entre gêmeos e luas | vmin

By namudinha

8.6K 1.2K 3K

O pensamento de ser pai de um casal de gêmeos aos 26 anos nunca passou pela cabeça de Taehyung durante toda a... More

★ apresentação ★
01. entre bicicletas e cristais
02. entre castigos e visitas
03. entre brigas e pingentes
04. entre pôneis e pula-pulas
05. entre passeios e cupcakes
06. entre pés torcidos e mensagens
08. entre corredores e varandas
09. entre restaurantes e balas de amendoim
10. entre amores e recomeços

07. entre sorvetes e reencontros

695 94 130
By namudinha

Hehe.

Oi, gente!! Eu demorei, mas voltei <3

Depois de quase um mês e meio, aqui estou com 9.4k de palavras fresquinhas, em um capítulo vindo diretamente do forno.

⚠️ No final do capítulo, há uma cena correlacionada a lgbtfobia, portanto, caso isso seja algum gatilho para alguém, eu recomendo parar a leitura ao sentir desconforto. Não tem nada explícito, apenas uma menção sutil.

Obrigada pela paciência e pelo carinho!

Boa leitura!

.•°★°•.

#CatapimbaBruxinho

A vida é realmente uma coisa, não é? Em um momento, você está indo para o trabalho, feliz porque não pegará trânsito; no outro, está abrindo a porta da sua casa para receber a irmã de um dos seus melhores amigos, que também é a mãe dos seus filhos. Não que essas duas situações sejam tão distintas ou incomuns assim, mas foi algo inesperado. Definitivamente.

Talvez aqueles tenham sido os sete minutos mais longos da vida de Taehyung desde o nascimento dos gêmeos. Ele precisou de três minutos para responder a pergunta do porteiro — chegando a pedir "um momentinho" para poder pensar — e, depois de fazê-lo, aguardou mais quatro até que a campainha tocasse.

Estava nervoso? Talvez.

No entanto, não ligou para isso quando, prendendo o ar de forma involuntária, girou a maçaneta.

— Bom dia, Taehyung-ssi — ela disse, mantendo o semblante sério.

— Bom dia, Jiwoo-ssi.

O macacão azul marinho combinava perfeitamente com ela, assim como o colar e brincos prateados. O cabelo preso em um rabo de cavalo deixava seu rosto mais evidente, mostrando os detalhes mais lindos do seu rosto, como os olhos bem desenhados e a boca.

Eles se encararam seriamente por alguns segundos, não desviando o olhar um do outro. A mais velha cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha, rindo alto quando Taehyung piscou, perdendo a disputa silenciosa.

— Fazemos isso desde sempre e você ainda não conseguiu me vencer… — provocou, entrando no apartamento assim que Taehyung deu um passo para o lado, dando espaço para que ela passasse — Mais de vinte anos de vitórias acumuladas! Como é o gostinho da derrota, amor?

Ele ficou em silêncio enquanto fechava a porta. Logo depois, virou-se para a Jung de braços cruzados.

— Noona… Eu tenho que ir trabalhar. Por que você não avisou que viria? — reclamou, tentando demonstrar o quão inconveniente havia sido a aparição inesperada, porém, abriu um sorriso enorme ao sentir sua cintura sendo rodeada pelos braços de Jiwoo. A abraçou de volta.

— Eu senti saudades, amor — ela murmurou, a voz abafada no peitoral de Taehyung.

— Eu também senti, noona… — Deixou um selar demorado no topo da cabeça dela, sentindo o aroma floral que fez tanta falta.

Fazia muito tempo desde a última vez que Tae havia sentido o corpo dela tão próximo, o cheiro tão presente e a voz tão ali. Não era uma chamada de vídeo ou uma ligação qualquer, Jiwoo estava em sua sala de estar, ao vivo e a cores!

Sentiu saudade do carinho da amiga e da forma como ela transformava qualquer coisa em algo um pouquinho mais fácil, fosse com piadas completamente avulsas ou abraços com sensação de tudo bem, eu estou aqui.

Foi difícil sem ela.

Contudo, ele se acostumou. Taehyung tentou, aprendeu, chorou, quebrou um relógio e, finalmente, se adaptou. Com esforço e dedicação, amor e afeto.

— Hoseok me enviou seu endereço — contou, desfazendo o abraço para segurar as mãos do mais novo — Me desculpe por ter aparecido assim, eu não queria atrapalhar.

— Está tudo bem. — Sorriu — Eu só queria ter tido a oportunidade de me organizar melhor para poder te receber. Você vai ficar aqui?

— Tenho uma conferência em Busan mês que vem, por isso decidi vir mais cedo. Quero passar um tempinho com as crianças antes de voltar para a Alemanha — explicou — Meu avião pousou há duas horas, então deixei as malas na casa do meu irmão e vim correndo para cá. Eu esqueci que os gêmeos estão estudando agora… Queria fazer uma surpresa. — Forçou seus lábios para baixo, dando lugar a uma expressão triste.

— Bom, foi uma surpresa enorme ouvir seu nome no interfone… — Tae brincou — Você pode buscá-los comigo! O que acha?

— Eu acho ótimo! — Ela voltou a sorrir, animada com a ideia.

— Vamos fazer assim, então… Você fica aqui, porque é mais perto, e eu te encontro na entrada da escola. Eu te passo o endereço. Depois, podemos ir para algum lugar com eles.

A mais velha concordou, batendo palmas de forma alegre. Taehyung anotou o endereço da escola em um papel e deixou a cópia das chaves do apartamento com Jiwoo. Ele explicou, por alto, onde ficava cada cômodo da casa e, alguns minutos depois, se despediu dela para ir ao trabalho, deixando um beijo em sua bochecha.

Quando estava prestes a apertar o botão do elevador para descer até o térreo, Jungkook entrou afobado na cabine de metal.

— B-bom dia, hyung… — ele disse, sem muito fôlego. Taehyung apertou o botão e as portas se fecharam.

Jungkook usava uma camiseta branca com listras pretas, uma calça jeans azulada e sapatos também brancos. Por cima, um casaco azul, que imitava a textura de um jeans. Seus óculos de armação redonda permaneciam em seu rosto, na ponta do nariz, e seu cabelo estava penteado no formato de uma tigela, com a franja cobrindo sua testa e parte dos seus olhos. Além de tudo isso, ele também carregava uma mochila laranja nas costas, bem chamativa.

— Bom dia, anjo… O que aconteceu?

— Acordei atrasado para um compromisso — explicou apressadamente, saindo de dentro do elevador assim que as portas de metal se abriram novamente, já no térreo — Tchau, hyung!

— Tchau… — Taehyung murmurou, vendo o vizinho cumprimentar o porteiro e passar correndo pelo portão do prédio — Depois eu pergunto.

O Kim seguiu até a garagem, entrando no carro e indo para o trabalho logo em seguida. No caminho, aproveitou um dos sinais vermelhos para mandar uma mensagem a Seokjin para contar sobre a volta de Jiwoo.

Vou comprar um pote enorme de sorvete e deixar na sua geladeira para comermos mais tarde. — Taehyung estava na porta do hospital enquanto ouvia o amigo contar sobre os planos que tinha para a estadia da Jung na cidade — Eu tenho mil coisas para fazer com ela, minha nossa!

— Hyung, eu tenho que entrar logo… — relembrou, pegando o próprio crachá e passando na máquina de identificação, antes de atravessar a catraca do setor da administração — Você sabe que não tem problema nenhum em ir vê-la.

Claro que sei, Tae. Eu estou me arrumando nesse exato segundo — revelou, fazendo Taehyung rir — Não quero te atrapalhar mais, então, tchau! Bom trabalho!

— Obrigado, Jin-hyung — agradeceu — Tchau! — Desligou a chamada, guardando o telefone na mochila e cumprimentando alguns colegas.

Por fim, deu início ao seu turno.

Já era em torno das dez horas da manhã quando Seokjin — carregando um pote de cinco litros de sorvete — abriu a porta da casa de Taehyung e foi recebido com um grito. Assustado, também gritou.

Puta que pariu! — Jiwoo murmurou, com a mão no peito e uma expressão assustada — Quer me matar do coração?! Como você entrou aqui?

Seokjin deixou o pote de sorvete em cima da mesa e correu até a Jung, prendendo-a em um abraço apertado cheio de saudade. Jiwoo retribuiu, ainda se recuperando do susto, e riu quando sentiu seus pés saindo do chão

— Você está mesmo aqui! — Jin disse, colocando-a no chão novamente após dar um giro com ela — Eu não acredito!

— Eu também senti a sua falta, Jin, mas você ainda não respondeu minha pergunta… — Semicerrou os olhos, disfarçando o sorriso alegre para fazer sua pose desconfiada.

— Se você colocar aquele pote — apontou para o objeto em cima da mesa — no congelador, eu posso pensar em te contar minhas técnicas.

— Além de invasor, é folgado. — Revirou os olhos, andando até a mesa para pegar o pote e indo para a cozinha logo depois, sendo seguida por Seokjin, que continuava sorrindo abertamente.

— Eu carreguei esse pote sozinho, desde o mercado. Meus braços merecem um descanso.

— Certo, certo… — Jiwoo riu baixinho, fechando a geladeira — Agora que fiz minha boa ação do dia, cumpra com a sua palavra e me conte como você entrou aqui. Não se envolveu com nada errado durante minha ausência, 'né?

— Meu trabalho é honesto!

— Foi apenas um questionamento!

— Eu esqueci que você é implicante… — Revirou os olhos e cruzou os braços, encostando o corpo na bancada da pia — Enfim, vou te explicar como faço meus truques. Talvez você não entenda de primeira, foram anos de elaboração e prática…

— Você fez uma cópia das chaves quando ele não estava olhando, não é?

— E é por isso que ninguém gosta de jogar com você! Como descobriu?

— Isso é muito óbvio…

— Volte para a Alemanha! Não te quero mais!

E os dois logo começaram a rir do drama de Seokjin.

Conversaram bastante enquanto — motivados pelo prazer de ajudar Taehyung — arrumavam a sala e o quarto dos gêmeos. Tiraram a camada fina de pó dos móveis, jogaram fora as inúmeras embalagens de doces e organizaram os brinquedos das crianças. No fim, Seokjin acabou explicando suas verdadeiras técnicas para entrar na casa e revelou que, na verdade, ele simplesmente era próximo do porteiro do prédio, já que morou ali por muitos anos.

O horário de saída dos gêmeos já estava próximo quando terminaram tudo, então Jiwoo foi para o local combinado e deixou Jin tomando conta do apartamento. Ela também o deixou avisado de que Taehyung a levaria para almoçar com as crianças. Seokjin não viu problema, portanto, apenas concordou e foi para a cozinha a fim de preparar seu almoço. Depois de quase dez anos de amizade, isso era o de menos.

— Não tem um pote de kimchi nessa casa? Sério? — Jin reclamou enquanto analisava o conteúdo da geladeira — Tanta tecnologia e o Taehyung não mexe um dedo pra comprar o básico!

Ele bufou, negando com a cabeça e fechando a porta da geladeira. Poderia sobreviver sem seu tão amado kimchi por um dia, é claro, mas não custa nada reclamar um pouquinho.

Acabou pedindo uma porção de frango frito pelo delivery.

Na sala de aula, Jimin tentava ao máximo conter sua vontade de quebrar os gizes de quadro, porque aquele era o sinal de que a sua paciência estava prestes a evaporar de vez.

São apenas crianças, Jimin, apenas crianças… — Ele repetia, em pensamento, enquanto pegava o pano que Mirae segurava. Cobriu a enorme poça de tinta vermelha e suspirou antes de se levantar e acariciar a cabeça da aluna.

— Obrigado, fofinha. — Ela sorriu, voltando para a sua cadeira.

Talvez tivesse se arrependido de ter proposto uma aula de artes, apenas talvez. Na realidade, foi uma experiência bem interessante, mas tudo caiu por água abaixo assim que Dahye — com seu jeito naturalmente arteiro — decidiu pintar o rosto de todos os coleguinhas.

Foi assim que — após falhas tentativas de impedir as crianças de continuarem com aquela bagunça — Jimin ficou coberto de tinta, desde parte do cabelo até respingos coloridos nos sapatos de couro.

Todas as crianças tinham tinta em alguma parte do corpo ou do uniforme, além de algumas cadeiras e parte do chão estarem completamente sujas. O professor, então, pegou um pacote de lenços umedecidos para limpar os pequenos.

O sinal tocou quinze minutos depois, e em poucos instantes já era possível ouvir os pais conversando na porta da sala. Jimin respirou fundo e ajudou os alunos a pegarem suas coisas. Depois, pediu que eles fizessem uma fila — como sempre — na parede, para que não houvesse tumulto.

Ele abriu a porta com cuidado e encarou os pais. Bastou alguns segundos para todos repararem que ele estava coberto de tinta. Jimin semicerrou os olhos na direção de Woori assim que ouviu a amiga rindo baixinho de sua aparência. Um ou dois pais pareciam nervosos, como se apenas quisessem buscar os filhos e ir embora o mais rápido possível, e outros sorriam de forma gentil. De qualquer forma, nenhum deles parecia ligar para aquilo, e isso foi o suficiente para aliviar Jimin.

— Boa tarde… — começou — Vocês já podem pegar as crianças, mas eu preciso avisar que…

— Tem alguma coisa a ver com toda essa tinta? — perguntou um dos pais, apontando para o professor. Jimin mordeu o próprio lábio inferior.

— Hum… Sim, tem. Tivemos uma aula mais dinâmica hoje e eles acabaram se empolgando. Eu tentei limpar o máximo que pude, mas alguns uniformes ficaram manchados.

— Não tem problema, senhor Park — uma das mães falou, abanando as mãos — Já lidei com coisa pior. Tinta é fichinha. São apenas crianças…

— É, tem razão. — Sorriu, olhando para os alunos, que esperavam pacientemente — Bom, agora que já estão avisados, podem entrar.

A maioria dos pais entrou na sala, sendo recebidos por abraços e beijos dos filhos. Jimin, já habituado com a dinâmica da turma, levou alguns alunos até os responsáveis que optaram por ficar do lado de fora — geralmente, esses eram os mais estressados. As crianças iam se despedindo do professor e dos colegas de turma, assim como os adultos. Quase dez minutos depois, os únicos alunos restantes eram os gêmeos, Dahye — junto com a mãe — e Yuto, um garotinho japonês que havia se mudado para a Coreia do Sul junto com a família quando tinha três anos.

Ainda era possível ouvir as vozes das crianças brincando no pátio e o som das mochilas de rodinha passando pelo corredor.

Jimin aproveitou o momento para abrir as janelas e acender seu incenso — naquela vez, o aroma escolhido foi Flor de Lótus. Ele fazia isso todos os dias para diminuir a tensão do seu corpo, principalmente em dias como aquele. Seus alunos já estavam acostumados com aquilo, mas alguns pais ainda o olhavam um pouco torto quando viam seus incensos ou cristais — felizmente, a maioria achava que suas preciosas pedrinhas eram apenas itens decorativos.

Os gêmeos estavam brincando com Dahye e Yuto no canto da sala, onde havia mais espaço. Woori observava os quatro com um sorriso pequeno, achando graça da forma como a própria filha sempre parecia tão elétrica perto dos amigos. O professor também sorriu e pegou um dos lenços umedecidos que tinha para começar a limpar o próprio rosto.

Assim que sentiu o pano úmido na pele, no entanto, ouviu o som da porta entreaberta sendo empurrada.

Precisou de alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo porque, no momento em que pôs os olhos em Taehyung, Minjun correu tão rápido na direção do pai que quase escorregou na mancha de tinta coberta no chão.

Mirae, como sempre, não parecia afobada. Ela pegou a própria mochila e pediu para Dahye pegar a de Minjun. As duas foram até as cadeiras da frente, onde deixaram as duas mochilas. Após isso, a Kim abriu um sorriso enorme e correu até o pai para se juntar ao abraço.

Taehyung levantou o olhar por alguns instantes e encarou Jimin, que o encarava de volta com um sorriso gentil. Sorriu mais ainda ao notar toda a tinta espalhada pelo corpo do professor. Por mais clichê que fosse, aquela bagunça colorida havia combinado com ele.

Mais tarde — não no mesmo dia ou na mesma semana — Taehyung descobriria que tudo poderia combinar com Park Jimin, desde que fosse visto através de seus olhos.

— Eu tenho uma surpresa para vocês — Tae disse aos filhos assim que o abraço foi desfeito.

— Presente? — Minjun perguntou, curioso e animado.

— Um unicórnio?

— Não sei se chega a ser um presente… — o pai murmurou, pensativo — Acho que vocês vão gostar.

Ele deu dois passos para trás, saindo da sala e virando a cabeça na direção do corredor. Jimin arqueou uma sobrancelha quando o viu estender a mão na direção da parede e indicar a porta com a cabeça.

Os olhos dos gêmeos se arregalaram assim que Jiwoo pôs os pés dentro da sala e sorriu na direção deles. Ela apertou a mão de Taehyung em um ato nervoso enquanto os filhos permaneciam parados, em choque.

Ela é linda — Jimin pensou. E, de fato, era verdade. Jiwoo estava sempre deslumbrante.

Woori olhou para Jimin, tentando entender o que estava acontecendo, mas ele apenas negou com a cabeça e voltou a limpar o rosto.

— Mamãe? — Minjun disse, desacreditado. Os olhos redondos estavam cheios de lágrimas e Tae chegou a abrir a boca para perguntar qual era o problema, o que não foi necessário porque, logo depois, o garotinho correu até Jiwoo e abraçou suas pernas com força.

Jiwoo soltou a mão de Taehyung e se abaixou para apertar Minjun em um abraço cheio de saudade. Mirae continuou parada no mesmo lugar por alguns instantes, receosa. Seu pai conhecia seu jeito mais tímido, então estendeu a mão em sua direção e esperou que ela a segurasse para puxá-la para mais perto.

Ela sentiu saudade, princesa — sussurrou enquanto acariciava a bochecha da filha — A mamãe merece um abraço de boas-vindas, não é?

Mirae assentiu, sorrindo ao receber um beijo na testa em forma de apoio. Taehyung levantou e a levou até a mãe, que distribuía selares pelo rosto molhado e vermelho de Minjun.

Ao lado de sua mesa, Jimin sorriu quando Mirae colocou os braços em volta do pescoço da mãe para abraçá-la com força. Ele ainda não havia entendido muito bem o que estava, de fato, acontecendo, mas não podia negar que seu coração se aqueceu por ver seus alunos tão felizes.

Oi, professor Park.

O bruxo quase deu um pulo ao ouvir aquela voz grossa tão perto. Taehyung sorria de orelha a orelha, e isso quase derreteu o coração de Jimin.

— Oi, Taehyung-ssi…

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

Taehyung deu um passo à frente com os braços cruzados e correu os olhos por Jimin, de cima a baixo, antes de voltar a encará-lo. O professor sentiu vontade de engolir em seco.

— Qual é o motivo de tanta… — Apontou para o cabelo do Park, para as crianças e para o chão sujo — Tinta?

— Ah… — Suspirou, aliviado — Foram alguns acidentes… Não é, Dahye? — A garotinha apenas riu e voltou a brincar com Yuto — Era tinta lavável, mas eu posso conseguir uniformes novos caso não saia.

— Não precisa disso, estamos na metade do ano e já, já, esses uniformes serão usados como pano de chão — brincou, fazendo o professor rir — A propósito, você deveria pintar o cabelo mais vezes. Eu gosto do roxo, mas esse azul também combina com você.

Jimin piscou os olhos duas vezes, processando o elogio. Depois, sorriu abertamente e sentiu suas bochechas queimarem. Ele olhou rapidamente para Woori — que o olhava de volta com os polegares para cima — e voltou-se para Taehyung.

— Eu posso pensar. E obrigado.

— De nada, Jimin… — E, novamente, eles se encararam. Sem dizer nada, apenas passeando os olhos pelas íris um do outro.

Ao mesmo tempo, Jiwoo se levantou — após passar aqueles poucos minutos abraçando e dando carinho aos filhos para matar um pouco da saudade. Ela olhou para Taehyung e Jimin e, então, balançou a cabeça de um lado para o outro enquanto sustentava um sorriso pequeno no rosto. Tão óbvios…

— Amor — ela chamou, estourando a bolha invisível em volta dos outros dois — precisamos ir, as crianças querem almoçar.

Como assim "amor"? — Jimin pensou por um instante, mas balançou a cabeça para afastar o pensamento — Isso não é da minha conta.

— Ah, ok. — Pigarreou e foi para o lado de Jiwoo antes de apontar para Jimin — Noona, esse é o professor das crianças, Park Jimin.

— É um prazer, senhora…

— Jung Jiwoo. E não me chame de senhora, por favor, sou jovem demais para isso — ela pediu, sorrindo gentilmente enquanto curvava a cabeça em uma reverência simples — Também é um prazer, Jimin-ssi.

— Estão apresentados agora, então podemos ir — Taehyung disse, colocando Mirae em seu colo — Tchau, Jimin! Tchau, Woori-ssi!

Tchau! — os amigos responderam, acenando para a família.

Dahye e Yuto, assim como Jimin, se despediram dos gêmeos. Depois que os quatro saíram da sala, Woori saiu de cima da mesa e foi até Jimin, colocando uma das mãos em seu ombro e pendendo a cabeça para o lado.

— Que carinha é essa? — perguntou, recebendo um suspiro do professor.

— Essa situação não é um pouco… estranha? Sabe… Tudo que anda acontecendo. — Se afastou da mais velha e apagou o incenso ainda aceso — Faz uma semana, noona, uma semana. Ontem eu decidi tomar uma atitude, mas não é assim que funciona. Como eu…

— Ei, ei! — chamou sua atenção — Aqui não é lugar para falar sobre isso, ok? Eu vou te levar para casa, você vai tomar um bom banho e depois vamos buscar o Yoon. — Jimin assentiu enquanto guardava o prato com os cristais no armário. Após isso, pegou alguns papéis e colocou em sua bolsa de trabalho — Você pode desabafar, chorar pelo seu crush, ou qualquer outra coisa, quando estivermos comendo aquele sorvete horroroso que você gosta, o que acha?

— Não é como se eu estivesse sofrendo… Porém, aceito o sorvete. — Atravessou a alça da bolsa pelo corpo — Tenho que deixar algumas coisas na sala dos professores e pedir ajuda de alguém da limpeza. Você pode tirar o carro do estacionamento? Vou esperar a mãe do Yuto chegar — Estendeu a chave para Woori.

— É pra já! Vem, filha.

Quando as duas saíram da sala, Jimin olhou para a pulseira em seu pulso esquerdo e sorriu pequeno. Ficou alguns segundos assim, pensando sem pensar, para logo depois balançar a cabeça e pegar outra pasta.

No apartamento de Taehyung, Seokjin dançava cada passo da coreografia de Ooh-Ahh, pertencente a um dos seus grupos favoritos. Além, é claro, de cantar a letra inteira no tempo certo.

Já havia tido tempo suficiente para almoçar e digerir a comigo, por isso decidiu queimar algumas calorias dançando ao som dos seus amados girl groups. Estava prestes a arrasar no break dance quando, interrompendo sua performance, a campainha tocou. Aborrecido, estalou a língua contra o céu da boca e revirou os olhos, não sem antes pausar a música em seu celular. Ajeitou o cabelo em frente ao espelho e fechou um dos olhos para poder usar o olho mágico da porta.

Seokjin arregalou os olhos ao ver o vizinho da frente, Jungkook. O mais novo segurava um pote roxo bem grande e mordia os lábios, parecendo nervoso. Jin ajeitou as próprias roupas e abriu a porta.

— Oi, Jungkook-ssi.

— Boa tarde, Seokjin-ssi… — ele respondeu, carregando um pouco de confusão na voz. Então, seu rosto se iluminou quando sua mente pareceu juntar os pontos — O amigo que você mencionou quando nos conhecemos era o Tae-hyung?!

— Sim. Nos conhecemos na faculdade e… — parou de falar — Espera, podemos falar sobre isso depois. O que você veio fazer aqui? Precisa de alguma coisa?

— A-ah.. — Empurrou a armação dos óculos, que estava na ponta do nariz, para trás — Eu vim entregar isso — explicou, estendendo o pote — Tem mini-tortinhas de frutas e yakgwa. Eu quem fiz.

— Você gosta mesmo de cozinhar, não é? — Jungkook assentiu, sorrindo timidamente e entregando o recipiente para Seokjin — A propósito, aquele cupcake estava ótimo! Devo ter sonhado com ele, de tão delicioso.

— Obrigado! — Os olhos redondinhos brilharam ao ouvir o elogio e isso causou pânico em Jin porque era tão adorável… — Eu quero abrir a minha própria confeitaria, sabe? Por isso vim para Seul.

— Então você é o tipo de pessoa que corre atrás dos próprios sonhos?

— Hum… Eu acho que sim. Por quê?

— Porque isso significa que você tem coragem, e eu gosto de pessoas corajosas. — Piscou um olho, arrancando uma risada do outro — Entra, eu quero ouvir mais e comer essas maravilhas.

— Tae-hyung está em casa? Não quero ser mal educado.

— Ele saiu, mas eu não me importo. — Empurrou a porta com o pé e voltou para a sala, deixando o pote em cima da mesa. Olhou novamente para a entrada e viu que o vizinho continuava parado, pensando no que fazer — Pode entrar, Jungkook. O Taehyung te conhece, então não seria um problema. Pode confiar em mim.

— Eu nem te conheço!

— Eu sei o endereço da sua casa e, nem por isso, te matei enquanto você dormia! — argumentou — Eu tenho um gato e dois Sugar Gliders para cuidar, ok? Não quero ser preso de jeito nenhum.

— O que é um Sugar Glider? — perguntou, enrolando um pouco a língua ao falar a raça do animal.

— Entre e eu te explico.

— Que jogo baixo! Usando a minha curiosidade para me convencer… — Fez um bico emburrado e bateu a ponta do pé no chão repetidamente — Se o hyung ficar chateado…

— Eu já disse que ele não vai!

— Ok, ok… — disse, finalmente entrando no apartamento — Pronto, entrei. Satisfeito?

— Muito. — Riu — Tire os sapatos e feche a porta, vou pegar alguma coisa para beber. Quer uma cerveja?

— Não gosto de álcool, me dá dor de cabeça — explicou, tirando as próprias meias — Tem suco?

— Deve ter. Senta aí, eu já volto.

— Seokjin-ssi — chamou antes que Jin entrasse na cozinha.

— Sim?

— Eu posso te chamar de "hyung"?

— Claro, Jungkookie… — respondeu, sentindo-se feliz ao ver o sorriso alegre de Jungkook que o fazia franzir o nariz de uma forma encantadora.

Então, Jin entrou na cozinha.

— Você é um pai babão.

Estavam na sorveteria favorita dos gêmeos, comendo potes com três bolas de sorvete e cheios de confeitos. Em um lado da mesa, Taehyung mantinha Mirae em seu colo, e à sua frente estava Jiwoo, sentada ao lado de Minjun.

Mirae escolheu sorvete de morango e complementou com granulado colorido e calda de chocolate. Minjun, ao contrário da irmã, optou por comer três sabores diferentes — chiclete, chocolate e algodão doce —, além de pôr duas colheres de M&M's por cima. Jiwoo pegou o seu tão amado sorvete de menta com chocolate, sem adicionar nada, e Taehyung quis experimentar o sabor cookies'n cream.

— Eu não sou babão, sou carinhoso. É diferente!

— Você estava fazendo aquele "olha o aviãozinho" há cinco minutos — argumentou, pegando uma colherada do próprio sorvete e levando até a boca.

— O papai sempre faz isso, mamãe — contou Mirae, franzindo as sobrancelhas e fazendo um bico — Eu não sou bebê.

— É meu bebê, sim! — Apertou a bochecha da filha, forçando uma voz infantil — Quem é a princesinha do papai? Quem é?

— Taehyung, por Deus… — Jiwoo disse, negando com a cabeça enquanto tentava conter um riso — Deixa a minha filha em paz, seu sorvete vai derreter.

— Mamãe… — Minjun chamou, atraindo a atenção dos outros três — Posso fazer uma pergunta?

— Sim, querido. — Ela pegou um dos guardanapos disponíveis na mesa e começou a limpar o rosto de Jun, que estava todo melado com sorvete.

— Você vai morar com a gente? — questionou. Os olhos estavam atentos e ansiosos, esperando por uma resposta positiva.

Jiwoo terminou de limpar a boca do filho e olhou para Taehyung. O pai das crianças mordia o lábio inferior, receoso, enquanto encarava a amiga. Os dois conversaram brevemente através do olhar, entendendo que um deles deveria tomar uma atitude.

— Jun, a mamãe não vai ficar aqui por muito tempo — Tae disse, mantendo um tom calmo e observando as reações de Minjun — Nós já conversamos sobre isso, não é? Ela já tem uma casa.

— Eu vou ficar aqui por um tempo, mas depois terei que voltar. Tenho que trabalhar, filho, não posso me mudar assim — explicou e acariciou a bochecha do garotinho — Eu amo você e sua irmã, 'tá bom? Amo muito. O problema é que eu não posso abandonar tudo. Não dá. Você entende, príncipe?

— Sim… — murmurou, abaixando a cabeça — Tudo bem, mamãe. Eu não queria mesmo…

— Kim Minjun! — repreendeu — Não diga isso.

— Não tem problema, Taehyung, deixa pra lá — Jiwoo interrompeu — Depois conversamos sobre isso. Terminem de comer, eu vou ao banheiro.

Ela se levantou e saiu da mesa. Minjun permaneceu cabisbaixo, pegando pequenas porções do sorvete e esfregando os olhos com a outra mão. Mirae saiu do colo de Tae apressadamente, deixando-o confuso, e sentou-se ao lado do irmão para abraçá-lo. Em poucos segundos, Jun começou a fungar e Taehyung notou uma lágrima escorrendo por sua bochecha.

— Ei, gatinho…

Não… — com a voz embargada, Minjun respondeu. Ele encolheu o corpo e escondeu o rosto no pescoço de Mirae, que fazia carinho na parte de trás de sua cabeça.

Os gêmeos ficaram abraçados por alguns minutos, sendo tempo suficiente para Minjun parar de chorar e para Jiwoo voltar do banheiro. Taehyung não interrompeu os filhos, mesmo sentindo um aperto no peito ao ver Minjun tão abalado.

— O que aconteceu? — a Jung perguntou ao notar o clima triste na mesa — Taehyung, o que você fez?

— Eu não fiz nada!

— Mamãe… — Mirae chamou — O Jun ficou triste. O papai não fez nada.

— Triste? Por quê? — Se aproximou do menino, que se separou da irmã e esfregou o próprio rosto, limpando as lágrimas — Filho?

— Não — ele negou, movendo a cabeça para os lados e, em seguida, olhando para Taehyung — Papai, eu quelo ir embola.

— Tem certeza, gatinho? Você nem terminou seu sorvete…

— Por favor, papai — pediu uma última vez, piscando os olhos vermelhos pelo choro recente para evitar chorar novamente.

Taehyung olhou para Jiwoo. Ela parecia preocupada, mas confusa. Tae suspirou e assentiu, levantando-se e dando uma volta na mesa para pegar Minjun no colo. Mirae, esperta como sempre, colocou o resto do sorvete do irmão em seu próprio copo, misturando os sabores.

A garotinha segurou a mão da mãe e caminhou com ela até a entrada da sorveteria. Minjun estava agarrado ao pescoço do pai e Taehyung se sentia mais culpado cada vez que ouvia o choro baixinho do filho sendo abafado em seu pescoço.

A família fez todo o caminho até o carro de Tae, estacionado há duas ruas de distância por conta da falta de vagas. Os pais colocaram os gêmeos em suas respectivas cadeirinhas de segurança e, após isso, sentaram-se na parte da frente: Jiwoo no banco do passageiro e Taehyung no do motorista.

— Quer que eu te deixe na casa dos seus pais? — perguntou para a mais velha — Não é muito longe daqui.

— Não precisa… — disse, olhando para o reflexo de Minjun no retrovisor. Ele olhava para a janela, parecendo pensativo — Eu vou ligar para o meu irmão e pedir algumas coisas. Quero ficar uns dias na sua casa. Tem problema?

— Claro que não, noona! Você é sempre bem-vinda, já te disse isso. — Sorriu, virando a cabeça para trás — Ouviram, gatinhos? A mamãe vai ficar com a gente por um tempinho.

Os gêmeos não estavam prestando atenção na conversa, Mirae estava preocupada com o irmão e Minjun tentava compreender aquela mistura de sentimentos que o deixavam tão cabisbaixo. No entanto, a reação ao ouvirem a notícia foi instantânea. Os olhos arregalados — quase saltando para fora — e sorrisos enormes derreteram os corações dos pais.

— Sério? — disseram, juntos.

— Seríssimo! Verdade verdadeira! — Jiwoo respondeu — Vou ligar para o tio Hobi e pedir para ele trazer os presentes de vocês.

Presentes? — foi a vez de Taehyung se juntar aos filhos.

— Presentes. Muitos presentes!

— Resolveu tirar o atraso dos presentes de natal, é? — Tae comentou, provocando Jiwoo — Você está me devendo uns três, fora os de aniversário e…

— Taehyung, você é muito dramático!

— Eu mereço uma lembrancinha de vez em quando, sabia? Sou o pai dos seus filhos! — reclamou, cruzando os braços e negando com a cabeça — Que falta de respeito!

Ele parece a vovó — Mirae sussurrou para o irmão, rindo junto com ele.

— Eu ouvi isso!

— Taehyung!

— Ela disse que eu pareço com a sua mãe!

— Não está errada! — Virou-se para trás, estendendo a palma da mão para a filha — Bate aqui, Mimi!

Com isso, o carro foi preenchido pela risada repentina de Minjun. Mirae não conseguiu se segurar e acabou acompanhando o irmão, levando os outros dois a se unirem aos filhos. Nem tinha um motivo para estarem rindo tanto, mas foi o suficiente para que suas barrigas começassem a doer e seus olhos fossem inundados por lágrimas.

Não demorou muito para se recuperarem, secarem os rostos e regularem as respirações. Taehyung e Jiwoo colocaram os próprios cintos e, então, o carro começou a andar.

Minjun voltou a olhar para a janela, sustentando um sorriso gigante dessa vez.

(...)

— E agora eu tenho um encontro com o Jungkook.

Já era quase meia noite. Hoseok estava deitado no chão da sala com os sobrinhos, ajudando-os a montar uma pista de carrinho — um dos presentes de sua irmã para os gêmeos. Jiwoo e Taehyung estavam sentados lado a lado no sofá enquanto Seokjin falava sobre Jungkook — este, no entanto, permanecia de pé, comendo o restante do sorvete que Jin havia trazido pela manhã.

Depois de voltarem da sorveteria, a família ficou surpresa ao abrir a porta e encontrar Jungkook e Seokjin gargalhando com as bocas cheias de comida no meio da sala. Os dois estavam vermelhos e levaram um susto ao notarem que estavam sendo observados pelos quatro pares de olhos.

Acontece que, após Jeon ter aceitado o convite de Jin e entrado na casa, os dois começaram a conversar sobre todos os assuntos possíveis e não terminaram mais. Talvez tenha sido por causa de Jungkook, que acabou revelando seu lado faladeiro e extrovertido em meia hora de conversa, porém, isso não era um defeito para Seokjin — muito pelo contrário, inclusive.

Primeiro, falaram sobre comida, dando mais abertura para Jungkook contar sobre sua vontade de montar um negócio próprio que girasse em torno disso. Ao longo da conversa, eles também falaram sobre suas vidas pessoais — mesmo que de uma forma não tão profunda —, trabalho e tópicos mais interessantes como sabor favorito de pizza ou as melhores batalhas de Naruto.

No meio de tantos assuntos, os dois conseguiram devorar completamente todas as comidas que Jungkook preparou para Taehyung, além de metade do sorvete de Jin. E, no fim, Seokjin convidou Jungkook para um encontro.

— Eu não aceitei nada — Jeon disse — Você simplesmente jogou a informação de que queria sair comigo no ar, não é assim que funciona.

— E como funciona, então? — Seokjin retrucou — Não vou chegar te beijando, sou um homem romântico!

— Vocês são muito complicados… — Hoseok murmurou, revirando os olhos.

— Eu gosto de ir com calma…

— Taehyung foi com tanta calma com a Jiwoo-noona que, no final, a cegonha decidiu dar duas lembrancinhas pela paciência. — Riu — Ter calma não é sinônimo de romantismo.

— Tem criança na sala! — Tae lembrou. Os outros quatro gargalharam.

— Enfim… — Jungkook retomou a fala, deixando o pote vazio em cima da mesa — Eu vou pensar no seu convite, Jin-hyung.

— Vai tirar as teias de aranha da boca, Jin! Isso, sim, é uma boa notícia.

— E eu queria receber a notícia de que colocaram um cadeado na sua boca, noona!

Jiwoo riu mais uma vez e deitou a cabeça no ombro de Taehyung enquanto colocava as pernas no colo de Seokjin.

A conversa continuou por mais duas horas, até o momento em que Jungkook decidiu voltar para casa, assim como Hoseok e Seokjin. Todos se despediram com beijos e abraços para, logo depois, deixarem o apartamento.

As crianças começaram a bocejar assim que Taehyung trancou a porta, dando os primeiros sinais de sono.

— Vou colocar esses dois na cama — avisou Jiwoo — Hora de dormir!

— Os pijamas estão na primeira gaveta da cômoda — Levantou do sofá, indo até os filhos para beijá-los nas bochechas — Boa noite, gatinhos.

— Papai, eu quero dormir com você e com a mamãe — Mirae pediu, mostrando seu olhar de filhotinho de cachorro.

— Eu também!

Taehyung olhou para Jiwoo, perguntando o que ela achava da situação pelo olhar. Haviam combinado de dormir em quartos separados porque, mesmo que dividir uma cama não fosse realmente um problema, queriam manter suas privacidades.

— Mimi, a mãe de vocês não…

— O que vocês acham de uma festa do pijama? — Jiwoo sugeriu, interrompendo o amigo — Podemos pegar o colchão e colocar aqui! O que acha, Tae?

— Eu acho que… — respondeu com a intenção de negar, já pensando na bagunça que seria feita.

Contudo, não havia nada melhor para fazê-lo mudar de ideia do que seus dois filhos — as crianças mais fofas do mundo, de acordo com a revista Kim&Jung — e Jung Jiwoo sorrindo em expectativa.

Maldita família Jung e seus sorrisos em formato de coração!

— Eu acho que é uma ótima ideia!

Depois disso, a sala de estar do apartamento virou um quarto. O sofá foi empurrado para perto da mesa e a mesinha de centro foi posta no cantinho da parede, junto com a poltrona de Taehyung. O colchão da cama de Tae também foi levado até lá — com muito esforço, vale ressaltar. Travesseiros, lençóis e almofadas foram espalhados pelo sofá e colchão para deixar tudo bem quentinho e confortável.

Fizeram uma guerra de cócegas, uma de travesseiros e assistiram pela milésima vez ao filme Divertidamente por ser um dos favoritos dos gêmeos — e talvez de Taehyung, mas ele mantinha isso em segredo. Comeram muita pipoca e saborearam os chocolates alemães da mãe.

Às duas da manhã, espremidas entre os corpos dos pais, as crianças dormiram. Taehyung e Jiwoo, deitados nas pontas do colchão, sorriram um para o outro.

Fazia tempo que eu não me divertia assim — Jiwoo sussurrou, com a cabeça apoiada no próprio braço. A outra mão acariciava lentamente os fios de Minjun — Vou sentir falta disso, depois.

— Ainda falta um tempo, noona… Não pense nisso. Você teve um dia longo, é melhor ir dormir.

— Tem razão — assentiu — Boa noite, amor.

— Boa noite, noona.

Taehyung esticou o corpo para dar um beijo na testa da amiga e fazer o mesmo com os filhos, dizendo um "eu amo vocês" uma última vez, antes de adormecer.

Os dias voaram depois da volta de Jiwoo. Na manhã seguinte à sua chegada, ela fez questão de levar os filhos para a escola, chegando a avisar para Dakho que faria aquilo até o fim da semana. Também fez um acordo com Taehyung sobre quem buscaria as crianças, acabando por decidirem que revezariam dia sim e dia não, ideia altamente apreciada pelos gêmeos.

Ao decorrer de duas semanas e meia, Taehyung conseguiu algumas brechas para administrar melhor seus horários, entrando em um acordo com o seu chefe sobre seus turnos. Com a mãe das crianças na cidade, tudo ficou bem mais fácil.

Além disso, Jungkook tornou-se o babá oficial de Mirae e Minjun assim que Jiwoo pôde conhecê-lo melhor. Ela ficou encantada com o jeito espontâneo e cuidadoso do mais novo, então decidiu que seria uma ótima ideia pagá-lo por isso. Jeon negou de primeira, mas foi convencido por Seokjin.

Ela tem uma grana boa. Se você não aceitar, eu aceito.

Na escola, Jimin ainda não entendia o que estava acontecendo. No dia que Jiwoo apareceu sozinha para buscar os filhos, ele demorou alguns segundos para lembrar de seu rosto e liberar a saída dos alunos. Não conversaram muito, tendo em vista que não era algo realmente necessário, porém, dúvidas e mais dúvidas surgiam em sua mente todos os dias.

Se aquela era a mãe dos gêmeos, por que não haviam se conhecido antes?

Ele gostaria de ter feito essa e mais outras milhares de perguntas para Taehyung, mas o Kim mal parava para cumprimentá-lo quando aparecia, mesmo que parecesse mais alegre e sorridente.

Em uma de suas noites de crise existencial, Jimin bebeu uma garrafa de vinho inteira e, olhando para o teto da sua casa, começou a disparar todas as suas dúvidas sobre Kim Taehyung e sua vida confusa.

— Eu não entendo, hyung.

— Você já repetiu isso sete vezes nos últimos vinte minutos. Eu contei. — Yoongi suspirou.

— É complicado, sabe? Como eu vou chegar em uma pessoa quando mal tenho certeza se há outro ser humano envolvido? — Houve uma pausa e, então, Jimin arregalou os olhos e olhou para Yoongi — Será que ele é casado?

— Eu duvido. Nunca vi uma aliança no dedo dele. Além disso, Woori me disse que essa tal de Jiwoo também não tem.

— Sua cunhada é muito fofoqueira.

— Você procurou o perfil dele no instagram e facebook, Chim, tem certeza de que ela é a única fofoqueira? — provocou. Jimin revirou os olhos e voltou a deitar a cabeça no braço do sofá — Por que não convida ele para alguma coisa? Você disse que iria tentar.

— Isso foi antes da mãe dos filhos dele aparecer, 'tá? Minha Deusa! E se ele for hétero?

— Taehyung não é hétero, confia no pai.

— E como você sabe disso, sabichão? Tem radar?

— Eu enxergo e, ao contrário de você, sei investigar. — Jimin levantou a cabeça mais uma vez, olhando desconfiado para o amigo — Ele trabalha em um dos hospitais que eu visito. Só sei disso porque, na festa da Dahye, ele acabou me reconhecendo. Então, juntei os pontos.

— O que isso tem a ver com ele ser hetero ou não?

— Tem um chaveiro com a bandeira bi na mochila dele — contou — Eu vi com meus olhinhos semana passada, quando levei o Joonie para visitar as crianças comigo.

O professor quase cuspiu o pedaço de queijo que estava em sua boca, mas preferiu mastigar com calma para acalmar a euforia do seu corpo. Assim que engoliu, estendeu a mão e deu um tapa no braço de Yoongi.

— Ei!

— Como você teve coragem de me esconder uma informação como essa? — disparou, indignado — Seu traidor!

— Eu trouxe informações úteis e você me chama de traidor? Que ultraje!

— Vou me enterrar no cimento. Pela Deusa! Eu tenho uma chance com ele!

— Não entendi essa coisa sobre o cimento, mas achei que já soubesse que seu interesse é recíproco. Ele te olha como se quisesse almoçar você.

— Que comentário ridículo…

— Não se faça de sonso, Park Jimin…

— Ok, ok. Eu sei que sou um pitel, um docinho, um bombom… — brincou — Porém, sempre há aquela dúvida. Você sabe disso. Não é todo dia que aparece um cara bonito, solteiro e acessível.

— Bom, solteiro, solteiro, eu não tenho certeza.

— Eu vou descobrir, pode deixar…

Yoongi balançou a cabeça negativamente, sorrindo. Jimin pegou a garrafa vazia de vinho e foi para a cozinha, voltando três minutos depois para perguntar:

— Hyung, e se eu convidá-lo para a festa da Nana?

A família Jung estava mais próxima, principalmente dos gêmeos. Então, no domingo, Jiwoo convidou todos para um almoço na casa de seus pais.

Dakho e Ahri estavam presentes, mesmo que o Kim tenha insistido em não ir. Sua relação com o filho continuava tensa, apesar de todas as tentativas de Tae. Se Dakho não estava disposto a conversar, então não tinha sentido em insistir.

Ele precisa estar aberto a isso — foi o que Jiwoo disse ao amigo em uma de suas conversas sobre esse assunto.

As comidas preparadas por Hyejin, mãe de Jiwoo e Hoseok, estavam deliciosas, como sempre. Haviam diversos acompanhamentos e, é claro, o kimchi maravilhoso da família Jung.

— Está muito bom, noona — disse Taehyung, elogiando-a. Hyejin sorriu, agradecida — Seokjin-hyung amaria isso… É uma pena que ele não esteja aqui.

— Eu não entendi o motivo… — Gwunso, o outro avô dos gêmeos, perguntou enquanto cortava um pedaço de carne para Minjun —  Aconteceu alguma coisa com ele? Problemas no trabalho?

— É um encontro — explicou Jiwoo — Seokjin está afim do vizinho do Taehyung. Eles saíram juntos.

— Entre aspas, na verdade, porque o Jungkook pensa que é apenas um passeio — Hoseok acrescentou, rindo — Eles são fofos, mas muito lentos.

— Certo, expert em relacionamentos, me passe o arroz, por favor — Ahri pediu, fazendo todos rirem.

— Falando nisso… — Jiwoo começou, virando-se para a Choi — Unnie, a Eunmi está bem?

— Sim, vou buscá-la na estação hoje.

— Eu posso te levar, noona — Hoseok ofereceu — Deixo vocês em casa e volto para a minha. O que acha?

— Eu aceito. Obrigada, querido.

Todos voltaram a comer após o breve diálogo, rindo sempre que um dos gêmeos fazia algo minimamente adorável, como quando Minjun tentou usar os jeotgarak sozinho e falhou — ele não conseguia manter o pedaço de carne entre os "palitos" por mais de dois segundos, fazendo com que a comida caísse sempre que ficava próxima de sua boca.

A sobremesa foi bolo de chocolate — feito pelo senhor Jung — com sorvete de creme. As crianças adoraram, assim como todo o restante.

A família continuou conversando depois da refeição. Dakho, no entanto, permaneceu quieto, falando apenas com os netos ou quando lhe dirigiam a palavra. Todos perceberam, mas ninguém falou ou questionou nada. Hoseok lavou a louça com Taehyung e Jiwoo limpou a mesa enquanto os mais velhos assistiam desenhos com os gêmeos.

Horas depois, Hoseok e Ahri se despediram e, juntos, foram até a estação de trem, como haviam combinado durante o almoço. A pedido dos netos, Dakho foi para a casa de Taehyung, assim como Jiwoo. O caminho foi silencioso e até as crianças evitaram falar, deixando o clima tenso ainda mais evidente.

Tae levou os potes com as sobras do almoço para a cozinha a fim de guardá-los. Os outros retiraram os sapatos e, com todos dentro, Jiwoo fechou a porta. Mirae e Minjun correram para o banheiro, esperando a mãe encher a banheira.

— Vou dar banho nas crianças — avisou a Dakho, que assentiu e sentou-se no sofá.

O banho das crianças foi rápido e, enquanto eram vestidas, Taehyung saiu da cozinha e foi ao seu quarto para trocar de roupa — o que também era uma desculpa para não ficar no mesmo cômodo que seu pai. Meia hora depois, os gêmeos voltaram para a sala com Jiwoo, que tirou a maquiagem do rosto e vestiu um conjunto de moletom.

— Vovô, brinca com a gente? — Mirae pediu, pulando com o irmão — A mamãe comprou um monte de jogos.

— É claro, gatinha! — Sentou-se em uma das cadeiras da mesa — Do que vocês querem brincar?

Quebla-cabeça? — Minjun sugeriu.

— Quebra-cabeça!

— Vou buscar as caixas, tudo bem? Vocês podem jogar na mesa e… — Jiwoo começou, sendo interrompida por Taehyung:

— Gatinhos, vocês querem bolo? — perguntou ao voltar para a sala, aproximando-se das crianças — Eu trouxe algumas fatias.

— Eu quero! — Mirae respondeu, levantando o braço.

— E você, Jun? Hoje o doce está liberado, é bom aproveitar.

— Não quero, papai. 'Tô cheio — explicou, acariciando a barriga — Mas você pode fazer outra coisa…

— O que, príncipe?

Minjun suspirou e segurou a mão do pai, tentando fazer a expressão mais fofa que conhecia.

— Brinca com a gente? Por favor?

Taehyung percebeu quando Dakho desviou o olhar para o relógio no pulso. Mirae se encolheu na cadeira, alternando o olhar entre o irmão, o pai e o avô. Jiwoo levantou os dois polegares na direção de Tae, incentivando-o.

— Eu… — Pigarreou — Tudo bem, filho. Eu brinco com vocês.

Jiwoo sorriu, assim como os gêmeos. Dakho batucou a ponta dos dedos na mesa, inquieto.

— Eu pego os bolos, amor, pode sentar.

Taehyung assentiu, logo se sentando na cadeira disponível, de frente para o pai. Eles evitaram olhar nos olhos um do outro, usando a desculpa de que estavam prestando atenção no falatório das crianças.

Alguns minutos depois, Jiwoo voltou para a sala com três caixas em mãos, colocando-as na mesa e indo até a cozinha para buscar as fatias de bolo. Mirae escolheu o quebra-cabeça do filme Carros e Minjun deixou para escolher o próximo quando concluíssem aquele.

Haviam muitas peças espalhadas pela mesa — o que era esperado, já que cada quebra-cabeça possuía mil peças —, então, Taehyung começou a separar algumas com Minjun, enquanto Dakho separava outras com a neta.

Eles juntaram algumas peças, formando pequenos pedaços. As fatias de bolo já estavam pela metade quando começaram a, realmente, montar tudo.

Durante três minutos, tudo estava ótimo. Minjun montava a borda com Tae, enquanto Mirae montava a parte do meio com o avô. No entanto, a tensão voltou a ficar evidente quando, sem querer, pai e filho começaram a disputar pela mesma peça.

— Pai, eu preciso dessa para terminar a borda — Taehyung disse, segurando a peça com a ponta do dedo.

— O correto é começar pelo meio, e eu preciso dela para isso. — Dakho estendeu a mão com a palma virada para cima — Pode me dar?

— Não existe regra para quebra-cabeças, sabia? Só dá para montar, e isso você faz da forma que bem entender.

— Papai… — Jun chamou, puxando a manga da camisa do mais velho.

— Por que você está fazendo tanto caso, Taehyung? Quanta infantilidade!

— Foi você que começou!

— Eu só pedi uma peça, olhe o show que você está fazendo! — Apontou para os netos — Seus filhos estão vendo suas criancices, pense bem em suas atitudes.

— De novo? Sério? — Afastou a mão de Minjun com cuidado — Por que você sempre rebate com isso? Você deveria ter vergonha de agir dessa forma com seu próprio filho na frente dos seus netos!

— Kim Taehyung!

— Kim Dakho!

— Crianças, venham comigo — disse Jiwoo, levantando-se do sofá. Os gêmeos olharam para o pai e avô, se entreolharam e, depois, foram até a mãe.

— Noona… — murmurou, saindo do transe.

— Não. — Levantou a mão, pedindo para que ele ficasse parado, e suspirou — Eu vou ficar com eles no quarto, então espero que se resolvam. Vocês são adultos, aprendam a lidar com seus problemas!

— Jiwoo, eu…

— Dakho-ssi, por favor, converse com seu filho — pediu uma última vez, segurando as mãos dos gêmeos — Ninguém aguenta mais.

Os dois assentiram ao que Jiwoo sumiu pelo corredor com as crianças. Taehyung cruzou os braços e olhou para o chão, encarando os próprios pés. Dakho permaneceu na mesma posição.

Foram três minutos de absoluto silêncio, até que o mais velho da família decidiu abrir a boca novamente:

— Por que você insiste tanto nesse drama?

— O quê? — Tae perguntou, confuso — Drama?

— Não se faça de desentendido! Você é dramático e sabe disso.

— Você briga comigo por tudo, e eu que faço show? — Seus olhos estavam arregalados em incredulidade — Eu não tenho o direito de me defender?

— Eu não tenho culpa se você é imaturo demais para assumir tantas responsabilidades — disse, revirando os olhos no final.

— Imaturo?! — Levantou-se da cadeira e apoiou as duas mãos na mesa — Eu sou pai de duas crianças!

Eu criei seus filhos! — Repetiu a ação do filho e apontou para si mesmo — Você não aguenta uma semana sozinho com eles sem ter que pedir ajuda.

— Como você tem coragem de falar isso?!

— Admita, Taehyung, você não tem capacidade para cuidar dos meus netos. Nunca teve.

— Eu posso não ser o melhor pai do mundo, mas isso não te dá o direito de dizer tanta besteira! — disse, aumentando um pouco o tom de voz — Além disso, eu sou seu filho! O que custa ter um pouco de credibilidade?

— Você fugiu das suas responsabilidades como pai!

— Você me ameaçou! Para de mentir! Eu nunca fugi. — Se aproximou do mais velho, o encarando com seriedade — Eu fiquei lá durante todos os momentos, até quando você quis me afastar.

— Fiz o que era necessário! — Trancou o maxilar, também levantando a voz.

— Querer a guarda dos meus filhos não era necessário! Ir ao tribunal, me fazer ficar afastado deles e todas as inúmeras coisas não foi necessário!

— Eu merecia a guarda deles! — Apontou para si mesmo — Como um ser humano tão irresponsável poderia cuidar de duas crianças?

— Você tem raiva disso, então? Você desconta tudo isso em mim porque perdeu o processo? Eu não tenho culpa se o juíz teve senso!

— Yiseo teria vergonha.

— Não coloque o nome da minha mãe nisso! Ela nunca apoiaria o inferno que você me fez passar!

— Ela entenderia meus motivos!

— E quais são, hein? — Já estava quase gritando, mesmo tentando se controlar ao máximo — Vamos, me diga! Quais motivos foram esses, pai? O que te levou a querer arrancar meus filhos de mim?

De repente, a expressão de Dakho mudou completamente. A raiva dando lugar à hesitação.

— Eu…

— Me diz! — Taehyung continuou insistindo, perdendo os últimos fios de paciência — Fala o que eu fiz para você perder a confiança em mim! Se a mamãe estivesse viva, você não teria feito nada daquilo! Se Jiwoo tivesse ficado, também! Então, me diz!

— V-você… — Pigarreou, dando dois passos para trás. Taehyung estava começando a respirar com dificuldade e estranhou o comportamento do pai — Foi depois da nossa conversa. Quando eu te ouvi falando com a Ahri e perguntei se era verdade. Filho, eu...

— Não — murmurou baixinho, aumentando a voz novamente de forma gradual — Não, eu me recuso a acreditar nisso! O motivo de tudo aquilo foi a minha sexualidade? O que você tem na cabeça?!

— Tae… — Tentou se aproximar, mas foi afastado pelas mãos de Taehyung, que tremiam.

— Não! Não! — Soltou uma risada irônica, já abalado. Os olhos estavam cheios de lágrimas — Você quis me tirar o direito de ver os meus filhos, me impediu de falar com eles durante um mês inteiro, me expulsou de casa e tudo isso porque eu não sou hétero? Qual é o seu problema? O que isso tem a ver com você?

— Taehyung, me desculpa, eu realmente não…

— Chega! — gritou, chegando ao seu limite — Eu não quero saber. Sai da minha casa. Você não é mais bem-vindo aqui! — Abriu a porta — Sai!

Dakho não viu outro jeito de contornar a situação. Por isso, suspirou e pegou suas coisas antes de se aproximar da porta.

— Quando você estiver mais calmo, por favor, fale comigo.

Taehyung ignorou. Com isso, o Kim mais velho saiu, ouvindo o barulho alto da porta batendo atrás de si.

Sem conseguir mais segurar, Taehyung deixou que as lágrimas caíssem. Não tinha mais porquê guardar todos aqueles sentimentos dentro de si, então permitiu-se sentir pelo menos uma vez.

Jiwoo correu até a sala assim que ouviu o som da porta. Havia conseguido fazer os gêmeos dormirem, então pôde se preocupar em consolar Taehyung. Ela o abraçou, acariciando seu cabelo com carinho e sentindo seu ombro ficar molhado com as lágrimas.

— Amor, ei… — Tae negou com a cabeça — Me explica o que aconteceu…

— Nonna… E-eu… Agora não, por favor.

— Tudo bem. Eu vou te dar um pouco d'água e, depois, um copo de leite. Lave o rosto e vá para o quarto, ok? Eu já levo tudo para você.

Tae assentiu e fez o que foi pedido.

Mais tarde, quando Seokjin chegou após deixar Jungkook em seu apartamento, Taehyung voltou a chorar. Sem fazer questionamentos, Jin o consolou e separou remédios para dor de cabeça, além de pegar a cartela com aqueles que o ajudavam a dormir — usados pouquíssimas vezes.

Não conversaram sobre nada, apenas aproveitaram a companhia um do outro na cama de Taehyung, enquanto esperavam o remédio fazer efeito. Jiwoo passou no quarto uma última vez para checar os dois no meio da madrugada, sorrindo pequeno ao vê-los juntos.

E, como há quatro anos, Seokjin foi a fortaleza de Taehyung.

••••••••••

Gritaria, chororô e tristeza :)

Esse final foi mais pesado — emocionalmente falando —, mas eu prometo que as coisas vão melhorar daqui para frente.

Conseguiram esclarecer algumas dúvidas? Eu espero que sim.

O capítulo foi bem grande, então peço desculpas caso tenha sido cansativo. Também tivemos poucas interações entre os vmin, porém, foi necessário.

Espero que tenham gostado :))) O próximo capítulo trará muitas emoções!

Um beijo a cada um de vocês! Até a próxima <3

Continue Reading

You'll Also Like

189K 11.8K 133
invenções loucas da minha mente
314K 21K 80
Nosso caos se transformou em calmaria. Plágio é crime!!
116K 20.4K 37
Bárbara organiza casamentos. Não só esse tipo de celebração, mas todos os tipos de festas que se possa imaginar, mas os casamentos... Ah... Os casame...
My Luna By Malu

Fanfiction

246K 21.5K 28
Ela: A nerd ômega considerada frágil e fraca Ele: Um Alfa lúpus, além de ser o valentão mais gato e cobiçado da escola Ele sempre fez bullying com el...