Desde o Princípio - Livro 1...

By LSOliveira80

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Pode o destino entrelaçar de tal forma três caminhos ao ponto deles se cruzarem, vida após vida, causando int... More

Nota da Autora + Book Trailer e Aesthetics
Epígrafe
Coimbra, junho de 1849
Viarello, agosto de 1849
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Desde o Princípio - Andrógenos do século XXI
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Viarello, novembro de 1847
Coimbra, dezembro de 1847
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23

Capítulo 24

4 1 0
By LSOliveira80

V.I.P.

(ligue o som!)

Crau ligou novamente para avisar os amigos que adentrassem o estacionamento do shopping pela entrada posterior, de cargas, dizendo que já tinham deixado de sobreaviso o segurança para que os deixasse passar.

Curiosa, pois nunca tinha adentrado o local por lá, Cathy ficou atenta a tudo, avistando, no final do estacionamento coberto e mal iluminado, uma porta de elevador que devia dar para os depósitos específicos de cada loja.

Enquanto desciam do carro, Linda e Crau vieram busca-los, claro, já bastante alegrinhos por causa da champanhe, com os cumprimentos do patrão, que estavam bebendo.

Levando os parceiros de revista para o depósito, os dois se divertiram muito com o fato deles ficarem surpresos quando o adentraram, percebendo, de pronto, que eles estavam esperando por mais um depósito feio e desarrumado de fundos de loja e não pela enorme sala luxuosíssima, um lugar reservado somente para VIPs, dentro do qual um tapete vermelho, estendido da porta até o centro iluminado por um lustre de cristal que pendia do teto, levava a poltronas confortabilíssimas e trocadores muito maiores e melhor iluminados que os das lojas.

Uma mesa dourada, no meio, com tampo de vidro impecável, continha muitos catálogos, onde as modelos mais famosas do mundo posavam com os modelos de couture, os mais exclusivos das coleções.

___ Então aqui é o refúgio dos milionários! — Cathy comentou, sem demonstrar se estava encantada ou revoltada com tal exclusividade — É aqui que eles vêm pra escolher as roupas mais caras da coleção!!!

___ Mais caras, não, as mais exclusivas, por favor!!! — Linda pediu, jogando-se numa das poltronas.

___ E exclusivo não é um sinônimo para extorsivo? — Cathy provocou – Tantas modelos internacionais! Vai me convencer que se eu vestir essa peça vou ficar igual à elas?

___ Igual, não, minha amiga, melhor! — Linda ergueu a taça, brindando — Um brinde a nós, mulheres de carne e osso!!!

Ainda que fazendo careta, Kathy brindou com a amiga.

___ Ahhh, legal, você já fez o seu discurso contra toda os modismos pré-estabelecidos, agora será que pode sentar sua bunda que graças aos céus não é tamanho zero numa dessas poltronas e relaxar, por Deus!!!

Claro que a ralhada de Linda levou todos as gargalhadas.

Então, Cathy se jogou na poltrona ao seu lado, suspirando.

___ Acho que a minha bunda tamanho 40 gostou dessa poltrona, afinal... – ela brincou, sentindo a almofada macia acomoda-la com perfeição.

___ Penas de ganso, disso você entende! – Linda avisou.

___ Então acho melhor eu levantar porque se ficar pensando nos meus travesseiros, vou me lembrar que não dormi nada essa semana!

___ Que é isso, dormir é a última coisa na qual você deve pensar hoje!!! Principalmente depois de ver o que separamos para você vestir! – Crau apontou para as cortinas de veludo e Cathy se levantou, indo até lá, abrindo-as com certo cuidado, como que temerosa de alguma coisa.

Enquanto ela lutava interiormente contra a mente mais desconfiada do mundo, para permitir-se adorar o vestido colorido, descontraído e belamente cortado que os amigos tinham escolhido para ela, os três restantes conversavam animados, falando sobre o show de mais adiante.

___ Pelos deuses do Olimpo, que beleza é essa??? — Crau se levantou, fazendo-a aquela mesma saudação reverente de antes, tresloucado e exagerado como sempre — Ficou absolutamente perfeito, não acham? — claro que o estilista se voltou para Eros ao perguntar aquilo.

O fotógrafo que tinha, literalmente, salivado, desviou os olhos dela para o amigo, desejando matá-lo, e agradeceu aos céus em seguida por Linda e a própria Catharina estarem tão distraídas, falando sobre o tecido certamente macio e muito envolvente, assim como em sapatos para combinar, que não perceberam qualquer outra coisa.

Arrastando o amigo em seguida, para fazer com que ele também trocasse aquela camiseta lisa por uma mais apropriada para a noite, Crau deixou as garotas a sós e logo percebendo esse fato, Linda, que já estava absolutamente pronta e só por isso, apenas retocava a maquiagem, olhou para a jornalista que se olhava no espelho, segurando os cabelos no alto da cabeça:

___ Que foi, cospe, vai, eu sei que você está com algum veneno aí na ponta da língua, doidinha para despejar! — Cathy conhecia bem a amiga.

___ Que é isso, imagine! — Linda se fingiu ofendida — O que eu vou te dizer eu digo para o próprio, se você quiser!

___ Eu não quero nada!!! — Cathy imediatamente ficou na defensiva.

___ Porque é uma louca, no pior sentido!!! — Linda veio se sentar do lado dela — Cathy você está com a oportunidade que todas as mulheres morreriam pra ter nas mãos!!!

___ Ah não, o que foi que o Ferrari aprontou dessa vez??? — Cathy imediatamente pensou que estava caindo em alguma armadilha preparada pelo "deus" do mundo da moda — Não vai me dizer que ele vai a esse show, que foi ele quem te mandou me dar essas roupas porque eu te mato!!!

___ Não, não é nada disso!!! — Linda virou os olhos.

Antes que a amiga se voltasse para dizer qualquer absurdo que fosse dizer com relação, e agora a jornalista sabia, a Eros, Cathy recomeçou:

___ Não acha que eu devia prender? Aposto que vai estar super calor lá dentro e eu não quero esse cabelão grudando nas minhas costas! — comentou, sabendo que pedir a opinião da amiga no visual era a maneira mais fácil de fazê-la parar com aquelas ideias indiscretas ao extremo.

___ Eu tenho o acessório perfeito para você! — Linda fez exatamente o que Cathy esperava e indo abrir a bolsa, pegou uma presilha de strass prateada em seguida — Não é um luxo?

Cathy voltou a rir:

___ Não acredito que você comprou uma presilha dessas! Você nem tem cabelo para isso! — apontou para os cabelos curtos e repicados da amiga.

___ Olha só como você é errada! — Linda imediatamente se defendeu — Eu te compro um presente e você vai logo deduzindo que é puro consumismo!

Cathy ia pedir desculpas, mas, conhecendo a amiga como conhecia, sabia que ela estava mentindo:

___ Não vem com essa não, você não tinha comprado essa presilha para mim!!!

Linda gargalhou. Não tinha como escapar do radar aguçado da amiga!

___ Êita radarzinho, hein, pelo amor!!! — reclamou — Mas vê só, graças ao meu consumismo, você agora está perfeita!

Cathy sorriu, prendendo os cabelos num rabo de cavalo e levantando-se, mirou-se no espelho a frente, estudando a figura longilínea, o vestido de estampa abstrata, com muitas cores, caindo-lhe perfeitamente sobre as curvas.

___ Eu tenho alguma maquiagem na minha bolsa, mas não tenho nada suficiente para esse vestido! — ela demonstrou que gostou do que estava vendo Linda a entregou sua necessaire com os mais variados tipos das melhores maquiagens.

Ela sempre andava com tudo dentro de suas bolsas gigantes e se denominava a própria Fada Madrinha Dark.

Enquanto Cathy terminava de se arrumar, ela terminava sua taça de champanhe, reparando como aquele vestido parecia perfeito para a amiga: o decote em "v", enfatizando o busto protuberante, o cumprimento, um pouco abaixo do joelho, discreto suficiente para ser complementado com a sandália bege, de saltos grossos e altos, com flores bordadas sobre o couro.

___ Só tem um problema com esse visual — Linda se levantou novamente e pegou uma bolsa, numa das prateleiras — Falta a bolsa.

___ Ah não, chega, sério, já ganhei o vestido, a sandália, Linda, demais, já!

___ Deixa de ser boba! Ninguém pode andar com a sandália se não tiver a bolsa, ainda que nem sempre deva usar o combinado!

___ Ué, agora não entendi... Vocês fazem um combinado e não é para usar junto?

___ Não sempre! — a estilista ensinou — Às vezes, dependendo da roupa, da oportunidade ou da pessoa, fica careta demais!

Cathy se virou, já estava maquiada, as maçãs do rosto mais rosadas, os olhos iluminados pela sombra dourada, o delineador na raiz dos cílios dando uma sensualidade oriental ao olhar castanho, os lábios brilhantes, sorriam de agradecimento.

___ Obrigada, mesmo, você não existe! — se voltou para a amiga, pegando a bolsa de couro, como que rendida a sua beleza.

___ Nada que não seja parte do meu trabalho de Fada Madrinha Dark! Agora vamos seguir os rapazes até a loja, antes que as vendedoras metidas a modelo não deixem músculo sobre músculo do nosso fotógrafo!

___ "Nosso fotógrafo"? — Cathy repetiu, bronqueando como sempre.

___ Tá bom, não precisa ficar com ciuminho, não, seu fotógrafo! — apanhando por causa da provocação.

Linda guiou Cathy para um corredor e tomando outro elevador, elas logo se viram dentro da loja da Fórmula, no terceiro andar do shopping.

Como Linda havia previsto, as belíssimas vendedoras, que geralmente não eram assim as mais simpáticas do mundo, estavam sim, cobrindo o fotógrafo de atenção e percebendo isso imediatamente, Cathy se voltou para Linda, expirando longamente como sempre fazia quando julgava que as mulheres estavam agindo previsivelmente.

___ E então, todos prontos ou precisam de alguma ajuda profissional feminina???

Cathy achou graça da forma como a amiga fez questão de demonstrar as outras que a estilista ali era ela, pensando que aquilo devia ser algum tipo de disputa interna na empresa.

Então, fingindo olhar a vitrine, enquanto uma das garotas veio lhe dizer que o vestido ficou perfeito para ela, que Cathy manteve-se afastada, agradecendo apenas com um sorriso polido e isolando-se em seguida, pensativa.

Sim, a beleza de Eros era a mais óbvia possível, e Catharina pensou que ele somente seria digno da sua admiração se fosse diferente dos outros homens bonitos que ela conhecia.

A maioria, não se importava em ser somente julgado pela aparência, não se irritava com todo aquele assédio de pessoas que sequer o conheciam, ou tinham o interesse de conhecer qualquer coisa que não fosse o tórax definido, os ombros largos e bem delineados, os cabelos com brilho quase dourado na superfície, que pareciam tão sedosos e macios...

"No que eu estava pensando mesmo? Mas que inferno!!!", ela ralhou consigo mesma, irritando-se.

Maneando a cabeça para a direção contrária antes que os olhos se perdessem novamente na figura do homem alto e sensual que estava bem ali, tão perto, Cathy se lembrou da outra noite e se perturbou.

Talvez o magnestimo sexual de Eros fosse realmente devastador, já que nem ela própria, a devoradora de homens, estava conseguindo passar ao largo dele.

Enquanto admitia sua atração — que julgou ser totalmente imatura em seguida, Cathy repetia para si mesma aquele mantra que a fazia evitar todos os homens, bonitos como ele, ou não: pessoas que só conquistavam por causa da superfície, raramente faziam questão de desenvolver o que estava abaixo dela, já que, não precisavam.

Afinal, o italiano com quem ela tinha passado o dia podia realmente ser um homem lindíssimo, bem-humorado, um fotógrafo muito profissional e atento, além de claro, o parceiro mais útil e educado que ela já tivera, mas, o que mais ela sabia sobre ele? Que provas tinha de que ele não era só mais um homem bonito e vazio, com medo de relacionamentos sérios?

___ Catharina, o que você acha?

A voz grave dele chamou a atenção dela, tirando-a no meio de todos aqueles "devaneios sem sentido".

___ Essa ou essa? — ele lhe mostrou duas camisas, uma com estampa havaiana, mais vibrante e a outra de tecido mais fino, crua, sem gola — Quero a opinião de alguém que não esteja tão envolvido com moda!

Mais óbvio ainda, a exceção dos olhos da jornalista, claro, que ele tinha feito aquilo para afastar as assediadoras e trazer de volta pra perto de si a única pessoa cuja a opinião realmente lhe interessava, naquele lugar.

Então, fazendo exatamente o que ele queria, ela caminhou até o seu lado, pegando as duas camisas e erguendo as mãos respectivamente, colocou cada uma delas sobre seu peito, fazendo uma careta, no que foi acompanhada por ele para a mais vibrante e um gesto positivo para a segunda.

___ Vê só? Eu disse que essa era mais a minha cara! — ele enviou uma piscadela para ela, claro que ela tinha seguido exatamente a sua vontade e Linda e Crau reclamaram, exagerados como só os dois estilistas mais doidos do mundo podiam ser.

___ Ah, não vale!!! Vocês dois estão cúmplices demais, que é isso!!! — Crau reclamou.

Logo os quatro se encaminharam para o concerto no jeep de Crau, as meninas no banco de trás berrando a música chamada "Do seu lado1", que tinha uma letra muito apropriada, pensou Eros:

"...Mas tudo o que acontece na vida tem um momento, um destino

Viver é uma arte, é um ofício, só que é preciso cuidado

Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício

O seu amor, pode estar, do seu lado..."

__________________________

1 Nando Reis e os Infernais, gravada ao vivo pelocompositor no disco MTV ao Vivo.

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