Harry chegou adiantado no parque. Olhou mais uma vez seu reflexo na janela de um carro e checou o relógio. 14:54h. Sentou no banco e sentiu a brisa gelada afastar os cachos de seu rosto.
15:00h.
15:27h.
Ele estava se levantando para ir embora quando um garoto de uns 16 anos se aproximou. Tinha os olhos azuis inchados, provavelmente por ter chorado, cabelos castanhos e vestígios do que seria o começo de uma barba. Ele era adorável. O menino se aproximou mais um pouco e sentou ao lado de Harry sem dizer uma única palavra.
"Louis?" Ele já sabia a resposta, mas tinha que perguntar mesmo assim. E, quando o menino assentiu, por mais que Harry já soubesse, seu coração bateu mais forte.
Eles ficaram sentados pelo que pareceu uma eternidade, um em cada extremo do banco. Então Louis começou a chorar. Harry chegou mais perto, mas sem ousar tocar no pequeno; não queria deixá-lo assustado.
"Foi minha culpa..." Louis repetia em posição fetal.
Os dois estavam com as mãos próximas. O suficiente para que Harry a tocasse sem parecer desesperado. Sua mão cobriu totalmente a mãozinha de Louis, que olhou surpreso nos olhos do mais velho, mas logo desviando o olhar de novo.
"Lou?" Harry perguntou, acariciando a mão do outro, que corou e se encolheu ainda mais. "Lou, por favor, olhe para mim."
O garoto não olhou, e Harry decidiu que era melhor não insistir.
"Eu só queria te dizer que hoje é segunda-feira. E eu espero que você ainda considere hoje um dia feliz, porque apesar de tudo, para mim está sendo." O mais velho tirou uma pulseira rosa um pouco desbotada de seu bolso, mostrando-a para Louis, que ainda mantinha a cabeça abaixada. Mas ele levantou o olhar para encarar o presente. Harry podia jurar que viu brilho por detrás das lágrimas e isso o fez sorrir de lado.
Louis levou a mão trêmula até o objeto e Harry a colocou em seu pulso. Ele podia ver as cicatrizes.
"Não importa o que você tenha feito." Harry continuou. "Não importa se é sua culpa ou não, eu sei que você não fez a propósito. Eu sei que o garoto que escreve cartas e chora vendo Skins não seria capaz de fazer nada de ruim."
Louis agora o olhava nos olhos, às vezes desviando para o chão.
"Você é importante. E hoje é segunda-feira, e hoje é um dia feliz. Eu estou feliz, Louis. Por favor, fique feliz."
O menor sorriu fraco, involuntariamente. Harry notou e sorriu também. "Viu? Assim é bem melhor, Lou."
Eles ainda não se tocavam mais do que as mãos, mas Harry não poderia pedir mais nada no mundo naquele momento.