Os Oito Domínios

By CFernandes_

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| HISTÓRIA COMPLETA | TRILOGIA DOMÍNIOS | LIVRO 01 Caso você não estiver lendo essa história pelo Wattpad, se... More

Detalhes sobre a história
Cara nova
Personagens + Booktrailer
🔹 Sinopse 🔹
🔹 Prólogo 🔹
🔹 01 🔹
🔹 02 🔹
🔹 03 🔹
🔹 04 🔹
🔹 05 🔹
🔹 06 🔹
🔹 07 🔹
🔹 08 🔹
🔹 09 🔹
🔹 10 🔹
🔹 11 🔹
🔹 12 🔹
🔹 13 🔹
🔹 14 🔹
🔹 15 🔹
🔹 16 🔹
🔹 17 🔹
🔹 18 🔹
🔹 19 🔹
🔹 20 🔹
Deixe aqui a sua pergunta!
🔹 21 🔹
🔹 22 🔹
🔹 23 🔹
🔹 24 🔹
🔹 25 🔹
🔹 26 🔹
Que personagem você seria em Os Oito Domínios?
🔹 27 🔹
🔹 28 🔹
🔹 29 🔹
🔹 30 🔹
🔹 31 🔹
🔹 32 🔹
🔹 33 🔹
🔹 34 🔹
🔹 35 🔹
🔹 36 🔹
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🔹 38 🔹
🔹 39 🔹
Bônus
Próximos livros da trilogia

🔹 40 🔹

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By CFernandes_

Martin

Assim que eu vi as veias dela sendo preenchidas por aquela coloração negra, entendi e percebi o que realmente tinha acontecido com ela.

Não bastasse o ferimento ter sido feito num lugar bem complicado por si só, a lâmina ainda estava imbuída desse veneno maldito e assassino.

É uma benção eu saber como o veneno atua, porém uma maldição que com apenas a minha magia de guardião as minhas opções estejam limitadas a uma. Não posso colocar essa responsabilidade em mais ninguém, eu mais uma vez falhei com a Megan.

Pelo menos eu posso usar a ligação que tenho com ela para fazer isso. Será minha última escolha, e fico feliz que no final eu consegui fazer algo.

Mas tenho que agir rápido agora.

— Adam! — digo o mais calmo possível para o jovem que está transbordando de ódio a poucos passos de mim. — Já sei o que tenho de fazer, você confia em mim?

— Peça-me algo mais fácil Martin! Eu confiava na Sarah e...

— Mas ela não é nem nunca foi o guardião da Megan. Quanto mais tempo demoramos aqui, maior é chance dela não sobreviver e-

— Não precisa terminar a frase. Apenas, faça o que tem de fazer. Sei que de algum jeito ela vai ficar bem — ele diz com um tom de voz tão baixo e falho, que me faz ter ainda a convicção de que eu tenho de fazer isso.

Vai dar tudo certo. O meu ato final.

— Preciso que nada me atrapalhe nesse momento, você consegue fazer isso? — pergunto e vejo quando ele afirma com a cabeça.

Seu olhar se afasta do meu e vejo quando recai na prisão de elementos que ele criou. Seu olhar agora fica duro, raivoso, porém cheio de certeza ele vira para mim e concorda mais uma vez. Quando tenho certeza que não vou ser interrompido, busco na memória com clareza os meus próximos passos.

Quando nos ensinaram isso, torceram para que nunca precisasse chegar o dia em que necessitássemos utilizar de fato essa magia. Aprendemos essas palavras com tanto medo, com tanto cuidado que elas ficaram marcadas em minha mente como tatuagem.

Marcadas de um jeito, que nem se quiséssemos esquecê-las, conseguiríamos.

Sei que é seguro remover essa adaga do peito dela, então faço isso, mas ainda sim com cuidado. O sangue não jorra, respinga ou faz nada, apenas fica um líquido coagulado preso na lâmina.

Ela não demonstra nenhuma reação de dor ou resposta, e fico preocupado, mas quando vejo a evolução das veias negras, sei que ainda tenho um pouco de tempo.

Aperto a lâmina com o sangue dela e o veneno contra as palmas de minhas mãos. Deixo que o seu sangue entre em contato com a minha corrente sanguínea, e aperto minhas mãos ensanguentadas em seu ferimento, para que o meu sangue também entre em contato com o dela.

É simples, mas já posso começar.

As palavras começam a sair de minha boca como uma súplica, e falei cada sílaba com o dobro de cuidado, não quero e não vou errar agora.

— Blut gemischt ohne anfang, mitte oder ende. Ein Leben mit dem anderen verbunden. Ein Opfer aus eigenem freien Willen. Und erst dann, wenn würdig, wird die Wunde einer die Wunde des anderen geworden. Nur die physische, weil die Liebe und Magie ist einzigartig und unüberwindbar. Lass es geschehen und so sei es.*

* Sangue misturado sem começo, meio ou fim. Uma vida conectada a outra. Uma vítima por sua própria vontade. E só então, quando dignos, a ferida de um se tornará a do outro. Apenas o físico, pois o amor e magia são únicos e intransponíveis. Que seja feita e que assim seja.

Esse é a magia mais poderosa que eu fiz em toda minha vida, e pensei que fosse ser algo mais grandioso, ou espalhafatoso, porém me sinto bem só de ter a certeza de que está dando certo.

O corte no peito da Megan começa a tremer e de lá, uma fumaça negra começa a sair. Mal tenho tempo de sorrir quando vejo a fumaça ficar no mesmo lugar, acima do meu peito e quando sinto a fumaça me tocar, a dor começa.

Não é nada muito excruciante por enquanto, então consigo ver as veias recuando em seu peito e o seu rosto começar a ter a cor que normalmente teria. Um pouco mais pálido, mas pra mim já é excelente.

A dor está aumentando, mas ainda sim me sinto feliz. Não quero e nem posso fazer nada. Vou me deixar tomar por aquele veneno e dor, apenas para que ela fique bem.

Está ficando difícil de respirar e o ferimento dela continua a passar para mim. Encho mais uma vez meu peito com ar e é difícil, parece que estou respirando milhares de lâminas. Ainda bem que ela estava inconsciente e não precisou sentir tudo isso.

A dor atinge algo quebrável dentro de mim, porém, não quero gritar.

Tento desacelerar as batidas do meu coração, evitando que o veneno alcance o destino final cedo demais. Quem sabe eu ainda consigo estar acordado quando a Megan despertar.

— Martin? — a voz do Adam é clara, porém parece muito distante. — O que você fez?

Sinto meu corpo tombar para trás no chão duro de madeira. É bem desconfortável, mas esse chão vai servir. Serão apenas mais alguns momentos.

— O que você fez Martin? — sinto as mãos quentes do Adam em meus ombros e sorrio.

— Obrigado por não me deixar sozinho nos meus momentos finais. Eu agradeço por tudo — acho que falei isso, espero que sim.

Ainda estou com o olho aberto quando vejo os olhos azuis da minha protegida se abrirem de repente. Ela se ergue de uma vez do chão, fazendo com o ferimento de seu peito abra.

Droga! Devo ter demorado demais. Mas, pelo menos, removi dela o ferimento do veneno. Isso já faz com que eu me sinta vitorioso. Sei que alguns detalhes podem ter dado errado, mas o propósito dele foi servido. Eu consegui salvar a Megan.

Se ela continuar a viver, respirar e sorrir, já me dou por satisfeito.

Meus olhos cerram, não tenho mais força para mantê-los abertos. Mesmo sem forças, ainda sinto o veneno percorrer meu corpo e deixar um rastro de agonia por onde passa.

Se eu conseguisse, acho que teria suspirado quando a dor deu lugar a uma calma que me lava.

Poderia muito ter acreditado que eu fui para um plano melhor se eu não conseguisse escutar a voz da Megan distante. Ela chorava ou brigava comigo, não sei ao certo, mas no momento não me importo muito.

Tudo o que sei é que ela viverá.

E estou bem com isso.


Megan

Meus olhos abrem de uma vez e meu corpo se mexe praticamente sozinho, enquanto acordo do que parece ser um pesadelo.

Parece que eu puxava nenhuma respiração há tempos, e quando fiz isso, meu peito queimou com uma dor aguda. Como se tivesse levado uma facada ali.

Como não... Eu realmente levei uma ali.

Minha mão se ergue e não sinto nenhum cabo ou nada parecido, apenas a dor de uma ferida aberta e um incômodo no fundo de minha alma.

Olho ao redor e a primeira coisa que me chama a atenção é uma jaula de fogo e ar, com uma Sarah irada dentro, sendo machucada constantemente. E bastou uma piscada de olhos pra realidade voltar a mim.

— Você... Está... Viva! — Sarah grita de sua prisão, me olhando com uma mistura de confusão e raiva.

— Sim, é o que parece — não sei ao certo como, mas fora uma ferida não muito profunda, eu estou muito bem! Mas não falarei isso para ela.

— Martin realmente conseguiu — a voz do Adam não era nada mais do que um sussurro, porém, escutei com facilidade.

— Onde está ele? — pergunto pois tive uma sensação horrível no topo da garganta quando o nome do meu guardião foi mencionado.

— Olhe para o corpo no alcance da sua mão queridinha — é Sarah quem responde.

Então o vejo. Deitado no chão, desacordado com uma espessa nuvem negra rondando e entrando em seu peito. Isso não pode ser bom.

— O que está acontecendo? Qual é a dessa fumaça?

— Fumaça? — Adam pergunta confuso.

— É... Você não tá vendo tudo isso? — e quando ele continua confuso enquanto aponto para a fumaça negra, percebo que isso não é algo que todos conseguem ver.

Martin está pálido, e suas veias e artérias estão tomadas de um líquido negro e anormal. Imediatamente lembro do Adam e do veneno que foi injetado nele.

Não sei ao certo quanto tempo tínhamos, mas sei que isso é letal e para que meu guardião tenha alguma esperança, temos que conseguir ajuda para ele já. Queria tanto que minha avó estivesse aqui, ela, com certeza, saberia o que fazer e nos ajudaria.

Não lembro ao certo o que ela fez para ajudar o Adam, já que estava tão transtornada com a situação, que estou com medo de fazer algo que não deveria e piorar a situação dele.

Sem conseguir pensar em outra alternativa, vou na direção da jaula de fogo.

Paro a poucos centímetros do rosto suado e cansado da Sarah. Suas feições nem se alteram por me ter tão próxima e com certeza enfurecida.

— Como eu faço para remover o veneno dele?

— Não pode. Não tenho certeza o que ele fez, mas de alguma maneira transferiu o ferimento do veneno para ele. Então apenas observe ele morrer de maneira rápida e dolorosa.

Desfiro um soco com toda a força que reúno dentro de mim. Sinto os ossos de seu nariz rangerem em meu punho e nem vi a hora que o Adam desfez a jaula, fazendo com que ela caia de costas com um impacto oco no chão.

Adam a impede de se levantar com amarras de fogo, fazendo com que ela fique bem presa ao chão, gritando eventualmente de dor. Bom.

— Sarah, eu posso ser bem mais inventivo em como eu uso o meu domínio de fogo, então faça um favor a si mesma e responda a pergunta, combinado? — Adam aperta um pouco a amarra no pescoço dela, o que a faz engolir seco.

— Não responderei nada — Adam sem falar nada, faz um movimento com as mãos e as amarras de fogo que estavam tão próximas, agora parecem entrar abaixo da pele dela.

As bolhas começam a surgir nos pontos de contato, e quase consigo escutar sua pele chiar, porém, não consigo sentir nada por ela.

— Tem certeza disso? — se não tivesse visto sua boca se mover, poderia jurar que não tinha sido ele a falar isso.

A sua voz está tão carregada de sentimentos, que senti um arrepio subir pela espinha.

— Era pra ser você caída no chão morta, não esse guardião estúpido! — Sarah cospe as palavras. — A situação é ideal, já que a velha da sua avó não está aqui para livrar você do veneno! Mas não era pra ser assim!

Sinto o meu ódio borbulhar dentro de mim. Nunca senti tanta raiva, desprezo e asco por outra pessoa. Nem o Tobias, com tudo o que já tinha feito comigo conseguiu despertar esse nível de sentimentos em mim.

Pelo menos ele não se montou atrás de tanto tempo, não precisei mais do que alguns minutos dentro de uma sala com ele pra perceber o quanto ele é errado.

Mas com a Sarah é diferente.

Com ela, tudo foi planejado. Meticulosamente planejado. Tudo, desde sempre!

Aproveitou-se de um momento em que eu estava debilitada psicologicamente, quando estava me sentindo mal por ter que deixar minha avó para trás, vó essa que saberia como remover esse veneno de mim.

Tudo premeditado. Nada foi real.

Porém ficar com raiva e desesperada não resolverá as coisas. Eu bem que poderia e vontade não me falta de bater na Sarah até liberar minha ira e soltar seus dentes para que finalmente ela fale o que eu preciso ouvir.

Só que isso demanda tempo, e sei que ela não mentiu quando disse que ele já está morrendo.

Também de nada adianta eu ficar num canto, chorando e esperando que por algum milagre uma solução apareça na minha frente.

Então já que ela não quer soltar essa informação por bem, eu posso remover essa informação com o meu domínio.

Até que poderia ser esclarecedor para mim quando entrasse em sua mente, eu poderia conhecer suas motivações. Não que fossem justificáveis, mas, pelo menos, eu saberia delas. Então não perco tempo ao me concentrar.

Olho para ela e nada acontece.

Diminuo a distância entre nós e não consigo ligar a minha mente e a dela.

— Está perdendo o seu tempo — ela diz com um sorriso vitorioso e mal tenho tempo de raciocinar quando uma lança de fogo acerta a lateral de seu corpo. Sei que é obra de Adam.

— Perdendo o meu tempo com o quê, posso saber? — falo com os dentes trincados.

— Você não vai conseguir controlar minha mente querida Megan. Pode tentar do jeito que você quiser, quanto quiser, não vai funcionar... — seu sorriso sumiu e não voltou.

— Ah é? E o que faz você achar que não conseguirei?

— Nós não temos magia suficiente para utilizar domínios minha cara, porém, nosso sangue tem magia suficiente para realizar alguns feitiços. Talvez eu tenha usado toda magia no meu para impedir que me controlassem tanto o corpo como a mente, mas com certeza valeu a pena.

— C-como?

— Isso mesmo que escutou. Você não vai entrar na minha mente. Não tem jeito. Eu não vou abrir a boca e você vai poder apenas observar o seu guardião morrer. Mas quer saber? Fica à vontade, isso pode te distrair de não ver ele morrer.

— Você! — parto para cima dela com uma fúria incontrolável. Nunca senti isso em toda minha vida. Até sinto os domínios de Adam tentando me parar, mas não deu jeito.

Revisto meus punhos de gelo e deixo meus punhos descerem no rosto dela. Conto seis socos antes de perceber que aquilo por mais que seja algo que ela está implorando para que eu faça, não valerá a pena.

Bater nela não trará o Martin de volta, nem o salvaria de algum jeito. Talvez teríamos alguma chance se conseguirmos voltar para o castelo e encontrar com minha avó.

Sei que devem ter guardas espalhados na floresta, nos procurando, e se fosse apenas por mim, eu correria esse risco sem nem pestanejar, mas não estou sozinha nisso. Olho para Adam e ele está ao lado do meu guardião e parece falar ou fazer algo que a minha raiva não me permite identificar.

Mas e se seguirmos em frente, será que conseguiremos encontrar alguém a tempo de reverter essa situação?

Olho para o sangue em minhas mãos que pertencem a essa menina, que significou tanto para mim, que era uma parte indispensável da minha vida, mas que agora retirou algo de mim que não tem como repor.

Ela sorri com o meu sofrimento, e eu desejo do fundo do meu coração que ela sofra também. Que de alguma forma ela sinta o que eu e o Martin sentimos. Que o calor insuportável que subiu e se espalhou por nossas veias, aperte e torça algo dentro dela.

Uma dor que se equiparasse ou fosse pior do que ácido correndo por veias tão delicadas e finas...

Gritos vindo de Sarah me despertam desses pensamentos macabros. Porém, de algum jeito os gritos que saem dela são tão macabros quanto aos do meu pensamento.

— QUEIMA — Sarah esperneia no chão, parecendo não se importar mais com as amarras de fogo que ainda prendiam. — Faça parar! Pelo amor de Michael faça com que isso pare!

Não entendo o que está acontecendo.

— Meu sangue está queimando! Faça isso parar! — os gritos continuam e eu me pego arregalando os olhos.

Não é possível. Não se pode controlar o sangue de alguém, ou será que...

— Megan! — Adam me chama atenção. — O Martin ele...

Ele não termina a frase. Fico de pé e cubro a distância que nos separa. Isso não está acontecendo. Se eu não escutar, não será real! Se eu não escutar não será real...

Ele vai ficar bem.

Repito diversas vezes isso na minha cabeça. Quem sabe se eu repetir bastante, se torne realidade.

Não há mais nenhum sinal daquela fumaça.

Minhas mãos encostam no peito quente dele e dão um soco sem muita força. Não sinto nenhum batimento ecoando ali dentro. Parece que não há mais sinal de vida dentro dele.


FINAL DO LIVRO UM

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