A Louca Vida de Any

By deluuiz

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Então você curte ler, mas está cansado daquelas histórias monótonas? Ou então está sem tempo para aqueles liv... More

Introdução
Teimosia
Tragédia
Ano-Novo
Bilhete
Any
Carta ao Leitor
Histórias Curtas - Toalha
Histórias Curtas - A esquina
Histórias Curtas - Exemplo
Histórias Curtas - Cabeça Fria
Histórias Curtas - Oportunidades
Histórias Curtas - Suco de Laranja

Amizade

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By deluuiz

A medida em que a vida passa várias coisas vão mudando, rotinas se alteram, surgem novos gostos, nossas personalidades vão se alterando a cada nova experiência e cada vez mais nos envolvemos na sociedade. Encontramos centenas de pessoas diariamente, algumas nossas conhecidas outras já nem tanto, e com aquelas que vão com a nossa cara estabelecemos um vínculo especial.

Um vínculo que muitas vezes nos dá uma razão para sorrir, outras vezes nos dá um ombro para chorar, nos dá alguém para irritar, nos dá alguém para se preocupar, nos dá alguém para pedir as respostas das listas de exercícios da faculdade, resumindo: nos dá um amigo.

Any nunca foi uma pessoa muito boa em fazer amigos, sua personalidade fechada, seus gostos diferenciados e principalmente a sua imensa timidez sempre foram um grande bloqueio. Por conta disso Any sempre teve um carinho especial por animais, que em toda a sua vida foram seus melhores amigos. A história que vou lhe contar dessa vez é da vez que Any fez uma amizade inesperada, que acabou lhe rendendo uns dias caóticos, porém divertidos, além de um choro de soluçar no final.

Para entender toda a situação temos que voltar a época em que Any tinha 21 anos, eram meados de julho e todos da sua família estavam de férias resolvendo assim viajar. Any se encontrava com a corda no pescoço por conta de um relatório imenso da faculdade que precisava ser feito.

(E como sempre, Any deixou para fazer em cima da hora).

Com isso, Any preferiu não ir junto com seus pais e ficou em casa para poder focar em sua atividade.

Na manhã em que sua família saiu de casa Any acordou bem cedo para iniciar seu relatório. Tomou uma grande xícara de café preto, foi até o espelho, e encarando seu reflexo olho no olho e disse com voz firme:

- É hoje! Hoje você vai terminar essa porcaria! Sou mais você!

Cumprimentou seu próprio reflexo com um toque de mão, e foi em direção ao seu objetivo. Quando estava quase saindo do alcance do espelho parou, deu dois passos para trás, virou somente a cabeça, encarou novamente os olhos de seu reflexo e disse com voz ainda mais firme que a primeira vez:

- Se não conseguir terminar, ao menos começar tem que ser hoje!

(Aposto que você está pensando: Incrível, não sou a(o) única(o) louca(o) que fala sozinha(o) no espelho.

Pois é, todo mundo tem seus momentos de loucura, eu mesmo ainda deixo meu chinelo virado de cabeça para baixo as vezes, acredita?

Ah se minha mãe descobre!)

Após se despedir novamente de seu reflexo, Any foi em direção ao seu quarto para começar a trabalhar em seu relatório. Organizou tudo que lhe era necessário, encheu de café novamente sua enorme xícara, colocou uma música em seu celular e finalmente sentou-se à frente de seu computador para iniciar seu trabalho.

À medida em que começava a digitar as primeiras palavras, Any escutava latidos frenéticos de sua cadelinha e apesar da curiosidade, ignorou-os para focar em seu trabalho. Porém, após quase meia hora de incessáveis latidos, Any perdeu a paciência e olhou pela janela de seu quarto e pode ver sua cadela com os pelos todos ouriçados, latindo virada para o canto do muro.

- Peka... o que tem aí? Gritou Any com uma voz impaciente.

(Fala sério né? Como se o cachorro fosse responder...)

Sua cadela continuava latindo insanamente, porém agora alternava os olhares entre Any e o canto do muro, parecia que estava tentando dizer: Vem logo olhar, que tem uma coisa aqui caramba!. Any queria muito focar em seu trabalho, mas sua curiosidade era tanta que acabou indo ver o que sua cadela queria tanto lhe mostrar.

- Eu juro para ti que se não for nada, hoje tu vai dormir na lavanderia. Disse Any para sua cadela enquanto se aproximava dela.

Ao chegar perto do muro, Any viu uma gatinha filhote toda encolhida no canto tremendo de medo com os olhos arregalados, imediatamente fez com que sua cadela se afastasse para poder chegar mais perto. Andou em passos lentos para não assustar o animal, e ao chegar próximo a ela agachou-se em sua frente e nesse exato momento a gatinha pulou em seu colo. Any ficou um bom tempo naquela situação, que terminou com sua cadela tentando se jogar em seu colo também, no que parecia uma clara crises de ciúmes comprovada pelo seu choro melancólico.

- Você está perdida bebê? Disse Any para a gata enquanto fazia carinho com seu rosto.

Any observou que a gata possuía uma coleira em seu pescoço e logo imaginou que o animal estava perdido. Assim, saiu com a gata em seu colo e deu a volta no quarteirão até chegar na portaria do condomínio que faz divisa com a parte de trás de seu muro.

Explicou toda a situação para o porteiro, que pediu para que deixasse o animal ali, já que ele iria compartilhar um aviso para todos os moradores. Any com um pequeno aperto no coração fez uma última carícia na gatinha e voltou para sua casa.

Ao chegar em casa, Any já com saudade da gatinha, reuniu toda sua determinação novamente e voltou a trabalhar em seu relatório. Foram aproximadamente cinco minutos de alto rendimento e concentração, pois podia-se ouvir novamente latidos frenéticos de sua cadela. Any foi para a fora e viu a gatinha no canto exatamente do mesmo jeito que antes, e a cena foi exatamente igual à anterior. Ao se aproximar pela segunda vez da portaria do condomínio, Any pode ouvir o porteiro gritando:

- Não acredito que ela foi parar lá novamente, foi você sair daqui ela já fugiu.

Após ficar quase meia hora com a gatinha no colo e conversando com o porteiro, Any com um aperto dobrado no coração deixou-a ali e seguiu para sua casa. Quando chegou, ao abrir o portão pode escutar pela terceira vez os mesmos latidos de sua cadela.

- Não é possível uma coisa dessas. Disse Any, enquanto se dirigia às pressas para os fundos de seu quintal.

Pela terceira vez a mesma cena se repetia, enquanto observava sem acreditar no que estava acontecendo recebeu uma ligação, era do porteiro, pois Any havia deixado seu número de celular com ele para manter-se a par da situação.

- O que você acha de deixá-la passar o dia aí? Ela não quer ficar aqui de jeito nenhum. Vou continuar procurando pelo dono e lhe aviso qualquer novidade. Falou o porteiro.

Com um pouco de receio, Any aceitou a proposta. Como a crise de ciúmes de sua cadela não cessava de jeito algum, Any se trancou dentro de casa com a gatinha deixando sua cadela para fora:

- Você é mimada todos os dias, hoje é a vez dela. Disse Any para sua cadela, enquanto fechava a porta.

Mesmo com uma certa preocupação sobre o prazo, Any resolveu deixar para fazer seu relatório no dia seguinte, pois de certa forma estava feliz por ter feito uma nova amiga e queria passar o dia com ela.

Any deu bastante atenção para a gatinha durante todo o dia, e ela retribuía, demonstrando que estava feliz com um ronronar constante, em contraste a isso era possível ouvir o choro de sua cadela do lado de fora. As horas passaram-se muito depressa, e ao cair da noite Any recebeu outra ligação do porteiro:

- E aí, encontrou o dono? Disse Any.

- Ninguém se manifestou, acredito que ela possa ter sido abandonada. Respondeu o porteiro, e continuou:

- Por que não fica com ela? Ela parece gostar de você.

- Impossível, meu pai é alérgico e odeia gatos, além de tudo, minha cadela jamais aceitaria uma ideia assim.

- Vou continuar procurando e lhe aviso se houver alguma novidade, mas acho melhor já procurar um novo dono para ela. Disse o porteiro.

- Vou ver o que posso fazer. Respondeu Any, ao desligar a ligação.

Any publicou em várias mídias sociais, na esperança que achasse um novo lar para a gata. Ao ajeitar-se para ir dormir, arrumou um pano no canto de seu quarto para pô-la para deitar, o que não aconteceu, pois, o animal se jogou em sua cama e de lá não saiu mais.

- Você é bem folgada né? Disse Any rindo para o animal e continuou:

- Se você vai ficar comigo alguns dias, precisa de um nome.

Any deitou-se na cama com a gata que lhe olhava fixamente, fazendo parecer que entendia tudo que lhe era dito. Ao apagar a luz disse:

- Diana! Seu nome será Diana.

A noite passou e o sol raiou trazendo consigo um novo dia, Any nem sequer lembrou de seu relatório, a única coisa que lhe importava era passar o tempo com sua nova amiga.

- Você deve estar com fome né? Perguntou Any para Diana, que lhe olhava fixamente.

- Vou ver se consigo algo, cuide da casa e não quebre nada. Continuou, ao decidir ir comprar comida para Diana.

Ao sair da porta, sua cadela veio em sua direção. Era possível ouvir um choro triste, sentido e melancólico. Any agachou e ao acariciar sua cadela falou:

- Desculpa te deixar de lado menina, mas quem sabe vocês não viram amigas também?

Any seguiu rapidamente para uma agropecuária perto de sua casa. Ao chegar lá encontrou um homem debruçado no balcão, sua feição esbanjava indisposição, ao se aproximar perguntou:

- Bom dia, será que o senhor pode me ajudar? O que os gatos comem?

- Ração de gatos. Respondeu o homem bocejando.

- Entendi. Falou Any em voz baixa. E continuou:

- Onde eu encontro ração de gato então?

- Naquela prateleira que diz: Ração de Gatos. Disse o homem coçando a cabeça e olhando para o celular.

- Interessante como aqui está sempre tão vazio né? Falou Any com uma voz irônica, enquanto se dirigia para a prateleira.

Any comprou o que precisava e voltou para sua casa. Ao chegar, novamente sua cadela veio aos prantos em sua direção.

- Calma, hoje você vai fazer uma amiga nova. Disse Any para Peka, que ficou do lado de fora da casa abanando seu rabo alegremente, fazendo parecer que também entendia tudo que lhe era dito.

Após alimentar Diana, que por sinal estava faminta, Any colocou em prática sua ideia. Colocou Diana sentada em um banquinho de frente para Peka, as duas encaravam-se tremendo, uma de raiva (ou talvez ciúmes?) e a outra de medo. Após um longo diálogo entre miados e rosnadas, por incrível que pareça Peka e Diana pareciam se entenderam e passaram o resto do dia juntas dentro de casa.

(Aqui vai uma curiosidade: Any me contou que o banquinho dessa cena, tornou-se o lugar da casa favorito de Diana, ela passava horas e horas do dia deitada nas mais variadas posições nele).

O tempo passou, três dias de muita bagunça, brincadeira e copos quebrados com o trio dentro de casa. Any procurou intensamente um novo lar para Diana e nada encontrava, o dia do retorno de sua família estava chegando e preocupação com o que iria fazer era grande. Any mandou mensagem para todos os contatos possíveis, alguns respondiam negativamente e outros nem ao menos respondiam.

O dia em que sua família retornaria para a casa chegou, Any tinha um pouco de medo da reação de seu pai ao ver Diana. Por conta disso, apelou para sua última opção: Ligou para um lar de animais abandonados.

Na manhã do dia em que o pessoal da sua casa chegaria, Any acordou bem cedo. Estava tudo certo para Diana ir para um abrigo de animais, Any não gostava nem um pouco da ideia, pois sempre imaginava que o pior tipo de pessoa poderia adota-la e acabar não a tratando bem. Com uma enorme tristeza Any fez sua cadela se despedir da gatinha e partiu em direção ao novo lar de Diana.

Ao chegar em seu destino, Diana estava sentada no banco do passageiro do carro, olhando fixamente para Any enquanto ronronava ainda mais intensamente do que nunca, parecendo prever o que estava para acontecer.

- Espero que você acha alguém que possa cuidar de você, e que te ame mil vezes mais do que eu te amei. Disse Any enquanto uma pequena lágrima escorria pelo seu rosto.

Era chegado o momento da despedida, Any após hesitar algumas vezes reuniu forças para pegar Diana no colo e sair do carro se dirigindo ao abrigo de animais. Enquanto caminhava e tentava secar seus olhos lacrimejados, seu celular tocou, era uma amiga seu da faculdade:

- Any, ainda está com a gata?

Any engoliu o choro que estava prestes a sair e respondeu:

- Estou sim. Você vai ficar com ela?

- Não, mas achei uma ótima pessoa para ficar com ela.

A amiga de Any explicou que havia um conhecido dela que amava gatos, e estava disposto a ficar com Diana. A felicidade em Any foi tanta que as lágrimas de tristeza se transformaram em de alegria, e aos prantos respondeu:

- Que notícia maravilhosa, quando posso levá-la?

- Agora mesmo estou com ele aqui no campus da universidade, consegue vir? Respondeu a amiga.

- Estarei aí em 10 minutos. Falou Any antes de desligar o celular.

Any entrou no carro com um sorriso de orelha a orelha, colocou Diana no banco do passageiro novamente e foi a caminho do campus da faculdade.

- Apareceu um lugar para você. Disse Any enquanto sorria.

Diana continuava imóvel no banco olhando fixamente para Any, parecendo pressentir a futura despedida. Any continuou:

- Vai ser de boa, já ouvi falar desse cara, ele tem vários gatos na casa dele. Você irá fazer muitos amigos.

Any dirigiu até o campus onde encontrou-se com sua amiga que estava acompanhado do futuro dono de Diana. Após conversarem por quase uma hora, enfim era chegada a hora da despedida, mesmo com o coração apertado e os olhos cheios de lágrimas, Any disse com a voz meio falha:

- Foram poucos dias, mas vou sentir saudades. Espero que goste de seus novos amigos.

Any acariciou pela última vez a gatinha que olhava fixamente em seus olhos, respirou fundo e entregou Diana.

Any foi em direção a seu carro sem olhar ao menos uma vez para trás, pois lágrimas já se acumulavam em seus olhos, entrou no carro, respirou fundo outra vez e começou a dirigir para casa. Fez-se de forte por muito tempo, ao sentir que não ia conseguir se conter decidiu ligar o rádio, exatamente na mesma hora a música Careful começa a tocar. Ao ouvir aquilo, Any não consegue aguentar e cai em um choro intenso que lhe acompanhou por todo o percurso de volta a sua casa.

Ao se aproximar de sua casa Any finalmente conseguiu conter suas lágrimas. Ao sair do carro para abrir o portão, estranhou o fato de sua cadela não estar ali, pois já era de costume ela correr para acompanhar a quem tinha chegado. Any procurou sua cadela por todo o terreno de sua casa, ao se aproximar dos fundos do quintal, encontrou ela sentada no mesmo banquinho favorito de Diana, ao ver aquilo Any olhou para o céu e voltou a chorar insanamente.

(Opa, achou que eu não ia falar mais com você nessa história? Pois então, vou contar o final para ti:

Any nunca conseguiu superar tudo isso, até hoje chora algumas vezes de saudade de Diana, que aliás, é tratada muito bem por seu novo dono que inclusive lhe deu um novo nome: Paçoca.

Você deve estar pensando: E o relatório? O que aconteceu?. Pois é, Any esqueceu completamente de fazê-lo, o que lhe rendeu muita dor de cabeça futuramente.

E para terminar, vou lhe dar um presente: 3 músicas sensacionais que Any me mostrou quando me contou em segredo que são para aqueles dias em que estamos um pouco desanimados com a vida, são elas:

Michelle Fearthestone – Careful (Música que tocou no rádio do carro na história)

Nada Surf – Inside Of Love

Shania Twain - You're Still The One

Any resumiu-as para mim como:

São ótimas músicas para quando se precisa chorar!

Faça bom proveito!)

Diana ou Paçoca, como preferir

Peka ( Sim, se acostumou a sentar no banquinho)

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