Já haviam se passado um mês, eu não tinha nenhum notícia de Hacker, a não ser as poucas coisas que Mads me contava, minha vida só piorava e meu pai ficava mais rígido.
- Mary. - Chamei seu nome ao avistá-la, ela veio até o portão de minha casa, pois eu não podia sair.
- Minha querida, como você está? Seu pai está em casa?
- Estou bem. - Menti. - Não, ele não está. Como está Angel? - Eu sentia falta da minha pequena. - E os garotos não vieram mais aqui?
- Angel está linda, como sempre. Vi ela ontem, Kio disse que ela sente sua falta, ela começa à chorar e diz ''mamã''. - Comecei à chorar. - E eu mal consigo falar com o meu filho, os garotos disseram que ele anda resolvendo umas coisas e não para em casa.
- Ele desistiu de mim.
- Não fala assim, querida.
- É a verdade.
- Vincent te ama, eu sei que ele ainda vai lutar para tê-la.
- Preciso ver Angel, tem como você trazer ela aqui? Meu pai vai voltar tarde.
- Sim, eu vou lá buscar ela e trago ela aqui sim. - Maria sorriu. - Ela vai ficar muito feliz.
- E você está bem?
- Sim, estou ótima. Alias, estou voltando para o Canadá amanhã à tarde.
- O que?
- Sim, querida. Não quero ficar morando na frente da casa de um monstro.
- Te entendo. - Minha voz saiu fraca. - Pelo menos você mora na frente, eu moro na mesma casa.
- Você ainda vai ser muito feliz, pode apostar. É hoje sua formatura, não?
- Sim. - Falei sem ânimo. - Você vai?
- Vou tentar.
- Por favor, vá. - Implorei.
- Veremos. Agora vou lá buscar Angel para você, daqui à pouco eu estarei aqui. - Ela disse e entrou em seu carro, sentei-me em um banco que havia ali e fiquei esperando cerca de trinta minutos, logo avistei o carro de Mary novamente, ela saiu do carro e abriu a porta traseira, tirou Angel da cadeirinha e quando eu a vi, abri um sorriso largo e verdadeiro, alias, fazia tempo que eu não sorria desse jeito.
- MEU AMOR. - Chamei sua atenção e Angel me olhou, em seguida ela abriu um sorriso de felicidade e começou á querer vir no meu colo, mas eu estava trancada, não podia pega-la. - Você está linda e parece ter crescido um pouco. - Tentei beijá-la entre as grades e obtive sucesso.
- Mamã... - Ela começou a chorar porque não podia ir no meu colo.
- Não chora, minha linda. Não chora. - Botei meus braços entre as grades e comecei a acariciar seus cabelos. - Você vai ver, logo a mamãe vai te pegar e te abraçar forte. - Foi estranho me ouvir dizendo aquilo, Angel não havia saído de mim, mas mesmo assim, eu era sua mãe, ela me adotou como mãe. - Te amo, pequena.
- Ela realmente gosta de você. - Maria disse. - Mas enfim... Esses dias eu estava olhando, você não acha o nariz de Angel igual ao meu? - Ela perguntou e eu ri.
- Sim, claro. - Falei. - Linda igual a vó. - Elogiei.
- O que está acontecendo aqui? - Um carro estacionou atrás do carro de Maria e vi meu pai, revirei os olhos.
- Deixa comigo, querida. - Maria disse.
- Mary... - Tentei pará-la.
- Você não tem vergonha, Jacob? Olha o que você está fazendo com sua filha, está a deixando em uma prisão e a privando de aproveitar sua juventude, você não é um pai, é um monstro.
- Um dia ela vai me agradecer. - Ele desceu do carro. - De tê-la livrado daquele marginal que é seu filho. - Ele abriu o portão.
- NÃO FALE ASSIM DO MEU FILHO. - Maria gritou e logo acertou um tapa em cheio no rosto de meu pai, fazendo eu dar uma risada, aproveitei que o portão estava aberto e tirei Angel do colo de Maria a pegando para mim, Mary estava tão irada que nem viu quando eu fiz isso, continuou fuzilando meu pai com os olhos. Ele se mantinha intacto, com sua mão direita no rosto não acreditando no que havia acontecido. - Vinnie tem todos os seus defeitos, mas pode ter certeza, ele ama a sua filha e eu estou rezando para que tudo isso que você está fazendo não adiante de nada, que eles casem e sejam muito felizes.
- Não fale uma merda dessas. - Meu pai foi para cima de Maria.
- Se você encostar nela, eu não vou nem ligar para a polícia, mas eu vou dar um jeito de falar com Hacker e aquele marginal, mau caráter vai te deixar virado em nada, não sei porque ele não fez isso naquele restaurante. - O ameacei e meu pai hesitou um pouco.
- Larga essa criança e entra. - Ele disse firme. - AGORA. - Ele gritou e eu preferi fazer o que ele mandou, pois não queria submeter Angel á esses tipos de situações.
- Te amo, minha pequena. - A beijei, ela se enganchou no meu pescoço e não queria mais largar e por um momento, minha mente voou longe, seu perfume infantil, estava misturado com o perfume de Hacker, ele entregou ela a Mary. - Hacker estava em casa, não estava? Ele sabe que você a trouxe. - Maria assentiu com lágrimas nos olhos. - Mary, posso te pedir um favor?
- Entra, Destiny. Eu estou perdendo a paciência vou te colocar para dentro a força.
- Claro, meu anjo. - Ela veio até mim e segurou meu rosto com ternura.
- Quando eu me livrar disso, posso ter você como mãe? - Ela ficou sem reação por um tempo, mas logo abriu um sorriso.
- Óbvio, meu amor. - Ela me abraçou com Angel ainda enganchada no meu pescoço. - Eu adoraria ser sua mãe. E pode ter certeza, esse monstro... - Ela olhou para o meu pai. - Vai se arrepender de tudo.
- Vamos, Destiny. - Ele disse me puxando, Mary pegou Angel rapidamente do meu colo e começou à chorar ao ver aquelas cenas e saber que não poderia fazer nada, nem chamar a polícia. Em seguida, meu pai me jogou para dentro de casa, caí com tudo no sofá. - Hoje é a droga da sua formatura, você sabe o que isso significa?
Caralho - Pensei comigo, eu iria para o Texas no dia seguinte, eu não havia me ligado.
- Que o inferno está só começando. - Levantei-me do sofá e fui em direção as escadas. - E eu não vou na formatura.
- Sim, você vai. - Ele disse. - Quero ver minha filha se formar.
- Você não tem uma filha e eu só vou, porque será a ultima vez que eu verei minha melhor amiga e não esqueça: Você é o pior pai do mundo. - Subi as escadas aos prantos, quando cheguei no meu quarto fui logo para o banheiro e comecei a fuçar num armário que havia ali, eu precisava dos meus tranquilizantes, eu havia dado um jeito de consegui-los, não foi nada fácil, mas eles me deixavam calmas e me livravam dessa dor através do sono. Deitei em minha cama e adormeci por um tempo.
Acordei com os olhos pesados e olhei o horário em um relógio que havia em minha parede, faltavam exatamente três horas para a droga da formatura, eu não havia ensaiado um discurso nem nada, eu só queria ir até lá, pegar meu diploma, me despedir de Mads e Quinton e depois morrer.
Fui até meu guarda roupa e peguei um vestido que meu pai havia me dado, segundo ele, ele escolheu com a ajuda da sua assessora, ela tinha bom gosto. Fui para o banho e me arrumei, eu não estava muito no pique para essas frescuras, fiz uma maquiagem básica, vesti a droga do vestido, arrumei meu cabelo e coloquei um salto qualquer, não necessariamente nessa ordem. Uma hora depois, eu estava pronta.
- Pronta? - Meu pai abriu a porta do meu quarto. - Wow. - Ele parou um pouco ao me ver. - Minha princesa está linda.
- Vamos de uma vez. - Fui seca. - Não posso chegar atrasada, os formandos tem que estar lá uma hora antes. - Saí do meu quarto e passei na frente de meu pai, meus saltos faziam barulho ao se chocarem com a escada, sacudi a cabeça, pois quando cheguei no final, vi Hacker sentado no sofá, eu sentia tanta falta dele que meu coração se apertou mais ainda, eu sentia falta de tudo nele, do seu jeito arrogante até seu senso de humor idiota, eu sentia falta das piadinhas impróprias ou do jeito que ele me levava ao paraíso, eu sentia falta de cada detalhe dele, só queria saber se ele sentia o mesmo, pois não era o que parecia. Era apenas uma miragem.
Entrei no banco de trás do carro, eu não queria ficar no lado de meu pai, ele estava me dando repulsa ultimamente. Deitei minha cabeça no encosto e fiz minha melhor cara de tédio.
Chegamos no salão onde os formandos se reuniriam e meu pai entrava todo sorridente, como se fosse a melhor pessoa do mundo, todos o cumprimentavam pois sabiam quem ele era.
- Oi. - Uma mãe de algum aluno disse para mim e eu a ignorei.
- Melanie está nervosa com a formatura. - Meu pai arrumou uma desculpa.
- Não, eu só não quero dar oi. - A mulher me olhou com uma cara estranha e saiu.
- Não tem cabimento isso.
- Te digo o mesmo. - Entramos e o salão estava cheio, havia um palco onde se reuniriam todos os formandos, de frente para o palco havia várias cadeiras, por enquanto os pais ficariam separados dos alunos, fiquei feliz, pois assim meu pai não ficaria na minha cola.
- Desty. - Mads veio até mim e me abraçou, olhou para o meu pai e fez pouco caso.
- Oi, Sr. Baker. - Ela disse sem vontade, apenas para não ser mau educada. - Como se sente sobre separar uma amizade de anos? - Ok, aí ela já não foi tão educada.
- Me sinto ótimo, pois minha filha terá um futuro bem melhor.
- É, eu sei. - Mads sorriu como se tivesse algo que eu não soubesse. - Vamos, Desty? - Ela me puxou.
- Onde vocês vão? - Meu pai perguntou intrigado.
- Nada de pais junto com os formandos, só lamento. - Saí correndo com Mads e nós nos sentamos nas primeiras cadeiras de frente para o palco, o mais longe possível de meu pai.
- Não acredito que logo tudo vai acabar. - Ela disse cabisbaixa.
- Não me deixe pior ainda, Mads, por favor. - Pedi. - Vou fazer de tudo para arrumar uma Internet descente no Texas, não sei se minha tia sabe o que é isso, mas beleza. - Falei com o pouco senso de humor que me restava. - Eu te amo. - Falei e a abracei.
- Eu sei. - Ela riu.
- Hoje é um dia muito especial. - A diretora começou à falar em cima daquele palco. - É o ultimo dia de vocês jovens, como estudantes da nossa escola, mas não é o ultimo dia de vocês como estudante da vida, isso vocês sempre serão. - Eu e Mads rimos daquela filosofia chata. - Estamos com várias cartas de várias Universidades as quais vocês se escreveram, conforme eu chamo os alunos para subir aqui e pegar o diploma, vocês pegam a carta que lhes pertence, bom, não são todos que pegarão. - Ela coçou a garganta. - E em seguida, vocês terão tempo para o discurso. - O discurso, algo que eu não tinha nem um rascunho.
- Você tem um discurso? - Mads quis saber.
- Eu não tenho cabeça pra fazer um discurso. - Falei.
- Mas vai dizer algo?
- Não.
- Vai ter que dizer.
- Não é obrigatório.
- Mas diga, Desty. Por favor. Isso é importante.
- Ta bom, eu tento improvisar alguma coisa. - Me rendi.
- Antes de tudo começar, vamos mostrar um vídeo que fizemos para vocês. - No telão começou a passar um monte de frescuradas, tinha uma musica dançante e um vídeo com fotos das turmas de terceiro ano da escola que hoje estavam se formando, fotos com professores, auxiliares da limpeza, zelador... Tudo.
Nossa turma era a que mais tinha fotos, apareceu uma foto com Chloe e Mads gritou ''vadia'' todos olharam para todos os lados tentando ver quem foi, eu apenas ri. Em seguida havia uma foto, uma foto onde tinha Hacker fazendo uma pose cheia de marra junto com algumas garotas do 3ºB, que faziam uma pose como se ele fosse um chefão, quando ele apareceu ouviu-se gritos histéricos de várias meninas, em seguida a foto passou e apareceu o Sr. Thompson com a cara emburrada em uma foto com os garotos do nosso terceiro ano, o 3ºA, todos riram e o Sr. Thompson que estava sentado perto da gente, deu uma risadinha também, em seguida o vídeo acabou, eu apareci em umas três fotos, Mads apareceu em seis, ela era fotogênica demais, tinha foto dela até em outras turmas de terceiro ano, o que me fez rir. - Foram momentos bons, espero que tenham aproveitado esse ultimo ano e claro, aprendido. Pois logo, logo, vocês serão universitários dando um grande passo para a maioridade, depois, muitos criarão famílias. - Vinnie veio em minha mente. - Eu só querem que vocês lembre dessa escola para vida toda, muitos aqui entraram apenas no ensino médio e muito aqui estão aqui desde o ensino fundamental. - Como eu. - Não importa o tempo, todos sempre serão especiais para nós. - Me vi com sono. - Agora é a grande hora, chamaremos cada aluno de acordo com a turma. - Começou à dar uma musica lenta de cortar os pulsos e era isso que eu queria fazer.
- Começaremos com o 3ºA, claro. Tem que ser por ordem. - Ela sorriu. - Quem é o professor regente dessa turma? - Ela perguntou e o Sr. Thompson subiu no palco, ele entregaria os diplomas. - Então vamos lá... Alisson Kanter. - Uma colega minha que eu nunca havia falado subiu no palco, pegou seu diploma, abriu uma carta e deu um grito.
- NÃO ACREDITO QUE EU CONSEGUI. - Fiquei nervosa, pois eu também havia mandado cartas, porém eu estava com medo de não conseguir e se eu conseguisse, esperava que meu pai mudasse de ideia sobre o Texas. - Eu queria agradecer á todos... - e blá blá blá.
- Joseph Lerman. - Um garoto do time do futebol que já tinha dado em cima de mim subiu, pegou o diploma e nenhuma carta.
- Esse ano foi muito legal e... é isso. - Em seguida desceu do palco.
- Rodrigo Olsen. - Um garoto subiu, pegou o diploma e uma carta, mas fez pouco caso.
- Eu sabia que eu conseguiria, nenhuma Universidade seria burra de recusar um aluno como eu. - Ouviu-se gritos o chamando de babaca e logo ele desceu do palco. Depois a diretora chamou mais seis alunos, uma garota deu um discurso enorme, pensei que ela nunca sairia de lá, eu estava quase cochilando, mas Mads me deu um tapão.
- Madison Lewis. - A diretora chamou e Mads apertou minha mãe e levantou-se nervosa, subiu no naquele palco, pegou seu diploma e também pegou uma carta.
- CARALHO. - Sim ela falou palavrão, todos a olharam. - Ops, desculpa, mas olha isso, Universidade de Montreal, eu fui aceita, beijo, fãs. Ai meu Deus, estou muito feliz. - Levantei e comecei á aplaudir. - Te amo, amiga. Nada nunca vai separar nossa amizade, nada mesmo. E nem nosso amor... - Isso ela não falou para mim, falou para Jaden, droga, como eu não havia visto ele lá? - Te amo, Jay. - Ele assentiu, eu não havia o visto porque ele não havia chego faz muito tempo e estava sentado distante, a mãe de Mads aceitava o namoro dos dois (ela não sabia que ele era um gangster) então por isso ele foi. Senti uma pequena inveja, confesso, pois tudo o que eu queria, era que Hacker estivesse lá. - Sério gente, eu tô muito feliz, nossa, estou nervosa. - Ela pegou um copo d'água que estava na mão da diretora e deu um gole, logo a entregou a água novamente. - Obrigada. - Ela respirou fundo, eu Mads sempre tivemos o sonho de estudar nessa Universidade, nós mandamos a carta para lá juntas, essa foi uma das Universidades à qual eu recorri, era a segunda maior do Canadá e era extremamente qualificada, fiquei feliz por Mads, pelo menos o futuro dela não estava sendo pisoteado. - Vou ter que aprender à falar francês, o lema de lá é algo do tipo: Fide... Ai droga, esqueci. - todos a olhavam com uma cara estranha.
- Fide splendet et scientia... Que brilhe com verdade e conhecimento. - A lembrei.
- Isso. - Ela riu. - Mas enfim, tem que falar sobre os meus anos aqui? Ah é, claro. Foi muito divertido, menos a parte de que eu fui colega de Chloe Smith pela vida toda, mas tirando isso, foi maneiro, pois eu sempre estudei com a minha melhor amiga linda que é MELHOR, MUUUUUUUITO MELHOR que Chloe. - Chloe estava olhando com cara de nojo. - Mas enfim, vou sentir falta de tudo isso, mas acabou e fim. Acontece, a vida é assim, paciência.
- Ok, obrigada, Madison. - A diretora deu um sorrisinho falso e tentou tirá-la do palco.
- Espera, só mais uma coisa... O que acharam do meu vestido? - Gargalhei e dessa vez foi o Sr. Thompson que a tirou do palco. Assim que ela veio até mim a abracei com extrema força e lágrimas se formaram.
- Eu estou muito feliz por você. - Falei.
- Eu queria que estudássemos juntas, esse era o nosso plano. - Ela disse e eu fiquei quieta, se eu falasse, desabaria. - A diretora chamou mais uns três alunos e em seguida chamou Quin, ele conseguiu entrar para Harvard. Só lembro de começar a gritar igual á uma louca.
- Quero agradecer por todos que acreditaram em mim, principalmente minhas melhores amigas, Lilly e Desty. Amo vocês. - Ele foi breve e desceu do palco. Chamaram mais dois alunos.
- Chloe Smith. - A chamaram e ela logo subiu no palco rebolando, recebeu seu capelo e o diploma, não havia nenhuma cara para ela.
- Eu só queria agradecer Destiny por ter me fortalecido com essa inveja que ela sente de mim. Obrigada à todos. - Eu e Mads gargalhamos, mas preferimos ignorar.
- Destiny Baker. - Ouvi meu nome e um choque elétrico me percorreu.
- Vai lá, gata. - Mads deu um tapinha na minha bunda e eu me direcionei ao palco meio tímida. Colocaram aquele Capelo em mim, como colocaram em todos os alunos, não acho que aquilo tinha ficado bem em mim, mas não revidei. O Sr. Thompson entregou meu diploma e eu vi que havia uma carta para mim, meu coração disparou e a vontade me consumiu, seja qual for a Universidade, eu não iria poder cursar. Abri a carta.
- Universidade de Montreal. - Aquilo saiu sem eu pensar, Mads me olhou, mas ao invés de vibrar, ficou triste, pois meu pai me enfiaria em uma universidadezinha no Texas. - Meu sonho... Que será quebrado. - bati com força em um púlpito que havia ali especialmente para discursos, todos me olharam sem entender. - Eu tenho o pior pai do mundo, o pior. - Falei à todos e respirei fundo. - Eu não tenho um discurso bom, eu não escrevi nada, assim como eu vi que foram poucos que realmente escreveram, mas eu posso tentar arriscar algumas coisas. - Cocei a garganta. - Os anos nesta escola, foram ótimos para o meu crescimento, essa escola sempre foi dona de um ensino ótimo e esplendido, mas parece que na medida em que nós vamos ficando mais velhos, as coisas vão ficando mais difíceis, isso é o que acontece com qualquer jovem do ensino médio, você é obrigado a lidar com coisas e escolhas, muitas escolhas podem ser ótima para você, mas para os outros, pode ser péssima. - Olhei para o meu pai. - Eu amo fortemente uma pessoa, mas fui impedida de ficar com ela, sei que muitos aqui sabem muito bem de quem eu estou falando, mas não é sobre isso que eu quero exatamente falar, eu quero falar sobre pessoas que anseiam em estragar a felicidade das outras, só porque não são felizes ou não tiveram porcaria de sucesso nenhum, acham que ninguém mais pode ser feliz. - Essa indireta foi para Chloe. - Mas eu acredito que o mundo dá voltas. - Eu já sentia o nó em minha garganta. - Ou então, o pior de tudo, aquela pessoa que você amava mais do que tudo se tornar um monstro. - Me referi ao meu pai. - Tudo porque acha que está fazendo a coisa certa para a sua filha, mas na verdade, não está. Está apenas sendo a pior pessoa possível. - Meu pai me olhou, mas não esboçava nenhuma expressão. - Eu desejo realmente que todos aqui tenham o melhor futuro possível, com exceção de algumas pessoas, claro. Eu quero que vocês possam se orgulhar de tudo, é sério, pois a minha vida, pois o meu futuro, bom, foi pisoteado pelo meu próprio pai. Alias, ele está bem ali. - Apontei para ele. - Deem graças á Deus por terem pessoas que dão valor á suas escolhas também, mesmo querendo o seu bem. - Jaden me olhava compreensivo. - Ah e eu não posso esquecer, obrigada por tudo, Mads. Você sabe não curto muito esse nhe nhe nhe, mas você sabe, nossa amizade não se quebrará tão fácil. - Forcei um sorriso e logo meu coração disparou quando eu vi algo passando por algumas pessoas que estava de pé. - Hacker... - Falei e todos olharam para trás, em seguida olharam para frente novamente, ele sumiu. Eu vi ele, eu tinha certeza, mas logo, ele já não estava mais ali, eu não acredito que eu estava ficando louca. Mads me olhou sem entender e eu disfarcei. - Desculpa. - Sorri. - E obrigada. - Desci do palco com aquela imagem me martelando, eu tinha certeza que era ele, eu não estava louca, por mais que Mads estivesse dizendo que eu estava.
Assim que a diretora chamou todos da nossa turma, ela mandou a mesma se reunir no palco, não entendi porque na medida em que nós éramos chamados não nos orientaram a já ficar no palco. Escola estranha, formatura estranha, vida estranha. Ela falou mais alguma coisa fez aquela toda aquela coisa chata de formatura que a maioria já presenciou ou viu em algum filme e em seguida, estávamos livres, foi uma gritaria sem fim.
O final de tudo foi doloroso, a despedida foi a pior coisa da minha vida, eu e Mads chorávamos igual à duas condenadas, eu a fiz prometer que assim que ela entrasse na universidade, me mandaria fotos de lá, ela assentiu, mas não conseguia parar de chorar, eu quase nem tinha lágrimas de tanto que sofri. Jaden veio falar comigo e disse algo muito significativo ''Tchau''.
- Jaden, era Hacker não era? Ele está aqui. - Falei.
- Hacker não está aqui, Destiny. É coisa da sua cabeça. - Fiquei quieta.
- Ok. - Aquilo ainda não havia me descido.
- Te amo, amiga. Muito mesmo. - A abracei pela quingentésima vez. Logo meu pai me puxou para o carro. Aquela dor era insuportável, eu tinha vontade de rasgar meu peito e arrancar meu coração fora, minha vida estava decaindo e eu não podia fazer nada.
- EU TE ODEIO. - Gritei naquela carro, mas meu pai se manteve quieto até chegarmos.
- Já arrumou suas malas? - Ele perguntou quando entramos. - Você viajará cedo amanhã - Ele disse indiferente.
Fui para o meu quarto e peguei duas malas, eu não havia saída, eu não tinha o que fazer, eu só poderia aceitar que esse era o meu destino, a porra do meu destino.
Enquanto eu arrumava aquelas malas, várias cenas minha e de Hacker vinham em minha cabeça e eu chorava descontroladamente, ele havia desistido de mim, ele não me queria mais e eu o entendia, suas promessas foram falsas, ele não me procurou todo esse tempo, eu estava acabada.
''Você é minha, querendo ou não, porque eu simplesmente anseio que seja assim, você não tem escolha."
''Você é... Você está perfeita."
''Essa é a merda, Destiny, não é nenhum tipo de pegadinha, eu queria que fosse, assim eu me livrava dessa droga de sentimento que me incomoda desde o dia que eu ansiei que você fosse minha.''
'' Eu nunca me apaixonei antes... Você soube mudar isso, você soube foder com tudo."
As falas de Hacker ecoavam em minha cabeça, fazendo surgir lágrimas e mais lágrimas.
'' Eu gostaria de tentar... Tentar... Você sabe... Tentar fazer com que nós dois sejamos um casal.''
Flashback On
- Então você aceita ser minha?
- Ser sua, eu já fui uma vez, Hacker. A questão é, você, você será meu também?
- Eu sempre fui. - Falei. - Eu só era apenas bom em negar isso. - Falei e ela ficou me olhando, como se tivesse conseguido um prêmio.
- Eu te amo, Hacker.
- Eu também...Também me amo. - Ele riu e eu apenas fiquei o olhando com as sobrancelhas arqueadas. - Calma, gata, eu amo você também.
- Eu não acredito que eu estou ouvindo isso, repete. - Eu disse sorrindo. - Mas repete com carinho.
- Eu te amo, Destiny. - Ele sussurrou em meu ouvido. - Te amo pra caralho.
Flashback Off.
Aquelas lembranças haviam acabado com as minhas estruturas.
''Como posso esquecer a primeira garota por quem eu me apaixonei?''
Eu estava destruída, terminei de arrumar minhas coisas e deitei em minha cama, em seguida, adormeci.
Este é o penúltimo capítulo...
Por hoje é isso vidas, vejo vocês amanhã 💗✨
Amo muito vocês.💗