própria.
Atitudes eram ótimas sempre.
E teve ao decidir como iriam para o norte.
Os encontros com os irmãos nojentos de Lucien foram complicados por estarem fracos.
Porém, no final, tudo sempre da certo com os "passarinhos" azul e o vermelho.
Se você precisa de um herói, olho no espelho, aí está seu herói
Quem está na linha de frente dos piores pontos de destruição?
Eu não tenho palpitações, mesmo quando os tempos difíceis me atingem
Destruição em massa e corrupção em massa
As almas são de homens que sofrem
Pregando a ouvidos surdos mais uma vez, o julgamento final está chegando
Está tudo na profecia e se eu tiver que ser sacrificado pelo bem maior
Então é assim que será
Feyre estava segura.
Elain estava se acabando.
Nestha não era diferente.
Sua promessa foi cuidar de todas e assim seria.
Se aproximando de cada uma.
Ajudando Elain a conversar, comer, dormir direito, plantar novamente, se abrir, ir até Lucien e deixar de temer.
Arriscando com Nestha. Passando o tempo com ela. Aconchegando a irmã. Reconfortando ela sobre tudo o que já viu, passou e sentiu. Também a ajudando com os poderes, apenas para que no final, todas estivessem bem e novamente unidas.
Mas.
Não era seu caso.
Porque ainda assim... Ia dormir chorando. Ou nem dormir.
Comer era uma tarefa difícil, se lembrando da prisão de Amarantha.
Ficar no escuro a dava medo.
Fechar os olhos lembrava da morte.
Qualquer homem a fazia temer por o que um dos guardas tentou fazer com ela.
O espelho era a pior coisa de se enfrentar.
Porque Faye nunca soube quem era seu eu verdadeiro.
E talvez nunca saberia.
Não como estavam. Não com o passaram e enfrentaram em Hybern e logo depois.
Com a Reunião dos Grão-Senhores e outros ataques, onde sempre estava presente para proteger a todos mas onde ninguém nunca protegia a mesma.
Quem vai orar por mim?
Levar minha dor embora por mim?
Salvar minha alma por mim?
Porque eu estou sozinho, você sabe
Se eu for morrer por você
Se eu for matar por você
Então eu derramarei este sangue por você.
Durante a guerra isso só se provou mais.
Era Faye e apenas Faye.
Depois de ter resgatado Elain.
Depois de ter fugido para tirar um tempo próprio.
Quando recorreu para o Uroboro que Feyre havia pego.
Havia o reivindicar. Apenas para ver o próprio futuro. Quem era de verdade.
Não era algo bonito.
Ela o vazio que sempre sentirá.
A criatura por trás era como uma grande cobra. Uma cobra com belas escamas vinho e olhos negros.
Uma cobra, ela mesma. A própria armadilha.
Essa era Faye Archeron.
Uma criatura rápida, venenosa e que se arriscava.
E seria até o final.
Assumindo todo o poder que tinha.
Deixando a pequena casca que era de lado. E se juntando.
Na linha de frente Faye Archeron pousou.
Entalhador de Ossos, Tecelã, Bryaxis e aqueles que temiam se curvaram.
Perante a Feiticeira da Noite. Receptora do Caos e Vazio.
Rainha da Escuridão e Dor.
A armadura negra, com asas enormes em cor vinho apenas mostrava quem era de verdade.
Cabelos agora platinados e olhos negros.
Viveria por si. E pelo futuro próprio.
Por tudo o que lhe foi mostrado no espelho.
Faye Archeron nunca precisou se ajoelhar e temer, então, não faria isso agora. E nunca mais seria obrigada a tal ato.
Caso minha fé falhe
Eu sigo minha própria lei
Eu sigo sozinho