as estrelas, o caos e nós ✶ (...

By NosTheusOlhos

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[CONCLUÍDA] Jungkook é um amante da arte, e toda sua vida gira em torno disso. Não há nada no mundo mais sati... More

✶ ceci n'est pas une pipe ✶
✶ as estrelas, o caos e nós ✶
✶ a arte não acabou ✶

✶ the starry night ✶

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By NosTheusOlhos

e vamos de capítulo dois; essa porra provavelmente é uma das coisas mais fofas e românticas que já escrevi em toda a minha vida e sem dúvida um dos meus capítulos favs de todos os tempos, então 'tô real animad pra ver a reação de vocês akjdnjaksnadsjk

avisem se houver erros ao longo do texto, com a edição e tal

espero que gostem amoressszszsz ;)))

...

A amizade de Taehyung e Jungkook era algo que vinha naturalmente, como respirar. Em pouco tempo, os dois garotos eram como unha e carne passeando pela universidade. Não só eles, como Jimin e Yoongi também, para falar a verdade. Em todos os momentos possíveis, os quatro estavam juntos; desde almoços até reuniões das agremiações apenas para fofocar no fundo da sala enquanto as pessoas discutiam coisas importantes. Além dos ensaios para o musical, claro.

Logo no primeiro mês, Jungkook e Jimin já não eram mais necessários – os figurinos e cenários estavam prontos. No entanto, Jungkook transformara os encontros em algo quase religioso. Ele sempre acompanhava Taehyung, e o auxiliava no piano, e quando saíam seguiam para tomar milk-shake de banana e conversar sobre a razão cósmica da existência – ou então sobre qual Winx eles seriam e a opinião pessoal sobre Sharpay de High School Musical.

Eles logo começavam a sair juntos aos fins de semana também. Passavam o dia no apartamento de Jungkook, e fumavam maconha, assistiam a filmes, tentavam receitas novas, até mesmo escreviam músicas; sim, começaram a compor, e estavam fazendo uma ou outra coisa legal. Era óbvio que Taehyung tinha uma certa capacidade musical mais avançada, mas Jungkook se virava muito bem com seu conhecimento informal. As letras fluíam como água, mesmo quando eram menos bobas e mais reflexivas.

Jungkook muitas vezes se ausentava, ia para a varanda pintar algum trabalho. Taehyung ficava pela sala, ouvindo TV, ou tocava algo bacana no teclado que deixara por lá para dar alguma inspiração a Jungkook através da sinestesia.

E às noite saíam juntos, os quatro, nos tais rolês adaptados. Eles ocorriam basicamente numa fazenda de uma garota chamada Jisoo, que era melhor amiga de Taehyung. Ela tinha uma voz violeta, estudava dança e Fotografia, juntamente a Jungkook era alvo das piadas de Taehyung sobre como eram artes inúteis, mas então era obrigado pela loira a tentar dançar. Jungkook sorria o vendo rodopiar desajeitadamente, porque ele sempre se divertia. Jungkook sorria o vendo fazer quase tudo, para falar a verdade.

Jungkook gostava do lugar, demais. Todos os estudantes que o frequentavam eram extremamente gente boa, e o espaço aberto impedia dos sons ficarem abafados e tornarem tudo claustrofóbico para o sinestésico. Ele geralmente usava seus abafadores, mas era só se afastar um pouco que poderia os tirar. A dança, as drogas e as ficadas de uma noite eram também um grande incentivo, na verdade. Todo o ambiente era extremamente confortável, e os garotos e garotas que se relacionavam eram agradáveis.

Ele deve confessar que se sentia incomodado de ficar com eles quando Taehyung estava por perto, assim como se sentia desconfortável quando via Taehyung beijando Seokjin, um rapaz que era uma espécie de ficante fixo, ele não sabia. Não o questionava sobre, procurava não saber. Quanto menos soubesse, melhor.

— Vocês são duas pocs insuportáveis — o disse Yoongi com sua voz vermelha vibrante pela irritação quando estava a sós com Jungkook e Jimin.

— Huh? Eu? — Park questionou, confuso, trazendo o misto de laranja opaco para os olhos de Jungkook.

— Não, Jungkook e Taehyung-ah mesmo. Eu não aguento mais aquela gay asquerosa transando com o Seokjin e o mandando dar o fora do apartamento e depois sorrindo que nem um besta quando Jungkook manda mensagem. Só admitam de uma vez que gostam um do outro e me deixem em paz. — Min revirou os olhos. Park teve que pôr a mão em frente aos lábios para conter uma risada.

— Não seja ridículo. — Jungkook rebateu, brincando com o cigarro entre os dedos.

— Ah, amigo... — Jimin ponderou. — Yoongi-hyung tem razão. Vocês são bem óbvios...

— Taehyung-ah é um amigo. — olhou de um a um. — Eu não fodo com amizades, nunca acaba bem.

— Acaba bem sim, ué. Orgasmos trocados, carinhas felizes... — Yoongi levantava os dedos enquanto apontava os fatos.

— Kookie, eu não acho que a partir do momento que vocês admitirem para si mesmos vai ser só uma foda, sabe? — Park começou. — É meio... Vocês são tipo...

— Insuportavelmente boiolas. — Min concluiu.

— Também. — Jimin riu. — Mas eu quero dizer que é mais profundo, acho. Quero dizer... — pigarreou, o laranja quase tampava toda a visão de Jungkook enquanto o nervosismo o invadia por conta de tais palavras. — Às vezes, quando eu olho para vocês, é só... Poderoso, sabe? Parece quase... Inevitável...

Inevitável, Jungkook pensou. Engoliu em seco.

— Novamente, somos amigos.

— Ninguém namora com um inimigo. — Yoongi cantarolou, o que fez com que Jungkook respirasse fundo. Estava prestes a rebater, não fosse a mão de Jimin segurando seu ombro.

— O que estamos querendo dizer, Kookie... — Jimin lançava um olhar de desaprovação em direção a Yoongi. — É que vocês são nossos amigos. E isso parece real, de verdade, e queremos a felicidade dos dois. Achamos também que, talvez, estejam um pouco inseguros em tomar algum passo, então é sempre bom ouvir um incentivo externo, não é?

— E vocês fazendo cu doce irrita também. — Min complementou, e Park riu minimamente.

— Eu não quero arruinar nossa amizade, de verdade. Eu gosto de ter o Taehyungie como meu amigo.

— Mas vai mentir para mim que gostaria de ter ele como mais que isso? — Jimin ergueu uma sobrancelha, e Jungkook permaneceu calado.

— Se você está inseguro... — Yoongi começou, olhando para as próprias unhas pintadas de amarelo, como se fossem muito mais interessantes que todo o drama de Jungkook. — Saiba que ele é uma cadelinha sua. E eu sou amigo dele desde que ele tinha sete anos, então tenho local de fala. Ele 'tá na sua, seu bocó. Deixa de ser burro e toma a porra de uma atitude. — sorriu por último, então o olhando como se o desafiasse a ir contra seu conselho.

Jungkook não falou mais nada naquela tarde enquanto sua cabeça revirava em pensamentos e possibilidades.

Estaria mentindo se dissesse que nunca havia pensado em Taehyung desse jeito – mentindo para caralho, na verdade. Desde antes de conhecê-lo o achava fodidamente bonito, mas era muito mais que aquilo. Taehyung era a melhor pessoa da face da terra, e sinceramente a humanidade tinha sorte em poder dividir a moradia com uma criatura tão majestosa e, porra, ele estava apaixonado. Ele estava obviamente apaixonado há tipo, já alguns meses, e enterrando esses pensamentos.

Jungkook nunca tivera um relacionamento, nunca... Nunca fizera nada certo. Ele não queria ter essas primeiras experiências comuns da adolescência quando era normal agora que já estava velho demais e então foder tudo entre ele e Taehyung por ser incapaz de ser maduro. Não, eles eram tipo melhores amigos, ele não podia perder seu melhor amigo por ser um inexperiente atrasado fodido.

No entanto, estar ciente e admitir seus sentimentos para si mesmo tornava o trabalho de estar perto de Taehyung e não olhar para sua boca e se perguntar se era tão doce quanto sua voz verde árduo e exaustivo. Ele começava a cogitar então.... Apenas se aproximar na próxima festa e trocar meia dúzia de palavras sugestivas, então só beijá-lo. Seria simples, fácil, indolor. Poderia levar um pé na bunda e culpar a bebida e a maconha, e então tirar aquilo do próprio sistema e conviver com Taehyung normalmente.

Parecia a melhor alternativa, de fato. Jungkook gostava da ideia.

No entanto ele não simplesmente podia. Não mesmo. Se ele quisesse que desse certo, então ele teria de fazer aquilo certo.

E tudo começaria com uma mensagem.

Você: você tem 40 minutos para tomar um banho, colocar uma roupa legal e descer

A resposta chegou em poucos segundos

stevie wonder: E, diga-me Deus, por que eu faria isso?

Você: porque eu tô mandando

stevie wonder: Oh, é essa a posição que estamos agora? Você manda e eu obedeço? Não sabia que era dominador, Hyung

Jungkook teve que morder o lábio para conter um sorriso um tanto malicioso enquanto segurava seus pensamentos indecentes percorrendo cenários impossíveis.

Você: não soe tão surpreso, taehyungie

stevie wonder: Pois, eu não quero

stevie wonder: Beijos, até mais!

Você: você quer sim

Você: se não for por minha ordem então

Você: que seja por curiosidade

Você: e nem minta dizendo que não está curioso

Você: eu te conheço

stevie wonder: Eu odeio quando você tem razão

stevie wonder: E também quando digita separado assim

Você: foda-se

Você: trinta e cinco minutos

stevie wonder: Eu desço em vinte ;)

Então Jungkook respirou fundo em frente ao espelho e rezou. Se existia um Deus, ele não o deixaria foder com tudo. Jungkook sabia que não vinha sendo o cara mais correto do mundo, mas esperava que a divindade reconhecesse que ele não merecia tal tipo de sofrimento.

Logo deixou a própria casa, estacionando em frente ao apartamento de Taehyung em pouco tempo. Ele respirou fundo, o nervosismo deixando seu estômago congelado e coração acelerado.

"Você prepara uma dessas e eu que era maluco por querer fazer algo romântico para Seoyun a chamando para ver um eclipse que convenientemente já ia passar de qualquer forma? Putz, Kookie, quem te viu quem te vê." Jimin riu quando Jungkook o revelou todo o plano do sábado.

"Acha que é loucura minha?"

"Leva ele para um cinema, ou para um motel. Sei lá" Jimin imitou a voz nasal de Jungkook, o laranja de seu tom tornando para quase um amarelo. "Deixa de ser esquisito!" o mostrou a língua por fim.

"Fala sério, hyung. Acha que ele vai gostar?"

"Ele vai amar." Jimin riu da insegurança do amigo.

"Ele é uma cadelinha sua. Qualquer coisa que fizesse, ele iria gostar" Yoongi apontou enquanto dedilhava as cordas de seu violão.

Jungkook teve seus pensamentos interrompidos quando ouviu o som da ponta da bengala de Taehyung se chocando contra a lataria de seu velho veículo. Ele rapidamente deixou o assento do motorista, sorrindo quando encontrou o garoto. Quase suspirou, para falar a verdade, quando seus olhos desceram por seu corpo e então voltaram-se para o rosto. Taehyung usava um cropped que caía por suas curvas como se fosse feito sob medida; era como uma camiseta de botões, a estampa florida e vibrante, além de uma calça jeans de cintura alta. Usava maquiagem também, a sombra verde quase da mesma cor de seus olhos cinzentos, o delineador e o iluminador bem posicionados.

— Boa tarde, Kookie Olhos. — ele o saudou com uma voz verde brilhante e um sorriso quando ouviu os passos de sua aproximação.

Certo, Jungkook. Lá estava o cara mais bonito do mundo, todo arrumado para sair contigo. Tão lindo que doía, para sair contigo. Vocês dois. Num encontro. Dos dois. Sozinhos. Certo, ele tinha que respirar fundo para não soltar algo que não deveria, e...

— Você 'tá lindo para caralho. — simplesmente não pôde segurar. Taehyung riu então, e talvez suas bochechas tivessem se esquentado um pouquinho.

— Yoongi-hyung quis brincar de boneca. — explicou. — Ele disse que temos que achar uma maquiagem para o dia do musical, então treinou. Por isso que eu demorei um pouquinho, desculpe.

— Não tem problema. Não tem problema nenhum, você só... Wow. — Jungkook pigarreou. — Enfim, carro. Agora. Vamos. — Taehyung riu novamente da falta de jeito do amigo enquanto o mesmo o abria a porta que o levaria para o banco do carona.

— Vamos aonde, capitão? — conseguiu ouvir sua pergunta enquanto ajeitava o cinto de segurança em si próprio.

— Surpresa.

— Huh, misterioso. — riu então, debruçando-se sobre o banco. — Mas por que isso do nada? Achei que estava me evitando essa semana. Eu e Jisoo fizemos um bolão sobre isso.

Jungkook engoliu em seco naquele momento, se sentindo meio culpado. Ele não sabia quão grande era o fundo de verdade que Taehyung colocava naquela brincadeira, mas... Ele existia. Jungkook sabia. Não havia respondido propriamente nenhuma de suas mensagens, além de fugido pelo campus e não comparecido ao ensaio. Devia confessar que era por fraqueza, por não conseguir estar perto de Taehyung sem uma solução de seus sentimentos confusos após ser confrontado com eles por Jimin e Yoongi.

— Eu estou bem ocupado com a faculdade. — disse então, o que não de todo era mentira. — O senhor Seong nos passou o trabalho final, e eu simplesmente não consegui ter ainda nenhuma ideia decente sobre o tema. E, bosta, quem tirar a maior nota vai ter o trabalho exposto na galeria, sabe? Seria tudo para mim. E esse não é o único trabalho que tenho que fazer, então estou pilhado para caralho, sabe?

— Entendo... — Taehyung riu minimamente. — Yeah, calouro é emocionado assim mesmo. — ele pareceu comprar a resposta, então Jungkook relaxou.

— E quis resolver tudo durante a semana para deixar o sábado livre.

— Huh, então tenho o dia todo livre contigo, é? — ele usou um tom meio malicioso naquele momento, e as entranhas de Jungkook se reviraram. — Então vamos numa aventura, Kookie Olhos?

— Você pode dizer que sim... — Jungkook ponderou, sorrindo de lado. — Mas, hey, falta uma semana para o musical, como se sente?

Taehyung demorou um tanto para responder. Jungkook achou que ele apenas daria de ombros e diria que não ligava. Era um veterano, afinal, provavelmente há muito já se acostumara.

— Nervoso. — confessou, o verde de sua voz um tanto escurecido. Jungkook até mesmo desviou os olhos para encará-lo por um segundo antes de voltar-se para a estrada.

— Por que? Acha que não sabe as músicas direito?

— Ah, eu sei lá... Eu... Acho que sei, sim, sei. E já estou com as partituras em braille também para checar, qualquer coisa, mas... Acho que nunca toquei na frente de tanta gente, ainda mais por tanto tempo. E meus colegas são tão talentosos, e...

— E você também.

— Você só acha isso porque é leigo. — Taehyung engoliu em seco. — Sei lá, eu posso ser confiante e irritante para caralho, mas às vezes... Meio que o que o senhor Lee diz é verdade. Eu sou um arrogante com problemas com normas, invento de inovar nas canções por pura preguiça de me adequar ao que me é imposto e só confio no meu ouvido absoluto ao invés de de fato trabalhar para merecer. — Jungkook suspirou.

— Você trás um toque pessoal lindo e especial que casa perfeitamente com a música.

— Música clássica não é sobre isso. — Taehyung entortou o nariz ao dizer as palavras, como se fosse algo que haviam o dito, e não uma fala própria. — Além de que eu sei que eventualmente vou quebrar a cara por conta dessas coisas, mas, porra, às vezes esqueço o que é exatamente para fazer. E eu não tenho meus olhos funcionais para simplesmente checar na partitura e seguir minha vida. É complicado. E eu ensaiei tanto essa semana que meus dedos estão doendo um pouco, mas ainda assim não parece o suficiente. Eu estou nervoso de errar em frente a todos, e estar nervoso só me deixa mais suscetível a erros. E eu não posso exatamente imaginar todo mundo pelado ou algo assim, posso? — Jungkook acabou por rir dessa última parte.

— Pode me imaginar pelado se quiser. — Jungkook brincou

— Oh, isso é reconfortante. — Taehyung riu.

— É sério, Tae. Você é brilhante. O senhor Lee é só um fodido invejoso por você ter tanta facilidade, tanto talento natural. Ainda mais levando em consideração que não pode olhar para as partituras enquanto toca. Você é fodão p'ra caralho, ele só fica intimidado em ter um gênio como aluno.

— Você é um filho da puta exagerado. — Taehyung riu, alto, no entanto seu tom de verde voltava a ficar mais claro e vibrante, então algo de certo Jungkook havia feito. — Onde está me levando de qualquer forma? Eu sei que estamos saindo da cidade pelo tempo, acho que entramos na rodovia pela quantidade de carros ao nosso redor.

— Você está correto.

— E então...? — Taehyung arqueou as sobrancelhas em dúvida.

— Então o que?

— Onde está me levando?

— Não te interessa. — respondeu simplesmente, dando de ombros. Kim exclamou exasperado.

— Ah, eu sabia! Bem que Yoongi-hyung tentou me avisar que você era maluco! — falou, dramaticamente.

— Sabia? Sabia o que? — Jungkook perguntou entre risadas.

— Ora, o óbvio! Me sequestrou e agora está se aproveitando do fato de que eu não posso ver para onde estamos indo para me levar para o meio do nada e me assassinar. — continuava, dramaticamente.

— Oh, fui descoberto! — Jungkook riu ainda mais em resposta. — Você é tão perspicaz, como pude achar que cairia no meu plano?

— Você tem razão, eu sou. — riu então. — Agora me diz onde estamos indo?

— Eu não, você entrou no carro porque quis. Culpa sua. — ele observou pelo espelho enquanto Taehyung se ajeitava no banco com um sorriso. — Não se preocupe, chegamos em mais ou menos duas horas.

— Duas horas? Então me trouxe numa roadtrip para que eu admire a vista, Kookie Olhos? Que atencioso! — perguntou brincalhão, se virando para encarar a estrada. — Mas que montanhas mais lindas!

— Taehyung, você está olhando para árvores. — respondeu entre pequenas risadas.

— Porra, jurava que você estava indo para o norte. — fez um biquinho então. — Não posso nem ganhar uma dicazinha?

— Não.

— Nem uma bem pequenininha? Bem pitica? — continuou com os pedidos, uma voz aguda que tornava seu verde um tanto puxado para o amarelo. Jungkook riu.

— Esquece, Kim.

— Poxa, hyung, eu achei que fosse um anjinho... Estou vendo que é o próprio diabo. — bufou pelo nariz, o que arrancou mais risadas de Jungkook. O rapaz então pendeu a cabeça para o lado, analisando as palavras. Abriu um sorriso faceiro por fim ao encontrar a resposta perfeita na mente.

— Cada um de nós, Tae, tem em si o céu e o inferno. — disse, e a expressão irritadiça de Taehyung tornou-se um sorriso do tamanho do mundo.

— Você leu "O Retrato de Dorian Gray"! — concluiu, estampando toda sua animação em explosões de verde que, Jungkook tinha de admitir, dificultaram um pouco sua visão da estrada.

— Hey, não soe tão surpreso, mocinho! — ele riu então, mais uma vez. — Era minha obrigação moral depois de ter me dado um presente tão bacana sem pedir nada em troca.

— Eu nunca pediria nada em troca.

— Isso não quer dizer que eu não daria. — Jungkook sorriu minimamente.

A viagem prosseguiu-se um tanto silenciosa por certo tempo.

— Então isso é sobre me dar algo em troca? — Taehyung perguntou, como se estivesse perdido em pensamentos.

— Talvez.

— Jungkook...

— Não exatamente. Não estou te agradando por conta de ter me agradado, mas possa ser que a inspiração surgiu daí.

— Eu disse que não gosto de presentes...

— Não é um presente. — Jungkook garantiu. — Além de que eu gosto do verde da sua voz quando você sorri. — aquilo foi o suficiente para arrancar um sorriso dele.

— Mano, tu é gay?

— Eu não, tu que deixa.

O resto do percurso foi dividido entre histórias de terror mal-contadas e gritos e danças mal-feitas com uma playlist que variava desde Tiny Dancer até 21 Guns. Taehyung deve confessar que quase mesmo se esquecia do fato de que supostamente teriam de chegar a algum lugar, fazer alguma coisa, cumprir um objetivo. Só estar no carro sozinho com Jungkook cantando Green Day a plenos pulmões já era o suficiente.

Eventualmente, no entanto, eles se afastaram da rodovia. Taehyung sabia disso, porque o carro não andava mais tão rápido, não haviam tantos sons ao redor. Ziguezaguearam por algumas ruas até que de fato estacionassem.

— Então chegamos na cabana no meio do nada em que vai se livrar do meu corpo?

— Claro. Me siga para encontrar o seu destino.

Não era exatamente necessário, mas Jungkook nunca soltava de seu braço quando estavam juntos. Taehyung comentava sobre algo que o fazia rir enquanto seguiam pela estreita calçada de concreto, logo atrás de sua confiável bengala branca de. Até que conseguiu raspá-la por uma superfície borrachosa que reconheceu como um piso tátil direcional que o instruía a seguir em frente.

— Certo, cabana do assassinato inclusiva e adaptada.

— Você me conhece, sou muito preocupado com acessibilidade. — brincou Jungkook, seguindo com Taehyung até a rampa que parava logo em frente a um par de portas automáticas, e logo estavam dentro do ambiente climatizado.

— Sua cabana do assassinato parece um shopping, hyung. — comentou Taehyung com um tom engraçado antes de seguir em frente, apenas parando quando sua bengala roçou pelo piso de alerta.

— Bem-vindos. Vocês vão comprar ingressos, ou...? — a atendente não conseguiu falar sua fala pré-ensaiada até o final.

— Eu fiz duas reservas. — Jungkook falou rapidamente. — Já estão pagas. No nome de Jeon Jungkook. — rapidamente retirou a carteira de identidade de dentro do bolso, entregando para a garota. Ela não demorou para devolvê-la junto com os dois ingressos.

— Aproveitem! — respondeu simpática, e então eles viraram à esquerda e seguiram com os passos ressoando, ainda por cima do piso tátil.

— Viemos para uma ópera? — perguntou Taehyung de fato curioso, Jungkook apenas riu.

— Cheque você mesmo. — e posicionou um dos ingressos em sua mão.

— Isso está em braille. — disse Taehyung, surpreso. Seu sorriso foi radiante quando rapidamente passou a ponta do indicador pela inscrição. — Não acredito...

— Pode acreditar.

"Museu dos Cegos da Coréia". — Taehyung não conteve as risadas que ressoaram. — Eu nem sabia que uma merda dessas existia!

— Eu... — ele pigarreou. — Você disse naquele dia que ajudaria se pudesse tocar em alguma coisa. E eu fiquei com isso na cabeça. Bem, arte é... É tudo para mim. E você não vê o ponto, e eu entendo que não veja, mas ainda assim queria te mostrar de alguma forma. Eu sei que é bobo, e entendo se achar uma perda de tempo, mas eu... Queria que gostasse, de alguma forma, porque você não deveria ser limitado de experienciar algo tão bonito e tão legal só por ser...

— Eu amei isso! — ele riu, de repente passando a mão que segurava o cotovelo de Jungkook para segurar na dele, e então a apertando. — Isso foi muito doce. Foi muito... Atencioso, da sua parte. Eu nunca nem ao menos pensei em pesquisar sobre nada disso, nunca pensei como algo relevante, e... Wow. É super bacana. Eu gostei, estou animado para conhecer sua arte. — Jungkook não pôde simplesmente conter o sorriso que inundou sua face.

— Eu espero que goste da minha arte, Tae.

— Eu vou amar qualquer coisa que vier de você. — e apertou a mão de Jeon novamente antes de voltar com os passos adiante.

O acervo do museu, embora muito bacana, não realmente era grande. Acessibilidade de fato não era pensada e trabalhada em áreas da arte. Taehyung parecia gostar de cada estação que adentrava, no entanto, e ria enquanto suas mãos percorriam o mármore de algumas estátuas que estavam por ali, e os visitantes eram encorajados a tocar. Jungkook tentou fazer o mesmo; fechar os olhos, sentir a arte do jeito que Kim sentia. Provavelmente não era a mesma coisa, porque aquele era o mundo de Taehyung, e Jungkook não realmente estava acostumado, mas ainda assim... Tentou se pôr em seu lugar. E era bacana, continuava sendo bacana.

O local era extremamente organizado. Jungkook notava que a trilha sonora ambiente e o material do chão mudava de sala para sala, para ajudar pessoas cegas a reconhecerem o ambiente que adentravam e diferenciar se já tinham passado por aquela parte ou não. Ele já havia lido aquilo na internet quando reservou os ingressos, mas sorriu ao chegar à conclusão que era verdade. As passadas soavam diferentes, Taehyung notou aquilo e comentou sobre para Jungkook antes mesmo que Jeon fosse capaz.

Havia uma área especial para monumentos; como a Torre Eiffel e a Estátua da Liberdade. Miniaturas feitas com o mesmo tipo de material utilizado na fabricação de cada um deles. Taehyung sorriu, confessou o fato de que não fazia a mínima ideia de como o Cristo Redentor era, e que gostava da sensação daquele tipo de rocha contra a ponta dos seus dedos provocava.

Em seguida; maquetes. Maquetes de mapas da Coréia em alto relevo, e de cidades como Londres e a Antiga Jerusalém, ou Roma. Kim ouvia atentamente quando a voz robótica anunciava qual rua era a que ele tocava naquele momento, mesmo que o rapaz pudesse ler perfeitamente a inscrição em braille.

Foi aí que vieram as pinturas em alto relevo; e, nossa, foi a parte preferida de Taehyung, Jungkook tinha certeza. Eles ficaram uma boa parte da tarde explorando todos os quadros possíveis. Haviam diferentes texturas, diferentes gramaturas, diferentes cheiros. Taehyung parecia de fato tão envolvido que não notava Jungkook ali, ou as horas se passando. Ele apenas descobria esse mundo novo que ficara escondido bem abaixo de seu nariz esse tempo todo. Então ficava feliz.

Por fim, a última área era dedicada às réplicas de dez das mais famosas pinturas da história, mas feitas em alto relevo e com texturas diferentes.

— Então esse é o sorriso da Mona Lisa? — Taehyung passeava com os dedos bem aonde os lábios da mulher de olhar místico estavam. Era maluco para Jungkook pensar que ele nunca tivera ideia de como era, por todos esses anos.

— Sim. Esse mesmo. — Taehyung se demorou por ele por mais vários segundos.

— Esse mundo 2D é mesmo doido. — riu, prosseguindo para o próximo quadro.

— Por que você acha?

— É tipo te mandar pensar como é ser cego. Não tem como explicar... Eu só conheço o que é profundo, palpável. — Kim focava nas bordas. — Eu não tenho nenhuma mínima ideia de como é, e você não tem também como explicar. É uma coisa bem maravilhosa que vocês conseguem fazer com essas duas bolinhas na cara, olhar para um quadro. Ou para alguém. Ou, sei lá, chegar num lugar, ver a placa de onde é o banheiro sem ter que sair perguntando. — ele riu dessa última parte, e Jungkook o acompanhou.

— Eu...

— Não diga que sente muito e estrague, hyung. — Taehyung o mostrou a língua. — Eu gosto de ser do jeitinho que eu sou. Além de que visão é superestimada! Eu já tenho o que preciso para me virar, poder ver seria informação demais. — Jungkook sorriu de lado, e seguiu com ele para o próximo quadro.

— Você seria poderoso demais.

— Exatamente. Eu dominaria o mundo. Ninguém nasce digno de tamanha grandeza. — brincou. — Mas, de qualquer forma, estou gostando de ter uma ideia... Disso tudo. É bacana, de verdade, eu estou só... — ele se tornou para Jungkook, totalmente. — Desculpe por te zoar com seus pincéis inúteis.

— Não tem porque se desculpar. — riu.

— Mas é sério. É... É lindo. Eu posso não ter de fato um conceito e uma ideia de um mundo 2D, mas isso é o mais aproximado possível, e é realmente legal. Obrigado por ter me trazido aqui, Kookie Olhos. — sorriu para ele antes de segurar sua mão mais uma vez, entrelaçando seus dedos nos dele. Os dois permaneceram quietos por alguns segundos, apenas acariciando a palma um do outro, os rostos próximos. — Acha que já é o suficiente por hoje, caro guia?

— Na verdade, tem só mais um quadro. E eu queria que visse esse.

Eles caminharam até o fim da sala, aonde o último quadro estava exposto. Taehyung tateou até achar sua moldura, então passeou com o dedo indicador pela inscrição.

— "Noite Estrelada"? — questionou, Jungkook apenas murmurou um "uhum" em resposta. Taehyung posicionou os dedos sobre o quadro então. — O que estou olhando?

— Uma noite estrelada. — Jeon rebateu, Kim o mostrou a língua.

— Você me entendeu, seu fodido. — Jungkook aproximou-se então, pousando a própria mão bem atrás da de Taehyung.

— Essas são casas e uma igreja, à distância. — disse, próximo a seu ouvido. Pressionou os dedos de Taehyung contra a tela para que ele pudesse sentir o contorno destas. — E aqui, mais para cima, são colinas. E mais para o lado, o topo de uma árvore, porque teoricamente estamos vendo do ponto de vista de uma janela. — Jungkook pacientemente guiava a mão de Taehyung e o deixava estudar o quanto quisesse antes de reposicionar novamente. Devia confessar que gostava daquela proximidade, sentir o calor que irradiava de sua pele. Taehyung fechava os olhos e relaxava com o cheiro de lavanda de Jungkook, pela primeira vez desconcentrando-se de sua tarefa. — E estas são as estrelas.

Kim soltou uma risadinha quando tocou nas estrelas. A textura era um tanto grosseira, e de fato o lembrava grossas camadas de tinta seca, mas foi legal... De sentir. Ele passou um bom tempo contornando as espirais.

— Achei que estrelas eram só pequenos pontos.

— E são, mas arte não segue regras assim. Você pode pintar do jeito que quiser. Ele era pós-impressionista, é comum ressaltar... Coisas que nos chamam a atenção. Que nos deixam maravilhados, sabe? Não era para parecer realista, era tornar a pintura como uma obra-prima, não um retrato. A arte é a arte por si só. É sobre ser livre, sem se preocupar com regras. É sobre luz, movimento, cores, vida... Por isso essas espirais, vem de pinceladas mais livres e frouxas

— Eu gosto das espirais. — Taehyung sorriu, seguindo as mesmas com a mão.

— Além disso... Acredita-se que Van Gogh era sinestésico. — Kim parou onde estava. Ele demorou para falar qualquer coisa.

— Você vê o mundo desse jeito, Kookie?

— Também. Às vezes. Depende. — Taehyung segurou sua mão então.

— É lindo. Eu gostei. — sorriu para ele. — É o meu quadro preferido do dia.

Jungkook o sorriu de volta, tocado e comovido pela forma afetuosa que as palavras foram proferidas.

— Sabe, Taehyungie... — o respondeu. — Eu também gosto bastante dele.

Os dois garotos seguiram para a lojinha de presentes ao final do passeio, e Jungkook afirmou que não iria demorar antes de deixar Taehyung manuseando cuidadosamente pequenas réplicas de esculturas. Ele rapidamente se direcionou para o caixa após achar um pacote com diversas tintas de texturas diferentes, pensando que queria as levar para casa e pintar algo especial para Taehyung ter, poder passar os dedos por. Levou também um livro sobre pintura em alto relevo.

Estava prestes a ir embora quando notou os quadros dispostos por trás do balcão; mini cópias das réplicas dos quadros famosos em alto relevo. Jungkook simplesmente teve que levar um, um pequeno sorriso ladino enquanto esperava que Taehyung não brigasse por não gostar de presentes.

Seguiu com o rapaz para o carro então, e assim que adentraram o mesmo, Jungkook tocou seu braço suavemente.

— Promete não me matar?

— O que foi? Eu tava o tempo todo andando por aí com a calça furada ou algo assim? — Jungkook riu da pergunta, negou com a cabeça.

— Não... — respirou fundo. — Huh, Tae, eu usei do meu dinheiro para adquirir um item para ti.

— Você me comprou um presente? — Taehyung franziu o cenho, parecendo chateado. — Hyung... Não precisava gastar dinheiro comigo, eu sei o quanto essas lojinhas são caras, e...

— Não é um presente! — disse rapidamente, tirando de dentro do saco o pequeno quadro e então posicionando no colo dele. — É só...

— Um presente. — Taehyung contestou, ironicamente.

— Não. É só um quadro. Eu sou um artista, te dar um quadro não é considerado presente. — sorriu, vitorioso, enquanto Taehyung o mostrava a língua e dizia que aquilo não fazia sentido.

No entanto, sua expressão suavizou a passar os dedos pelo quadro. Jungkook sorriu ainda mais; Taehyung o reconhecia.

— Você me comprou "Noite Estrelada"?

— Você gostou do jeito que eu vejo o mundo, certo? Queria que pudesse ter esse jeito sempre. — disse enquanto tirava uma mecha do cabelo que caía por cima de seu rosto. Taehyung engoliu em seco, e não disse nada, fechando os olhos por alguns segundos enquanto sentia sua pele. — Você gostou, não foi?

— Cala a boca. — respondeu, assumindo uma fingida expressão carrancuda. Seu tom verde estava claro e brilhante, o que contrastava com as palavras duras. — Odiei, mas... Obrigado. — Jungkook recolheu a mão então.

— De nada.

— Nunca mais me dê um presente se não quiser morrer. — Jungkook não conteve o riso.

— Entendido, capitão. — ele ligou o motor então. — Está com fome? Eu estou. Que tal comermos em...?

— Vamos em algum McDonald's da estrada. Batata frita e milk-shake. Eu pago. — disse Taehyung, encostando-se no vidro enquanto parecia suprimir um sorriso.

— Eu que te chamei para vir, eu que tenho que pa...

— Não está em discussão, hyung. Agora dirija, lacaio! — o mostrou a língua. Jungkook não pôde fazer nada senão rir.

— Entendido, capitão. — disse mais uma vez antes de pisar no acelerador.

Eles permaneceram calados naquele momento, mas era um silêncio confortável. Taehyung parecia disposto a decorar cada centímetro do quadro, e Jungkook podia ver por sua visão periférica o rapaz sorrir enquanto percorria as espirais com as pontas dos dedos. Jungkook tinha certeza; ele podia falar o que quisesse, mas havia gostado do presente.

Os dois passaram pelo drive-thru do McDonald's então, e adquiriram seus lanches. Taehyung o deu um beliscão quando Jungkook fez menção de pegar a própria carteira. Jungkook então ligou o carro, e em poucos segundos já dirigia pelas estradas adentrando uma parte mais rural.

— Não estamos na rodovia. — Taehyung apontou.

— Sim.

— Tudo cheira a grama. Agora sim estamos indo para a cabana do assassinato? — Jungkook riu.

— Lugar nenhum em específico. Só, sei lá, para pararmos e... Comermos nosso lanche. A não ser que já queira que eu te leve p'ra casa?

— Não. — Taehyung não hesitou em responder. — Eu gosto de ir para lugar nenhum contigo. — o sorriu minimamente então, e aquilo foi o suficiente para que Jungkook continuasse dirigindo.

Não estavam muito campo a dentro quando Jungkook resolveu estacionar. Era um local bacana, a grama que crescia estava bem aparada, haviam margaridas selvagens por todos os lados.

— Vamos sentar no capô. — Jungkook disse, já segurando em sua mão para auxiliá-lo a subir.

— A gente não vai, tipo, amassar tudo?

— Nah. É um carro velho. — depois de ter certeza que Taehyung estava seguro por lá, Jungkook deixou o saco com as batatas para que ele começasse a comer. Adentrou o carro novamente, e ligou o som no volume máximo após plugar seu pen-drive.

"Cores, por Cristina Rossetti." uma voz feminina ressoou pelo som do carro. Jungkook se levantou então, sorrindo ao se deparar com a expressão interessada de Taehyung. "O que é rosa? uma rosa é rosa/À beira de uma fonte./O que é vermelho? Uma papoila vermelha/Em sua cama de cevada."

— Você colocou um audiolivro de poemas sobre cores?

"O que é azul? O céu é azul/ Por onde as nuvens flutuam./O que é branco? Um cisne é branco/Navegando pela luz."

— Não é bem um audiolivro, é mais uma coletânea que eu mesmo fiz. — disse Jeon, sentando-se ao lado de onde Kim estava e roubando uma batata de entre seus dedos.

"O que é amarelo? As peras são amarelas,/Rico, maduro e suave./O que é verde? A grama é verde,/Com pequenas flores no meio."

— Eu não sei, eu... Vim lendo bastante sobre. Porque você gosta de literatura, e eu não soube te explicar, certo? Eu não tinha palavras. Achei que os poetas teriam. Não sei, achei que gostaria. Desculpe se...

— Eu amei. — Taehyung respondeu prontamente, com um sorriso ladino.

"O que é violeta? Nuvens são violetas/Em crepúsculos do verão./O que é laranja? Ora, uma laranja,/Apenas uma laranja!"

Taehyung sorriu ao final do poema.

— Uma laranja é apenas uma laranja. — concluiu. — Essa vai ser fácil de lembrar.

Eles continuaram por um bom tempo deitados onde estavam, apenas ouvindo o som do carro e as poesias enquanto saboreavam as batatas e milk-shake. Haviam algumas maiores que outras, Taehyung parecia se deleitar por todas.

"Qual é a cor do amor?, por Joan Walsh Anglund"

— Oh, eu conheço esse. — disse Kim, até mesmo recitando. — "A maçã é vermelha,/O sol é amarelo,/O céu é azul,/A folha é verde,/A nuvem é branca... E a terra é marrom./E, se te perguntasse, serias capaz de dizer.../Qual é a cor do amor?"

— Você realmente é um exibido. — Jungkook brincou, Taehyung o mostrou a língua.

— Eu só gosto dessa moça. Ela publicava lá para os anos sessenta, eu acho. — explicou, os olhos cerrados. — O meu favorito é: "Um pássaro não canta porque tem respostas. Ele canta porque tem uma canção."

— É bonito.

— Esse poema é mais sobre racismo que sobre cores, para falar a verdade. O que você trouxe, quero dizer. — ele pigarreou. — Ela fala que os pássaros e as flores têm cores diferentes e vivem felizes juntos, por que pessoas com cores diferentes não poderiam? Parece bobinho, mas é legal. Ela é autora de livros infantis, na verdade, então...

— É um poema para crianças?

— Sim. Da década de sessenta. Escandaloso. — Taehyung riu minimamente, antes de se aproximar um pouco. — Qual a cor do amor?

— Huh?

— Ela perguntou qual a cor do amor, certo? Qual a cor do amor, Kookie Olhos? — Jungkook demorou para responder, encarando aquele rosto tão próximo ao seu. Os traços perfeitos, tão atraentes que pareciam ter sido esculpidos por deuses.

— As pessoas dizem que é vermelho. Vermelho vivo. — Taehyung ajeitou-se no assento, colocando a mão por de trás da cabeça.

— Descreva p'ra mim.

— Vermelho vivo, é... — pigarreou. — Tem gosto de morango. E daquele momento que seu coração está na sua garganta, aquele sentimento que você tem quando sorri logo antes de... — ele parou a si mesmo. — Logo antes de beijar a pessoa que você gosta.

— Vermelho parece legal. — Taehyung disse, tateando o lado de seu corpo até segurar a mão de Jungkook. — É sua cor preferida?

— Não...

— Qual é sua cor preferida então, hyung? — perguntou enquanto brincava com seus dedos. Jungkook não precisou de muito tempo para responder; não vendo seus olhos, e as cores que sua voz provocava dançando ao redor dele.

— Verde. — respondeu, com precisão. — Os sons mais bonitos do mundo são verdes.

— Como é o verde? — Taehyung perguntou novamente, e naquela hora Jungkook teve de parar um tanto.

Ele olhou ao redor, toda a vegetação que estava por lá. Então se pôs de pé.

— Desça aqui, eu te mostro. — sorriu de lado, e logo auxiliou Taehyung a sair do capô e então sentar-se sobre a relva.

— Eu sei que a grama é verde. — ele declarou. — Os básicos ficam, sabe? A grama verde, o céu azul, a Sharpay é rosa...

— Deixa de ser chato, e presta atenção... — Jungkook riu enquanto Taehyung o mostrava a língua, então segurou sua mão e a pousou na grama. — Isso é verde. Verde cheira a grama. Verde é... É energia. É lindo. Verde é sobre... — Jeon parou então, tentando pôr seus pensamentos em palavras. — É o sentimento de estar conectado. O sentimento de que todas as coisas no mundo estão vivas, e respirando, e você é parte disso tudo.

— Conexão. — Taehyung disse então, respirando fundo como se para sentir o cheiro de forma diferente. Então sorriu, e pensou que verde era muito mais familiar do que achou que seria. — E essas flores? — perguntou, ao passar os dedos pelas pétalas de uma das pequenas margaridas que cobriam todo o campo.

— São brancas. — ele então pegou um punhado das mesmas, começando a posicioná-las pelo cabelo de Taehyung, que apenas riu quando notou o que Jeon fazia. — E branco é... Luz. É pureza. É quando você... Quando você vem estando triste há um tempo por algo e então finalmente percebe que tudo vai ficar bem, quando você se vê... Quando percebe que superou algo. Acho que isso é branco, toda essa... Serenidade.

— Não é ardente como vermelho.

— Não, não, longe disso. — Jungkook sorriu então, e o observou deitar-se sobre a relva, e ficar perfeitamente parado enquanto voltava a ouvir os poemas que se passavam.

Jungkook não conseguiu se conter, ao ver aquela cena. Seu coração se derretia, o afeto o queimava por completo. Taehyung era a coisa mais linda a pisar naquela terra, ele tinha certeza disso, e era uma ironia pensar que o rapaz não tinha nem ao menos ideia disso. Ele não se importava, de qualquer forma, e isso o deixava ainda mais bonito, para falar a verdade.

Jungkook tirou uma foto com o celular, e Taehyung o mostrou um sorriso convencido ao ouvir o barulho da câmera, mas aquilo não foi o suficiente para tirar sua atenção das palavras faladas pelo rádio. Jungkook então puxou seu fiel sketchbook, sempre enfiado nas profundezas de sua mochila, e pôs-se a desenhá-lo. Não era o maior gênio quando se tratavam de traços mais realistas, mas o resultado estava saindo muito bom. Era difícil não sair com um modelo como Taehyung, decerto.

"Quando Deus fez todas as coisas/Fico feliz por ele ter tido muito azul;/Um enorme e belo céu azul para todo o mundo/E olhos como os seus para ti."

— Esse é tão bonito... — Taehyung disse, chamando a atenção do artista, que pôs o desenho de lado. Preferia aproveitar aquele momento que continuar desenhando, então se aproximou.

— Realmente é.

— Eu sempre achei que azul fosse uma cor triste. — confessou.

— Azul pode ser sim triste, mas reconfortante. — deitou-se ao seu lado, e segurou na mão de Taehyung ao notar que havia uma margarida por lá. A acariciou levemente, passeando com o dedo por toda sua palma. — É algo mais... Nostálgico, acho. Ele pode trazer paz, mas pode trazer dor também. — ele virou-se para encarar os olhos cinzentos de Taehyung, que se movimentavam levemente enquanto o garoto pensava. — Mas a tranquilidade do azul é boa. O vento contra sua pele, é azul. E a água gelada quando entramos no mar. E o cheiro de maresia também. — Taehyung sorriu então. E aproximou-se o suficiente para encostar a cabeça no tronco de Jeon, se aninhando por lá. Abraçou-o, permitindo-se a sentir o calor de seu corpo.

— E roxo?

— Roxo tem cheiro de Lavanda. — Jungkook começou a explicar, observando o sorriso de Taehyung aumentar.

— Você cheira roxo? — Jeon riu minimamente, antes de acariciar o cabelo do rapaz. Então Taehyung escalou, aproximando-se mais de seu rosto. Começou a colocar flores pelo cabelo de Jungkook, assim como ele havia feito consigo.

— Acho que roxo tem um misto maior. Quando é mais claro é algo... É como casa, sabe? Memórias de infância. É algo acolhedor. Quando é mais puxado para o vermelho é uma cor intensa, e um pouco triste. Acho. É a cor do vinho, tem um gosto amargo, mas te faz sentir quente.

— Profundo. — Taehyung sorriu ladino, e então voltou a aninhar-se no peito de Jungkook. — Qual a cor mais mal-compreendida?

"Menos usa a natureza o Amarelo, por Emilly Dickinson" a voz anunciou.

— Preto. — Jungkook disse.

"Menos usa a Natureza o Amarelo/Do que qualquer outra cor"

— Por que?

"Guarda-o todo para o pôr-do-Sol/Extravaga-se de Azul"

— Sempre associam com coisas ruins, sombrias. Eu acho preto bonito. Bonito para caralho, como um canto de Melro-preto. Ou como o seu cabelo. — Taehyung sorriu.

— Você é um fofo, hyung.

"Como a Mulher, que esbanja Carmesim/Porém, mantém o Amarelo bem guardado/Tão escasso e tão seleto/Como as Palavras do Amado"

Taehyung sorriu um tanto quando ouviu o final do poema, e Jungkook estava tão próximo dele que pôde ver tudo com grandes detalhes por trás dos óculos de aros que usava. O puxou para mais perto de si, levemente, e acariciou sua cintura.

— Eu acho que gosto de amarelo. Como é o amarelo, Kookie?

— O calor do sol na sua pele... — sussurrou, próximo ao ouvido dele. Àquele ponto o sol já baixava, mas era um dia quente, e Jungkook ainda podia sentir. — O próprio sol, na verdade. Radiante. Amarelo é cheio de energia. É alegria, sabe? É uma cor de fato alegre. Não acho que seja cheia de facetas como as outras, é só genuinamente... Amarelo. — Jungkook sentiu Kim sorrir contra seu braço.

— Você parece ser feito de amarelo para mim. — ele disse, virando-se para ficar de frente para Jeon, deitado logo ao seu lado. Então o puxou para próximo, passando a mão pelos fios do rapaz logo à frente de seu rosto. Naquele ponto, os áudios de leitura de poesias chegavam ao fim, e os dois rapazes podiam ouvir o início de alguma música mais calma. Taehyung reconheceu como "Blue", do Troye Sivan, e se perguntou se Jungkook fez de propósito para o dia todo ser sobre o maravilhoso mundo das formas e cores. Jungkook abriu seus olhos ao reconhecê-la, para ver as cores características que o invadiam sempre; um misto de laranja, rosa-choque e, é claro, azul. Os fechou novamente ao sentir a carícia de Taehyung.

— Isso é bom?

— Sim. Eu já disse, gosto de amarelo... — Taehyung então jogou seus cabelos para trás. — Seu cabelo é amarelo, hyung?

— Não... — Jungkook sorriu, sem de fato abrir os olhos. — Ele já foi, na verdade. Agora ele é... É difícil de definir, então digamos laranja.

— Uma laranja é só uma laranja... — Taehyung repetiu, deixando o toque mais suave enquanto inspirava profundamente, e o cheiro de Jungkook era tudo que podia e queria sentir; a alfazema, e também o shampoo com um leve cheiro de bebê que parecia se intensificar à medida que os dedos de Taehyung passeavam pelas mechas macias.

Então ele desceu levemente, acariciando a pele de sua bochecha. Parou um pouco por lá, respirando fundo. Sentiu-se nervoso, sentiu o fluxo de sangue chegando mais forte à própria cabeça. Taehyung geralmente achava muito íntimo, poder sentir o rosto de uma pessoa, e evitava de fazê-lo, porque era isso o mais perto que ele tinha de de fato enxergar alguém. Provavelmente era um pouco bobo, mas sempre se sentia um tanto invasivo, como se estivesse desvendando seus segredos. Paradoxalmente todos conheciam seu rosto, e faziam pouco caso com toda aquela informação confidencial tão simples e supérflua para pessoas que podiam ver. Ele queria sentir Jungkook, no entanto, esperava que ele não se importasse.

Posicionou o dedo indicador bem no meio de sua testa, e o desceu vagarosamente, como analisasse uma das peças de arte no museu. Jungkook sorriu ao notar o que ele fazia, e apenas o permitiu, retirando o óculos de aros que usava e apertando sua cintura com mais afinco como se para o dar certeza que poderia continuar com aquilo.

— Eu gosto da sua pele. — Taehyung sussurrou, e então contornou todo o nariz de Jeon, rindo minimamente próximo ao ouvido dele. — Você tem um nariz pequenininho de coelhinho.

— Hey... Meu nariz é de um tamanho perfeitamente aceitável. Você deveria ver o do Jimin. — Taehyung riu mais um pouco, enterrando o próprio rosto na curva do pescoço de Jeon enquanto percorria todo o nariz, o pinçando com sua mão. Moveu-se para o lado, logo após, explorando sua bochecha logo antes de acariciá-la e subir com a mão até tocar as sobrancelhas.

— Qual a cor de suas sobrancelhas?

— Elas são como o meu cabelo.

— Laranja. — Taehyung se recobrou, descendo levemente até tocar em seu olho, o contornando. — Seus olhos são grandes. — disse então, os tocando tão suavemente que seus dedos pareciam mais com plumas. — Qual a cor deles?

— Acho que... Castanho. Marrom, quero dizer. Como chocolate. — Taehyung sorriu.

— Gostoso. — disse, se inclinando para beijar delicadamente sobre a pálpebra. Jungkook riu, segurando nos fios de Kim quando o garoto voltou a esconder o rosto por seu pescoço. O sentiu aspirar seu cheiro novamente, e deve confessar que aquilo o fez arrepiar um pouco. — Você é todo doce. Seu cabelo é laranja, seu olho é chocolate... — Taehyung já descia com os dedos novamente para explorar a parte mais inferior; o ângulo da mandíbula, o queixo... — E quanto aos seus lábios, Kookie? — perguntou de uma forma mais serena, Jungkook abriu os olhos naquele momento e tudo que podia ver era o claro, intenso e envolvente verde da voz de Taehyung. Sentiu a ponta dos dedos tocando seu lábio inferior. — Qual a cor deles?

Jungkook não ia conseguir mais.

Ele se virou, ignorando totalmente a pergunta, quebrando o contato que o corpo quente de Taehyung tinha com o dele. Então segurou em seu rosto, e acariciou a pele oliva e macia logo em sua mandíbula, e observou com todo o amor que tinha dentro de si os olhos cinzentos que se encontravam entreabertos, e era quase como se Taehyung visse sua alma naquele momento.

— Vermelho. — Taehyung o disse. O momento logo antes de beijar alguém que você gosta.

E Jungkook o beijou.

E, sinceramente, aquele beijo comprovava as palavras de Oscar Wilde; era bom como o céu, era quente como o inferno. Jungkook o beijava como se Taehyung fosse o começo e o fim de todas as coisas, e a recíproca era verdadeira. Na verdade, para Kim aquilo parecia ainda mais potencializado, principalmente quando Jeon posicionou-se acima dele, e Taehyung pareceu ter perdido qualquer tipo de controle sobre qualquer célula do seu corpo. Tudo que sentia era o corpo de Jungkook, o apertando, o envolvendo, o aquecendo com seu calor. Calor esse amarelo, como o sol.

E o beijo tinha gosto de milk-shake de morango, morango vermelho. E qualquer cheiro que Taehyung sentia era o roxo, de Lavanda. E eles estavam tão próximos, que viravam uma coisa só. Conectados. Como verde. Kim segurava seu rosto e intensificava o choque de seus lábios nos dele, e amou tanto aquele momento que já sentia saudades. Uma nostalgia azul.

Era tudo tão intenso, tão explosivo, e ao mesmo tempo tão carinhoso. Era apenas um contraste de sensações maravilhosas que o envolviam dos pés à cabeça e o fazia tremer, e ele agarrava à sua camiseta e o puxava mais para si, porque mesmo que fosse demais ainda não era o suficiente. Ele não achava que um dia haveria o suficiente de Jungkook.

O beijo era tão bom, tão bom que Jungkook poderia até chorar pensando em todas as oportunidades passadas em que poderia ter beijado Taehyung e postergou. No entanto, ao mesmo tempo pensava que cada segundo de espera valera totalmente à pena.

Jungkook poderia ter esperado a vida toda, e ainda assim valeria à pena.

Todas aquelas sensações eram mais do que ele se lembrava ter sentido durante toda sua vida, combinadas. E ele não estava disposto a deixar ir, e nem Taehyung parecia. Mesmo que mantivessem algo respeitoso – Jungkook apertava sua cintura, apenas, e Taehyung puxava seu cabelo ou sua roupa. –, ainda era mais intenso e íntimo que qualquer beijo que veio antes em suas vidas inteiras. Jungkook tinha de confessar que o desejo estava presente, e ardente, e ele pousava a mão em seu pescoço, e pensava em marcar aquela pele dourada com os próprios lábios, e morder sua orelha, e os sons que Taehyung produzia... Porra, ele poderia ir à loucura, mas ele não queria acelerar nada.

Ele estava beijando Kim Taehyung, e era a melhor coisa que ele já tinha feito em sua vida toda. Jungkook estava feliz, e amarelo.

Quando parecia prestes a perder o ar, a ser obrigado a parar, o outro apertava mais o seu rosto, e o enchia de selinhos, e devorava seus lábios mais uma vez, não disposto nem forte o suficiente para perder o contato. Dois ímãs, quase. Estar longe um do outro não parecia certo, nem sano.

— Tae... — Jungkook murmurou, os olhos fechados enquanto ainda mantinha as bochechas de Taehyung entre suas mãos, as testas grudadas. Não era um vocativo, não era nada, ele só precisava... Dizer seu nome. Como uma prece. Tornar aquilo real, de alguma forma. Seu corpo estava entorpecido o suficiente para que toda a experiência parecesse um sonho.

Taehyung respirava profundamente, tentando recuperar todo o ar. Todo o ar azul que o faltava. E seus lábios estavam dormentes, e provavelmente vermelhos. Todo o beijo havia sido vermelho. E Taehyung não parava de acariciar o cabelo de Jungkook nem por um segundo. Não respondeu, porque não sabia o que dizer. Seu cérebro havia derretido, seus membros virado geléia. Ele pensava que estava tão vulnerável somente com aquele beijo que era ridículo, provavelmente Jungkook poderia o pedir o mundo e ele o daria.

Poderia pedir qualquer coisa, e Taehyung o faria. Tudo que ele quisesse. Será que Jungkook sabia daquilo?

— Kookie... — respondeu por fim, a voz um pouco mais forte. Jungkook inclinou seu queixo para cima levemente, e pôde o ver se derreter e fechar os olhos novamente, ansiando por outro beijo. Aquilo o fez rir minimamente, e só deixar um selinho.

— Está quase escuro. — Jungkook apontou.

Taehyung suspirou, encolhendo-se um pouco. Então abraçou-o com mais afinco por alguns segundos.

— Devíamos ir... — Taehyung disse por fim, soltando do abraço. Jungkook suspirou, ficando no chão, colocando os óculos novamente, o observando levantar-se. Tudo ao redor deles estava verde como a voz de Taehyung, quebrado apenas por alguns mínimos pontos multicoloridos por causa das várias outras sensações. Jungkook ainda podia sentir a mão dele em seu cabelo, a cintura dele na ponta de seus dedos...

— Eu não queria que esse momento acabasse. — disse Jungkook, obstinado. Teimosamente sentado onde estava enquanto Taehyung se apoiava contra o carro e cruzava os braços, tentando de alguma forma fazer com que aquilo não chegasse ao fim.

Sorrindo enquanto o via sorrir, e via seu rosto vermelho e lábios levemente inchados, e pensava que tinha sido a causa. O via tão, tão bonito daquele jeito, e só queria guardar cada mínimo detalhe para sempre em sua memória. Aquela doce criatura – aquele conjunto de tudo que há de bom no mundo. – havia o beijado naquela tarde. O beijado até que seus lábios explodissem. Aquilo era surreal.

Então Taehyung retornou, segurando-se em seus braços, e Jungkook o auxiliou para sentar-se ao seu lado novamente. Ele prontamente acariciou o rosto de Jungkook, e beijou sua bochecha carinhosamente.

— Há coisas que são preciosas por não durarem. — disse por fim, deixando mais um selinho em seus lábios.

— "O Retrato de Dorian Gray." — sussurrou Jungkook, logo suspirando.

— Vamos... Você ainda tem uma longa estrada pela frente. A não ser que queira que eu vá dirigindo.

— Eu te confiaria com minha vida, mas não com meu carro. — rebateu Jungkook, o fazendo rir. Então o puxou para perto de si pela cintura, e encheu seus lábios e pescoço de beijinhos, o que o arrancava risadinhas. Deus, que risadinhas lindas. — Vamos... — deu-se por vencido, se pondo de pé e auxiliando Taehyung a se levantar também.

— Vamos...

O caminho de volta foi preenchido praticamente em seu total pela música do rádio, mas isso não era algo ruim. Nem de longe.

Jungkook tinha a mão na coxa de Taehyung, apenas tirando quando precisava trocar a marcha e então pousando lá novamente, obstinado a não movê-la, como se aquilo fosse garantir que mesmo que o momento houvesse acabado, Taehyung ainda continuaria sendo dele. Como se aquilo o fosse marcar e o fazer ficar para sempre daquele mesmo jeito. O rapaz não parecia se incomodar, e acariciava as costas da sua mão enquanto o carro seguia. As luzes da cidade estavam mais fortes e felizes para Jungkook agora que seu coração finalmente parecia cheio.

...

gostaram nenes??? por favor feedback eh importante amo vcs

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