Demorei mas voltei 😁👀
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– eu tava aqui pensando...como um cego que já nasceu cego que nunca viu um cego sabe que é cego? - Jun diz olhando pro nada fazendo o meu celebro bugar.
– o que? - digo andando ao seu lado em um jardim bonito e grande que há perto do hotel, comendo um saquinho de biscoitos.
– como um cego que já nasceu cego que nunca viu um cego sabe que é cego?
– ué...ele não vê nada então...isso explica.
– mas a questão é, se ele nunca viu nada, então na verdade ele não sabe como é um nada...ele não sabe como são as formas das coisas então...
– Jun come mais - digo colocando dois biscoitos em sua boca o fazendo parar de falar.
– isso é gostoso, dá mais. - Jun pede depois de mastigar abrindo a boca em minha direção.
– eu não, só tem mais um.
– aff.
Hoje mais cedo houve uma reunião com alguns sócios, uma reunião demorada mas que trouxe grandes benéficos, logo depois disso Jun decidiu sair um pouquinho comigo, eu queria ter negado mas não consegui, então viemos para esse grande jardim que tem belas flores que são uma tentação para a câmera do meu celular.
– olha que bonito. - digo vendo uma extensão longa de flores rosas claras dando uma bela imagem combinando com o céu de fim da tarde.
– tira uma foto minha! - Jun diz animado entrando em um caminho que há entre às flores.
– tiro - aponto o meu celular para o mais velho - pronto?
Jun confirma me fazendo tirar algumas fotos, fotos que eu pude jurar que estavam mais lindas que qualquer obra de arte. Por que você tem que ser tão bonito Jun? Acabo ficando triste. Ele as vezes parece tão belo e puro para ter passado por tudo que eu lhe fiz passar.
Essa viagem não está me fazendo tão bem assim, já que eu tenho que ficar grande parte do tempo ao lado do Jun, e fazer isso é como se fosse o preço que eu estou pagando por ter mentido tanto para ele. Olhar pra ele me dói, ouvir a voz dele me dói, receber o toque dele — mesmo se for o mais simples — me dói. Eu acho que Seungcheol estava um pouco errado com as suas sugestões, as vezes eu acho que quem é o louco é ele e não eu.
– iae? Como ficaram? - Jun fala vindo até mim com um sorriso divertido nos lábios.
– lindas...- lhe mostro
– ficaram boas mesmo. Agora vamos tirar uma juntos. - sorri.
– a não sei, Jun...
– a vamos lá, é só uma foto.
– okay...- acabei cedendo colocando na câmera frontal logo fazendo um sorriso sem mostrar os dentes e pela tela do aparelho eu pude ver um sorriso fofo de Junhui. Tiro a foto - pronto...
– agora vamo tirar uma diferente.
– diferente como?
– eu vou correr pra lá - apontou para alguns metros a frente - aí você mostra a sua mão assim...- faz o gesto - vai parecer que eu estou na sua mão - Jun finaliza com um sorriso.
– você tem quantos anos mesmo? - pergunto esperando um "58 anos" como resposta. Sorrio - okay, vamo...
Após uma sessão de fotos engraçadas com o Junhui nós decidimos voltar para o hotel já que daqui a algumas horas nós teremos outra reunião. Jun parecia contente de estar na China, isso está nítido na sua diferença de comportamento, a sua carinha triste sumiu, acho que pelo menos para ele essa viagem de trabalho está sendo uma coisa boa; fazendo ele esquecer a vida amorosa.
– que tal você ir visitar a sua família daqui a alguns dias? - Jun diz assim que entramos no elevador do hotel logo apertando o botão do meu e do seu andar.
– acho uma boa ideia.
– eu posso ir com você até lá.
– a... não precisa, não quero te incomodar - encaro a porta do elevador.
– eu faço questão, eu quero conhecer a sua avó e te conhecer melhor também.
– é o que? - quase engasgo com a minha própria saliva.
– ué, eu não posso?
– pode sim...? - digo nervoso, olhando para a telinha de andares do elevador vendo que está quase chegando no meu andar.
– então tá...- diz sendo interrompido pelo seu celular que começou a tocar - o que o wonwoo quer? - pergunta para si mesmo.
O elevador para no meu andar logo abrindo a porta fazendo o Jun me olhar ainda com o celular tocando.
– fique pronto em cerca de duas horas e não se atrase, vou estar te esperando. - diz logo atendendo o celular enquanto a porta do elevador se fechava.
– Junhui é mesmo hétero? - me pergunto com certa dúvida logo indo até o meu quarto.
Jeonghan
– que tal um cinema? - Jisoo diz assim que entro em seu quarto espaçoso, ele está com roupa social já que chegou do trabalho a pouco tempo. - ou você prefere sair para jantar?
– hm... - penso - acho que pelo o horário um cinema cairia bem.
– então para você 17:00 é um bom horário para ir ao cinema?
– sim, melhor que sair para jantar - falo mexendo na sua gravata.
– a gente não sairia agora, nós podíamos ficar se curtindo até dar um horário bom para jantar fora.- Jisoo diz me puxando de leve pela cintura.
– para, que você está me fazendo mudar de ideia.
– tá mas você prefere o ir ao cinema, né? - diz me dando um breve selar nos meus lábios.
– uhum - concordo lhe dando outro beijo.
– então eu vou me trocar - Joshua diz afrouxando a gravata logo indo até seu closet.
...
– mentira que só tem filme de romance em cartaz - digo entrando em uma loja ao lado do Joshua para comprar os lanches.
– tem um de ação mas parece ser muito ruim, os outros já se esgotaram... então sobrou romance. - diz enquanto nós entramos em um corredor de balas.
– ok, vou comprar alguns lencinhos então. - digo tirando uma risada do mais novo.
– ta bom, compra logo duas caixa, eu vou precisar.
– aqui vende? - pergunto olhando em volta vendo só coisas de comer e alguns brinquedos e copos.
– você quer que eu procure? - diz simples pegando uma embalagem de balas.
– não, deixa que eu procuro e se eu não achar eu pego alguns salgadinhos, aliás pega chocolate pra mim? - peço já que tem chocolate nesse corredor o vendo concordar me fazendo sorrir e ir atrás de alguns lencinhos ou algo que sirva para limpar as minhas futuras lágrimas.
Mesmo sendo uma loja grande, eu não achava nada além de doces e salgadinhos já entrei em dois corredores resultando em dois sacos de batatinhas, mas nada de lencinhos ou guardanapo.
"Que se foda, vou roubar um rolo de papel higiênico do banheiro desse shopping"
Penso logo entrando desastrado em outro corretor me esbarrando em alguém que resmunga logo pegando uma bala que o fiz deixar cair.
– aí meu deus, moço me desculpe. - digo logo olhando para a pessoa que se levantava logo me olhando de volta.
– não tem proble...- o homem trava assim como eu - Jeonghan... você por aqui? - Seungcheol diz logo dando um sorriso.
– Cheol, que coincidência. - falo lhe dando um breve abraço - você está sozinho? - Pergunto vendo a sua cestinha compra cheia de doces estranhando um pouco.
– a...sim, estou e você?
– eu estou com um amigo. - sorrio para disfarçar - eu achava que você era aquele tipo de cara que fazia dieta e seguia a lista da nutricionista. - falo lembrando de não ter visto nada doce na sua casa além de iogurte e barrinha de cereal.
– pois é - solta uma risada - não conta pra ninguém, estou comprando escondido. - diz logo me olhando nos olhos por alguns segundos.
– pode deixar, é nosso segredo agora. - falo lhe olhando nos olhos da mesma forma.
– mas enfim - suspira quebrando o contado visual - eu já vou.
– a, tá bom...
– até mais, Jeonghan. Depois eu te ligo. - diz deixando um selar na minha testa
– até,Cheol. estarei esperando - digo logo recebendo um sorriso seguido de um "tchau" e assim ele se foi me fazendo balançar a cabeça para lembrar do que eu realmente precisava.
– Jeonghan? Achou algum lenço? - Joshua diz chegando perto de mim me dando um leve susto.
– a... Josh, eu não encontrei, mas peguei batatinhas - digo lhe mostrando as embalagens.
– coloca aqui. - mostra a cestinha que eu logo levo os salgadinhos até ela - e quem era aquele cara com quem você estava falando? - pergunta me fazendo travar os movimentos.
– eu...também não sei, ele só esbarrou em mim e estava pedindo desculpas. - digo sem passar muito interesse.
– a sim.
– agora vamos? Temos um filme para assistir - sorrio mudando de assunto.
– vamos.
Junhui
– conseguimos fazer os investimentos, como planejado - digo respondendo o Wonwoo na ligação.
~ que bom Junhui, então as coisas estão saindo bem aí? - Wonwoo diz simples
– sim sim.
~ e você? Está bem ou ainda tem pensamentos tristes?
– estou bem, mal pensei nela durante a viagem.
~ amém né.
– é estranho sabe, é como se eu não tivesse superado , mas eu ainda sinto a presença dela.
~ acho que é normal Jun, aos poucos essa sensação vai sumindo.
– espero, mas eu acho que o Minghao está me ajudando.
~ iiihhh...
– que foi?
~ nadaa. - fala seguido de uma risada.
– vai entender né? Talvez o fato dele ser chinês ajuda.
~ eu acho que não é isso - dá outra risada.
– Wonwoo...o que você está insinuando?? Você sabe que eu não sou gay.
~ eu não disse nada você que está pensando nisso, quem diria em Jun...
– aff.
~ mas siga o seu coração, talvez o Minghao te ajude a esquer a...- o corto.
– nem pense, meu coração está falando: você é hétero. E você falando de seguir o coração? O tá acontecendo?
~ talvez eu esteja fazendo isso..
– QUE?! com quem??
~ adeus...- desliga a chamada.
– desgraçado...- suspiro - e se...- penso na possibilidade - não, nhe - faço cara de nojo logo indo tomar um banho rápido.
Eu sempre fico pensativo com algo enquanto tomo banho, nos últimos dias minha mente só pensava na Mingue, mas hoje a minha mente ficou mais em Minghao, por que eu tenho tanta vontade de ficar perto dele ultimamente? Não tem como ser nada relacionado a estar sentindo interesse nele já que eu não sinto atração pelo mesmo... só conforto eu acho, talvez ele possa ser um grande amigo? Não é muito normal entre amigos sentir o coração mais quente só com um sorriso, eu sinto isso com Minghao mas eu só sentia isso com a Mingue.
– que confusão. - murmuro sentindo a água bater em minhas costas escorrendo por todo o corpo. - será que eu sou gay?
Quebra de tempo
– era pra virar na esquerda, Jun! Aí meu deus.- Minghao diz alarmado assim que eu viro o carro na rua errada pela terceira vez.
– por que que você não me falou antes???- digo no mesmo tom de voz, já perdendo a paciência.
– porque o GPS está mostrando o caminho certo é só você olhar para o seu celular. - diz como se fosse óbvio.
– você é um copiloto horrível. - falo em um resmungo fazendo o mais novo rir.
– okay, eu vou te ajudar mais então. - o de cabelos pretos diz pegando o meu celular olhando o caminho e dizendo para aonde eu devo virar.
Desse jeito as coisas ficaram mais fáceis , eu não errei o caminho mais e depois de 1 hora de viajem nós chegamos no pequeno sítio que a avó do Minghao mora. Sorrio vendo a entrada cheia de flores e anões de porcelana com uma casa simples e grande no fundo, é tão bonitinho.
Saio do carro depois do Minghao fazer o mesmo.
– bem vindo a casinha da minha avó. - Mighao diz sorrindo.
– que gracinha é tão bonitinha.- digo com os olhinhos brilhantes.
– a casa é a cara da minha vó, ela é fofa. Vem- diz me puxando ate uma porta azul, logo batendo a campainha.
Escutamos um "já vai, calma que as minhas pernas são curtas" e eu já pude ver o sorriso do mais novo aumentar.
– Hao, meu neto.. quanto tempo.- a avó do outro chinês diz após abrir a porta e recebendo um abraço apertado dele - você está tão bonitoo.
– obrigado vó, você está uma graça. - Hao fala ainda com o sorriso nos lábios - a..eu não vim sozinho, vó esse é o Jun, Jun essa é a minha avó Le Wei. - sorrio levantando a destra recebendo o olhar da senhora que sorri para mim.
– prazer Le Wei - digo sorrindo gentil logo me curvando em cumprimento.
Le Wei sorri para mim logo olhando orgulhosa para o seu neto.
– o que foi? - Minghao pergunta achando engraçado mas sem entender a situação, eu estou igual.
– parabéns seu namorado é lindo. - a mais velha entre nós três diz me fazendo engasgar com o ar.
– não...- Minghao ri - ele não é meu namorado, ele é o meu chefe...- concordo com a cabeça estufando um pouco o peito fazendo uma pose superior, fazendo a senhora ri.
"Ih não achei engraçado"
– sei. - sorri desconfiada - na minha época os chefes não iam ver os parentes dos empregados, que intimidade vocês tem. - solta uma risada fazendo a minha pose superior sumir, que absurdo - entrem ou vão ficar aí fora para sempre? - ela diz virando de costas entrando mais na casa, Minghao me deixa entrar na frente logo fechando a porta.
– cadê a Liang? - Minghao pergunta e eu não faço ideia de quem seja, provavelmente é alguém que mora aqui também.
– sua tia foi no mercado com o seu primo. Sentem rapazes eu vou pegar alguma besteira para vocês comerem.
– precisa de ajuda? - pergunto ainda em pé fazendo a Wei negar.
– não precisa eu pego tudo rapidinho. - sai da sala deixando nós dois a sós.
– senta ae Jun. - Hao diz já sentado. Sento enquanto olho em volta vendo a casa bem limpa e com a decoração aconchegante, com muita cara de casa de vó.
– a casa da sua avó tem cheirinho de biscoito. - digo logo vendo o mais novo concordar.
– o meu cheiro favorito de todo o mundo. - sorri. Ele parece gostar muito daqui.
– ela não me parece muito caduca. - digo vendo da sala a avó do Minghao colocando chá nas xícaras enquanto cantarola baixinho alguma música, sorrio ao ver a senhora mexer os ombrinhos.
– oi? - Minghao pergunta rindo nervoso.
– no dia que ficamos presos no elevador e você disse que a sua avó te deu um perfume feminino, aí você falou que ela já estava caduca.
– aaa...- ri nervoso - eu tava falando da minha avó por parte de pai...er.
– faz sentido.
Le Wei chegou na sala com uma bandeja com biscoitos e três xícaras de chá.
– vocês estão falando da outra avó do Minghao? - Le Wei chega na sala colocando a bandeja na mesinha de centro - eu gostava dela, mesmo que ela tivesse inveja das minhas receitas de bolo.
– vó não vamos falar dis..- Minghao diz entre as palavras da sua avó tentando mudar de assunto.
– por que gostava? Não gosta mais? - pergunto pegando uma xícara.
– não é isso, querido. - diz gentil - é que ela morreu a uns oito anos, uma pena.
– oito anos? - pergunto confuso olhando para o Minghao que me olha sem graça.