Contos de Lucem - Ressurgir S...

By leticce_soares

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A queda de uma estrela em um continente infértil dá origem a cinco reinos abundantes de vida. Contudo, o impa... More

ZERO | A QUEDA
UM | HALINA SMARAGDINE
DOIS | SKADI ANTERIC
TRÊS | ZAIRE TERRAM
QUATRO | MALYA BASMAH
CINCO | A JORNADA
SEIS | KALE
SETE | ARDEN SMARAGDINE
OITO | O MAGO
NOVE | VIVIDAE
DEZ | O AFANADOR
ONZE | ONIRIUM SOMBRIA
DOZE | O REI
TREZE | A MURALHA
CATORZE | OS EKSILER
QUINZE | INFERNO ALBUM
DEZESSEIS | MAR ASIRI
DEZESSETE | PALLADIAN
DEZOITO | BOSQUE WERAU
DEZENOVE | DOLENT
VINTE | O VALE DAS BRUXAS
VINTE E DOIS | A DAMA ALABASTRINA
VINTE E TRÊS | A TRAVESSIA
VINTE E QUATRO | ANTIGOS INIMIGOS
VINTE E CINCO | O RETORNO DO ALGOZ
VINTE E SEIS | A INSURREIÇÃO
VINTE E SETE | KELAYA VIMONAR
VINTE E OITO | O PÁRAMO E TENEBRIS
VINTE E NOVE | A VERDADE
TRINTA | FRONTEIRA MORTEM
TRINTA E UM | A ESTRELA
TRINTA E DOIS | O DESFECHO DA BATALHA

VINTE E UM | LABIRINTO ENTREMONTES

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By leticce_soares

       O evento com a bruxa Necrófaga assustou a todos, mais uma vez tinha conseguido se esgueirar das garras da morte. Em contrapartida, agora estava deitados no colo do interesse, buscando compreender como exatamente sua colega de jornada conseguira derrotar uma bruxa de primeira ordem e sair com apenas uma arranhão no rosto.

       — Você está bem? – Keisha indagou para sua amiga.

       Imediatamente após o conflito, o grupo seguiu viagem. Traziam alguns arranhões e luxações por conta dos ataques dos abutres, mas nada que vinhesse a preocupar.

        — Estou. – respondeu sucinta.

        — Pretende ficar com essa coisa? – questionou, apontando para o cajado que Malya resolveu impulsivamente trazer.

         — Pode nos ser útil. – não conseguia olhar para a outra.

         — Oh, é claro. Acho que pode amplificar seus poderes. Fazer feitiços sem usar runas ou pedras elementais. – disse animada.

         — Duvido que eu tenha poder suficiente para controlar um cajado de uma líder de Clã. – Malya retorquiu, ainda não entendia o porquê de ter trazido o objeto, simplesmente o fez.

         — Não seja modesta. – sorriu a amaranta. – Você é de longe a mais habilidosa dentre nós, consegue vencer uma bruxa sem um familiar. – o tom era de admiração.

       Malya sentiu os olhos desconfiados de seus colegas queimarem sua pele, só Arden parecia não se importar com a situação. Contudo, ele era o único que tinha consciência das crises sombrias dela. A palavra familiar vagou em sua mente, a criatura alada até então não dera sinal de vida, talvez também tivesse medo dela como os outros.

         — Não está com medo de mim? – franziu o cenho, fitando a jovem.

         — Por que ela teria medo de você? – Kale interferiu, comia uma fruta e sorriu simpático. – Você é nossa amiga. Mais uma vez salvou nossas vidas.

         — Imagine quando tiver seu familiar, será imbatível. Até Nocti se curvará para você, lembre-se de mim quando tiver no patamar de uma heroína. – Keisha fantasiou, divertindo-se.

        A celosiana permanecia com as órbitas desesperançosas.

          — Malya, se os ancestrais permitiram sua entrada em Palladian, nós nunca teremos o que temer quanto a você. – o palladiano pôs a mão no ombro dela, num gesto reconfortante.

          — Todavia, acredito que são necessárias perguntas. – Skadi que escutava a conversa afirmou.

          — Não, nenhuma pergunta é necessária. – Zaire retorquiu sólido, findando a conversa.

        Halina, Eleina e Aryeh não pareciam tão seguros quanto a confiança para com a celosiana. Na verdade, todos traziam um certo receio fruto das palavras da bruxa. Contudo, apenas alguns estavam dispostos a abdicar do medo em nome da confiança com a companheira.

        O clima do local mudou subitamente, já se passara algumas horas desde o início da viagem. As nuvens do céu sumiram, trazendo um Sol brilhante e poucas nuvens. O cheiro de excremento se foi, em seu lugar o odor da relva selvagem e de flores compestres apareceu. Era como se tivessem sido teletransportados para outro ambiente, um bosque mágico e quase tão puro quanto os de Palladian. Na frente deles, um labirinto despontou. As paredes eram feitas de cerca viva com flores vistosas, alcançando quase cinco metros de alturas. Pararam no bosque antes do local, olhando ao redor viram as paredes de pedra se erguerem distantes. Ao que parecia estavam no ponto mais baixo do Vale, mas nada aparentava ter ligação com as descrições macabras que ouviram antes.

    — Estamos mesmo no lugar correto? – Halina olhou para as paredes.

      — As bússolas apontam que estamos no ponto mais baixo do Vale. Portanto, acredito que sim. – Skadi verificou seus instrumentos.

       — Mas não se parece em nada com o que Kelaya nos disse. – Eleina argumentou.

        — Bem, nenhum dos nossos desafios até agora foi muito previsível. Quem sabe este possa ser um pouco mais razoável. – Zaire falou, empenhando-se em ser otimista.
    
         — Pode ser uma ilusão. Uma armadilha para os nossos sentidos. – Malya afirmou, fazendo todos olharem para ela.

         — Você parece entender bastante das sombras, celosiana. Provavelmente, está certa. – a princesa provocou, seu irmão lhe lançou um olhar de desaprovação.

         — De todo modo, acredito não ser sábio que todos entremos. Eleina, Aryeh e Keisha devem ficar aqui. Enquanto os outros entram no Labirinto. – Arden recomendou. – Eles ficam com os outros dois fragmentos em segurança.

          — Por que você vai entrar no labirinto? Não é um Lectus. – Aryeh não gostava de ficar fora da glória.

          — Vou proteger minha irmã. – devolveu irritado.

          — Também tenho um irmão, Arden. Contudo, acho que nós devemos ficar aqui. Os Lectus saberão conduzir o próprio caminho. – Eleina foi gentil e pacificadora.

        O príncipe queria discordar, mas antes que pudesse sua irmã tocou sua mão, pedindo paciência.

       — Está bem. – deu-se por vencido.

       Os Lectus desceram de seus animais, arrumando o que levariam nas sacolas. O Labirinto era convidativo, sentiam pouco medo de prosseguir. Apenas um frio na barriga agitava o corpo deles.

          — Malya, proteja Halina. Eu imploro. – Arden sussurou para a celosiana antes deles partirem, a mulher assentiu em resposta.

        Andaram juntos até a entrada, inicialmente havia um só caminho para esquerda. Mas depois, uma bifurcação se abriu. O Labirinto era tão belo internamente quanto a parte externa, podiam escutar até pássaros cantando. Questionavam-se onde o fragmento estaria, no meio do labirinto, na chegada ou em uma das infinitas paredes...

          — Para aonde iremos agora? – Kale falou.

           O palladiano tirou a lança da sacola e passou a usá-la como um cajado.

           — Deveríamos nos separar, cobrir uma área maior... – Halina começou.

            — Tolice, se separar só pode nos causar problemas. – Zaire discordou.

             — A princesa tem razão, não sabemos onde está o fragmento. Quanto mais rotas distintas traçarmos, maiores as chances... – Skadi lia sua bússola.

            — Maiores as chances de morrermos. – Zaire interrompeu. – O fragmento vai nos encontrar...

            — Covarde! – exclamou a princesa com desdém, lançando seu familiar para cima, a fim de que o animal encontrasse alguma informação.

           — Antes covarde que estúpido, princesa. – devolveu ríspido.

           — Pessoal, não vamos brigar. – Kale tentou pacificar a discussão.

           — Calados. – Malya exigiu, tocando no solo. Trouxera o cajado.

            — Ora, sua atrevida. Quem pensas que és para falar assim comigo? Não temo tua magia negra. – Halina disparou.

             — Halina, não seja má...– Kale repreendeu.

          Antes que ele pudesse alongar a argumentação, sentiram a terra tremer embaixo dos pés. As paredes verdes se moveram astutas, espalhando o grupo confuso que não queria ser atingido pelos os ramos robustos. Quando deram por si, estavam separados. Halina e Malya permaneceram juntas, assim como Skadi e Kale. Somente Zaire ficou sozinho. Tentaram socar e golpear as paredes que separavam, a ave da princesa retornou sem nenhuma resposta. Gritavam, buscando escutar a localização um do outro. Em vão, estavam isolados por barreiras mágicas.

    — Ao menos ficamos juntos, minha amiga. – Kale exibiu seus dentes brancos em um amplo sorriso.

      — Não sei se isso é muita vantagem para ti, palladiano. Não sou o que possui os melhores  índices de habilidades. Apesar de toda a questão misteriosa de Malya, acho que com ela eu teria mais chances de sobrevivência. – explicou mecanicamente.

        Kale riu em resposta, as coisas que a ivoriana dizia, o ceticismo dela era tão puro que tornava impossível se enfurecer com suas afirmações.

       — Vamos andar, quem sabe encontramos o fragmento no meio do caminho. – o palladiano pôs a mão sobre o ombro do colega.

       Nos caminhos que percorriam, o ambiente seguia harmonioso e agradável. A ivoriana continuava buscando dados em seus instrumentos, mas não conseguia nada concreto. Escolhiam os trajetos das bifurcações por puro sorteio, o que não agradava Skadi, embora entusiasmasse Kale, curioso com o que cada estrada poderia revelar.

        — Parece que estamos andando em círculos. – o palladiano falou. – Tudo é tão igual. Lembro-me de já ter visto esta flor de pétala manchada.

         — Acredito que não sairemos daqui, se continuarmos com uma estratégia tão aleatória. – comunicou.

       Os dois haviam parado, estavam bebendo água e tecendo ideias do que deveriam fazer. Parecia que horas já tinham se passado, porém o lugar permanecia igual, sem qualquer movimentação. Retornaram a caminhar, não tinham outra coisa a fazer. A melhor decisão a se tomar era buscar seus amigos, quem sabe eles estivessem mais norteados que os dois.

       — Veja, é a flor outra vez. – Skadi apontou a planta, a qual se destacava dentre as outras, pois tinha as pétalas manchadas de azul.

        Já tinham caminhado mais algumas horas, ver a flor foi desanimador.

        — Vamos marcar as próximas bifurcações, assim não corremos o risco de escolher os mesmos caminhos outra vez. – Kale ponderou.

        — Uma ideia coerente. – retorquiu o companheiro.

      Marcaram as bifurcações que passavam com com cortes nas plantas, eram lesões grandes o suficiente para serem percebidas. Todavia, elas desapareciam e deixavam a dupla perdida.

       — De novo... – Kale viu a flor manchada, suas panturrilhas já queimavam nesse ponto.

        — Marcamos o caminho, porém continuamos a andar num círculo. – Skadi também estava frustrado.

       Kale retirou a flor com raiva da parede de plantas, esmagou-a entre os dedos. Estava exausto de vê-la. Voltaram a caminhar, depois de um par de horas encontraram ao que parecia a mesma flor.

         — Mil maldições doeriam menos. – o palladiano chutou uma das paredes, suas bochechas traziam a coloração rubra e suas articulações estavam tensas.

           — Calma, vamos encontrar uma saída. – o ivoriano consolou.

            — E quando será isso? – vociferou, empurrando o colega, que caiu e ralou as palmas da mão.

            — Kale, você não é assim. – devolveu. – Sua fé é inabalável. – tentou contato visual.

            O palladiano parecia ensadecido com o ciclo repetitivo que os dois vivenciavam. Uma cólera preenchia seu fôlego, tornando os seus movimentos abruptos.

➳➳➳

      — Basta, princesa. Não gaste energia de forma inútil. – Malya pediu.

       Halina socava a parede arbórea, empenhando-se em retornar para companhia dos outros, de quem fora recentemente separada.

        — No fim das contas, o labirinto nos obrigou a seguir sua sugestão. Estamos separados. – a celosiana olhava para princesa como quem vislumbra uma criança mimada.

         — A última coisa que eu pretendia era ficar separada com tu. – limpou a barra do vestido.

          — Ironicamente, aqui estamos nós. – anunciou, vendo que a smaragdina finalmente desistiu da ação contra o muro.

          Malya tirou de sua sacola uma das poucas pedras que restavam, sentou-se cautelosa no chão. E aproximou as mãos das botas gastas que calçava.

           — tariq. – quebrou a pedra nos solados.

            — O que fizestes? – Halina olhou desconfiada.

            — Estou marcando minhas pegadas, quando eu recitar o feitiço de revelação, poderemos ver o caminho que já passamos. – explicou.

           Onde estavam, o clima mudara drasticamente. O céu se pintou de um cinza tão escuro, quase negro. Uma chuva fina caía, banhando-as com gotículas geladas. Avançaram dentro do labirinto, o qual só trazia direções unas, sem bifurcações. Às vezes se deparavam com caminho sem saída, davam meia volta e encontravam outra passagem. Malya usou o feitiço de revelação, mostrando suas pegadas brilhantes e facilitando que não seguissem o mesmo trajeto. A celosiana ia na frente, testando o solo com o cajado roubado.

       — Para aonde estamos indo? – inquiriu a princesa. – Parece que estamos andando aleatoriamente. – já havia pedido para seu familiar voar um par de vezes, sem nenhum resultado significativo.

       — E estamos. Tem outra sugestão? – replicou a morena.

      A outra se calou, não tinha muito o que se fazer. Era um labirinto, sequer possuíam um mapa. Tateavam cegas em meio as paredes arbustivas, preparadas para o pior. As paredes antes verdes, eram agora espinhosas e ameaçadoras, com galhos violentos se projetando para fora. O vestido da princesa se agarrou a um galho, fazendo-a cessar os passos.

        — Espere, meu vestido está preso. – requisitou a smaragdina.

        — Corte-o. – devolveu a morena, sem olhar para trás e ainda caminhando.

          Segundos de silêncio se passaram, Malya se deu por vencida e buscou a princesa atrás de si, não encontrando loira.

           — Halina? – chamou. – Onde você está?

            — Aqui. – surgiu a princesa da última, com o vestido inteiro. – Consegui soltar o vestido. Perdoe-me o atraso.

           A celosiana olhou rapidamente para a loira, buscou algum ferimento ou sinal estranho. Não queria que ela voltasse para o irmão avariada, sem encontrar nada, prosseguiu na caminhada. A chuva já ensopava seu cabelo, ainda refletia sobre o evento com a bruxa. Não compreendia como alcançou um certo grau de consciência durante a dominação da presença, queria ter obtido respostas, porém as circunstâncias estavam longe de serem adequadas. Os devaneios distraíram seus sentidos, pisou numa poça de água da pluvial e sentiu o líquido frio espirrar no seu rosto.

        — Inferno. – limpou as bochechas com a manta.

        No ângulo em que estava conseguiu enxergar a princesa refletida na água, os cabelos dourados estavam secos e uma das mãos ficava insistentemente nas costas.

          Perdoe-me pelo atraso, repetiu mentalmente a sentença final dita pela smaragdina. A celosiana diminuiu a velocidade de seus passos, saindo da poça. Pegou sua adága discretamente, planejando seu ataque. Saltou rápida na direção da princesa, vencendo os metros que a separavam.

           — Solte a lâmina. – exigiu, pressionando a adága no pescoço da outra mulher. – Onde está a princesa, impostora? – empurrou a faca para acentuar a ameaça.

           — O-o que está fazendo? Eu sou a princesa. – gaguejou.

            — Solte a faca, agora. – repetiu intimidadora.

             — Não pode fazer isso, sou da realeza. – repreendeu deixando a faca cair no chão.

              — Agora, responda onde está a princesa? – insistiu, arrancando a espada da bainha, deixando a figura encurralada em defesa.

               — Ficaste louca! – rugiu em resposta. – Eu sou a princesa.

              Malya riscou sua lâmina levemente no pescoço dela, vendo que nenhuma gotícula de sangue saiu teve certeza de suas suposições. Retirou uma de suas espadas curtas da costas.

         — A princesa nunca pediria perdão. – clamou, atingindo a outra no tronco.

         Assim que a espada tocou no corpo da outra, a princesa se desfez e centenas de mariposas de tons beges sujos e acinzentados. Malya correu para longe dos insetos, os quais pareciam prontos para lhe atacar.

         — kushif. – falou revelando duas pegadas, precisava encontrar Halina. Surpreendeu-se com a falta de necessidade de runas.

         As mariposas lhe seguiam ferozes. A mulher desejou saber usar o cajado que trazia nas costas, assim ele não seria apenas um peso morto. Vasculhava as paredes arbustivas em fuga, buscando a smaragdina. Refazia seus passos na esperança de encontrar a outra ainda com vida, caso contrário como explicaria ao resto da expedição que sua companheira morrera? Como explicaria para Arden?

          — Halina. – encontrou a princesa sendo engolida pela parede, os olhos dela trazia uma verde mórbido, porém ainda respirava.

          Precisava tirar a loira dali imediatamente.

  ➳➳➳


      Zaire estava sozinho. Enfrentar os outros desafios junto da expedição já era assustador, mas sozinho era ainda mais alarmante. Lamentava mentalmente o próprio destino, rezando para que dessa vez a morte não lhe acertasse em cheio. Trocava pensamentos rudimentares com seu familiar, na esperança de se consolar da própria solidão. Vagava atônito por entre as paredes, segurando seu martelo e tremendo a cada som. Não se envergonhava de sua própria covardia, queria lutar por Lucem para assim salvar sua terra e família. Contudo, não se importava de revelar seu medo. Diferente dos outros, os quais sempre guardavam os temores estarrecedores para si, o amaranto não se importava de repetir que não queria morrer.

     Chamou pelos outros a plenos pulmões, mas não obteve nenhuma resposta. Estava cansando de vagar como um morto vivo, até que um som chamou sua atenção.

         — Zaire. – a voz familiar ecoou atrás dele.

          Voltou seu corpo para onde vinha o som, tentando rastrear a fonte do chamado. Ousou alguns passos na procura, porém logo desistiu quando não viu nada além das paredes do labirinto. Quando retornou seus olhos para frente, uma visão estarrecedora lhe tirou o fôlego. Uma sequência de cadáveres se espalhavam pelo caminho, não eram corpos quaisquer. Eram cópias idênticas a ele, submetidas às formas mais cruéis de morte.

      Esquartejado, degolado, queimado, enforcado e até envenenado. Pareciam maneiras infinitas de se morrer, um cardápio oferecido pelo destino. Zaire sentiu gotículas de suor escorrerem por sua nuca, seu peito parecia pressionado por uma tonelada e as pernas tremiam incontroláveis.

       — Zaire. – escutou outra vez.

       Antes que pudesse se virar, recebeu um soco no seu rosto caindo catatônico. Viu que quem lhe atingiu foi um dos cadáveres que até então estava imóvel, uma debandada de mortos vivos começou a espancá-lo. Pediu ajuda ao seu familiar que permaneceu imóvel,

       — Covarde! Covarde! Covarde! – xingavam seus clones. Cobrindo-lhe de soco.

       “ — O medo é uma boa ferramenta, filho. – Jawari, o pai do amaranto disse.

         Estavam na areia da praia de sua terra, arrumando os cestos para pesca de peixes no Asiri. Zaire tinha dez ou onze anos na época.

          — Ele nos deixa em alerta, aguça nossa visão e audição. É um instinto humano natural e valioso. – continuou falando. – Mas sem controle, ele é assassino. Portanto, não se constranja de ter medo, porém saiba controlá-lo. Assim, saberá diferenciar as ameaças reais das fantasiosas. ”

        — Isso não é real! – gritou convicto, seu familiar despertou.

      A serpente vermelha ficou gigante, derrubando e esmagando os mortos vivos, os quais não reagiam ao ataques. O silêncio pairou mais uma vez, Zaire se levantou tentando recuperar os sentidos. Seu corpo estava machucado do espancamento, que ao contrário dos cadáveres que desapareceram como se nunca tivessem existido, fora bem real.

       — Meu campeão. O único que venceu o Labirinto Entremontes. – uma dama vestida de branca apareceu.

     
   

    

       

     

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