Contos de Lucem - Ressurgir S...

By leticce_soares

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A queda de uma estrela em um continente infértil dá origem a cinco reinos abundantes de vida. Contudo, o impa... More

ZERO | A QUEDA
UM | HALINA SMARAGDINE
DOIS | SKADI ANTERIC
TRÊS | ZAIRE TERRAM
QUATRO | MALYA BASMAH
CINCO | A JORNADA
SEIS | KALE
SETE | ARDEN SMARAGDINE
OITO | O MAGO
NOVE | VIVIDAE
DEZ | O AFANADOR
ONZE | ONIRIUM SOMBRIA
DOZE | O REI
TREZE | A MURALHA
CATORZE | OS EKSILER
QUINZE | INFERNO ALBUM
DEZESSEIS | MAR ASIRI
DEZESSETE | PALLADIAN
DEZOITO | BOSQUE WERAU
DEZENOVE | DOLENT
VINTE | O VALE DAS BRUXAS
VINTE E UM | LABIRINTO ENTREMONTES
VINTE E DOIS | A DAMA ALABASTRINA
VINTE E TRÊS | A TRAVESSIA
VINTE E QUATRO | ANTIGOS INIMIGOS
VINTE E CINCO | O RETORNO DO ALGOZ
VINTE E SEIS | A INSURREIÇÃO
VINTE E SETE | KELAYA VIMONAR
VINTE E OITO | O PÁRAMO E TENEBRIS
VINTE E NOVE | A VERDADE
TRINTA | FRONTEIRA MORTEM
TRINTA E DOIS | O DESFECHO DA BATALHA

TRINTA E UM | A ESTRELA

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By leticce_soares

     Junto com a poeira escura, outra coisa se alastrou: uma agonia penetrante. Sentiam-se como se fossem um dos corpos do pântano. Sem chance alguma de sobrevivência. A marcha dos soldados infernais fazia o chão tremer, uma trombeta apocalíptica causou um calafrio vigoroso.

       — O primeiro batalhão de Tenebris já está na superfície. – Kelaya anunciou.

       Eram dez fileiras preenchidas por cem inferos e outro tipo de soldado que pareciam humanoides, exceto pelas chamas negras que se precipitavam das armaduras prateadas deles. Os integrantes da jornada se puseram de pé, imediatamente. Arregalando os olhos para imagem que enchia o horizonte. Era impossível para sete pessoas conscientes e um dormindo, Aryeh permanecia sob os efeitos do encantamento do sono, conseguissem derrotar um número tão grande de oponentes.

     Sabendo do grande desafio que se esgueirava, Kale pegou um punhado de ervas na sua sacola, jogou sobre o rosto do novoivoriano desacordado, fazendo com que ele abrisse os olhos freneticamente. Não tivera a oportunidade de realizar essa ação anteriormente, uma vez que os primeiros inferos invocados pela traidora ocuparam uma parte significativa do tempo.

     — O-o que está acontecendo? – o homem massudo parecia terrivelmente confuso.

      — Estamos em batalha, meu amigo. A segunda de hoje, perdeu a primeira. – Kale explicou, ainda otimista.

       O palladiano apenas confirmou o que outro já esperava, o homem de pele pálida pegou o machado e apontou com petulância para o esquadrão. Malya pegou suas duas espadas e cajado, mantendo uma das espadas nas costas. Halina estava exausta, entretanto, manteve a espada em guarda. Arden puxou seu machado de um inferos caído, ficando com ambas as mãos ocupadas. Kale permanecia com os olhos vidrados no Skadi, o qual estava com a proximidade da lâmina na sua carótida. Zaire e Keisha permaneciam lado a lado preparados para lutar outra vez. A celosiana devolveu a sacola dos fragmentos para Kale, fazendo mesura.

     — Esta é nossa luta final. – Arden gritou para eles. – Nossa última prova para salvar Lucem.

      Quando o príncipe disse a última palavra, a marcha de Tenebris parou, os guerreiros sombrios abriram passagem, dando espaço para que duas figuras surgissem do meio. As duas pessoas usaram passadas lentas e imponentes, desbravando-se entre os próprios soldados.

     — Majestades. – Kelaya fez uma reverência curta, abaixando o pescoço. Não podia fazer mais que isso sem liberar o refém.

     O rei e a rainha de Tenebris estavam a alguns metros de distância deles, fazendo com que todos arquejassem surpresos, especialmente com a rainha. Nocti usava seu capacete de caveira, junto de uma armadura de mesmo material e manto vermelho. Já a rainha, tinha o rosto descoberto, no qual um cabelo quase branco emoldurava a face pálida e os olhos de diamantes. A rainha de Tenebris era ninguém menos que a imagem perfeita da Estrela Dália. A expedição engoliu a saliva abruptamente, fazendo o líquido arranhar o esôfago. Não conseguiam acreditar no que os olhos viam.

      — Estrela Dália. – Malya falou involuntariamente, comparando as pinturas que vira durante toda a vida com a mulher parada à sua frente.

      — Vejo que já me conhecem. – a rainha falou, dando dois pequenos passos para perto deles. – Sim, eu sou  Dália.

      — Impossível. – retaliou a princesa smaragdina. – Dália morreu com a queda e deu origem a Lucem. – falava mais para si do que para os outros.

       — Isso é o que contam na superfície, criança. Meu coração foi a única parte que se desfez durante minha queda, ele foi o suficiente para que Lucem nascesse. Contudo, os seres celestial reviveram meu órgão mais vital e deram aos humanos, quando a vida no continente já era tão forte que podia prosseguir sem poeira de estrela. – ela explicava num tom quase maternal.

        — O que está fazendo com ele? – Keisha apontou para Nocti. – Está sendo mantida como refém?

       Kelaya gargalhou astuta, deliciando-se com a fantasia da superfície se esvaindo nas mentes da expedição.

        — Tolos, Dália fica ao meu lado voluntariamente. – Nocti afirmou com a voz abafada e entrecortada.

        — Isso não faz o menor sentido, Dália como um ser celestial repudiaria todas as sombras. Ela nunca cederia ao rei de Tenebris. – Skadi se esforçou para falar.

        — Oh, quantas mentiras contam para vocês na superfície, meus filhos. – olhou com pena para eles. – Kelaya, solte o rapaz. – ordenou para a mestiça.

        — Mas, minha senhora... – começou relutante.

        — Obedeça sua rainha, mestiça. – Nocti interrompeu visceral.

       A contragosto a serva de Tenebris soltou a ivoriana, a qual correu para perto dos seus. Pegando o arco e flecha que pairava no chão, Kale apertou o ombro de sua companheira, feliz de tê-la ilesa ao seu lado mais uma vez.

      — Vejam o ato de libertação de vossa companheira como uma abertura para aliança entre nós, guerreiros da superfície. – Dália era tão dócil que parecia improvável sua proximidade com a escuridão. – Lutaram bravamente para chegar até aqui, reuniram todos os fragmentos como posso ver. São dignos de uma proposta amistosa.

      Kelaya encarou confusa a rainha, ainda pensava não ter encontrado a última parte do coração. Tinha caminhado para perto dos soldados sombrios, os quais permaneciam estáticos.

      — Perdoe-me a intromissão, rainha Dália. – a meia bruxa se ajoelhou como forma de humildade. – Contudo, acredito que não achamos a quinta e derradeira parte de teu Coração. – franziu as sobrancelhas.

      — Estás enganada, todos os fragmentos estão aqui. Apenas desse modo conseguimos romper para superfície junto com o batalhão. – Nocti interferiu, voltando a cabeça para Malya. – A impura mais uma vez nos surpreendeu.

       A celosiana colocou a mão instintivamente no pingente, expondo para todos que estava de posse da parte derradeira do coração. Sentiu a culpa lhe corroer por ter realizado um ato tal falho.

      — Malya? – Zaire atestou apenas para confirmar.

       — Eu não sabia antes, só me foi revelado a pouco. – relatou, fugindo de uma explicação mais longa.

      — Qual seria sua proposta, estrela? – Arden interferiu, querendo descobrir mais dos objetivos da rainha.

      — Juntem-se a nós. Entreguem os fragmentos e lutem conosco pela dominação da superfície, serão guerreiros de grande valor nas nossas tropas. – sua voz era melódica, parecia oferecer um pedaço do paraíso.

       A proposta era inconcebível, a ideia de transformar Lucem numa vala aberta como a que viram nos córregos era brutal. Ainda que a estrela estivesse sendo sincera com a imunidade prometida, aceitar aquilo era abrir mão de todos os sacrifícios realizados durante a jornada. Jogar aos porcos as mortes de Esteban e Eleina, e de todos os outros que indiretamente sofreram no caminho.

      — Vejo que há certa dúvida em suas feições, permitam-me trazer um pequeno incentivo. – Nocti se juntou a rainha.

       O mestre das sombras acenou com a mão esquerda, atrás deles uma movimentação ocorreu. O som de alguém sendo arrastado soou no meio do batalhão, um homem maltrapilho veio sendo carregado por correntes. Havia ferimentos em todas as partes de seu corpo, a sujeira tomava seu rosto e o vazio suas órbitas castanhas. Era Caspian.

      — Caspian! – Halina gritou, tentando correr na direção dele. Arden segurou a irmã, temendo ser uma armadilha.

       — H-halina, meu amor. – gemeu, um das pálpebras estava tão inchada que não conseguia abrí-la.

       — Kelaya nos trouxe seu noivo há muitas semanas, ele tem sido um tanto resistente. – Dália informou. – Todavia, pode ser relocado da prisão. Obviamente, se aceitarem o acordo.

       A mestiça fora a responsável pelo ataque ao castelo de Nesta, ela foi quem abrira o portal para a contaminação. Diferente do que pensavam, uma vez que propunha que a caravana do príncipe e Caspian trouxera a praga. O objetivo inicial era levar o Rei Fergus, mas a resistência deles tornara Caspian o único alvo possível.

         — Caspian, – Halina chorava em ver o rosto do amado tão maltratado. – vamos salvá-lo, eu prometo.

         — Prometa salvar a si mesma. – usou uma energia hercúlea para pronunciar a simples sentença.

         Os outros membros da expedição sentia o peito apertar com a dor dos amados separados, era palpável a sinceridade do afeto que rodeava os dois.

         — Pode fazer ambos, princesa. Junte-se a nós. – Nocti estendeu a mão.

        A princesa hesitava, suas pernas tremiam e a cabeça latejava. Estava num beco sem saída, de um lado ainda havia esperança de que o grupo fosse bem sucedido e resgatasse Caspian. Contudo, uma dúvida pairava na mente dela. E se perdessem?

         — Eu proponho uma troca. – Arden caminhou para perto deles, mantendo-se a apenas um metro de distância. – Ficarei no lugar de Caspian, serei a moeda de troca que desejam. – não pensava racionalmente, queria somente libertar a irmã de sua aflição.

       — Está louco, Arden?! – Malya rugiu desacreditada.

       — Não faças isso, seu tolo. – Caspian vociferou. – Eu não aceitarei tal coisa, salvem Lucem. Halina, não permitas que teu irmão faça isso.

       — Não aceito a proposta. – a princesa foi para perto do irmão. – Nenhuma delas. – bradou irredutível.

        Caspian sorriu orgulhoso, não ligava de ser um sacrifício para que os outros sobrevivessem. Seria apenas uma morte, Lucem era um continente.

        — Talvez devas repensar, princesa. Especialmente agora que sabes da criança no teu ventre. – Kelaya provocou, tentando minar a segurança da smaragdina.

       — Hali, isso é verdade?! – Caspian tentou se desvencilhar das correntes, porém foi contido com brutalidade.

       — Sim. – respondeu para ele. – Essa é a principal razão para minha rejeição. – olhou para a mestiça.

        — Nenhum de nós aceitará o acordo, lutaremos. – Zaire se impôs com exatidão.

        — Lutaremos. – vociferou Kale, apertando a mão de Skadi que acenou de acordo.

        Keisha levantou a balestra, junto de Aryeh com seu martelo. Estavam todos determinados a morrer ali, pela honra e glória de cada ser vivo presente em Lucem. Nocti e Dália pareciam indiferentes às sentenças agressivas vociferadas pelos Lectus e seus companheiros. Halina apertou o punho de seu irmão, forçando a se encararem.

        — Encontraremos outra forma. – ela tranquilizou Arden, enquanto seu próprio espírito ruía de dor.

       — Malya Basmah. – Nocti se deliciou com o nome.

       Malya ficou catatônica, tinha ficado parada durante toda a cena. Avaliando o batalhão, buscando pontos fracos, traçando uma estratégia e esperando a hora certa. Ela não tinha a menor dúvida que recusaria a proposta dos governantes de Tenebris, usara cada minuto da conversação para se preparar para o conflito, ainda que fosse brigar sozinha. Já tinha sobrevivido aos infernos da superfície, não cederia ao do submundo.

       — Seja a general dos meus guerreiros. – Nocti pediu, com o corpo completamente voltado para ela. – Não me importo com os teus companheiros, tu também não deverias. Aceite as sombras, elas nunca lhe abandonaram como eles fizeram. – a voz abafada por pouco não era indistinguível dentro do capacete.

       — Ela é uma de nós, mestre das sombras. Sempre será. – Kale exclamou, jogando a sacola com os fragmentos de volta para Malya.

       A ação veio antes de qualquer resposta por parte de Malya, que viu os olhos do palladiano certos de que ela permaneceria ao lado deles. Keisha meneou com a cabeça e deu um sorriso constrangido para amiga, Aryeh trazia um olhar de desculpas, assim como Halina e Skadi. Já o semblante de Zaire era de mais puro arrependimento e culpa, mal conseguia sustentar o olhar dela. Arden, por outro lado, mantinha o semblante abrasador, feliz por ter feito a decisão apropriada.

     — Não. – Malya retorquiu obstinada. – Já sei o meu lado dessa guerra.

      A celosiana recebeu a sacola, a proximidade entre os fragmentos fez com que se atraíssem imediatamente. As peças romperam da mochila, voando para cerca de um metro sobre a cabeça da mulher que os portava. O pingente rompeu do pescoço dela, encontrando os irmãos. As jóias dançavam num círculo acelerado, até que começaram se fundir um nos outros. Uma rajada de luz saiu da fusão, cegando todos os presentes. O brilho cessou subitamente, dele caiu um espada de lâmina tão límpida que espelhava o cenário. O pomo da espada era densamente talhado em ouro e diamantes.

       — Meu coração. – Dália tocou no próprio peito, sua afirmação transbordava lascívia.

       — Agora ele nos pertence. – a espada pousou nas mãos de Malya.

     O Coração reconheceu a Lectus, mutando-se em duas espadas curtas como a celosiana estava acostumada a usar.

     — Selou a própria morte. – Nocti acenou a cabeça em desaprovação. – Ataquem! – bradou o rei, fazendo seu batalhão rugir contra os oponentes.

       Os cem soldados das sombras debandavam ferozes, diminuindo a cada segundo a distância entre eles. O rei e a rainha de Tenebris seguiam parados, observando o desenrolar do conflito. A primeira fileira dos inferos alcançou a expedição, iniciando a batalha determinante. Malya parecia implacável contra os monstros, suas duas novas espadas eram letais à escuridão. Arden decidira como estratégia golpear as pernas dos soldados, impossibilitando que continuassem a avançar. Halina disputava com dois demônios, tentando chegar até Caspian. Os amarantos brigavam de costas coladas, fechando a guarda. Skadi se empenhava acertar seus alvos, enquanto Kale queria se aproximar da mestiça.

      — Malya temos que destruir Nocti. – Zaire tentava transpor os inferos junto com Aryeh, agora. – Vá, nós lhe daremos cobertura.

       A serpente do amaranto derrubava os oponentes na frente, esmagando-os com o tamanho avassalador.

       — Sejam rápidos, o tempo de superfície é limitado sem o Coração de Dália. – Kelayla instigou ao batalhão.

       Aryeh saltou na frente da celosiana, caindo sobre os três inferos que a atacavam. Dando espaço para que ela corresse na direção da realeza fúnebre, a qual se afastara para atrás do fronte principal. Halina espetou os dois inferos na sua frente e seu familiar voava com mais um para o alto, Arden surgiu erguendo violentamente o machado liberando a passagem para que ela chegasse até Caspian.

     — Caspian, vou soltá-lo. – ela finalmente lhe alcançou. – V-vou conseguir. – batia nas correntes com a espada.

      — Hali, Hali, escute-me... – tentava fazer com que ela paresse. – São correntes amaldiçoadas, não vai conseguir...

      — Pelos deuses, Caspian me dê alguma motivação. – as lágrimas desciam irritada. Seu familiar protegia sua retaguarda.

      — Estou tão orgulhoso de ti, não tenho dúvidas que serás uma ótima mãe. – ele falou, apaixonado.

       Um inferos apareceu atrás da princesa, impedindo que ela continuasse a bater nas correntes. A coruja estava sendo cercada por outros três, apesar do tamanho.

        — Maldição! – arfou a princesa, bloqueando a lança diabólica. – Espere um pouco, já retornarei... – pediu ao noivo.

        — Hali, eu resistirei. – ele sentia as correntes sendo puxadas.

        — Do que estás falando, não precisará mais resistir. Libertarei-te hoje! – ela golpeou o demônio na sua frente.

        — Puxem-no de volta! – Kelaya ordenou, vendo a conversa dos dois.

        — Amo-te, Ha...– as correntes lhe arrastaram para trás.

       Halina soltou a espada inválida, fitando o rapaz ser tragado de volta para a névoa fumacenta que se precipitava ao fundo. Kelaya acelerava para a princesa, na tentativa de chamar a atenção do irmão dela, Kale e Skadi vendo o cenário se movimentaram para defender a smaragdina. O antílope e o voldsom marcharam abrindo caminho para seus mestres. A ivoriana tentou atingir a mestiça com as flechas, em vão a mulher fez um feitiço de bloqueio. Kale atacou em outra direção, derrubando um pouco a guarda da mulher.

      — Vai pagar por tudo que fez. – o palladiano cerrou os dentes.

       — Já me cansei de vossas ameaças. – Kelayla o empurrou com o cajado.

     Mais à frente, Aryeh e Zaire se esforçavam para abrir o caminho, embora a dificuldade crescesse. Malya estava cercada, driblava os golpes de lança dos soldados inimigos. Na parte mais anterior, Keisha e Arden era quem brigava com o perigo, a amaranta pulava sobre os corpos diabólicos, resgatando algumas flechas para recarregar sua arma. O príncipe perdera a espada, ficando apenas com o machado e os punhos para se defender.

      — Traidora suja! – a princesa xingou, recuperando-se do choque se ver o noivo escorrer de suas mãos.

       — Oxis asterus. – lançou Halina pelo ar com uma rajada de vento.

      A princesa voava numa queda mortal, a celosiana viu o corpo da loira cruzar o campo de batalha, portava o cajado no cinto das calças.

    — yahmi. – evocou a proteção para a princesa, aumentando o atrito da queda e diminuindo o impacto.

      Halina sobreviveria, mas a distração abriu uma vaga para um dos soldados golpear ombro de Malya, infligindo um corte profundo no membro da portadora do Coração de Dália. No entanto, ainda que estivesse ferida, sua intuição lhe dizia para não usar sua arma final. Seu familiar era um recurso que deveria ser utilizado para enfrentar os reis de Tenebris, como recomendara Hayat.

      — Estão perdendo. – Kelayla declarou para Skadi e Kale, que empenhavam-se em cercar a bruxa, enquanto desviavam dos outros inferos. – Deviam ter aceito a proposta de Tenebris.

       — E nos tornamos assassinos como você. – Kale retaliou.

       — Não trairemos nossa causa. – Skadi complementou convicto.

       — Qual causa? Aquela que defende a sobrevivência de um povo que sempre te desprezou? – Kelaya questionou ao ivoriano.

       — Não luto apenas por Ivory, minha força vem de meus amigos. – retorquiu confiante a ivoriana.

       Kale, percebendo que a traidora se dedicava na conversa com o outro Lectus, chutou para longe inferos que enfrentava e jogou a lança na direção da meia bruxa. Kelaya percebeu a tempo a chegada da lâmina, conjurando um encantamento de espelho, para devolver a arma ao atirador. A lança viajou com velocidade para o peito de Kale, o qual viu sua hora chegar. Fechou os olhos pensando na irmã, entretanto, sentiu seu corpo ser atingindo por uma massa desconhecida. Skadi se jogara na frente da lâmina, sendo perfurado de maneira mortal.

      — N-não, não... Por que fez isso? – Kale estava no chão com o companheiro moribundo nos seus braços.

      Os outros viram a cena devastados, não conseguiam acreditar que aquilo estava acontecendo. O sangue carmim tingia o corpo pequeno e pálido do ivoriano, que dava seus últimos suspiros. O voldsom que estava a alguns metros tombou inerte, depois de soltar grunhidos de puro sofrimento. O antílope disparou atacando Kelaya que desviava dos chifres.

      — Kale, – tocou o rosto moreno com a mão pálida molhada de sangue. – obrigada por me ensinar a viver. – ofegou.

       O palladiano depositou um beijo puro nos lábios que ficavam gelados, sentindo o último do suspiro cálido de Skadi. A mão caiu apática.

        Skadi tinha partido.

     

     

    

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