Era impossível lidar com ela. Depois da Guerra, Jurian, Vassa e Lucien haviam ficado no Continente humano, ajudando aqueles que precisavam.
Por lá mesmo, Jurian conheceu uma Grã-feerica, teimosa e extremamente abusada. Ela podia ser assim. Tinha seus motivos para ser tão explosiva com ele, particularmente.
Mas não contaria.
Desde o dia teve os olhares cruzados, ela passou a ser assim. Reservada diante dele, irritada e irônica.
Polaris havia lutado na guerra, ao lado dos humanos e feericos que queriam o final da escravidão.
Ela viu pessoalmente a loucura de Jurian no momento que arriscou tudo por ambição. Vencer Amarantha era o que ele queria no momento. Não se importou com o resto.
Isso fez com que ela perdesse mais amigos do que deveria no campo de batalha. Perdesse a si mesma quando soldados hybernianos a capturaram e tiraram o domínio de seu corpo, da própria. Entre outras coisas.
O evitava com tudo que podia por isso.
Quanto mais fazia isso, mais o deixava intrigado e interessado ir sua pessoa.
Ei! Em seu coração há um buraco
Há uma marca preta em sua alma
Em suas mãos está o meu coração
E ela não vai me deixar ir até que esteja cheio de cicatrizes
Jurian tentou se aproximar várias vezes, recebendo olhares frios e vazios. Cruzadas de braços, desviada de olhares e risadas sarcásticas. Era tratado mal e não fazia ideia do porque.
Nem buscou na própria mente.
As vezes, quando ele a irritava, ela usava de seus poderes raros dados no mesmo.
Seu poder era a dor. A mais pura dor de todas. Uma olhada fixa e o querer de ativa-lo. Qualquer um caia no chão se contorcendo.
Algo útil no campo.
Agora, você utilizava ele para ajudar os humanos desse lado. Enquanto a rainha esteve fora, você tomou conta de tudo, como uma antiga amiga da família de Vassa. Era uma senescal e conselheira.
Amiga e guia do povo também.
Jurian a admirava, sempre indo atrás de vocês apenas para te observar mais agindo.
Tentei implorar, mas não posso
Porque as cinzas me deixam como condenado
Chegou a tocar como um espinho
Porque no mato ela está escondendo chifres
Você era tão difícil de se comunicar. Era tão ignorante. Ele tentou por semanas e continuou insistindo depois. Recebendo de volta o que não queria. Explosões e ódio.
Se machucava mas o sentimento completo que tinha ao seu lado, o puxava de volta.
Sendo almejado por você novamente, como um diabo a espreita.
Essa era uma das vezes. Ele te seguia pelos corredores, com um sorriso felino no rosto, chamando seu nome várias vezes, como se fosse uma canção, a mais doce de se cantar.
"Polaris. Po. La. Ris. Polaris..." Continuou estendendo e fazendo isso várias vezes. Até que por um impulso rápido seu, foi derrubado no chão. Preso entre suas pernas com um golpe que o poderia apagar o mesmo caso apertasse mais, o sufocando.
"Você não cansa de se ouvir falar? Caralho. Chega, Jurian. Eu realmente não te aguento mais! Não basta o que já me fez sofrer 500 anos atrás. Me deixe em paz agora!" Gritou, como se estivesse implorando. Relembrando de cada perca. Você tinha um amante na época. Ele fora seu primeiro amor. Por um deslize de cobertura durante o combate mais intenso, por provocação de Jurian as armadas de Amarantha. Você o perdeu para sempre. Para a morte.
Nem notou quando começou a chorar. Se afastando rapidamente e embolada. Fraca por conta própria.
Soluçou e saiu tão rápido quanto o momento que se passara.
Ela tem sangue frio como gelo
E seu coração de pedra
Mas ela me mantém vivo
Ela é a besta em meus ossos
Ela consegue tudo o que quer
Quando ela me pega sozinho
Como se fosse nada
Ela tem dois pequenos chifres
E eles me machucam um pouco
Todos estranharam que depois daquele dia, Jurian ficou finalmente quieto perto de você.
Calando a boca, parando de a seguir. Não enchendo seu saco em reuniões ou jantares.
Ficou tranquila no início, relaxando finalmente, sem sentir seu coração apertando sempre que ouvia a voz dele. Lembrando dos comandos de avançar. Do chão lamacento em meio a chuva e sangue de vários.
Da sua armadura da Corte Estival com sangue seco, poeira e rachaduras por golpes que você levou.
Porém durou pouco. Com o passar dos dias, você passou a sentir falta. Não sabia o que sentia diante disso.
Saudades de Jurian.
Saudades logo dele.
Agora queria ouvir ele cantando seu nome novamente. Rindo de você. Ver até mesmo ele se contorcendo no chão com seu poder. Ele já não fazia tanto isso, havia se acostumado com o "fogo nas entranhas".
Ela se encontra no pecado
E eu queimo respirando-a
Agora sobra o suicídio
E eu vender minha alma para a colmeia
A alma de Polaris sempre foi perdida. E agora estava ainda mais. Uma mistura de confusão em seus sentimentos. Atração pelo corpo alto e musculoso. Vontade de ver seus cabelos medianos balançando com o vento forte.
Ele estava sentindo o mesmo quando a via. Mais calada que o normal. Feição mais fechada. Ainda mais retraída que o normal.
Ver aquela por quem criou afeição e até mesmo sentimentos com os meses que se passaram, daquele jeito, fez com que seu mundo caísse por terra. Respirar sem pensar em você era impossível.
Verdade seja dita, eu não me importo
Porque ela segura meu paraíso
Ela pode esmagar toda a esperança
Tem seus saltos batendo na minha garganta
"Polaris." Você se sobressaltou da mesa dos mapas quando ouviu a voz que tanto sentia saudades. Várias maneiras de o ignorar passando pela sua mente. Mas não iria fazer isso agora. Estava se esmagando no sentimento de culpa.
Que veio depois de perceber que com tanta perturbação, passou a talvez amar isso.
Não se importava tanto com o amar ele. Contudo, se preocupava com o que talvez Alec, o seu primeiro amor, acharia disso. O que acharia quando visse você tendo sentimentos por aquele que foi parcialmente culpado pela morte do próprio?
Se desvinculou dos pensamentos confusos quando ouviu seu nome sendo chamado novamente.
Virando-se para ele. Abrindo um sorriso genuíno pela primeira vez. Jurian sentiu seu coração disparar com aquilo.
"Jurian.." Deixou os objetos que utilizava para marcar pontos especificos, sobre o cartas. Tomando alguns passos para mais perto dele. "O que você quer, hm?" Questionou, umidecendo os lábios, cruzando os braços sobre os peitos, erguendo uma sombrancelha e esperando a resposta.
Ela tem sangue frio como gelo
E seu coração de pedra
Mas ela me mantém vivo
Ela é a besta em meus ossos
Ela consegue tudo o que quer
Quando ela me pega sozinho
Como se fosse nada
Ela tem dois pequenos chifres
E eles me machucam um pouco
"Você. Eu quero você" Conseguiu somente raciocinar essa parte antes de sentir lábios contra os seus. Ficou travada no início.
Os lábios de Jurian eram tão macios. Mesmo que um pouco ressecados e rachados em uma parte.
Você demorou para retribuir, apreensiva sobre se devia ou não se entregar a esse sentimento.
Decidiu tentar. Decidiu arriscar.
Se afundar na banheira já cheia até a borda. Não se importaria se vazasse.
Não se estivesse com ele.
Ela tem chifres como os do diabo
Apontando para mim, e não há lugar para correr
Do fogo que ela respira
A harmonia durante o primeiro beijo de vocês era inegável. Com as mãos em sua cintura, forçando o corpo contra você. Dedos firmes e apertando, provável que surgiria a marca em forma de hematomas na manhã seguinte, de tão forte que segurava.
Como se não a deixasse escapar. Como se não quisesse a perder.
Você não foi diferente. Levando as mais para o pescoço dele e fios de cabelo da nuca. Fazendo o intensificar do beijo.
Uma dança intensa de línguas e exploração de corpos.
Ela tem chifres como os do diabo
Apontando para mim, e não há lugar para correr
Do fogo que ela respira
"Que tipo de feitiço você me jogou, mulher?" Perguntou ao se afastar. Olhos brilhando de desejo e satisfação. O sorriso felino esculpido perfeitamente para seu rosto. O dando covinhas. "Você é o diabo em pessoa para mim. E eu adoro pecar."
"Pecadores são punidos" Cantalorou, como um esclarecimento.
"Então me puna."
Ela tem chifres como os do diabo
Apontando para mim, e não há lugar para correr
Do fogo que ela respira
Uma respirada ofegante foi solta com essa resposta oral. Sendo seguida por uma física de Polaris, que o puxou para um beijo novamente. Mais intenso e despejando aquela tensão sexual que tiverão por meses ali.
Era tão estranho sentir isso por alguém.
Um desejo incontrolável.
Um arranhar no fundo da garganta por vontade de realizar-se com ele. Não parecia ser a vontade de só uma vez. Mas várias seguidas.
Como precisar de uma semana para satisfazer.
Chifres como os do diabo
Apontado para mim (Assinado!)
Você entendeu logo o que era assim que ouviu os pensamentos de Jurian passando pra você.
O que ele achava de seu corpo magnífico.
Lábios perfeitos.
Olhos profundos.
Sobre como ele era apaixonado em você e seu jeito sarcástico.
Mesmo com a dor. Ele te amou mesmo que você o machucasse. E teve esperanças desde o início para conseguir falar com você.
Não se atrasando. Enviou pensamentos também.
Sobre como ela o desejava.
Como o odiava no começo.
Quando o passou a amar, sua companhia, voz, cabelo e olhos castanhos escuros
Enviou perfeitamente como adorava a risada dele. O sorriso de predador e obviamente, o jeito que ele era frouxo com ela.
Ela tem dois pequenos chifres
E eles me machucaram um pouco
"Parceiros então... Sempre soube que estava destinado ao inferno. Adoraria queimar se fosse com você." Não pode deixar de rir com a frase idiota dele.
"Apenas cale a porra da boca antes que eu mude de ideia e te deixe aqui."
"Claro, senhora. Adoro receber ordens."
E ele realmente gostava. Jurian amava receber ordens suas. E fazia tudo exatamente como pedido. Para sua senescal favorita. Obedeceria cada coisa no momento certo.