⋆ Tudo está perfeito. ⋆
— Ela é tão linda — falo pegando na mãozinha de minha filha.
— Nossa pequena Mary — Peter diz carinhosamente acariciando os fios ruivos dela, a qual dormia em seu berço.
Apesar do cabelo ruivo, seus olhos eram castanho e pequenos que nem os do pai, assim como seu narizinho. Já a boca era parecida com a minha. Ela era perfeita.
— Dá pra acreditar que fomos nós que fizemos esse serzinho? — questiono boba com o jeito que ela repousava.
— Com uma mãe perfeita, dá sim.
Sorrio a ele, que chega mais perto e beija calmamente meus lábios.
— Ei, é minha vez de ficar com ela! — ouço Harry sussurrar entrando no quarto.
Rio levemente e saio de mãos dadas com Peter, antes de dar um beijo na bochecha de meu melhor amigo. Ele realmente era um padrinho coruja, não desgrudou de Mary desde que ela nasceu, há 5 meses.
Não demorou muito para que eu e Peter comprássemos nossa própria casa. Eu já vinha economizando um dinheiro. Então, Peter e eu finalmente nos mudados juntos e mobiliamos nosso lar, junto com a ajuda de May e meu pai, que haviam começado a namorar há algum tempo.
Tudo estava mais do que perfeito. Eu tinha uma filha linda, um companheiro perfeito, os melhores amigos do mundo e a melhor família também. Mamãe e Nash haviam se mudado para a mesma rua em que Peter e eu morávamos, eles sempre estavam ali em casa. Nunca pensei que teria uma vida tão incrível.
⋆ Eu perdi tudo. ⋆
3 anos depois.
— Amor, você viu onde eu coloquei o vestido novo da Mary? — indago indo até a sala.
No entanto, me deparo com Tony, Stephen e Bruce, o qual estava sumido há tempos, além de Peter, que estava sentado no sofá.
— Bruce?! — exclamo surpresa. Corro até ele e o abraço apertado. — Senti sua falta, grandão.
— Também senti sua falta — afaga minhas costas.
— Onde você esteve? — questiono curiosa.
— Eu gostaria de poder contar tudo à você, mas não temos tempo — ele parece extremamente preocupado e ansioso.
— O que houve?
— O universo está sendo ameaçado por um titã — Stephen responde, ele estava apreensivo.
— Thanos, o nome dele é Thanos! Ele matou o Thor e-
— O QUÊ?! — meus olhos logo lacrimejam e Peter me abraça de lado.
— Sim, ele não vai parar até matar metade do universo — Bruce se aproxima mais de mim, olhando em meus olhos. — Nós precisamos de toda ajuda possível.
Eu ainda digeria o que Bruce acabara de falar, contudo, balanço a cabeça positivamente.
[...]
— Promete que vai se cuidar? — seguro o rosto de Peter entre minhas mãos e ele rodeia seus braços em volta da minha cintura.
Nós já estávamos com nossos trajes de batalha. Peter iria com Tony e Stephen até o planeta onde Thanos morava. Eu achava uma péssima ideia, mas isso está muito além do que acho ou deixo de achar.
Mary estava com minha mãe e meu pai e eu sabia que eles iriam cuidar muito bem dela enquanto nós estivéssemos fora.
— Eu prometo, meu amor — ele beija minha testa. — Eu irei voltar para você e para Mary!
— Eu te amo — encaro profundamente seus olhos.
— Eu também te amo — sela nossos lábios.
Meu coração aperta vendo Peter se afastar, mas eu também tenho que ir a um lugar: Wakanda. Esperavam por mim.
Por isso, entro no portal que Stephen havia aberto e sou barrada por diversos soldados, os quais apontam lanças a mim.
— Mas que p-
— Está tudo bem, ela é nossa amiga! — escuto uma voz familiar e me viro. — Seja bem-vinda, Ana!
— Steve! Quanto tempo! — abraço o loiro, que me pega pela cintura, fazendo meus pés saírem do chão.
— É bom te ver!
— É bom te ver também, apesar das circunstâncias — sua face, antes feliz, se conrorce em aflição.
— Ei, não vai me dar oi também, boneca? — reviro os olhos e abraço Bucky, o qual parecia muito melhor do que alguns anos atrás.
— Também senti sua falta, cabeludo! — ele ri afagando meu cabelo. Solto-o e abraço apertado o homem negro a minha frente. — Rhodes! Faz tempo que você não aparece lá em casa.
— Infelizmente ando tendo muito trabalho! —ele sorri.
Por fim, paro a frente de Natasha para admirá-la.
— Como está Mary? —ela pergunta pegando minhas mãos.
— Saudável e inquieta — Nat ri e puxa-me para um abraço. — Por que só nos encontramos em situações como essa?
— Ossos do ofício — ela dá de ombros e passa um braço ao redor de meu ombro e eu, de sua cintura.
Eles me apresentam o local e o rei T'Challa, muito simpático por sinal, até chegarmos em Wanda e Visão, o qual estava deitado em uma maca e ferido.
— Olha só quem está aqui, Vis — Wanda diz baixinho a ele.
O homem levanta a cabeça levemente e abre um sorriso cansado.
— Anastácia! — ele exclama rouco e corro em sua direção.
— Oi, Vis! — observo-o tentando controlar meu choro. — Wanda! — ela me abraça apertado e sinto que ela também está se segurando. — O quê aconteceu?
Eles me explicaram tudo que havia se passado nos últimos dias e a cada palavra eu ficava mais aflita. A situação era pior do que eu imaginava e eu tinha de ser forte. Ser forte por eles, pela minha família.
— Então, nós estávamos pensando — Bruce diz, arrumando seus óculos em seu rosto. — Lembra que eu e Tony fizemos vários estudos sobre o que foi injetado em você e sobre sua resposta celular? — assinto. — O fato é que suas células aceitaram a substância de maneira perfeita, quase desejada, na verdade.
— Você quer dizer que eu era o experimento perfeito?
— Mais ou menos isso.
— Fala logo pra ela, Bruce — Steve diz. — Ela não é mais uma criança.
— Eu sei, Cap — ele suspira. — Isso é apenas uma possibilidade, não temos certeza de nada, mas talvez você possa ser o alicerce das Joias.
Houve um silêncio na sala. Meus pensamentos estavam a milhões por hora.
— Você acha que sou capaz de carregar as Joias? Todas elas? Ao mesmo tempo? — arregalo meus olhos.
— O quê tem no seu corpo vem de uma estrela muito antiga, chamada fênix negra. Ela, assim como as Joias, foi uma das primeiras coisas que surgiu no universo. Por isso, você carrega um poder quase ou tão grande quanto elas.
— Isso não pode ser possível, Bruce, eu já despertei tudo o que tenho, eu fiquei meses trabalhando nisso para garantir que não tivesse nenhuma surpresa com a minha filha.
— Sim, mas você não trabalhou com todas as emoções — franzo o cenho em confusão. — Ana, a única coisa que libera tudo é uma emoção extremamente forte.
— Você tá falando de sofrimento? — ele balança a cabeça.
Novamente há um silêncio pelo local.
— Acho que já tivemos o bastante por hoje — Steve declara. — Vamos descansar, nunca se sabe quando teremos que lutar.
Despeço-me deles e vou para um quarto reservado pelo rei T'Challa. Apesar do quarto ser confortável, não consigo dormir direito.
Todavia, na manhã seguinte, estava mais desperta do que nunca. Estavam todos com uma sensação estranha e eu não queria acreditar, mas sabia que algo aconteceria aquele dia.
— Como você está? — Bucky questiona sentando-se ao meu lado.
Eu estava perto de Vis, que descansava enquanto Shuri cuidava da Joia e da mente dele.
— Nem sei como me sinto — repouso a cabeça em seu ombro. — E você?
— Pra mim, é só mais uma batalha.
Sorri de lado e voltei a observar Visão. Minha mente não parava de pensar. Como será que está Peter? Ele está bem? O que está acontecendo lá longe? Mary está bem? Visão vai melhorar? Nós iremos conseguir?
Eu preciso liberar toda essa ansiedade de alguma forma. Assim que penso nisso, Steve entra correndo no cômodo e apenas nos joga um olhar.
Eles estão aqui.
Imediatamente, levantamos-nos e seguimos ele. Eu já estava com meu traje, feito por Tony, de um material resistente o suficiente para aguentar meus poderes e atritos de combate.
Centenas de soldados já estavam a postos. A frente deles estava algo que eu nunca imaginava que iria ver: naves e diversos seres de outros mundos aguardando para lutar conosco.
Rhodes, Nat e Steve vão conversar com eles e após alguns instantes voltam. Nada muda, eles ainda estão preparados para nos combater.
Eventualmente, T'Challa tem de abrir o campo de segurança e é hora de lutarmos.
Meus olhos mudam para um intenso avermelhado. Uma energia vermelha alaranjada começa a brincar pelos meus dedos e sinto meus pés deixarem o chão.
Protejo a todos que consigo, mas tudo começa a ficar mais intenso quando eles conseguem adentrar com suas máquinas, ou seja lá o que aquilo era. Destroço uma delas e sinto a energia fluir por meus braços, fazendo com que mais delas sejam destruídas. O que me torna um dos alvos principais.
Começo a entrar em desespero quando não dou conta de ajudar a todos. Entretanto, um estrondo e um raio atravessam o domo e assim que a rajada de luz se dissipa, posso enxergar Thor e... uma árvore e um guaxinim?
Um sorriso enorme se abre em meu rosto e me aproximo dele, o qual pisca um olho e também sorri antes de dizer:
— Tragam-me, Thanos!
E então, ele parte para o ataque. Sinto uma pequena esperança surgir em meu peito e uso isso para lutar ainda mais.
Em certo momento, descobrimos que Visão e Wanda estão em perigo e vamos direto a eles.
Vejo com meus próprios olhos Thanos voltar no tempo e arrancar a Joia da Mente da cabeça de Visão, jogando seu corpo sem vida no chão.
Era isso. Esse era o fim.
Todavia, Thor surge com seu machado e atinge o peito de Thanos, mas aquilo não é o suficiente, ele ainda tem forças para estalar seus dedos.
Tento impedir, mas é tarde demais.
Com lágrimas nos olhos e me sentindo totalmente impotente vejo meus amigos se desfazerem. Caio de joelhos e choro convulsivamente.
[...]
Meus pais haviam ido, Michelle, Shawn, Harry também. Minha filha, a minha Mary havia ido embora.
A única coisa que me restava era a dúvida sobre Peter ainda estar vivo ou não. Mas isso é sanado quando vejo Tony sair da nave em que havia partido e olhar-me devastado.
Eu tinha perdido tudo. Thanos tinha tirado tudo de mim.
⋆ Custe o que custar. ⋆
5 anos depois.
— Você ainda está aí? — escuto Steve perguntar, mas não desvio minha atenção do saco de pancada, já desgastado pelo uso. — Eu até pediria pra você dar um tempo, mas sei que não vai adiantar nada.
Continuo socando o saco e vejo-o ir até Nat pela visão periférica.
Durante todo esse tempo, eu venho treinando incansavelmente e pensando em todas as formas de recuperar todas as pessoas que perdi. Mas o tempo passou e nada aconteceu, apenas minha dor e raiva aumentaram.
— A quanto tempo ela está assim? — ouço Steve questionar.
— Desde as seis da manhã — Natasha responde.
Eles iniciam uma conversa, mas não presto atenção.
Meus músculos doem, mas não ligo, meus dedos feridos sangram, mas também não me importo. Aquela era a única maneira de eu descontar minha raiva.
De repente, escutamos um barulho e um homem aparece na câmera da frente da Base. Todos direcionamos nossa atenção a ele e só então percebo que é Scott Lang.
Mas ele não estava morto?
Deixamos ele entrar imediatamente e meus olhos mal podem acreditar no que veem.
— Oi, pessoal! — ele abre um sorriso pequeno.
— Como- como você está vivo? — pergunto sem acreditar.
— É uma longa história e é por isso que estou aqui!
Scott nos conta que em todo esse tempo ele estava no reino quântico e que na verdade os cinco anos que haviam se passado tinha sido apenas cinco horas para ele. Nat, Steve e eu escutamos tudo chocados.
— O quê eu quero dizer é que é possível inventarmos uma-
— Máquina do tempo — completo.
Uma faísca de esperança brota em meu peito.
— Precisamos falar com Tony — Steve diz um tanto relutante. Ele sabia que seria complicado.
[...]
— Tia Ana! — Morgan exclama correndo até mim, pego-a no colo e dou vários beijos em seu rosto.
— Meu Deus, como você está grande! E linda também! — ela me abraça e repousa sua cabeça em meu ombro.
Sinto vontade de chorar relembrando de momentos como esse com minha filha.
— Finalmente vocês vieram nos visitar — Pepper diz sorridente vindo até nós.
— Não acho que seja apenas uma visita — Tony diz desconfiado.
Vamos a um lugar reservado e Pepper leva Morgan para dentro de sua casa. Contamos a Tony nossa ideia e pela expressão em seu rosto, sei que ele não iria nos ajudar.
— Tony, eu sei que você teve uma oportunidade de ter uma família. Mas eu... eu perdi tudo — meus olhos se enchem de lágrimas. — E eu não sei mais o que fazer, eu não sei viver sem eles, eu não consigo.
— Eu entendo, mas eu também não posso arriscar o que eu tenho, não posso arriscar perder minha família.
Respiro fundo e me levanto indo até o carro. Não posso exigir nada dele, mas ainda sinto raiva. Portanto, decido me isolar enquanto eles tentam convencê-lo.
Após um tempo, eles voltam para o carro derrotados.
— Nós não podemos desistir, não quando estamos tão perto — Scott fala quase desesperado.
— E nós não iremos — asseguro enxugando minhas lágrimas. — Vamos falar com o Banner.
[...]
— Gente, vocês sabem que essa não é minha área de especialização, não sabem?
Presto atenção no que ele diz, mas ainda tento não só focar nele como Hulk e Bruce ao mesmo tempo.
— Bruce, por favor! — imploro.
— Eu vou ajudar vocês, mas não posso garantir nada.
— Obrigada! — agradeço com a voz falha.
Conversamos um pouco mais, até o momento em que me desconecto e tento não chorar em agonia. Nat percebe meu silêncio e me abraça de lado, afagando minhas costas. Se não fossem por eles, os que restaram, eu já não estaria mais aqui e teria me juntado aos outros.
— Nós vamos conseguir! — ela sussurra a mim.
[...]
Pela primeira vez em anos, eu rio ao ver Scott voltar no tempo, dessa vez como ele mesmo, após aparecer como um idoso e um bebê.
Claro que aquilo não era o que esperávamos, mas já era um grande passo. E qualquer tipo de evolução já me alentava.
Vejo Steve ir para fora da Base parecendo desolado e suspiro me sentando.
Brinco com as faíscas vermelhas que pulsam em meus dedos até escutar passos se aproximando. Ergo os olhos e os arregalo quando vejo Tony ao lado de Steve. Ele sorri a mim e meus olhos lacrimejam. Corro até o homem e o abraço forte.
— Seu salvador chegou! — fala e rio em seu ombro enquanto ele me aperta afetuoso.
[...]
A equipe, ou pelo menos o que havia restado dela, e mais alguns novos integrantes juntam-se novamente e me surpreendo com Thor. Ele era um dos que mais havia sofrido com tudo aquilo. Durante aquele dias que estudamos as Joias e em como iríamos pegá-las, eu e ele passamos muito tempo juntos. Apenas compartilhando a dor um do outro, sem julgamentos.
Após sabermos o suficiente, equipes são formadas para pegar as Joias. Eu fico com Rhodes e Nebula, a qual se mostrou muito companheira nos últimos dias.
Já estavam todos equipados com seus trajes, inclusive eu com o meu aprimorado pelo Tony.
— Vejo vocês em um minuto! — Nat dá um sorriso a mim e a Steve.
Sorrimos em resposta e em seguida, vamos cada um para um lugar e um momento na linha do tempo. Eu nunca saira do planeta, na verdade a ideia que existiam outros ainda era muito vaga em minha cabeça.
Mas finalmente estar em um planeta alienígena era mais normal do que eu imaginava. Quase como se eu estivesse mais confortável ali. Provavelmente era o efeito dos meu poderes, se adaptando a um lugar mais propício para se estabelecerem.
Esperamos um tal de Peter Quill aparecer com um tipo de chave para que pudéssemos abrir o local onde estava a Joia do Poder. Rhodey faz um comentário sobre o homem, o qual dançava e cantava uma música antiga, e eu rio baixo. Quem diria que em uma situação tensa como essa eu estaria rindo
Não é dificil pegá-la dele e muito menos entrar no lugar onde a Joia se encontrava. Estava tudo estranhamente fácil.
Nebula retira a Joia de seu centro de proteção e fere sua mão. Vendo que praticamente toda ela havia se decomposto, uso meus poderes para recuperá-la parcialmente, recebendo um olhar de agradecimento dela.
— Prontos? — questiono preparada para voltar a 2023.
Eles afirmam e, juntos, voltamos a nossa linha do tempo.
Eu achava que estava preparada para enfrentar tudo, menos a perda de mais alguém que eu amava.
Ao vermos Clint de joelhos, chorando e com a Joia da Alma em mãos, não precisávamos de explicação para saber o que houve.
Caio de joelhos também e espero o choro vir, mas ele não vem. O quê vem é uma fúria enorme e um vazio avassalador. Steve me ajuda a levantar e me abraça lentamente. Não reajo a nada, não consigo raciocinar ou agir. Tudo que sei é que acabei de perder uma das pessoas que eu mais amava.
[...]
Observo Tony e Bruce cuidadosamente colocarem as Joias na nano manopla. Eu não conversava mais com ninguém, apenas trocava poucas palavras. E eles não faziam questão de se aproximar pois entendiam o que eu estava passando, o que todos estavam passando.
Thor queria colocar a manopla, mas Bruce disse que era mais capaz, principalmente emocionalmente.
— E eu? — pergunto levantando meus olhos até eles.
— Você ainda não está preparada — Bruce responde.
Eu poderia argumentar, mas não quero perder mais tempo. Só quero minha família de volta.
Todos se preparam e colocam um escudo a sua frente, além do que já estava assegurando a Base. Uso meus poderes para formar uma barreira vermelha entre Bruce e eu e Clint.
Banner coloca a manopla e imediatamente ela começa a liberar energia. Ele parece sofrer para aguentar e todos ficam preocupados.
— Bruce, fala comigo! — digo.
— Eu consigo! — diz com dificuldade.
Segundos depois, ele estala seus dedos e rapidamente o ajudamos a tirar a manopla de sua mão. Seu braço está completamente preto e ferido, não sei se algum dia ele vai recuperá-lo.
— Pessoal, acho que deu certo — Scott fala.
Começo a caminhar até ele, mas somos atingidos por bombardeios e a Base inteira desmorona.
Faço um círculo de proteção em volta de mim, mas não consigo envolver mais ninguém, só enxergo escrombos e poeira. Tiro diversas pedras do meu caminho através da minha telecinese e acabo encontrando Bruce, Rhodes e Rocket, depois de um longo tempo.
— Vocês estão bem? — indago.
— Acho que sim — Rhodey responde. — E você?
Aceno com a cabeça, mas mal temos tempo de trocar mais alguma palavra, pois uma grande placa de concreto desmorona sobre nós. Bruce consegue contê-la com seu braço não prejudicado e o ajudo mandando um impulso de ondas vermelhas para aguentar.
— Você sabem onde está a manopla? — Bruce pergunta arfando.
— Não — penso por alguns segundos. — Mas acho que posso rastreá-la.
Quando Bruce soltou toda aquela energia cósmica, algo também foi liberado dentro de mim. Alguma coisa como uma ligação com as Joias e aquilo me assustou muito.
— Precisamos sair daqui primeiro! — Rocket alerta.
— Eu estou aqui, pessoal — Scott aumenta de tamanho surgindo através de um fresta pequena. — Hora de ficar grandão!
Ele aumenta de tamanho e abre espaço através dos destroços, Bruce e Rocket sobem em sua mão, Rhodes consegue voar com sua armadura e eu flutuo em direção ao céu arroxeado.
Assim que escapamos, temos a visão de vários portais abertos e todos os nossos amigos ali. Mais a frente avisto Thanos e seu exército.
Nós conseguimos, mas não podemos perder de novo.
— Vingadores — ouço Steve falar e pegar o martelo de Thor.
Deixo toda aquela força e energia que sentira alguns minutos atrás me inundar. Minhas veias sobressaem sobre minha pela de cor amarelo alaranjado, como se estivessem pegando fogo. Meus olhos antes vermelhos, agora flamejam.
— Avante!
Todos avançamos em direção ao exército de Thanos e eles também vêm até nós. Ainda voando, destruo cinco naves de uma vez. Mais abaixo consigo ver Peter e meus olhos enchem de lágrimas, dessa vez de felicidade.
Vejo Wanda brigar com Thanos e após, suas naves nos bombardearem. Desço imediatamente até Peter, o qual estava com a manopla e faço um escudo sobre nós.
Ele me olha pasmo, admirando meu físico e minhas feições. Haviam se passado cinco anos e eu definitivamente havia mudado.
— Ana-
No entanto, tudo cessa e erguemos nossos olhos sem entender. Era Carol, ela havia destroçado a enorme nave alienígena e vinha até nós.
— Hey, eu sou Peter Parker! — Peter fala abismado e sorrio de lado. Era tão bom ouvir sua voz.
— Hey, Peter Parker. Tem algo para mim?
Peter entrega a manopla a ela, a qual me olha confiante e retribuo o olhar. Andamos juntas e vemos outros mulheres se juntarem a nós.
Carol dispara até a máquina do tempo de Scott, mas é impedida por Thanos e começam a combater.
Enquanto luto ao lado de Peter, noto que Thanos pega a manopla e encaixa em sua mão.
Não, isso de novo não!
Tony corre até ele e sei o que ele irá fazer. Porém, não farei mais nenhum sacrifício. Eu não irei perder mais ninguem.
Voou até ele e o jogo para longe. Encaro Thanos e toda minha raiva é liberada. Toda a dor e ódio que eu guardei durante aqueles anos é liberada e não faço esforço para impedir que ela me consuma.
— Você vai pagar por cada vida que tirou!
Ele abre a boca para responder, mas não dou a chance de continuar. Levanto-o no ar e atraio a manopla a mim, ele tenta segurá-la, mas imobilizo seu corpo e tiro-a a força. A manopla levita até mim e jogo Thanos para longe.
Assim que eu começo a encaixá-la em minha mão, ele me pega pelo braço e me atira para longe. Antes que eu atinja o chão, voou novamente a ele sentindo ainda mais raiva.
Quando Thanos está prestes a pegar a manopla de novo, afasto-a dela e o prendo com cordas laranja avermelhadas. Em poucos segundos, ele se solta e corre em minha direção.
Deixo as vibrações pelo meu corpo fluírem e uma lâmina de energia cósmica se forma em minha mão direita, uso-a para atingi-lo. Ele tenta se desviar, mas acerto seu abdômen, fazendo-o cair.
Antes que ele posso se levantar, coloco a manopla e sinto cada parte do meu corpo pulsar devido a energia. Uma onda cósmica se forma em volta de meu corpo e sinto minha consciência se esvaindo.
As Joias são extremamente fortes e meu corpo tenta se adaptar a isso. Grito de dor ao que minhas células se moldam parar suportar a energia das Joias.
Quando finalmente meu corpo se ajusta para aguentar todo aquele poder, recupero meus sentidos e não exito em concentrar essa energia e estalar meus dedos, dando um fim a toda aquela agonia.
Retiro a manopla e caio no chão sem forças. Antes que eu desmaie consigo vislumbrar o rosto de Peter.
Acordo lentamente do que parecia ter sido um sono profundo e longo. Meu corpo inteiro dói, como se eu tivesse sido espancada por dias. Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento e a mínima claridade faz meus olhos arderem.
— Parece que eu tô de ressaca — comento rouca limpando minha garganta e ouço risadas familiares.
Quando finalmente consigo abrir meus olhos quase tenho um ataque, minha família toda está ali, meus amigos, meus pais, minha filha...
— Mary! — levanto os braços e Peter traz ela até mim. — Mamãe sentiu tanto sua falta! — abraço-a já sentindo as lágrimas rolarem por minhas bochechas.
— Você foi tão forte, meu amor — Peter diz também com lágrimas nos olhos.
— Eu quase não suportei — olho para cada um deles. — Nem acredito que vocês realmente estão aqui.
— Pois acredite! — Harry diz sorrindo. — É estranho te ver cinco anos mais velha. — dou risada de seu comentário e faço uma careta a ele.
[...]
Todos tinham voltado, porém as consequências que aqueles anos tiveram ainda eram vistas por todos os cantos.
Minha vida voltou praticamente toda ao normal, mas ainda tinha algo que me incomodava e Peter notou isso.
— Ei! Conversa comigo! — ele me abraça por trás e beija meu pescoço, fazendo meu corpo se arrepiar e um sorriso se abrir em meu rosto.
— Ainda tem algo que eu preciso fazer, Pete — deixo algumas faíscas avermelhadas pulsarem em minhas mãos. — Eu irei trazer Natasha de volta!
——————————
Demorei pra caralho, mas postei.
Como vocês estão?
Eu ainda acho inacreditável a proporção que essa fic teve. Já faz dois anos que eu escrevi ela e a cada dia ela cresce mais. E eu só tenho a agradecer a vocês por cada voto e cada comentário, obrigada por tudo gente.
Mas agora vamos a alguns avisos: eu estou pensando em reescrever essa fic porque na época eu tinha 18 anos e agora vou fazer 21, então tem algumas coisas que eu mudaria. A história ainda vai ser a mesma, mas alguns tópicos vão ser melhorados. Me digam o que vocês acham.
Enfim, sinto saudades todos os dias daqui. Até breve, eu espero!
Espero que tenham tido uma boa leitura :)