Os Oito Domínios

By CFernandes_

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| HISTÓRIA COMPLETA | TRILOGIA DOMÍNIOS | LIVRO 01 Caso você não estiver lendo essa história pelo Wattpad, se... More

Detalhes sobre a história
Cara nova
Personagens + Booktrailer
🔹 Sinopse 🔹
🔹 Prólogo 🔹
🔹 01 🔹
🔹 02 🔹
🔹 03 🔹
🔹 04 🔹
🔹 05 🔹
🔹 06 🔹
🔹 07 🔹
🔹 08 🔹
🔹 09 🔹
🔹 10 🔹
🔹 11 🔹
🔹 12 🔹
🔹 13 🔹
🔹 14 🔹
🔹 15 🔹
🔹 16 🔹
🔹 17 🔹
🔹 18 🔹
🔹 19 🔹
🔹 20 🔹
Deixe aqui a sua pergunta!
🔹 21 🔹
🔹 22 🔹
🔹 23 🔹
🔹 24 🔹
🔹 25 🔹
🔹 26 🔹
Que personagem você seria em Os Oito Domínios?
🔹 27 🔹
🔹 28 🔹
🔹 29 🔹
🔹 30 🔹
🔹 31 🔹
🔹 32 🔹
🔹 33 🔹
🔹 34 🔹
🔹 35 🔹
🔹 36 🔹
🔹 37 🔹
🔹 39 🔹
Bônus
🔹 40 🔹
Próximos livros da trilogia

🔹 38 🔹

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By CFernandes_

Calvin está sentado na pequena cadeira acolchoada que ele arrastou para um canto do quarto. Ele murmurava seus planos em voz baixa, mas sempre balançava a cabeça negativamente e apertava as laterais da cabeça em frustração.

— Tem alguma folha e algo para escrever por aqui? — ele pergunta ficando de pé de repente.

Aponto para a gaveta de uma penteadeira, e digo que tem algumas canetas e papéis jogados lá dentro. Ele corre para lá e agarra algumas folhas e um lápis grosso e emborrachado.

Senta-se no chão, ao lado da cadeira, e volta a balbuciar algumas coisas, fazendo anotações esporádicas nas folhas espalhadas de forma caótica ao seu redor. Ele parece ter um padrão, e está tão concentrado que não me nota quando me aproximo.

Sempre que escuto passos ecoando pelo corredor, bato na porta, e peço para quem quer que seja do lado de fora ajuda, mas sou sempre ignorada.

A noite chegou e com ela, a minha preocupação não somente com a minha segurança, mas com a de minha avó e o Martin começaram a afetar meu estômago e me sinto a cada segundo aqui dentro mais inquieta. Qualquer barulho do lado de fora me enchia de esperança e frustração.

Estou tão concentrada no que está acontecendo do lado de fora, que quando o barulho alto vem do lado de dentro, me assusta.

— Isso pode funcionar! — Calvin diz animado e segura duas folhas de papel bem amassadas e rasuradas.

— Como?

— Meu avô me ensinou o feitiço que construiu essa barreira, eu tenho algum conhecimento em construção de feitiços, por isso escrevi esse outro feitiço que talvez a destrua.

— Talvez? E o que pode acontecer caso não dê certo?

— Olha, o máximo que pode acontecer é continuarmos aqui dentro, com a barreira intacta, porém, acho que vale a tentativa.

— Então fica à vontade.

— Mas vou precisar de você para isso. Com mais sangue mágico envolvido na equação, as chances de tudo dar certo aumenta. Mas não é sangue literal!

Antes que eu abrisse a boca para respondê-lo, batidas na janela nos chamam atenção e não me assusto ao ver o Igor flutuando calmamente do outro lado do vidro. Vejo a expressão do Calvin murchar e ele esconde as folhas com os tais feitiços atrás do corpo.

— Que bom que você está bem querido... — o homem diz com uma nuance em sua voz que traz uma preocupação verdadeira.

— Como posso estar bem se o senhor me prendeu, nos prendeu aqui? Por que insiste em fazer isso? Não vai trazer bom algum e...

— Claro que vai trazer coisas boas querido, talvez você ainda seja muito jovem para entender isso, mas a nossa província está passando por alguns problemas, não podemos perder o poder.

— E é só com isso que você se importa vô? Poder?! Em algum momento você pensou em mim ou na minha felicidade? — sei que não foi apenas relance quando vi os olhos do Calvin brilharem com lágrimas não derramadas.

— Não fale assim querido. Poder é importante em Nihal. Você nunca o teve escorrendo pelos dedos, então não imagina como é difícil abrir mão de tudo, então tenho que lutar por isso.

— Correção, você está me fazendo lutar, por obrigação, por isso — a primeira lágrima escorre pelo rosto dele.

— Cada um luta com as armas que possui. Um dia realmente espero que você me entenda — ele dá um suspiro fraco, e então coloca sua atenção em mim. — Será que é tão difícil amar o meu neto? Ou isso é tudo por conta do seu namoradinho?

Tenho vontade de sacudir seus ombros e talvez dar um soco em sua cara.

— Seu neto é uma pessoa infinitamente melhor do que o senhor, e sim, se não fosse o Adam, quem sabe... Eu até poderia desenvolver algum tipo de sentimento por ele, mas a sua atitude já coloca a situação toda num cenário impossível sem o meu namorado na jogada, então...

— Eu não estou reconhecendo o senhor... — Calvin diz num sussurro triste e dou dois passos para ficar ao seu lado e coloco uma mão em seu ombro.

— Posso dizer a mesma coisa de você meu querido. Fazer todo esse esquema de mentira, para me fazer pensar que vocês dois estavam se envolvendo quando na realidade queria era fugir! Você me fez de bobo, e se os boatos continuarem a se espalhar assim, Nihal me verá como um tolo e não conseguirei permanecer na minha posição, e não posso sair agora, não com tudo o que está acontecendo, não quando a província do A... — ele se interrompe, e deixa a frase incompleta.

Mas meus ouvidos completam automaticamente. O que diabos tem a província do Ar? O que o Tobias está planejando agora?!

— Os boatos já estão apenas o meu sinal verde para se espalharem. Que os dois ficaram tão apaixonados que resolveram adiantar o casamento e já estão vivendo a vida feliz de vocês. A aliança formada aqui ninguém poderá contestar e as coisas finalmente vão se estabilizar.

— COMO É QUE É? — me aproximo do vidro, batendo a minha mão com uma força que não sabia que tinha em mim, mas nem assim a vidraça ameaça tremer.

— Não há nada que vocês possam fazer além de aceitar o inevitável — o homem informa. — Eu vou conseguir o meu poder, quer vocês queiram ou não. Nem que eu tenha que eliminar alguns fatores dessa equação...

— Você nem ouse — a minha voz sai tão carregada que eu mal a reconheço.

Mas o Igor já tinha ido embora, deixando um Calvin bastante abalado para trás e a minha pessoa bem atolada em raiva.

— Sinto muito por isso Megan — ele se desculpa comigo, e sinto a devastação na sua postura e tom.

— Você não fez nada de errado. Não precisa pedir perdão, a pessoa que me deve uma desculpa provavelmente não me dará.

— Realmente aquele não parece com ele...

As palavras dele colocam uma pulga em minha orelha. Tobias pode chegar tão longe assim a controlar um outro governador? Será que o domínio dele consegue vencer as proteções dos castelos? Será que é possível?

Resolvo manter as minhas desconfianças para mim nesse primeiro momento, ele não precisa de mais uma notícia ruim para o colocar ainda mais para baixo. Agora mais do que nunca, espero que o feitiço dele funcione e consigamos sair daqui.

Uma pequena portinhola é aberta, e uma bandeja recheada de comida é colocada para dentro.

— Acho que é hora do jantar — digo segurando a barriga, mesmo não sentindo fome, sei que tenho de comer para obter forças para quem saber sair daqui.

— Será que está envenenada? — ele questiona cheirando um pequeno sanduíche.

— Sei que seu avô disse que talvez tivesse que eliminar alguns fatores da equação, mas não penso que somos nós dois, pelo menos não agora — digo com confiança e abocanho um pedaço de bolo.

— Tem razão! E sinceramente, nesse momento estou tão decepcionado com o meu avô, que prefiro morrer a dar o gosto dele me vencer em algo.

— Não vamos morrer. Vamos sair daqui. Assim que comermos tudo, vamos ver se o seu feitiço vai conseguir nos tirar daqui!

— Combinado!

Calvin pega a bandeja com as coisas, e a leva para cima da cama. Sentamo-nos ali, e comemos em silêncio, sei que já pensando nos nossos próximos passos. Depois de recolher o que sujamos, colocamos tudo em frente a portinhola, e então vou na frente para a passagem secreta.

A luz da tocha ilumina atrás.

E quando o Calvin encontra uma boa posição para colocar a tocha, senta-se no chão úmido e me mostra as folhas que ele trabalhou.

A letra dele está tremida, mas ainda sim legível. Tivemos que passar algumas vezes pelo feitiço, pois algumas das palavras eram complicadas e tinham uma pronúncia complicada, e de acordo com o Calvin a pronúncia é algo de extrema importância nesse tipo de feitiço.

Treinamos algumas vezes, e pedi desculpas algumas vezes por errar algo na metade da fala.

— Não se preocupe, você vai conseguir isso — ele diz com um sorriso enquanto luto contra minha língua para acertar a pronúncia das palavras.

— Vou sim — digo com confiança, quando uma pedra rola para perto do meu pé. — Mas o quê...

A parede de pedras não parece tão firme nesse momento. Escuto um barulho delas rolando ao chão, do outro lado, mas de uma maneira organizada, quase controlada. Tem alguém aqui. O menino ao meu lado também parece entender aquilo e dá um passo a frente, me protegendo atrás dele.

Estou uma pouco nervosa, mas quando um pequeno buraco é aberto, e pela fresta, vejo o vislumbre de um rosto conhecido e que estava morrendo de saudade, saio detrás do Calvin e vou para a frente da fresta.

— Adam! — digo com um sorriso e ele acena para mim. — Esse daqui é o meu namorado — apresento para o rapaz que está atrás de mim, e ele o cumprimenta cordialmente.

Depois das apresentações feitas, Adam continua o processo de demolir aquela maldita parede. Enquanto ele faz isso, eu e Calvin nos revezamos para explicar os últimos acontecimentos para o meu namorado. E sorrio ao ver a pequena borboleta negra tentando se infiltrar na barreira.

A parede é mais grossa do que imaginei, e demora um pouco até que ele consiga um buraco grande o suficiente para que possamos passar, mas quando eu não o faço, ele olha por cima do meu ombro.

— Algum feitiço específico para quebrar essa barreira, ou posso ficar à vontade para destruir como eu bem entender? — ele pergunta para o menino atrás de mim.

— Fique à vontade, porém, assim que ela for destruída, meu avô vai saber disso, e não vai demorar para que ele chegue.

— É só sermos rápidos com isso — ele diz com um sorriso e me sinto muito bem quando mesmo com pouca iluminação, eu vejo seus olhos brilharem prateados.

A explosão de ar atinge em cheio a barreira, e mais sinto do que vejo ela sendo destruída. Um formigamento suave na ponta dos dedos em faz sorrir e é quase como sentisse a magia encher meus pulmões novamente.

Sorrio e saio dos limites da parede, me jogando em cima do Adam, que parece não prever aquilo, e depois de dar dois passos trôpegos para trás, ele cai de costas e eu por cima dele.

— Também senti sua falta amor — ele diz com uma risada, dando um beijo na ponta do meu nariz.

— Obrigada — colo meus lábios nos dele.

Sei que ali não é hora, nem lugar para um beijo, mas eu realmente preciso disso. E quando ele me abraça e retribuiu o beijo, me sinto preencher com uma força renovada.

Assusto um pouco ao sentir o pequeno inseto pousar em meu braço, mas relaxo ao ouvir a voz do Adam.

"Te amo"

— Não ia perseguir uma borboleta sem mensagem alguma, e não é como se fosse uma mentira — ele dá de ombros e suas bochechas ficam vermelhas. Sentamos no chão. — Mas me deixa dizer isso agora, olhando para os seus olhos. Te amo.

— Foi assim que você me encontrou, não é mesmo?

— É, tive que fazer uns desvios, mas foi assim que me guiei por esses corredores. E falando nisso... — ele pede para que eu envie uma borboleta para minha avó e quando ela se forma e voa dos meus dedos, começamos a nos mover.

— Mas para quê isso?

— Você provavelmente não vai querer sair daqui sem ela, estou correto? — ele pergunta, ficando de pé, e me ajudando a levantar.

Concordamos e começamos a seguir a borboleta, o que estava sendo um trabalho um pouco difícil, já que estamos usando a iluminação do corredor ao mínimo para não chamar atenção.

— Deixa eu perguntar uma coisa para você Calvin... — Adam começou a falar, sem olhar para trás. — Você disse que não está reconhecendo o seu avô, você percebeu isso de uma hora para outra, ou o comportamento dele foi mudando aos poucos?

Fico tão aliviada pelo Adam estar com uma linha de pensamento parecida com a minha, ele também está achando estranho essa mudança na personalidade do homem.

— Não se ofenda com o que estamos implicando aqui com esse questionamento — implemento a fala do meu namorado. — Mas é que já tivemos contato com algumas pessoas que o seu avô mencionou, e não acredito que há algum limite do lado de lá.

— Tá tudo bem — escuto seu suspiro. — Não posso negar que a possibilidade também passou na minha cabeça, mas é que com tantos artifícios para neutralizar os domínios da mente, não achei que fosse possível.

— É porque o domínio dele não é da mente, é algo pensado, trabalhado, aperfeiçoado e sinceramente não sei toda a extensão do problema. Só sei que ele não é muito de desperdiçar oportunidades quando aparecem para ele, então...

— Ah, então, realmente é uma possibilidade a se considerar.

— Sinto muito — Adam diz sincero.

Percebo que o ritmo do Adam está um pouco mais lento e consigo ver a linha de suor brilhando no seu pescoço, a sua blusa está ensopada, e não acho que é inteiramente por conta da umidade em que estamos.

— Você está bem? — pergunto um pouco mais baixo, fazendo um carinho em seu antebraço.

— Na medida do possível, ainda não estou cem por cento, os efeitos do veneno são mais arrasadores do que eu imaginei, porém isso não era suficiente para me impedir de vir até aqui, e depois do que eu escutei, acho que pioraria se não te visse... — ele sorri.

— Quando tivermos um minuto de respiro, eu vou te abraçar tão apertado.

— Mal posso esperar — sua mão se fecha sobre a minha e continuamos a correr assim.

Então, a borboleta começa a bater em uma parede, Adam ergue o olhar e sorri, informando que chegamos. A missão aqui tem que ser feita de maneira rápida também: derrubar a barreira, tirar minha avó daqui e sair desse castelo e ir para bem longe desse homem desequilibrado.

A magia que cobre o quarto da minha avó é mais poderosa e grossa, mas, pelo menos, o Adam não está mais sozinho com os seus domínios para fazer tudo. E com três pessoas, a barreira não teve a menor chance.

Minha avó sorri, Martin já vem me dar um abraço e me surpreendo ao ver meus dois amigos acenando para mim. Já me poupou muito tempo de explorar os quartos e levar as pessoas que eu amo junto comigo, e penso que as coisas finalmente ficam um pouco mais fáceis.

— Vamos sair daqui? — pergunto, e todos concordam comigo.

Voltamos para o emaranhado de túneis, e fomos guiados pela dona Edith, que sabia o caminho. Ela foi nos levando sem hesitação por meio de curvas escuras e úmidas. Ela se vira na nossa direção para informar que estamos chegando perto.

— Calvin!— uma voz feminina ecoa dentro do túnel e viramos para trás, numa postura defensiva.

— Calma! Eu a conheço! — ele defende a voz e assim que a mulher se aproxima, eu a reconheço também.

— Essa daqui é a Lavínia, irmão do Ícaro — Calvin se explica, mas sei que apenas eu ali vou entender a situação, então meus ombros relaxam um pouco. — O que aconteceu?

— Ele foi pego em fogo cruzado... Não conseguiu escapar a tempo — os olhos da mulher se enchem de lágrimas e a voz falha. — Fiz o reconhecimento do seu corpo há alguns minutos.

— V-você tem certeza? — a voz do Calvin saiu num fio quebrado.

— Infelizmente eu tenho — a mulher se posta a chorar e ele a acompanha, caindo de joelhos no chão, abraçando o corpo.

Quando percebi que a Lavínia veio informar ao Calvin sobre a morte do Ícaro, por quem ele é apaixonado, senti meu coração se apiedar dele. Perder alguém assim, tão repentinamente é complicado, quando se ama a pessoa é pior ainda, e no caso dos dois quando estavam tão perto da liberdade era algo tão dolorido que sequer quero imaginar.

— Sei que é horrível, mas temos que permanecer fortes por ele — ela segura o rosto do menino com as duas mãos e sacode levemente a cabeça. — Podemos sofrer, mas para conseguirmos seguir em frente, temos que viver. Seu avô já está montando uma força tarefa para te encontrar. Não se deixe aprisionar, não de novo!

— Não vou.

— Se precisar de um motivo para continuar a caminhar agora, caminhe e vive pelo Ícaro. Com o tempo vamos aprender a viver por nós. Mas agora, temos que seguir.

As palavras dela de algum modo o movem, pois ele limpa as lágrimas com as costas das mãos e respira fundo uma longa vez. Ele abraça a mulher e então dá um beijo em sua testa.

— Quer vir conosco? — ele pergunta.

— Não, tudo o que eu conheço e amo está aqui ou ligada a essas paredes. Vou ficar um pouco melhor em saber que em breve você estará longe não somente dessas paredes, mas de todas as outras que te aprisionam. Se cuida. Se cuidem todos vocês.

— Fique bem Lavínia, eu eventualmente também ficarei bem — ele então se despede da mulher, que dá meia volta e se perde na escuridão de onde veio.

O menino se vira na nossa direção e mesmo dizendo que não ficaria bem, volta a nos acompanhar, com lágrimas escorrendo grossas de seus olhos. Assim que ele passa por mim, coloco a mão em seu ombro e sussurro um "sinto muito" para ele.

Ninguém mais falou nada enquanto voltamos a seguir a minha avó, que realmente não mentiu quando disse que já estávamos chegando.

Quando dona Edith empurra uma porta, saímos dentro de um jardim, e pela altura da grama e da necessidade de muitos arbustos serem aparados, ouso dizer que aquele lugar não era muito patrulhado.

Um alarme muito alto começa a soar.

— Eles sabem que fugimos, não olhem para trás, não parem de correr por nada, e não me percam de vista — minha avó informa.

Fazemos exatamente o que ela diz. E só encontramos um pequeno grupo de cinco guardas, que conseguimos neutralizar sem o menor problema. Colocamos as pessoas desacordadas dentro de um arbusto mais alto e estamos nos aproximando da saída, com minha avó na retaguarda, quando uma larga e alta parede de terra nos separa dela.

— VÓ! — solto um grito e tento derrubar a parede, mas sou jogada para longe dela com uma descarga elétrica.

— Vão na frente pessoal — sua voz ecoa do outro lado da alta divisão.

— Não vou a lugar nenhum eu...

— Agora — reconheço aquele tom de voz autoritário e me sinto encolher um pouco. — Vão agora, eu já alcanço vocês — sua voz fica mais suave.

— Vamos, como ela disse, ela vai nos alcançar — Martin segura meu braço e de alguma forma me deixo levar por ele, sentindo um pedaço do meu coração ficando para trás ao ver o castelo ficar cada vez mais distante.

Estamos fazendo um bom progresso, mesmo olhando para trás a cada segundo que eu ouvia algo que parecia se mover diferente atrás de nós. As coisas pioram um pouco quando Sarah acaba enroscando o pé em uma raiz saltada e torce seu tornozelo.

Mas nem assim ousamos parar. Lucas se oferece para carregar a namorada enquanto ainda avançamos, de maneira mais amena, mas ainda sim ganhando campo. Quando ele cansa, Adam se oferece, e utiliza o seu domínio do ar, para criar uma bolha ao redor dela e a carregou flutuando.

Ficamos revezando os nossos domínios para ajudar a carregar a Sarah, além da força física, para que ninguém se canse demais e consigamos continuar num ritmo bom.

— Sabe, a noite já está chegando, e eu conheço um lugar seguro para ficarmos, era o lugar onde estávamos guardando suprimentos e outras coisas para a minha... — Calvin engole o choro. — Não vai ser bom se caso nos alcancem e estivermos casados e exauridos.

— Você tem certeza de que podemos ir para lá?

— Sim. É um lugar seguro, por isso usávamos. Não tem problema. Posso mostrar o caminho?

— Fique à vontade — Martin diz e aponta para frente.

Ele nos leva até a frente de uma árvore com um tronco fino e meio retorcido. Vejo uma lágrima escorrer quando ele diz que chegamos.

— Não vejo exatamente onde...

— E é exatamente por isso — ele aponta para cima, e nunca imaginei que localizado em cima daqueles galhos finos e com uma aparência até um pouco envelhecida está postada uma pequena cabana.

Não me parecia muito grande, mas é um ótimo esconderijo para nos abrigarmos e descansarmos um pouco. Longe dos olhares atentos, e sinceramente ninguém imaginaria que uma árvore dessa espessura conseguiria suportar o peso de qualquer coisa além de folhar em cima dela.

Para subirmos, Adam foi na frente, pois segundo Calvin, a escada de cordas está dentro da cabana, e como Ícaro era um dominador de ar também, era assim que os dois subiam.

Ele vai na frente e poucos segundos depois, uma escada é jogada pela janela e sem demora começamos a escalada. Martin insistiu que eu só subisse depois dele, e assim eu o fiz.

Adam me estende a mão para me ajudar a entrar pela janela depois que eu subi, e assim que coloco meus pés dentro da cabana, começo a reparar os detalhes dela. Tudo ali era um cômodo só. O quarto, cozinha e sala eram espalhados harmonicamente. Uma porta que estava aberta, e duas janelas que ajudavam a luz a entrar no ambiente.

Sentamo-nos na madeira fria e úmida, e nos permitimos relaxar por um momento. Não era nada confortável, porém, era reconfortante abaixar a guarda.

— Aqui tem alguns suprimentos, fiquem à vontade, se sirvam do que quiser — Calvin diz, colocando uma caixa de madeira no centro da cabana, depois de pegar uma garrafa de água, abrir e tomar um longo gole.

Eu pego outra garrafa de água e bebo sentindo o meu coração ficar a cada momento mais apertado.

— Não pense demais nisso amor — Adam sussurra ao meu lado. — Sua avó conhece a área como ninguém, e vamos ficar de olho nas janelas, e ela vai aparecer em breve, ela disse que apareceria.

— Sei disso, mas o problema é que...

— Não se esqueça o quanto ela é poderosa, nunca conseguimos uma vez sequer fazê-la suar, nem de brincadeira — ele segura minha mão e tenta passar o máximo de segurança para mim.

— Sei bem disso.

A noite chega fria, e Calvin nos arruma alguns cobertores que estavam dobrados em outra caixa, assim evitamos de fazer uma fogueira, o que pode delatar a nossa localização.

Calvin e Lucas são os primeiros a ficarem posicionados nas janelas, para observar atentamente os movimentos lá debaixo. As horas vão passando e não consigo dormir. Não enquanto minha avó não chegar.

Observo Sarah dormir inquietamente ao nosso lado. Me aconchego no peito do Adam e ele faz carinho em meus cabelos e não fala nada. Martin de vez em quando se levanta e vai olhar as janelas, mesmo que os meninos já estejam atentos a isso.

O tempo vai passando, nada da minha avó chegar, e Martin e Adam se oferecem para ocupar o lugar dos dois que vigiavam. Calvin vai se deitar mais próximo a porta de entrada, e não escuto seus soluços, mas vejo seu corpo tremer. Lucas está tão exausto, que mesmo no chão úmido, ele encontra uma posição e começa a dormir.

— Você não conseguiu dormir não é mesmo? — a voz de Sarah me sobressalta, viro-me para encarar minha amiga, que está de olhos abertos e me encara.

— Não...

— Sinto muito também amiga.

— Não precisa sentir, isso não é culpa sua.

— Sei que não é. Mas obrigada por dizer isso. Acho que esses dois só vão nos deixar vigiar as coisas quando tiver praticamente amanhecendo, não é mesmo?

— Conhecendo-os como acho que conheço, acho que sim.

— Sabe, me sinto sortuda de estar aqui com você nesse momento, mesmo com todas as coisas que estão acontecendo ao nosso redor, acredito que tirei a sorte grande de estar aqui com você, nesse momento de transformação...

— Não é bem um momento de transformação, já que tudo isso começou no meu aniversário. Mas admito que é bem legal poder contar e mostrar a vocês tudo isso. Se bem que vocês estão presenciando o lado mais tenso do que o divertido, mas quando as coisas se acalmarem, mostro para você como tudo isso pode ser bem divertido!

— Vou aguardar por esse momento, mas as coisas parecem que vão mudar para mim.

— O que aconteceu amiga?

— Não é bem o que aconteceu, mas o que vai acontecer, não sei se as coisas vão ficar bem entre mim e o Lucas depois disso...

— Depois do que? — pergunto confusa, e fico mais confusa ainda quando a mão quente e familiar da minha amiga me cobre a boca.

O aperto no meu peito se torna insuportável e se não tivesse com a boca coberta, com certeza, o grito teria saído rasgado e sofrido.

Olho para baixo para perceber que o aperto no meu peito não era algo que vinha do meu psicológico. Um cabo metálico estava ali, pendurando, me tirando sangue, consegui ver um pequeno pedaço da lâmina que Sarah tinha enfiado no meu peito.

Tão rápido que eu nem ao menos consegui impedir ou entender o porquê.

Momento de revelação para muitos, previsível para outros, justificável para alguns e esperado para os que pegaram spoiler ou já conheciam a história.

Olá dominadores! Eu não mudei essa parte da história, por ser ela a chave para tantos e tantos eventos importantes no futuro, então aqui estamos nós novamente, com essa bela facada, inesperada ou não, vindo da Sarah!

O 'quase' do título desse capítulo riscado é justamente por conta desse momento. Tudo poderia acontecer perfeitamente apenas se a Sarah não enfiasse a faca na nossa protagonista! Mas então, quem não esperava por isso, tem alguma teoria para explicar o comportamento dela? As explicações estão vindo, prometo!

E como vocês estão no final desse capítulo?

Em breve vou postar o capítulo com perguntas e respostas sobre o livro, então a última chance de deixar a sua pergunta está logo aqui! Então aproveitem!

Beijos e até o próximo capítulo!

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