O fio que nos ligava - Leitor...

By Almdrilm

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A vida de (s/n) nunca saiu da mesmice, sempre focada na faculdade não costumava sair, mas quando tinha oportu... More

1- como tudo começou
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especial

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By Almdrilm

Depois daquela segunda-feira não consegui mais encontrar o Kei, muito menos dona Amélia. Tive que me concentrar nos seminários e voltei a minha rotina antiga e quando me dei conta já tinham se passado duas semanas. A primeira foi a continuação dos seminários, e na segunda me coloquei à disposição de ajudar meu avô na biblioteca, então não tive muito tempo. Quando tinha tempo livre, dormia e no resto dormia também; entraríamos em um recesso de verão no começo dessa semana, então iria conseguir aproveitar bem minhas folgas. Afinal de contas depois do recesso iria ser a formatura e aí eu estaria totalmente perdida na vida.

Como hoje era domingo e não tinha nada para fazer, e amanhã já começaria o recesso decidi que iria sair.
Me arrumei colocando uma das minhas roupas mais frescas, passei protetor solar e coloquei algumas coisas que seriam necessárias em minha bolsa; pesquisei um local próximo para ir e quando decidi qual seria, sai de casa.

Fui andando a pé até o metrô e quando cheguei lá encontrei aquele gato novamente, o que Wilson estaria fazendo por aqui?
Me vi na obrigação de segui-lo e me mantive ao lado dele durante o percurso do metrô. Quando estava se posicionando para sair, percebi que era uma estação que ia durante a infância, mas não lembrava de muita coisa. Saltamos e comecei a caminhar um pouco atrás do gato, para onde estaríamos indo?

Alguns minutos de caminhada e começamos a subir uma colina, era uma área mais "rural" distante da cidade e provavelmente Wilson tinha algo em gostar de subir colinas. Continuamos subindo até que ele parou, parecia ser um templo antigo, daqueles que vamos no começo ou final de ano. Entrei atrás dele e o mesmo se deitou em uma almofada que tinha por ali, será que ele poderia estar fazendo aquilo? talvez ele fosse algum tipo de Deus em sua vida passada?
Eu já não estava entendendo mais nada, mas quando olhei para trás, percebi a bela vista da cidade. Talvez Wilson tivesse algo com vistas bonitas, já era a segunda vez que o seguia e a segunda vez que encontrava uma vista daquelas.

Me retirei de dentro do templo e percebi que não parecia ter ninguém ali. Me sentei em uma espécie de varanda e me coloquei à desenhar aquela vista e o próprio templo, quando sai de casa não era meu objetivo vir parar aqui, mas sempre vale a pena quando sigo minha intuição.

Algumas horas se passaram e o por do sol já estava formado com o céu já começando a escurecer, pretendia agora desenhar tudo novamente mas com o por do sol aparente, e realmente o teria feito se Wilson não viesse se esfregar preguiçosamente ao meu lado. Comecei a fazer carinho no mesmo e até eu aproveitei para me espreguiçar.

O gato pareceu gostar do carinho mas logo começou a andar na direção que viemos. Me apressei para juntar minhas coisas e tirei algumas fotos do local saindo correndo atrás do gato.
Descer correndo aquela colina talvez não teria sido uma das minhas melhores ideias, mas estava apressada para não perdê-lo de vista.

Assim que terminei de descer achei Wilson como se estivesse me esperando, me abaixei um pouco para despistar o cansaço e logo comecei a segui-lo. O gato andava em passos divagares até uma casa em um estilo oriental mais antiga, ele pulou o muro da mesma e alguém de dentro exclamou.

-Mamãe! O bolotas voltou!!

Então era realmente isso, Wilson tinha vários nomes e várias casas espalhadas pela cidade. E agora eu me dava conta que estava perdida sem saber para onde ir. Me encostei na parede ao meu lado e peguei meu celular, talvez meu gps conseguiria dizer a cidade onde estava.

-(s/n)? -perguntou uma voz conhecida.

-Jackson! -exclamei abraçando o garoto -o que faz aqui?

-Minha mãe mora por aqui, você não lembra?  -disse me soltando -e o que você faz aqui?

O olhei com uma cara de sem graça antes de responder -Sabe, eu segui um gato até aqui e acabei me perdendo.

-Olha eu não estou nem surpreso, não sabe para onde ir né?

-Não faço a menor ideia.

-Então você irá jantar comigo e com a minha família hoje -disse andando e comecei a segui-lo -minha mãe chamou a família inteira de uma amiga dela, então acho que terá comida o suficiente para todos.

-Finalmente vou ser tratada como a princesa que sou -disse me espreguiçando e o maior me olhou com cara de tédio -agora que você disse esse lugar me é familiar mesmo.

-Não te julgo por não lembrar, você nem tem a memória tão boa assim.

-Falando assim me sinto ofendida -disse cruzando os braços.

Entramos em umas duas casas para frente e pelo jeito estávamos atrasados já que parecia que todos tinham chegado.

-Olá (s/n)-chan -exclamou a mãe de Jackson -não sabia que viria.

-Pois é -disse sem graça -eu gosto de fazer surpresas.

-(s/n)? -exclamou uma voz conhecida.

-Amélia? -questionei me virando.

-Quanto tempo querida -disse vindo me abraçar e agora reparei que Kei também estava por ali junto com um garoto extremamente parecido com o mesmo.

Haviam mais algumas pessoas que não conhecia, e até alguns parentes de Jackson que também não conhecia, mas só de Amélia estar ali já me sentia mais feliz.

-Credo você está em todo lugar -exclamou Tsukishima quando me aproximei deles.

-Fala isso agora mas tenho certeza que sentiu minha falta nessas duas semanas -exclamei e o mesmo fez uma cara de tédio um pouco corado.

-Senti falta foi do meu agasalho -exclamou e agora era minha vez de ficar levemente vermelha.

-Não consegui te encontrar pela faculdade, como iria devolver? -questionei e mostrei minha língua para ele em uma atitude infantil.

-Tudo bem, já chega né -Jackson falou se metendo entre a gente -Vamos jantar.

E então todos foram até a mesa e o próprio banquete estava instalado, me sentei entre Jackson e a mãe dele e os mais velhos começaram a falar algo sobre quando eles eram crianças.

-Quando pretendia apresentar sua namorada para a gente Kei-chan -o irmão de Kei perguntou baixo, mas muito bem audível.

-O que? eu não namoro com ela -exclamou o loiro -vai constrangê-la na própria casa do namorado.

-O que? -exclamamos eu e Jackson praticamente ao mesmo tempo.

-Vocês não namoram? -questionou Kei agora com uma cara confusa.

-A não -disse -eu nunca namoraria esse traste -apontei para Jackson ainda de boca cheia.

-Eu que não namoraria com você -se defendeu -uma garota que fica seguindo gatos por aí se achando a própria Dora aventureira!

-Quem disse que me acho a Dora aventureira? -virei para ele já ficando irritada -Pelo menos eu faço alguma coisa da minha vida do que ficar o dia inteiro observando personagens 2d com o mínimo de roupa possível!

-E quem disse que não é produtivo? -se virou já irritado também -Você não sabe como é difícil se relacionar com mulheres, eu me sustento com o que posso!

-Até parede que para você é difícil Jackson! todo dia recebe no mínimo três cartas de declaração!

-Eu não sei me relacionar com mulher na vida real não! -ele estava se orgulhando de admitir isso em voz alta? -nem em jogos de simulação eu consigo acabar com alguém!

Eu já estava pronta para responder se Silvana, a mãe de Jackson não tivesse intervindo.

-Da para parar vocês dois! -disse alto nos fazendo virar para olhá-la, e agora que havia dito todos pareciam estar prestando atenção na gente com sorrisos divertidos -Já se passaram anos e vocês não mudam nada, sempre brigando na hora do jantar!

-A (s/n) que começou mãe -exclamou Jackson e eu já estava começando a me irritar de novo.

-Pode parar! vocês dois vão para o quarto agora! estão de castigo!

-Silvana eu acho que eles não tem mais idade para isso... -começou o pai de Jackson a falar mas foi cortado.

-Pois se tivessem idade não estariam nem brigando! Já para o quarto vocês dois!

Eu e Jackson pegamos nossos pratos nos curvamos envergonhados e subimos até o quarto do mesmo.

-Não acredito que levei bronca na frente de todo mundo por sua culpa -exclamei me sentando na cadeira dele e apoiando meu prato na mesa.

-Você que me fez passar a maior vergonha na frente de toda minha família -exclamou sentando na sua cama.

Continuamos comendo em silêncio e quando terminei peguei meu celular, não pretendia olhar na cara dele.

-Quer jogar? -perguntou se virando em minha direção após alguns minutos.

-Quero -respondi pegando o controle que havia me estendido e sentando ao seu lado na cama.

Jackson e eu éramos amigos desde o ensino médio então vinha na casa dele algumas vezes para passar o dia, normalmente acabávamos brigando e de castigos e com certeza era uma coisa que se mantinha até hoje. Mas nunca conseguíamos ficar brigados por muito tempo, se não fosse ele, eu pediria desculpas.

-Já fizeram as pazes? -perguntou o irmão de Kei entrando.

-A gente não consegue ficar muito tempo brigado -respondi e sorri vitoriosa em direção a Jackson quando apareceu na televisão "Jogadora (s/n) venceu".

-Não quero mais jogar -respondeu bravo desligando a televisão.

-Péssimo perdedor -exclamei.

-Por favor não briguem de novo -O Tsukishima mais velho exclamou nos fazendo rir.

Então ele e Jackson começaram a observar sua estante de personagens 2d deixando eu e Kei mais afastados.

-Não sabia que jogava vôlei -me virei para ele que estava sentado no chão ao meu lado.

-E eu não sabia que você era tão stalker.

-Não sou stalker! -me defendi -Fiquei curiosa quando reparei no bordado do seu agasalho, então pesquisei.

-Bom, pelo menos eu espero conseguir reencontrar esse agasalho algum dia -suspirou dramaticamente.

-Só por isso eu vou enrolar mais algumas semanas para te devolver -fiz pouco caso -quem diria que você teria um apego tão forte a um agasalho.

-Se você é tão pobre que não tem dinheiro para comprar um próprio, eu fico feliz em fazer caridade.

-Chato -exclamei cruzando os braços e fazendo um bico.

-Tudo bem! tudo bem -respondeu -eu consigo esperar até você estar pronta para me devolver.

-Muito obrigada pela caridade -respondi sorrindo em sua direção.

-Vamos crianças -a mãe dos irmãos apareceu contente na porta.

Todos descemos e fui levar o meu e o prato de Jackson até a cozinha.

-Gostaria de uma carona (s/n)-san? -perguntou Amélia.

-Não gostaria de incomodar -respondi envergonhada -Ainda pretendia lavar a louça e depois o Jackson pode me levar -disse cutucando o mesmo com meu cotovelo.

-Sim, com certeza -respondeu um pouco perdido.

-Não será incômodo algum -disse Amélia sorridente.

-E eu tenho certeza que o Jackson da conta de lavar a louça sozinho -respondeu Silvana o olhando com uma cara assustadora.

-Eu tentei -disse desapontada para o mesmo que agora me olhava triste.

-Obrigada pelo jantar -me despedi e entrei no carro.

O irmão de Kei que agora eu havia descoberto que se chamava Akiteru estava dirigindo, ao seu lado estava Charles e no banco de trás estava eu e Amélia conversando animadamente enquanto Kei parecia distraído olhando pela janela. Os pais deles tinham ido em outro carro já que moravam um pouco mais longe.

-Obrigada pela carona -me despedi enquanto saia do carro.

-Então nós vimos te buscar para o jogo do Kei-chan -disse Amélia contente abaixando o vidro.

-O que? -exclamou Kei como se estivesse acordando para a vida agora -como assim para o meu jogo?

-Chamei (s/a)-chan para assistir seu próximo jogo e a mesma topou, não é de mais?

-Dona Amélia eu já descobri o que você está querendo fazer -repreendeu Charles e eu os olhei com uma cara confusa.

-Eu também e devo dizer que concordo -afirmou Akiteru -Até o jogo então (s/n)-san!

Akiteru se despediu e saiu com o carro provavelmente para Kei não ficar falando besteira, ou para não me dar tempo de desistir da ideia. Entrei em casa e me joguei no sofá, por que aquele gato sempre me leva até a família Tsukishima?

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O que acharam?
Obrigada para quem leu ate aqui :)

Seus comentários e favoritos me inspiram!

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