[Victoria]
Depois do Liam deitar Daniel, leva-me até ao quarto. Tem as luzes todas apagadas, estão apenas acesas velas espalhadas pelo quarto e casa de banho. Há um aroma agradável no ar.
Liam deixa-me sentada em cima da cama e desaparece durante alguns instantes. Ouço o som da água a correr e a seguir o meu marido aparece vestido apenas com os seus boxers pretos. A visão que tenho dele à luz das velas é simplesmente estonteante.
O moreno aproxima-se de mim e abaixa-se à minha frente. Todo o meu corpo anseia pelo seu toque. Ele levanta ligeiramente cada uma das minhas pernas para retirar os meus sapatos. Massaja de forma delicada e deliciosa os meus pés. Gemo de satisfação e inclino a cabeça para trás. Penso em ouvi-lo sorrir.
Liam levanta-se e então levanta os meus braços e despe a minha camisola de lã. Ele desliza lentamente as mãos pelos meus ombros e pelas minhas costas, abrindo o fecho do meu soutien. Um arrepio percorre o meu corpo, um arrepio de prazer. Todo o meu corpo pede pelo corpo dele, mas ele está a levar as coisas de forma lenta. Gostava que ele me tivesse debruçado sobre a sua secretária. Desde do dia anterior que não fazemos sexo e isso é muito tempo, porque o fazíamos várias vezes durante o dia na lua de mel.
Ele abre o fecho da minha saia que cai ao arredor dos meus pés. Os seus dedos deslizam calmamente pela minha cinta de ligas. O seu toque percorre as minhas nádegas, o interior das minhas coxas, fazendo-me inclinar para a frente de forma a encostar-me ao seu peito.
- Renda... - Liam sussurra ao meu ouvido.
- Tens-me por completo, Liam... - beijo o seu peito e percorro as minhas mãos pela sua nuca, pelo seu pescoço, pelos seus ombros.
Liam abre a minha cinta de ligas, deslizando as meias pelas minhas pernas até por fim as retirar por completo. Ele destribui beijos de forma demorada por todo o comprimento das minhas pernas, até chegar ao interior delas. Deposita alguns beijos mesmo por cima do tecido das minhas cuecas, a única peça de roupa que ainda tenho vestida. Seguro os seus fios de cabelo entre os meus dedos e depois ele sobe, beijando a minha barriga, abaixo dos meus seios, à volta deles, enquanto as suas mãos se alongam pela minha coluna até aos meus quadris.
Procuro os lábios dele e beijo-o de forma necessitada. As nossas bocas movimentam-se freneticamente e precisa. O moreno segura-me no fundo das minhas costas e vamos caminhando até à casa de banho, sem nunca interromper o beijo. Só ao fim do que parece uma eternidade, é que separamos os nossos lábios e ambos temos a respiração acelerada. Os seus dedos tocam nos cós da minha única peça vestida e retira-a, deixando-a espalhada no chão.
- Banho? - ele questiona enquanto despe os seus boxers. Tinha imaginado em fazer isso, mas ele adiantou-se. Assinto.
Ele fecha a torneira e abaixa-se para experimentar a água com a mão. Depois pega numa embalagem e deita uma boa quantidade do seu conteúdo dentro da banheira, imediatamente sinto o perfume de óleo de argão e eucalipto. Ele agita a água e depois entra nela, estendendo a mão para me ajudar a entrar. Ele senta-se e encosta-se e depois puxa-me para que as minhas costas fiquem apoiadas no seu peito firme. Sinto a sua ereção, mas não comento nada.
- Gosto deste perfume. - comento pegando nalguma espuma ao nosso lado, brincando com ela.
- Eu também. - ele responde, beijando a curva do meu pescoço. - Estás confortável?
- Sim. - digo. Deito a cabeça para trás e fecho os olhos. Posso adormecer facilmente assim.
O Liam usa uma esponja e começa a lavar o meu corpo. Há um silêncio estranho entre nós.
- Em que estás a pensar, amor? - questiono preocupada. Ele tem falado muito pouco comigo desde que lhe contei a minha suspeita.
- Estou a pensar em como não me apercebi. - ele responde, beijando o meu pescoço e depois a minha bochecha. - Mas estou a tentar não ficar demasiado entusiasmado.
- Eu sei. Quando eu olhei para a Alexis hoje é que eu comecei a pensar. Eu não tive menstruação o mês passado, mas como foi a altura do natal e do ano novo e depois fomos para Porto Azurro, eu nem sequer me dei conta. E depois comecei a juntar algumas peças. - viro-me ligeiramente para o encarar. - E estou com medo que não esteja tudo bem e que seja muito cedo. - percorro os meus dedos pelo seu peito. Sinto os seus olhos em mim, mas mesmo assim não consigo encara-lo. - Não foi planeado e... - ele corta-me. Liam cola os seus lábios aos meus e deixo que ele guie o beijo.
As suas mãos correm pela minha lateral e param nas minhas nádegas, onde ele me segura.
- As coisas boas não são planeadas, Victoria. Simplesmente acontecem. Deixa de questionar todas as coisas boas que o universo te oferece. - Liam oferece mais uma vez os seus lábios que aceito de bom agrado.
Quando terminamos o banho, sinto-me bastante relaxada. O Liam leva-me até ao quarto e é ele que seca todas as partes do meu corpo com a toalha. Muitos casais têm muita intimidade na cama, mas depois faltam estas coisas. Ele cuida de mim e não há nada mais íntimo do que isso.
- Deita-te de bruços, querida. - o meu marido pede quando acaba de me secar. Franzo o sobrolho. - Prometo que vou fazer algo que vais gostar. Confias em mim?
Assinto. Não conversámos sobre ter outro tipo de sexo que tivemos até aqui. Faço o que me pede e deito a cabeça na minha almofada. A roupa de cama cheira a lavado.
Ele apaga uma das velas do lado da sua mesa de cabeceira e desvia o meu cabelo para o lado. De repente, sou surpreendida com um líquido quente a cair nas minhas costas. Um arrepio desce pela minha espinha. Cheira a lavanda e pau santo. É relaxante. As mãos de Liam massajam os meus ombros, as minhas costas, as covinhas ao fundo destas, as minhas nádegas, as minhas pernas e não me dou conta sequer quando ele termina.
[Liam]
Victoria adormeceu mesmo antes de eu terminar a massagem.
Acordo cedo para fazer uma corrida, antes de levar Daniel à escola e das minhas reuniões de manhã.
Estou a terminar de me vestir quando a minha esposa se mexe e murmura qualquer coisa que não consigo compreender. Mesmo assim ela continua a dormir. Os seus cabelos loiros estão espalhados pela almofada e só metade do seu corpo é que está tapado com o lençol. Decido não acordá-la e desço para a cozinha. Está Giselle na cozinha e Aaron e James estão sentados ao balcão a tomar o pequeno-almoço.
- Bom dia. - cumprimento, os meus seguranças assentem e continuam a comer.
- Bom dia, senhor Hunter. - Giselle cumprimenta. - O que lhe posso fazer para o pequeno-almoço?
- Não se incomode, Giselle. - respondo. Posso tratar do meu pequeno-almoço. - Prepare só alguma coisa para Victoria para quando ela acordar. - peço. Vou andar mais em cima das refeições da minha esposa, quer ela queira ou não.
- O que devo preparar? - nesse momento aparece Daniel ainda a vestir o pijama. Ele cumprimenta toda a gente e depois dá-me um beijo.
- Umas torradas com pão integral e um sumo natural. - respondo, pegando no meu filho ao colo.
- E eu quero cereais, Gis. - Dan pede. - Por favor.
- Tudo o que o príncipe quiser. - a minha empregada brinca. - Mais alguma coisa, menino? - Daniel balança a cabeça e vai para a mesa da sala de jantar onde tomamos o pequeno-almoço.
- Mais daqui a pouco virá alguém para fazer umas análises a Victoria. - informo os seguranças e Giselle.
Falei com a médica com quem Victoria irá ter a consulta a meio da tarde e ela aconselhou que a minha esposa fizesse primeiro umas análises. E como eu consigo tudo o que quero, virá alguém fazer a recolha ainda de manhã e consegui marcar a consulta com uma ginecologista e obstetra ainda para hoje.
Tenho noção de que Victoria não vai gostar disto, mas ela está numa bolha neste momento e não há nada que ela possa fazer para mudar isso.
Procurei a melhor médica, e ela já tem o historial da minha mulher.
- Liam! - Victoria grita chateada. - Eu não vou fazer chichi para o copinho contigo a olhar para mim. Sai daqui. - rio. Um dos testes que a médica pediu foi o da urina e ela está neste momento na casa de banho.
- Não. Quero ter a certeza de que fazes isso como deve ser. - respondo com um sorriso presunçoso.
- Não tens reuniões agora de manhã? Então vai e deixa-me sossegada. - continuo divertido com a situação. - Eu podia perfeitamente ter ido até um laboratório e fazer isto.
- Mas assim não precisamos de sair de casa. - desculpo-me.
- Tu gostas é de esbanjar dinheiro. - ela retruca.
Gargalho. É nesse momento que Beatrice, a minha assistente me liga. Desisti de ir até a editora e optei por ter todas as reuniões de hoje por videochamada.
- Vou deixar-te só porque o dever me chama. - digo-lhe, saindo do quarto e atendendo a chamada. Vou para o escritório e peço que não me incomodem.
Quando acabo as minhas reuniões, encontro Victoria sentada à mesa da sala de jantar, com inúmeros esboços espalhados e um monte de lápis. Ela tem os fones nos ouvidos e cantarola baixinho. É bom vê-la tão bem disposta.
- Estás aí há muito tempo? - inquere, quando se apercebe da minha presença.
- Há tempo suficiente para admirar o quão bonita tu és. - respondo, aproximando-me.
Ela cora e começa a arrumar as suas coisas. Tenho que arranjar um escritório para ela.
- O que estavas a fazer? - vejo vestidos e vestidos.
- A Paige quer um vestido de noiva especial. - responde. - Quer um vestido com apontamentos de vermelho. Achas normal?
- Era pior se fosse um vestido preto, não achas? - comento com humor.
- Já não sei nada. - Victoria encolhe os ombros. - Como foram as tuas reuniões?
- Aborrecidas. - rio. - Estás pronta para irmos à consulta?
- Liam, tens que me começar a informar das coisas que me incluem. - ela levanta-se e cruza os braços. - Dava jeito, sabes?
- Pensava que já sabias. Eu disse-te que hoje íamos ao médico.
- Achas que eu levei a sério? Pensava que quem iria marcar era eu.
- Daqui a quanto tempo? Ias deixar andar até ganhares coragem.
- Talvez. - ela murmura, então depois vira costas com as suas coisas e desaparece pelo corredor. É tão fácil uma mulher amuar.
Vou até à varanda fumar um cigarro e beber um café, enquanto espero por Victoria.
- Os teus seguranças vão connosco? - a minha esposa aparece na varanda. Apago o cigarro e viro-me de frente para ela.
- Isso é uma pergunta tola. Nós já falámos sobre isso. Irá Aaron e James connosco, mas noutro carro. Satisfeita? - aproximo-me dela e envolvo-a num abraço.
- Não completamente. E tens que deixar essa merda de tabaco, é simplesmente agoniante.
- Está bem. - concordo.
- Tão simples assim? - a minha esposa parece surpreendida.
- Sim. - respondo, levando-a para dentro de casa. - Faço tudo para que estejas feliz. - beijo a sua palma da mão. - Agora vamos.
- Vamos a algum hospital? - Victoria pergunta. Desvio o olhar da estrada para a encarar.
- Não. - digo.
- Vamos onde então? É uma médica?
Ela está a gozar comigo? Ela pensa que eu iria marcar alguma consulta com um homem? Nem no inferno.
- Vamos a uma clínica privada. - respondo, virando para a rua da clínica.
- E é uma médica?
- Sempre tão ansiosa por informações. - estaciono o meu Aston Martin. - Obviamente que é uma médica. Não quero outro homem a tocar-te. Pensava que já sabias disso.
- Mas quando eu tive o acidente, eu tive um médico.
- Bem, sim. Não fui eu quem escolheu, mas era uma situação diferente. - respiro fundo e saio do carro. Dou a volta e abro a porta do lado de Victoria. Estendo a mão para a ajudar a sair.
- Eu às vezes nem tenho palavras para as tuas loucuras.
- Que bom. Assim não há discussão. - digo um sorriso. Pego na sua mão e caminhamos juntos até à porta da clínica. Quando entramos, não há ninguém, somente a rececionista.
- Senhor e senhora Hunter? - a rapariga morena levanta-se e vem ao nosso encontro.
- Sim, temos uma consulta marcada agora às 16h. - respondo, segurando na mão da minha esposa. Ela treme e eu olho para ela.
- Podem-se sentar. - a assistente aponta para a sala de espera vazia. - A Doutora Scott teve uma consulta de emergência. Penso que seja rápido.
- Não tem problema, nós esperamos. - a minha esposa responde, e então vamos sentar-nos. Há imagens e folhetos sobre gravidez e bebés por todo o lado.
Aaron e James ficaram à porta do lado fora. Precisamos de alguma privacidade também.
Victoria cruza e descruza as pernas inúmeras vezes, morde o lábio inferior também umas quantas vezes e enrola madeixas de cabelo com os dedos.
Beijo a sua cabeça e massajo as suas mãos delicadamente com os meus dedos.
Não temos falado muito porque ambos não sabemos o que dizer um ao outro. Se digo que vai estar tudo bem e depois se não está, ficarei a sentir-me pessimamente.
Ao final de algum tempo, sai uma mulher de dentro de um gabinete, seguida por uma senhora de meia idade de bata branca.
- Victoria Hunter? - a médica chama e a minha esposa levanta-se. - Sou a Dra. Elaine Scott. - a médica apresenta-se e depois vira-se para mim. Já falámos antes.
Acompanhamos a médica até ao seu consultório e sentamo-nos de frente para ela. O consultório não é muito diferente dos outros, mas de alguma forma é aconchegante.
- Como se tem sentido, Victoria? - a médica questiona.
- Tenho-me sentido bem, de forma geral. - ergo a sobrancelha. "De forma geral"?
- Já vi os resultados das análises que fez de manhã e tenho a dizer que são positivas. Mas devido ao seu historial, é melhor sermos cautelosos. O seu marido fez bem em marcar uma consulta o mais rápido possível. - a médica esboça um sorriso de conforto. Eu quero muito ficar feliz, mas ainda temo que não esteja tudo bem, então mantenho-me sossegado. Massajo as costas das mãos de Victoria com o meu polegar. - Tem tido sangramentos ou dores?
- Não, tem estado tudo bem. Só tive algumas indisposições e dores de cabeça, nada mais.
- Isso é bom. - a doutora Scott diz. - Sugiro que façamos uma ecografia ginecológica para ver se está tudo bem.
- Está bem. - Victoria concorda.
A médica pede que Victoria se dispa da cintura para baixo, então ela fá-lo atrás de um biombo e depois deita-se na maca ao lado.
- Quer que o seu marido saia para se sentir mais confortável, senhora Hunter? - como assim? A médica está de brincadeira?
- Não vou sair e deixar a minha esposa sozinha, Dra. Scott. - aviso, aproximando-me de Victoria deitada.
- Como deve compreender, poderá ser um momento um tanto constrangedor para a sua esposa que aqui esteja. - a médica responde, enquanto coloca um par de luvas.
- Posso compreender que seja para alguns casais, mas não há constrangimentos entre mim e a minha esposa. - mas que foda agora. Vou discutir com a médica?
- Como quer que seja, Victoria? - a médica questiona Victoria, enquanto coloca um preservativo na sonda e aplica um gel na mesma.
- Eu quero que o meu marido fique. - Victoria estende a mão para encontrar a minha. Deposito um beijo na sua testa e afago o seu rosto.
Consigo notar desconforto no rosto dela e percebo que a médica já inseriu a sonda.
- Estás bem? - pergunto preocupado. Ela assente, mas somos interrompidos pelo som de batimentos cardíacos e é inevitável não sorrir. Estamos de mãos dadas e Victoria está a apertar com muita força, mas não reclamo.
- Ora aqui temos um bebé saudável. - a médica diz. Victoria olha para a tela e posso ver uma lágrima escorrer pelo rosto. - Diria que está grávida de cerca de 7 semanas. Está tudo bem com o vosso bebé e tem os batimentos cardíacos perfeitos.
Fecho os olhos e inspiro com força. Se Deus existe, então que ouça o meu agradecimento.
Limpo o rosto de Victoria com os meus dedos e beijo os nós dos seus dedos.
- Tem mesmo a certeza, doutora? - a voz de Victoria treme.
- Sim, senhora Hunter. Pode-se vestir. - a médica retira as suas luvas e depois lava as mãos e desinfeta-as e vai para a sua secretária.
Ajudo Victoria a vestir-se e ambos sorrimos.
- Eu amo-te tanto. - beijo o seu rosto.
- E eu a ti, Liam.
A médica a seguir pesa Victoria e a mede a sua tensão, e parece que está tudo um pouco abaixo do desejado. A Doutora Scott receita ácido fólico e uns comprimidos para os enjoos, caso seja necessário. Faz uma lista das coisas que Victoria deve começar a comer em maior quantidade e devido ao historial, vai ser seguida com menos tempo entre consultas.
Achei a médica bastante competente, senão não seria das melhores.
Quando saímos da clínica, decido levar a minha esposa a lanchar.
- Estou tão feliz, Liam. - ela confessa, quando acaba de beber o seu chocolate quente.
Tenho as costas apoiadas no banco onde estou sentado e observo-a. O seu rosto está corado, os seus olhos azuis brilham e os seus cabelos estão caídos para a frente. Ela é tão bonita, tão bonita. Tenho tanta sorte.
- Eu também, querida. Mas vamos manter entre nós para já, sim?
- Sim, estava a pensar na mesma coisa, porque eu ainda não acredito.
- Quer dizer que engravidaste no início de dezembro e não demos por nada.
- Nós nunca usámos preservativo. - ela lembra-me e eu rio. - De qualquer forma, eu acho que deixei de tomar a pílula quando tive o acidente, mas nunca me preocupei porque as chances eram baixas.
- Então eu tenho super poderes. - pisco-lhe o olhar e ela ri. - Fiz um milagre.