Contos de Lucem - Ressurgir S...

By leticce_soares

1.5K 420 2.6K

A queda de uma estrela em um continente infértil dá origem a cinco reinos abundantes de vida. Contudo, o impa... More

ZERO | A QUEDA
UM | HALINA SMARAGDINE
DOIS | SKADI ANTERIC
TRÊS | ZAIRE TERRAM
QUATRO | MALYA BASMAH
CINCO | A JORNADA
SEIS | KALE
SETE | ARDEN SMARAGDINE
OITO | O MAGO
NOVE | VIVIDAE
DEZ | O AFANADOR
ONZE | ONIRIUM SOMBRIA
DOZE | O REI
TREZE | A MURALHA
CATORZE | OS EKSILER
QUINZE | INFERNO ALBUM
DEZESSETE | PALLADIAN
DEZOITO | BOSQUE WERAU
DEZENOVE | DOLENT
VINTE | O VALE DAS BRUXAS
VINTE E UM | LABIRINTO ENTREMONTES
VINTE E DOIS | A DAMA ALABASTRINA
VINTE E TRÊS | A TRAVESSIA
VINTE E QUATRO | ANTIGOS INIMIGOS
VINTE E CINCO | O RETORNO DO ALGOZ
VINTE E SEIS | A INSURREIÇÃO
VINTE E SETE | KELAYA VIMONAR
VINTE E OITO | O PÁRAMO E TENEBRIS
VINTE E NOVE | A VERDADE
TRINTA | FRONTEIRA MORTEM
TRINTA E UM | A ESTRELA
TRINTA E DOIS | O DESFECHO DA BATALHA

DEZESSEIS | MAR ASIRI

14 5 0
By leticce_soares

      Pararam subitamente, o amaranto estava certo. Não poderiam seguir a jornada sem dá um descanso digno para o companheiro de viagem, precisavam findar com honra o lugar de luto.

      Kale tentava despertar Halina passando algumas ervas nas narinas da princesa, a qual despertou apreensiva com o cheiro ardente. Não sabia o que estava acontecendo, mas o palladiano lhe disse calmamente que perderam um dos seus. O semblante da smaragdina ficou pálido mais uma vez, mas ela resistiu ao impulso de desmaiar novamente. Afastando-se exasperada do grupo, dando as costas para a expedição.

      — Podemos sepultar o soldado na parte baixa da montanha. – Aryeh sugeriu.

       —  Façamos isso, mas antes precisamos falar sobre o nosso próximo destino. – Malya interveio.

        — Como podes falar da jornada com o que acabou de acontecer? Depois das coisas que vimos? – Halina retornou irritada.

        — E qual é a sua recomendação, princesa? Devemos desmaiar esperando que uma solução surja? –  provocou a celosiana furiosa.

       —  Sua bastarda, imprestável. – a princesa avançou para perto da outra.

        — Nosso próximo destino é Palladian e não há como chegar nele sem passar pelo mar Asiri. – Malya ignorou a smaragdina.

        — Com qual transporte chegaremos lá? – Skadi interpelou.

        —  Nova Ivory tem um barco escondido perto do vale que dá para o mar, podemos usá-lo. – Aryeh contou.

        — Ótimo, já sabemos como chegaremos a Palladian. Podemos levar o corpo de Esteban. –  Keisha falou baixinho.

       — Sim, é claro. – a morena assentiu.

      O grupo seguiu descendo a montanha, taciturnos com um corpo na carroça. Tinha escapado das mãos da morte até então, mas dessa vez ela conseguira pegar um deles. Por descuido e distração. Uma morte evitável, embora já estivesse marcada pelo destino.

      Quando chegaram na base da montanha, pararam e começaram a cavar na neve alva. Não possuíam palavras adequadas para trocar, eram só os olhares tristes que restavam diante da situação cruel. Cavaram até chegar na terra, não permitiriam que o corpo do homem fosse exposto, caso o gelo superficial derretesse. Foi um trabalho longo e árduo.

      — Esteban lutou bravamente por Smaragdine, um nobre guerreiro que entregou sua vida por Lucem. Mil guerreiros não teriam a metade de sua honra. Descanse em paz, leal soldado. – Halina cravou a espada no túmulo recém feito.

༄༄༄

       O caminho até o litoral de Ivory não trouxe dificuldades, desviaram das muralhas fechadas dos condados que saíram da guerra. Contudo, nenhuma outra tempestade nasceu para que o grupo perecesse mais uma vez. Pararam um única vez para comer e dormir algumas horas de sono, o atalho pela montanha economizou tempo e recursos.  Olhavam para o céu constantemente, como se de lá uma salvação pudesse surgir, mas as estrelas pareciam irredutíveis em deixá-los sozinhos.

     Arden permanecia calado, com os olhos vazios e quebrantados. Ninguém ousava falar com ele, principalmente quando seu semblante trazia tanta dor e fracasso. Perder seu parceiro de tantas lutas era cruel demais, especialmente nas circunstâncias que ocorreram.

      — Chegamos. – Aryeh declarou.

     O mar Asiri já podia ser visto no horizonte. Nas margens das falésias, coníferas tímidas se enraizavam, resistindo às águas salobras.

      — O drakkar está escondido naquela vegetação, usamos para pescar quando a temporada é rara de alimentos no continente. É um risco, pois os ivorianos têm ótimas lunetas. Mas antes sermos pegos do que morrermos de fome. – Aryeh explicou.

     A expedição desceu até a vegetação, encontrando a embarcação. Era um barco de quase dez metros de comprimentos, com cinco de altura, movido a vela e com uma região interna grande o suficiente para abrigar trinta pessoas.

      — Como vamos viajar nisso? – Zaire questionou descrente.

      — Eu conduzirei, não é muito difícil. Vamos dividir as funções e logo chegaremos em Palladian. – respondeu confiante o novoivoriano.

      Começaram a puxar o barco para adentrar no mar, era uma distância curta, menos de cinco metros. A embarcação contava com toras roliças de árvore embaixo do casco, o que facilitava a mobilidade em terra, ao diminuir o atrito. Os familiares ajudaram, depois foram colocados dentro do barco com a ajuda de uma rampa. Juntaram a maior quantidade de capim verde que encontraram no local para servir de alimentos aos bichos, Kale dispensou o seu voldsom.

     Na primeira lufada de vento, zarparam se afastando das margens. Aryeh gritava as instruções, enquanto o resto corria para fazer o que ele pedia. Até que as águas tranquilas do mar aberto se aconchegaram no casco do navio, foi quando puderam relaxar um pouco, sentindo o ondular da embarcação.

     Arden estava no timo da embarcação, quando o amaranto se aproximou. Os olhos do smaragdino pareciam dois lagos azuis límpidos, sem um fundo visível. Já fazia mais de um dia desde a morte de seu companheiro.

      — Smaragdino, sabe que não há ninguém que eu despreze mais nessa jornada que você. – Zaire começou. – Contudo, prezo pela honestidade. Por isso, digo que você é essencial para que essa jornada seja bem sucedida. Você e Malya são os que possuem mais habilidades acumuladas, precisamos que ambos fiquem fortes. Caso contrário, não chegaremos até o final. – ele foi sincero em cada uma de suas palavras.

     Zaire Terram podia ser muitas coisas, menos desonesto. Sabia reconhecer as próprias vantagens e coragem não estava entre elas, não era segredo que se pudesse sairia de imediato da jornada. A única coisa que lhe motivara a prevalecer com um pouco mais de astúcia, fora a visão tenebrosa que tivera no Inferno Album e o ataque à base amaranta. Iria lutar por sua terra e família, porém isso não era garantia que sua covardia se afugentara. Reconhecia a necessidade de manter Arden para o prosseguimento da missão, se não fosse o príncipe, Malya  era quem deveria assumir a liderança. Ainda que ele soubesse que a moça era atormentada por algo.

     — Agradeço as palavras, Terram. – devolveu sincero.

      Dentro do barco, na parte interna, Malya se acanhou no escuro, pensando nas visões que teve no Inferno Album. O reflexo que viu na poça fétida lhe atormentava, queria fingir que aquilo nunca seria possível. Um delírio ou pesadelo intragável. Entretanto, a cada dia ela sentia mais perto um rompimento. Lágrimas silenciosas escorreram em seu rosto, permitiu-se viver um pouco da dor que carregava constantemente.

      — Malya, está aí dentro? – era Keisha quem a chamava.

      — Estou Keisha, aconteceu alguma coisa? – questionou preocupada, enxugando as lágrimas avidamente. Não queria que ninguém a visse naquele estado.

      — Oh, não. Eu só queria conversar com alguém, faz tempo que não falo nada. – sentou-se ao lado da celosiana. – Espero que você não se incomode, é que não tenho ninguém aqui. – sorriu simpática.

      — Claro que tem, Zaire é seu amigo de infância não é? – a amaranta baixou os olhos envergonhada.

       — Sou amiga de Nia, Zaire é mais velho que eu e nunca tivemos muito contato. – ela obviamente sentia algo por seu conterrâneo, ainda que fosse uma paixão platônica que perdurou durante a infância.

        — Então o que queria conversar? – gostava de Keisha, adorava imaginar que seria tão jovial quanto ela, caso não tivesse sido tão calejada pelo destino.

          — Não é exatamente conversar, mas fofocar. – deu um sorriso tímido e arteiro. – Não acha estranho esses repetidos enjoos e desmaios da princesa?

        — Eu escutei que ela nunca participou de nenhuma expedição, sempre ficou protegida nas paredes só castelo. Então, acredito que seja natural a sensibilidade dela. Principalmente, depois do que vimos. – argumentou.

       — Oh, é verdade. Sua suposição faz muito mais sentido que a minha. – arqueeou uma das sombrancelhas.

          A amaranta parecia concordar mais por simpatia com a outra, sua confabulação sobre a princesa permanecia firme.

          — O que a senhoritas fazem aí? – Kale adentrou no recinto, ele comia algo.

          — Estamos mexericando, palladiano. – Keisha respondeu risonha.

          — Malya? Duvido. – devolveu divertido. – Mas me digam, vocês também perceberam que esse novoivoriano não gosta muito da gente? – tocou os lábios com o dedo.

         — Também percebi isso, achei que a grosseira dele era inata. Contudo, ele sempre traz esse olhar rude e severo para todos. Talvez eu seja um pouco mais ressentida, pois sou uma amaranta. – Keisha confabulou.

         — Acho que suas observações estão corretas, também percebo a dureza dele. É por isso, que não compreendo o porquê dele seguir conosco na jornada. – Kale agora estava cócoras, conversando animado.

       Malya apreciava esse momento, mesmo que permanesse em silêncio, meneando com a cabeça vez ou outra. Era um refrigério ser cercada por conversas banais e desprovidas de importância, quase se sentia uma pessoa normal.

        Quando a primeira noite em alto-mar caiu, eles se organizaram para permanecer a viagem tranquilos. Aryeh vociferou as instruções como se eles fossem surdos, era rígido e perfeccionista com as ações tomadas no barco. Com os turnos de vigia definido e a refeição completada, foram dormir sob o balanço do barco. Acordaram no dia seguinte, um pouco mais dispostos e também nauseados com a maresia. Keisha, Malya e Kale se reuniram outra vez no convés inferior.

         Do lado de fora, Arden, Skadi e Aryeh discutiam sobre o trajeto. Usando bússolas, lunetas e outros instrumentos que o ivoriano tinha trazido em sua sacola. Halina escutava as palavras dos três meio distorcidas pelo barulho das ondas, sentada no chão da embarcação olhava a vela tremular. Não queria ficar perto de ninguém, a solidão era sua melhor amiga naquela ocasião.

         Zaire estava na ponta extrema, vendo o mar que tanto alimentara sua família. Havia lendas sobre aquelas águas, algumas encantadoras outras monstruosas. Contudo, naquele momento com todos atordoados com a perda de um membro, nenhum dele se alertou sobre tais fatos.

         — É uma pena que precise ficar longe de sua família. – uma voz melódica anunciou, tirando o amaranto de seus devaneios.

        O homem olhou ao seu redor, buscando a fonte da afirmação. Encontrou uma mulher desconhecida, sentada na plataforma do barco, balançando as pernas torneadas. Sua pele era negra retinta, seus olhos tinham um tom acinzentado, tal qual seus cabelos em cachos largos.

          — Quem é você? – franziu o cenho, observando a desconhecida.

         — Esta cicatriz em seu rosto é tão bela. – fugiu da pergunta, o vestido branco que ela usava dançava com o vento suave.

         — Não deveria ficar aí, pode acabar caindo. – preocupou-se com a posição perigosa da mulher.

        — Você está sempre tão preocupado. – desceu da plataforma, caminhando até ele. – Sempre aflito com a colheita, com a doença de sua mãe, com a imprudência de sua irmã... E agora, com essa terrível expedição que põe sua vida em risco a cada segundo. – pôs os braços entrelaçados no pescoço dele.

        As palavras dela eram tão harmônicas e suaves, o toque de sua pele era gentil e os olhos hipnotizantes. Zaire só queria escutar mais e mais, o que ela tinha a dizer.

        — É tão injusto que seja você. Já teve perdas o bastante... – ela acariciou a cicatriz do rosto dele.

        — Ela tem razão, a vida lhe foi muito injusta. – a voz era conhecida.

        Malya surgira entre os dois, estava com suas roupas usuais, mas o semblante era bem mais tranquilo e maleável.

        — Pode ficar conosco, fugir de tudo isso. Não temer mais a morte. – a ilusão da celosiana declarava, segurando o antebraço dele.

        — Rameiras! – Halina vociferou, sacando a espada e desferindo um golpe na primeira mulher.

       A lâmina rompeu o braço que agarrava o pescoço de Zaire, fazendo a mulher gritar exasperada. Halina não via a mesma coisa que Zaire, a visão da princesa era de animais aquáticos humanoides, com guelras bem marcadas e pele cinza. As narinas da criatura era achatada, os olhos eram frestas finas e escuras. Da boca, despontavam dentes finos e afiados como agulha.

        — Maldita! – gritou avidamente, mergulhando de volta para o mar. Junto da segunda criatura que saiu intacta.

      Zaire despertou assustado do transe, no qual estava. Deparou-se com o membro decepado no superfície do navio, era gosmento e escamoso, com barbatanas letais.

      — O que está acontecendo? – afastou-se assustado do membro.

      — Sirenas! Estamos sendo atacados por Sirenas. – gritou com o objetivo de trazer todos para cima.

      — Estamos sob arremetida outra vez.– suspirou decepcionado, o amaranto.

      — Desça Zaire, tente vedar seus olhos e ouvidos. – ordenou. – Rápido!

      Halina correu para perto do mastro, tentando alcançar seu irmão. Não sabia como funcionava o poder das Sirenas, mas até então ela parecia resistente às emboscadas das criaturas. Minutos antes os três navegantes que planejavam as rotas de viagem também tinha sido atacados, agora estavam presos em suas fantasias pessoais.

     — Arden. – a voz conhecida chamou.

      — O que está fazendo aqui, Basmah? Pensei que estivesse lá embaixo. – a celosiana estava com outra roupa, um vestido de cetim perolado, o qual expunha seu colo e braços. – Que roupas são essas?

        — Não gosta? Estou usando-as para você. – ela se aproxima dele, tocando-lhe a face.

         — Por que estás brincando comigo? – indagou, sentindo as mãos dela.

         — Você é tão amável. Tão corajoso... Eu aprecio você...

       Skadi estava em sua própria ilusão, na qual um rapaz loiro e de olhos azuis lhe sussurarrava ternuras. Enquanto, uma moça de cabelos cor de mel e olhos verdes beijava seu pescoço e clavícula. Extasiado pelas sensações que nunca experimentara. Aryeh se via cercado por uma dúzia de ivorianos, todos lhe bajulando a força e distinção. A admiração e desejo daqueles que um dia lhe lançaram para fora, era tudo que queria.

      — Sirenas. – Zaire anunciou nervoso, para aqueles que subiam a escada em direção ao convés.

      — Oh, não! Esqueci completamente disso. – Kale arquejou, quando estava no convés, junto das duas amigas.

        Viram Halina lutar para tirar o irmão dos tentáculos de uma criatura, correram para prestar auxílio. Entretanto, Keisha foi pega por uma das Sirenas, a qual lhe colocou sob um transe, onde ela compartilhava uma refeição com o ser amado.

        — Seja cautelosa, Malya. São pisinoe conseguem controlar as mentes humanas explorando desejos carnais e ambições. – Kale orientou.

        — Certo. – confirmou que ouvira a recomendação.

        O palladiano foi em auxílio ao seu amigo, enquanto a celosiana buscava desvencilhar a criatura do corpo de Keisha. Todavia, logo foi tragada por uma sirena, tentou resistir inicialmente, mas a sensação era tão boa e as vozes eram tão cálidas.

         — Venha conosco. – pedia o primeiro.

         — Já não precisa mais lutar. – o outro homem afirmava.

         — Estás cansada, deite-se sobre mim. Tudo ficará bem. – a provocação era tão verossímil, que era impossível diferenciá-la da realidade.

         — Está livre, finalmente livre. –  seduzia o segundo homem.

        — Pelos os espíritos da natureza! Somos só nós dois, princesa. – Kale exclamou.

        — Por que nós não caímos nos encantos delas? – arfou, golpeando a sirena.

         — Eu sou um palladiano, elas não têm efeito sobre mim. Já você, bem os anciãos dizem que aqueles a quem o coração possuem donos, são invulneráveis às ilusões das Sirenas. – contou, conseguindo libertar Skadi do transe.

         Empurrou o amigo para baixo do convés, pedindo para que tentasse  isolar os sentidos e não retornar para cima.

       — O que vamos fazer? Elas são muitas. – suava com o esforço.

      — Eu não sei, estamos bem no centro do território delas. – tentava libertar Keisha e Malya. – Estou tentando chamar familiares, mas elas blindaram meu fluxo de energia com o mar.

       Halina olhou para frente, vendo as criaturas se juntarem cada vez mais perto da embarcação. Não aguentariam por muito mais tempo. Sua familiar lutava contra as Sirenas que tentavam emboscar Aryeh para dentro do mar.

         — Já tivemos o suficiente disso. – rugiu irritada. – Pegue-as sem piedade. – pediu a sua familiar, que duplicou seu tamanho e começou a jogar as Sirenas para fora da embarcação.

       A princesa estava exaurida com todos os eventos, impaciente com as incovenientes criaturas que molhavam o casco do navio com uma gosma nojenta e repugnante. O estresse se expandia em seu peito de forma febril e imbatível, seu braço começou a queimar, revelando a marca de Lectus.

        — Vão embora, bastardas repugnantes. – vociferou tomada pela cólera.

        Esmeraldas afiadas surgiram ao redor do barco, espetando as Sirenas que choravam desesperadas. O familiar da princesa riscava o ar, jogando as criaturas para fora do barco. As entranhas dos seres aquáticos manchavam o mar, junto das vísceras que boiavam inertes, movendo-se com o balançar das ondas. Halina investiu voraz contra os tentáculos que aprisionavam Arden, fazendo jorrar um líquido azul escuro e denso. O animal escorregou para fora do barco, encontrando as pedras afiadas como um destino atroz.

     Com menos pisinoe ao redor, Kale conseguiu contactar um cardume de peixes vorazes que espalharam ainda mais as criaturas sedutoras. Os gritos agudos dos bichos eram uma tortura, declaravam maldições e previsões cruéis para os navegantes, os quais permaneciam estáticos vendo-as se afastar.

    As pedras ao redor drakkar sumiram no momento que ameaça se foi, do mesmo modo a coruja diminuiu de tamanho retornando a sua forma original. Halina estava drenada pelo esforço usado, não sabia que tinha tanto poder até então. Kale se encostou no timão da embarcação, tentando respirar, mas sua visão foi tomada por uma nova angústia.

      — Espíritos, mal temos tempo para respirar. – Kale reclamou, vendo um parede de rochas se impor na frente deles.

       Sem ninguém na direção do drakkar, as ondas e as Sirenas conduziram o barco para um provável naufrágio, num paredão irredutível.

      

     

       

      

      

    

      

Continue Reading

You'll Also Like

7.6K 1.1K 60
❝𝙐𝙢𝙖 𝙢𝙪𝙡𝙝𝙚𝙧 𝙥𝙤𝙙𝙚 𝙨𝙚𝙧 𝙪𝙢 𝙍𝙚𝙞, 𝙚 𝙪𝙢 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙢 𝙥𝙤𝙙𝙚 𝙨𝙚𝙧 𝙪𝙢𝙖 𝙍𝙖𝙞𝙣𝙝𝙖❞ . . . ⎯ Sihyeon é uma garota de personalida...
57.3K 6.6K 51
Harry Potter ( Hadrian Black ) recebe sua carta para Escola de Magia e bruxaria de Hogwarts , mas as dores e abusos de seu passado o tornam diferente...
1.9K 182 8
Luffy e Nami não conseguem perceber o que sentem um pelo outro, será que eles são só amigos ou terá algo a mais quando entenderem o que realmente est...
284 144 16
Toda a vida de Klyra muda no momento em que o Capitão da Guarda Imperial a busca em sua casa, no canto mais afastado da floresta Malle, além das mont...