Maya Ferreira
... eu seria um tolo maior do que já sou por te deixar ir embora assim tão fácil.
Eu não conseguia falar nada.
Eu tava pior que o drogado do Jp quando a Cigarro bateu em mim.
E olha que o traficante arregalou os olhos, eu apenas encarava o Matteo com cara de bunda.
- Só me fala que eu ainda não te perdi, me fala que você ainda sente alguma coisa por mim, nem que seja ódio, eu te imploro... - Se aproximou de mim.
Eu sinto...
Eu sinto tantas coisas por você.
Se eu sinto tantas coisas, porque simplesmente não sai nada da minha boca?
- Desculpa, eu não sinto nada por você, não mais...
MAS QUE MERDA EU ACABEI DE FALAR?
É claro que eu sinto!
Eu te amo seu arrombado...
Foi tudo muito rápido.
Eu assisti os olhos do Matteo mudarem em segundos.
Eles foram de esperança para dor, de dor para tristeza, de tristeza para raiva e finalmente o pior de todos, o vazio.
Parecia que aos poucos ele tinha apagado qualquer tipo sentimento que ele tinha por mim e apenas sobrou o vazio.
Eu pensei que não existia pior sensação do que sentir o seu coração ser quebrado, eu estava enganada, a pior sensação que existe é assistir você quebrar o coração de alguém que você ama.
O Matteo se afastou de mim rapidamente e pegou o celular em um simples movimento.
- Matteo, me desculpa, eu não quis...
- Eu vou ligar pra Camden e pra Julia, vou pedir pra elas trazerem uma roupa sua e depois eu te levo pra casa. - Falou.
- Matteo... - Chamei novamente.
- Os meus pais já devem ter saído então você pode descer.
- MATTEO! - Gritei.
- Que foi? - Olhou pra mim novamente.
O vazio ainda tava ali.
Eu realmente fudi com tudo, não foi?
- Me desculpa, eu realmente não quis...
- Maya, esquece.
Seu vagabundo do caralho, da pra me deixar terminar de falar?
Quando eu ia dizer alguma coisa ouvi a voz da Camden.
*chamada on*
- EU JÁ FALEI QUE NÃO QUERO COMPRAR NADA PORRA. - Gritou a Camden irritada e o Matteo encarou o celular confuso.
- Camden? - Perguntou o Matteo.
- Ah, oi Matteo. - Respondeu. - Ah não, calma, eu tenho que ficar brava com você. OQUE VOCÊ QUER SEU...
- Não precisa mais ficar brava comigo, ta tudo bem agora. - Falou o Matteo baixinho.
Não ta nada bem...
- Entendi... Me ligou porque?
- Eu preciso que você e a Julia tragam algumas roupas para a Maya.
- Ta. - Respondeu a Camden rápido.
- Mas como que a Maya ficou sem roupa se ela foi na casa do Matteo só pra bater nele? - Escutei a voz da Julia.
Eu rapidamente arranquei o celular da mão do Matteo e desliguei a chamada.
*chamada off*
O Matteo me encarou confuso e eu dei um sorriso amarelo.
Ele abriu a porta do quarto dele saindo e caminhou por algum tempo até que parou pra me encarar.
- Você não vem? - Perguntou confuso.
- Eu não consigo andar... - Olhei pra ele apreensiva.
Totalmente culpa sua.
O Matteo caminhou até mim e me pegou no colo como se eu fosse a coisa mais leve do mundo.
Ele desceu as escadas comigo no colo e eu observei ele, cada traço no rosto dele, a boca que eu beijei, o nariz que eu quis socar e os olhos que eu assisti ficarem vazios.
Eu vou parecer louca agora mas eu entendo a Sarah.
Calma, guardem as armas, ainda sou eu.
O momento que eu percebi que perdi o Matteo foi frustrante, eu podia facilmente me tornar obcecada pelo Matteo.
Mas que droga eu to falando?
O Jp deve ter me drogado...
O Matteo me soltou no chão da cozinha e abriu a geladeira enquanto eu observava ele.
- Ervilhas congeladas ou frango congelado?
Pra jogar na sua cabeça?
- Que? - Perguntei confusa.
Vai que ele endoidou de vez.
- Só escolhe vagabunda.
- O frango seu arrombado do caralho. - Olhei pra ele ainda mais confusa.
- Você quer colocar frango na buceta mesmo? - Me olhou e eu arregalei os olhos.
- Mas que caralhos?
- Vai amenizar a dor. - Falou me entregando as ervilhas congeladas.
- É suposto eu sentar nelas? - Perguntei.
- Prefere sentar no meu pau de novo? - Falou em tom de brincadeira.
Eu olhei para as costas do Matteo sem saber oque falar e ele me encarou de volta.
- Eu tava brincando. - Avisou.
- É... - Respondi.
Que clima... Estranho.
Coloquei as ervilhas na cadeira e me sentei encima delas soltando um gemido desconfortável.
- Melhorou? - Perguntou o Matteo me olhando com cuidado.
- É desconfortável... - Respondi.
- Podia se tornar prazeroso em alguns segundos. - Falou rindo e eu assenti.
Que merda de clima estranho...
O Matteo me entregou um copo de suco de abacaxi e eu olhei pra ele com a cabeça levemente inclinada.
- Eu odeio suco de abacaxi, e você sabe seu idiota. - Falei.
- Ah, eu sei e você realmente não precisa dos benefícios dele. - Sorriu.
Eu não posso deixar isso ficar assim.
Esse clima ta me matando.
Eu preciso falar pra ele que eu sinto sim algo por ele.
continua...