Rainha das trevas

By Sophie_Spellman

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Um reino onde bruxos são condenados a morte. A rainha que governava de forma bruta morre envenenada. Chegou a... More

Segredos
Coroação
A verdade nua e crua
Procurada
O baile
O acidente
Execução
O encontro
O remédio

Rainha Gabrielle

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By Sophie_Spellman

Eu nunca quis que ela morresse, mas também não queria ela como madrasta ou rainha. Brincadeira, eu queria que ela morresse.

Minha agenda era a mesma durante a semana. Café da manhã às 07:30, aulas até 11:30 e o almoço. Depois eu tinha treinos de arco e flecha, montaria, nado e sobrevivência a selva. O resto do dia era tempo livre, mas eu não podia sair do terreno do castelo. Nesse tempo, eu lia livros da biblioteca, tocava instrumentos, pintava, ou jogava xadrez com minha irmã. Mas naquele dia, eu não achava graça em nada que eu fazia, só queria sair do castelo, ver o mundo, então eu fui até os jardins, onde Selena se encontrava. Ela alisava seu vestido verde claro sem mangas e admirava a paisagem.

- Lena, eu tive uma ideia, vamos experimentar algo novo.

Lena olhou para mim, ela sabia que o que iriamos fazer não era certo.

- O que tem em mente?

- Vamos ir até o vilarejo, nós não vamos lá desde que papai morreu.

Eu e Selena éramos filhas do mesmo pai, mas não da mesma mãe. Minha mãe, a ex rainha Susana, morreu quando me deu a luz. Dois anos depois, papai se casou com Gabrielle e tiveram Selena. Papai morreu com uma febre muito forte quando eu tinha 10 anos e Gabrielle se tornou a rainha. Ela nunca mais deixou a gente sair do castelo e mudou muitas coisas. Não posso falar que ela é uma boa mãe pra mim, praticamente nem liga. Mas ela se importa muito com Selena, mas não é ela que vai reinar o nosso país.

- Tem certeza que é uma boa ideia?

- O que pode dar errado? Pegamos nossos cavalos na baia e saímos pelo portão lateral disfarçados de empregados. Simples assim. Sua mãe vai ficar em uma reunião o dia inteiro com o conselho, ninguém vai notar nossa ausência.

- Luna, ela é nossa mãe – Lena diz ajeitando meus cabelos. Meus cabelos são pretos como a noite, os delas são loiros como o dia, minha pele é pálida como a lua, a dela é bronzeada como o sol. Seus olhos são verdes como a vida, os meus são cinzas como a morte. Ela é bem mais bonita que eu, meu pai brincava que ela era o sol e eu era a lua. Lena é uma irmã muito boa e eu amo muito ela. A garota é doce, cheia de vida, divertida, amorosa e sempre me faz rir, mas ela é muito inocente, não quer ver o que tem atrás da cortina, ela gosta da cortina.

- Ok, te encontro na baia dos cavalos daqui a uma hora.

...

Uma hora depois eu espero Selena no celeiro. Meu vestido simples de empregada cai bem em mim, melhor até do que os vestidos pomposos que a rainha nos faz usar. Pego meu cavalo da cela. Ele é alto e nobre. Sua pelagem é negra e sua crina é gigante. Seu nome é Mazen. Poucos minutos depois Lena chega com sua roupa simples e com um chapéu com uma fita rosa.

- Como estou?

- Linda – respondo.

Ela monta em sua égua branca chamada Jordan e cavalgamos juntas pelas estradas de terra que passam pela floresta a caminho do vilarejo.

- Vamos apostar uma corrida? Como nos velhos tempos.

- Você vai ganhar de qualquer jeito – ela responde.

Saio em disparada. O vento fresco com cheiro de pinheiro bate na minha pele. Não sentia aquilo a muito tempo. Tiro as mãos da rédea de Maven e abro os braços. Dou um grito de felicidade e continuo a galopar. Depois de algum tempo eu chego a ponte de pedra que leva ao vilarejo e paro. Lena chega logo depois.

- Pelo visto você continua treinando em?

- Não tem nada pra fazer naquele castelo – digo.

Cavalgamos juntas pela ponte e quando chegamos no vilarejo, nos deparamos com um lugar sujo, fedorento, pobre e triste. Não tinha quase ninguém nas ruas, a maioria dos plebeus entraram em casa quando chegamos.

- O vilarejo nunca foi assim, ele era alegre, cheio de gente sorrindo, cheio de árvores – Lena diz.

Ando até uma cruz perto da igreja e vejo três mulheres acorrentadas à cruz e uma delas é só uma criança. Em uma placa estava escrito:

O aldeão que capturar uma bruxa recebe 300 bronzes.

Bruxas! Aquelas mulheres foram acusadas de bruxaria! Mas aquilo não era justo. As bruxas nunca mais tinham sido vistas e agora eles estavam caçando elas. Vejo uma mulher carregando um carrinho cheio de leite e pergunto a ela:

- Com licença, quando essas mulheres vão ser condenadas?

- Hoje a noite – a velha disse rouca – Elas vão ser queimadas.

- Mas eu pensava que as bruxas tinham sumido quando o meu p...Quer dizer, o rei Omir estava no trono.

- Ah minha criança, as coisas mudaram, e agora aquela megera está no trono. Viu o que ela fez com o reino? É tudo culpa dela.

Selena se remexeu no cavalo e disse:

- Luna, acho melhor a gente ir embora.

- Espera – Eu me virei para a velha, mas ela tinha sumido. Homens começaram a sair atrás dos becos e rondar os cavalos.

- Hum, faz tempo que donzelas não aparecem por aqui – um homem ruivo diz.

- Devem ser do castelo – outro fala.

- Nós já estamos de saída – eu digo.

- Ah, mas já tão cedo, isso é falta de educação! - o ruivo diz.

Eu ouço um grito e me viro. Um homem pegou Selena do cavalo e agarra ela. Lena esperneia e grita, mas ele é mais forte. O cara pega uma adaga pontuda e pressiona ela contra o pescoço de minha irmã.

- Uhmm, sangue nobre, imagina que gosto deve ter.

O homem faz um corte no braço de Lena e o sangue vermelho escorre. Um bando de emoções invade meu corpo, raiva, ódio, nojo, principalmente ódio. Eu solto um grito muito alto e o pescoço do homem vira, ele cai morto no chão, o sangue vai pra todo lado. Pego minha irmã e ela monta em meu cavalo. Mazen sai em disparada do vilarejo em quanto eu dou uma última olhada nas mulheres sujas presas a cruz.

Depois de muito tempo, pergunto para Lena:

- Você está bem?

Era óbvio que ela não estava. A garota tremia de ponta a cabeça. No que eu fui nos meter. Era tudo minha culpa!

- O que aconteceu lá? Por que aquele homem morreu de repente?

A única resposta que veio a minha mente foi:

- Tinham bruxas perto da gente, elas devem ter feito aquilo.

Foram as únicas palavras que trocamos até chegar ao castelo. Quando saímos do celeiro, cubro Lena com a capa para que os soldados não vejam todo o sangue do homem. Mas o rastro de sangue do ferimento de Selena não ajuda. Quando chegamos ao segundo andar, um mordomo toma coragem e vai falar com a gente?

- Sua alteza está bem? De onde vem todo esse sangue? Não é melhor chamar a rainha?

- Não! Não precisamos de nada! - Eu falo alto de mais.

Paços ecoam pelos corredores e Gabrielle surge na nossa frente. Seu vestido cheio de camadas esmeralda impecável e seu coque loiro e sedutor brilha com a coroa em cima.

- Por que querem me chamar? – Ela fala, mas seus olhos vão até sua filha tremendo e fala – Selena, tire a capa.

- Não mãe, eu estou ...

- Selena, tire essa capa agora!

Ela mesma vai até a filha e arranca a capa de seu corpo. A rainha entra em choque quando vê a filha imunda de sangue.

- Levem ela até a enfermaria imediatamente, e você – ela se vira pra mim com os olhos verdes furiosos – vai ter uma conversa comigo no escritório.

....

Eu me remexo na cadeira estofada na sala cheia de livros da rainha. Ela anda em círculos até finalmente dizer:

- O que você fez!?

- Eu e Lena fomos nadar no rio e ela acabou escorregando nas pedras – minto.

- Fale a verdade! Eu sou sua rainha! – Ela me encarava, como se quisesse ler minha mente.

- Eu...eu tive a ideia de irmos até o vilarejo, então saímos escondidas. Quando chegamos lá, vários caras começaram a nos rondar. Um cara agarrou Selena e ele acabou sendo morto.

- O que? Você coloca minha filha em perigo! Vai ficar trancada em seu quarto por um mês garota. E como esse cara morreu?

- Tinha umas bruxas perto, ....

- Bruxas, não seja tola, não existe mais bruxas...

- Ah, pare de mentir – eu me levanto com raiva – eu sei muito bem que as bruxas voltaram quando você começou a governar e o que você fez com o meu povo. Todos te odeiam lá fora e eu quero saber o por quê?!

- Eu só concertei o reino que o idiota do seu pai não conseguiu reinar. Aquele imprestável, não fazia nada direito!

- Não fale assim do meu pai! – eu grito. Todas as janelas se quebram em pedaços e uma chuva de vidros cai sobre nós, mas continuamos paradas.

- Você é que nem ele e sua mãe, uma vadia idiota que não sabe fazer nada direito – a rainha vai até mim e saca uma minúscula garrafa de vidro com um líquido preto dentro - Com uma gota disso, e você terá o mesmo destino que seu pai.

- Você matou o meu... – as lagrimas começam a rolar de meus olhos – Sua vaca! – Eu só sentia ódio naquele momento, ódio puro. Mas Gabrielle foi mais rápida, ela me agarrou e colocou uma adaga na minha garganta. Forçou minha boca a abrir, mas naquele momento eu só era ódio, nem me lembrava quem eu era. A rainha começa a chacoalhar descontroladamente e espuma começou a sair da boca dela. Gabrielle me soltou e caiu no chão. Ela estava tendo uma convulsão e não havia nada que eu podia fazer. Ela para de repente e eu coloco minha mão em seu pulso, ela está morta.

      

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