"Ah!" Eu gritei com um susto quando a cena na minha frente ficou distorcida de repente, se transformando em um redemoinho e desaparecendo inteiramente na entrada em chamas. Meu corpo estava sendo sugado também, enquanto meus arredores se transformavam em escuridão.
Meu corpo estava flutuando no ar, tornando-se particularmente leve, como uma pena balançando. Aos poucos, minha visão à minha frente se iluminou e pensei que voltaria à realidade. No entanto, quando meus olhos ficaram encobertos pela cena iluminada diante de mim, não pude deixar de ficar surpresa.
Como um fantasma, eu estava flutuando no teto de um berçário. Avistei um bebezinho de cabelos pretos que estava deitado quieto no berço embaixo de mim. Ele parecia doente, pálido e fraco enquanto seu corpo estava conectado a um suporte intravenoso. Ele parecia que estava à beira da morte, mas seu par de olhos cinza prateados estavam bem abertos, olhando para cima com curiosidade. A princípio, pensei que ele estava olhando para mim, então, estupidamente, acenei para ele em uma saudação. Em vez disso, ele apenas me ignorou e virou sua cabecinha para o lado. Foi então que percebi que ele estava olhando para um homem que acabara de entrar pela porta lateral.
Era um velho com cabelos grisalhos. Quando olhei para ele, um sentimento muito estranho e nostálgico cresceu em meu coração. Somente quando ele se aproximou do bebê e estendeu a mão para acariciar gentilmente sua testa, eu o reconheci imediatamente - essa pessoa era meu avô!
Além disso, o tritão que pegou o esporo de Agares na frente do “portão” e que tinha acabado de sair momentaneamente antes, seu perfil lateral não se parecia com o de meu avô quando ele era mais jovem? Naquela época, a cena que eu vi foi quando ele prometeu àquele líder, que era Agares, que, para voltar à Terra, ele teria que pagar um certo preço. Como prova desse “contrato”, Agares deixou que ele levasse seus genes consigo.
Mesmo assim, o que estava acontecendo? E como meu avô poderia ser um tritão? Será que o esporo do tritão que ele pegou foi absorvido por ele, e quando ele voltou com sucesso ao mundo real, por algum motivo, seus genes foram recombinados novamente de alguma forma, tornando-o humano novamente?
Enquanto eu estava pensando incrédulo sobre toda a logística e conexões por trás de tudo, vi meu avô tirar um pequeno tubo de ensaio de seu bolso contendo um líquido que emitia uma leve cor azul brilhante. No momento em que o plugue foi desatarraxado, o líquido imediatamente fluiu reversamente para fora da abertura de vidro, como uma pequena nuvem de fumaça flutuante, antes de finalmente se condensar e formar um pequeno aglomerado de luz semelhante a uma água-viva - o "esporo" de Agares.
Meu avô olhou para o bebê e gentilmente desembrulhou a cama macia que estava enrolada em volta dele. Naquele momento, todo o meu corpo entrou em estado de choque, pois de repente percebi que o bebê era na verdade “eu”.
A razão pela qual eu não percebi imediatamente que era eu mesma no início foi porque eu sabia que não tinha olhos cinza prateados. No entanto, quando observei a mudança na íris dos meus olhos quando o esporo se fixou no meu peito, reagi imediatamente. Os genes invasivos, carregados pelos esporos de Agares, penetraram em meu corpo e mudaram certas partes da minha cadeia de DNA, assim como algum tipo de vírus celular. Desde então, tive a impressão de sua marca.
Então, quando Agares disse que “eu pertencia a ele”, foi porque meu avô, por meio desse método, me entregou a ele exatamente como em um conto de fadas infantil. Aquele em que uma infeliz princesa foi oferecida a uma bruxa pelo rei e sua esposa. Embora essa descrição fosse um pouco ridícula, não achei nada engraçado.
Eu só senti choque e raiva, porque Agares e meu avô não tinham o direito de decidir meu destino. Independentemente do tipo de acordo ou contrato que tenham firmado entre eles, eles não poderiam simplesmente tornar minha vida uma aposta ou uma moeda de troca! De repente, pensei em algo que era ainda mais incrédulo - como essas cenas foram gravadas por Agares, afinal? Agares estava me espionando de alguma forma secreta desde o momento em que nasci? Ou meu avô gravou tudo isso e deu a ele? Não importa o método, ainda achei difícil aceitar.
"Ei... garotinho." Neste momento, eu inesperadamente ouvi meu avô sussurrando. Ele abaixou a cabeça e olhou para "mim" gentilmente. Sua palma generosa brincava com meus dedinhos, permitindo que "eu" gentilmente, mas com firmeza, segurasse seu dedo indicador. "Sinto muito, meu lindo Desharow, mas o gene dos tritões pode salvar sua vida." Eu ouvi a voz do meu avô dizer, que estava rouca e cheia de impotência. "Espero que você não venha a me odiar quando souber desse segredo no futuro."
Salve minha vida? Meu nariz queimou com um calor azedo. Fiquei pasmo quando ouvi essa frase. Então, eu percebi, quando os esporos de Agares entraram em meu corpo, a palidez doentia havia desaparecido gradualmente e minha pele estava começando a mostrar uma tonalidade mais saudável e avermelhada. Ele está fazendo isso para me salvar?
Suponho que saber que meu avô fez tudo isso por mim e não por Agares, me fez sentir um pouco melhor. Soltei um suspiro de alívio e, simultaneamente, a cena mudou mais uma vez.
Meu corpo estava caindo rapidamente. Eu me vi cair no vasto mar azul. Melhor ainda, devo dizer que foi mais como se tivesse acabado pendurado alguns centímetros acima da superfície da água.
Depois de girar minha cabeça para olhar, me deparei com um rosto sombrio já muito familiar, mas incrivelmente belo, perverso. Ele olhou para mim de perto, com seu cabelo molhado caído pendurado no meu rosto. De repente, percebi que estava sendo abraçado por Agares e que seus olhos se estreitaram de brincadeira, medindo-me de cima a baixo. Era como se estivessem olhando para um gadget interessante, com um senso de brincadeira, mas ainda cheio de amor escondido em suas profundezas. Era muito parecido com um pai olhando para o próprio filho.
"Ei, me solte!" Isso era o que eu queria dizer, mas um som balbuciante não humano foi a única coisa que podia ser ouvida vindo da minha boca. Estiquei minha mão para tentar empurrar seu braço, mas descobri que minha mão estava um pouco mais curta e que meus dedos eram pequenos e macios. Eu poderia simplesmente coçar suavemente seu rosto e segurar seu cabelo. Em resposta à minha ação, Agares acariciou gentilmente meus pezinhos com suas garras palmadas e, como se estivesse refletindo sobre como nossas estruturas corporais eram claramente diferentes, o canto de seu lábio se curvou e ele soltou uma risada significativa.
Eu dei um tapa em seus lábios.
Porém, meu corpinho, neste momento, foi tomado por outro par de mãos, e um rosto antigo e familiar se refletiu diante de meus olhos. Era meu avô olhando para Agares com uma expressão piedosa e altamente devotada. Ele então abaixou a cabeça e sussurrou em uma língua que eu não entendia nada. No entanto, eu sabia que ele devia estar pedindo desculpas sinceras a Agares, assim como alguém serve a Deus.
Ah, que diabos! Se esse homem idoso soubesse o que Agares tinha feito comigo no laboratório, ele estaria batendo na cara de raiva!?
Fechei os olhos e tentei me lembrar do que aconteceu no meu passado. Meu cérebro era como um computador importando uma grande quantidade de informações e dados complexos, operando em alta velocidade. Logo, eu me senti tonto, e todo o meu eu estava aparentemente à beira de desabar.
As cenas que se projetaram diante de mim em minha mente eram como filmes rodando em ação em alta velocidade. Em apenas alguns segundos, revivi minha infância uma vez vaga nesta recordação que uma vez foi completa, descobrindo que a sombra de Agares estava em quase toda parte antes de eu ter seis anos: no lado da baía, ao redor do barco, fora da janela de minha casa na praia , etc. Ele era como um fantasma no escuro, me vigiando (e espiando) sem que eu percebesse. Para ser honesto, ele realmente me protegeu dos muitos perigos que as crianças normalmente encontrariam. A presença de Agares foi ainda mais frequente do que a dos meus pais “viajantes” que vinham de longe para me visitar ocasionalmente.
Além disso, ele também brincou comigo. Quem poderia imaginar que uma fera tão feroz fosse, na verdade, apenas um grande golfinho jogando pólo aquático comigo!
Mas, eu não me lembrava dessas coisas! Depois do naufrágio de meu avô, perdi todas as memórias de minhas atividades de vida antes dos seis anos e fui trazido da Suíça para morar com meus pais em Moscou.
Então, isso significava que Agares tinha desempenhado o papel de ser algo como meu guardião? (Claro, “peixe guardião” era um termo mais apropriado.) Que fato ridículo era esse! Oh, eu deveria estar feliz por ele não ter uma tendência pedofílica, como um velho nojento, e realmente esperar até que eu fosse um adulto? Droga!
“Desharow…”
Uma voz profunda encheu minha mente novamente, e uma escuridão de baixa pressão se reuniu de todos os lados, cobrindo minhas pálpebras, então gradualmente desapareceu como antes. Quando abri meus olhos novamente, descobri que finalmente havia retornado ao mundo real.
Agares olhou nos meus olhos, coincidindo com a memória distante. Uma sensação bizarra que eu nunca havia sentido antes percorreu todo o meu corpo, me fazendo estremecer. Nunca esperei, nem pensaria, que houvesse um vínculo tão profundo entre mim e essa besta, que de repente se intrometeu em minha vida e interrompeu sua órbita. Afinal, eu tinha seus genes e linhagem em meu corpo. Ele parecia um pai adotivo quando eu era mais jovem, mas agora ele esperava que eu fosse sua esposa!
Esse tipo de cognição me fez sentir como se fosse culpado de incesto, mas também tornou ainda mais difícil para mim resistir à atração magnética dele. Embora eu quisesse me prevalecer como dominante, meu corpo e minha mente sempre foram fortemente atraídos por ele. Especialmente quando pensei em todas aquelas cenas de antes dos seis anos de idade. Eu senti que poderia de todo o coração... depender dele.
Meus olhos caíram em seu peito involuntariamente, e eu estendi minha mão para tocar seu coração batendo. Através da pele dura, eu podia sentir seu fluxo de sangue por baixo. Essa foi a fonte dos genes que restabeleceram minha existência, mas também foi o que afetou completamente toda a minha vida. Minha mão tentou tocar sua bochecha, mas uma resposta emocional mais forte me fez parar minha ação.
Droga, sou Desharow Wallace, não Desharow Agares. Sou um indivíduo independente!
“Você é meu.” Agares abaixou a cabeça, seus lábios e dentes cuspindo um murmúrio baixo e não humano.
Fiquei chocado ao saber que o que ele disse não era inglês nem russo, mas a língua especial dos tritões. De alguma forma, eu milagrosamente entendi. Parecia que meus nervos de repente adicionaram algum tipo de função especial de feedback de linguagem que permitiu que o significado de Agares fosse traduzido em meu cérebro.
Achei que provavelmente tivesse a ver com a “conexão” especial que Agares acabara de estabelecer comigo, que não poderia ser explicada pela ciência ou biologia existente hoje. Talvez fosse uma das habilidades únicas dos tritões.
Em apenas alguns minutos, eu tinha aceitado mais informações do que eu poderia digerir. Eu balancei minha cabeça e inconscientemente me afastei de Agares. Meu cérebro estava uma bagunça, mas eu não conseguia pronunciar uma única palavra. Minha cintura foi então subitamente apertada. O rabo de peixe embaixo de mim se enrolou em volta de mim, me trazendo para mais perto do corpo de Agares. Gotas de água cobriram toda a cabeça e rosto de Agares e escorreram de cima de mim.
“Não tente inutilmente me evitar.”
Os olhos longos e estreitos de Agares se reduziram em fendas, cortando a linha de defesa do meu coração como uma lâmina.
Minha respiração ficou apertada. Eu poderia dizer honestamente que a sensação de ele ser capaz de se comunicar livremente comigo de repente era muito estranho e assustador, porque seus pensamentos e ideias podiam ser expressos sem impedimentos, atingindo bem meu coração e me deixando sem nenhuma maneira de amortecer seu ataque e desejo.
Bem quando eu estava pensando isso, meus lábios desprotegidos foram instantaneamente pressionados e sugados vigorosamente pelos de Agares. No entanto, minha mente miserável continuou a se encher com aquelas imagens malditas dele me segurando em seus braços como uma figura paterna e brincando comigo no mar. Tentei evitar seus lábios de ataque por causa do pânico envergonhado com muita dificuldade, mas sua força exercida era muito forte. Assim que me libertei para respirar, vi que seus pulsos estavam, mais uma vez, pingando sangue.
Sem fôlego, encostei-me na lateral do reservatório artificial e olhei para ele. Finalmente, inclinei minha cabeça. Eu não pude deixar de rir e chorar, ofegando em uma voz baixa sem fôlego, “Como eu deveria encarar você, Agares? Eu nem sei mais. Meu relacionamento com você é tão estranho, é até ridículo! Meu cérebro está uma bagunça, preciso de algum tempo. ”
"Levante a cabeça e olhe para mim, Desharow."
Agares sussurrou; sua voz soava como um violoncelo derramando em meu tímpano, fazendo-me levantar lentamente a cabeça. O brilho da água manchado e oscilante refletia o contorno nítido e severo de Agares, mostrando seu comportamento diabólico, mas gentil também. Seus olhos eram muito profundos, como se armazenassem uma quantidade infinita de afeto que poderia me deixar sem fôlego.
"Você está destinado a ser meu."
Ele abriu ligeiramente os lábios e disse isso com confiança naquela sua voz rouca. Então aquela longa cauda passou na minha frente, e pedaços de escamas ásperas varreram meu peito, como incontáveis unhas, instantaneamente arranhando alguns botões de minha roupa. Em seguida, a cauda lentamente, centímetro a centímetro, esfregou contra meu peito nu. Ou para ser exato... a marca de nascença no meu peito que simbolizava sua marca de sangue.
Meu coração sob aquela área específica estava batendo tão violentamente que parecia que ia quebrar a superfície da minha pele. Isso me obrigou a passar a palma da mão nos contornos minúsculos das escamas. Instantaneamente, um arrepio elétrico percorreu meu coração. Eu não pude deixar de fechar meus olhos e desfrutar da maravilhosa sensação de tocá-lo.
A cauda grossa e grossa do peixe, vinda do nada, usou a força para me pressionar contra a parede do reservatório artificial. Ele abriu minhas pernas de forma limpa de uma forma punitiva. Em seguida, a cauda do peixe pressionou minha raiz e começou a esfregar forte e vigorosamente repetidamente.
“Droga... ah... Agares... não...” Meu corpo se movia para cima e para baixo, e eu estava resistindo ao estímulo que surgiu imediatamente de baixo. Ofeguei pesadamente ao tentar subir de volta, mas minhas pernas ficaram moles e tremeram.
“Mas ele não será mais. “
A porta da escotilha de trás estourou e a sombra de Reno refletiu-se fortemente na superfície da água. Então ouvi o clique de uma arma. O som frio de puxar o ferrolho de segurança.