Uma Nova Oportunidade

By nywphadora

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[Tradução de "Una Nueva Oportunidad"] A segunda guerra bruxa terminou, mas levou muitas vidas, entre elas a d... More

Prólogo
Conversa com Dumbledore, e o primeiro jantar
Começando com a atuação
Entre verdades e lembranças
Rubores à vista e "O que significa isso?"
Um descuido muda um pouco as coisas
Muitas perguntas para nenhuma resposta
Passo a passo
Momentos especiais
Muita paz é pedir muito
Lembranças e mal entendidos
Retrocesso
Verdades
Uma história a contar - parte 1
Uma história a contar - parte 2
Uma noite com imprevistos
Ao estilo maroto
Suspeitas e planos
O caminho escolhido
Traições que doem
O peso das palavras
Aproximações
Isso não é um adeus
Epílogo
Prévia

A última horcrux

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By nywphadora

Disclaimer: essa fanfic pertence a leona19, a tradução foi feita por mim e esse capítulo foi escrito por mim.

A última horcrux.

Dumbledore ficou em silêncio por um tempo, refletindo. O seu olhar estava em uma gaveta trancada da mesa, na qual sabiam que estavam as outras horcruxes. O diário de Tom Riddle, a taça de Helga Hufflepuff, o anel dos Gaunt, o diadema de Ravenclaw e em breve, o medalhão de Slytherin.

— Monstro já retornou? — ele perguntou, por fim.

— Sim, Voldemort já escondeu o medalhão na caverna — respondeu Harry.

— Então devemos agir — declarou o diretor.

— Professor, não acho que seja uma boa ideia que vá — disse Tonks, hesitante — Pelo que Harry me contou, há uma poção que faz com que a pessoa se perca na dor e se esqueça de seu objetivo.

— Não posso permitir que nenhum de vocês passe por essa experiência, já sofreram o suficiente — Dumbledore respondeu — É claro, não poderei ir sozinho, mas tomarei a poção.

Harry ficou extremamente incomodado. Voltar para aquela caverna seria lembrar-se de tudo o que aconteceu da última vez. A diferença era que ninguém morreria agora e dessa vez a horcrux seria verdadeira, então valeria a pena. Mesmo assim, não estava animado para ver Dumbledore delirar outra vez.

— Eu vou.

— Não — ele disse na mesma hora — Eu vou. Já conheço aquele lugar.

— Harry, você já foi uma vez e sei que é algo que não quer se lembrar — Tonks o olhou firme — Além do mais, sou uma auror treinada.

— Mas...

— Concordo com Nymphadora — Dumbledore interveio — Você já fez muito, Harry. Não se preocupe, será apenas uma breve visita, não será tão perigoso quanto foi a busca do anel.

Isso não o confortava nem um pouco.

Sabia o quão perigosos eram os inferis, mesmo que soubessem usar o feitiço de fogo com eficácia.

— E então, quando conseguirem, vai destruí-las com fogomaldito? — Harry perguntou apenas para confirmar, recebendo um assentimento — Quando?

— Dependendo de como estiver o meu estado, em um dia — Dumbledore respondeu.

Sim, duvidava que ele conseguisse manejar o fogomaldito se fosse tão atingido pela poção quanto foi da última vez. Pelo menos dessa vez entendia quais eram os fantasmas que o atormentavam na poção dementador.

Se perguntava quais seriam os seus. Estremeceu.

— E como vai ser com Voldemort? — perguntou Tonks.

— No seu tempo, quando destruíram as horcruxes, Tom não parece ter percebido, e não creio que ele perceberá dessa vez. Ele não tem motivos para desconfiar que sabemos do seu segredo — disse Dumbledore — Em algum momento, ele estará vulnerável e eu terminarei o trabalho.

Apesar de decidido, era possível ver a decepção no olhar do diretor ao perceber que um aluno tinha seguido um caminho tão errado e que não podia fazer nada para reverter isso, nada além de matá-lo. Ele não tinha matado nem mesmo Grindelwald, mas não conseguiria manter Voldemort em uma prisão clandestina e fingir que nada aconteceu.

— Mas e se ele resolver criar outra horcrux? Eu sei que Nagini só foi criada no verão antes do seu retorno, no futuro, mas ele pode acabar adiantando os planos — disse Harry — Talvez não seria melhor irmos atrás dela e garantir que ele não terá essa oportunidade?

— Não creio que destruir uma potencial horcrux o impediria de procurar outras alternativas. Além do mais, não sabemos onde está a cobra, já que no momento ele não tem uma — Dumbledore discordou — Quando a escola acabar, se permanecerem aqui, não estarão protegidos, e será mais fácil de serem descobertos. Não podemos permitir que isso aconteça, é de vital importância para a conclusão da missão.

Não serem descobertos e apagarem a memória dos marotos, Tonks lembrou-se.

Quando falou com Remus sobre terem a Taça de Helga Hufflepuff em sua posse, não pensou que em seguida Sirius viria com a notícia de que o medalhão já estava na caverna. Parece que o "pouco tempo" deles tinha se esgotado, percebeu com o estômago afundando, e apesar de sentir-se ansiosa para voltar ao seu tempo e ter a sua vida de volta, estava com medo.

E se não desse certo? E se algum deles tivesse morrido porque mudaram o curso natural das coisas? E se não estivessem juntos no futuro? E se Voldemort não tivesse sido destruído?

— Quando? — foi a única pergunta que saiu de sua boca.

— Eu gostaria que fôssemos hoje — disse Dumbledore suavemente.

Antes que Harry pudesse intervir para tentá-la fazer mudar de ideia sobre ir, assentiu.

Então aquela seria a última noite que passariam no castelo.

Saiu do escritório do diretor sentindo como se um peso tivesse sido posto sobre seus ombros. Se eles voltassem para o tempo deles e as coisas não tivessem dado certo, eles não poderiam fazer nada, não poderiam voltar no tempo outra vez porque Remus e Hermione não teriam motivos para estudar os vira-tempos e tentar fazê-los voltar.

— Tudo bem? — Harry perguntou, parecendo ansioso.

— Como eu vou contar para o Remus? — externou a sua dúvida — Eu prometi para ele que teríamos um pouco mais de tempo antes de precisarmos partir.

— Contou a ele sobre a poção? — eles pararam de caminhar.

— Contei, ele não reagiu bem, mas... eu acho que é o certo — confessou — Eu estou morrendo de medo de como vai ser o futuro, mas não é certo que ele espere por mim por todos esses anos, sendo que nós vamos ter que esperar apenas alguns minutos para... — o seu raciocínio se perdeu.

— Vai dar certo — Harry garantiu, mesmo não podendo, e pôs uma mão em seu ombro para demonstrar apoio — Tem certeza de que não quer que eu vá?

— Não, eu dou conta.

— Remus não vai gostar.

Tonks deixou escapar uma bufada.

Quantas vezes já não tinham discutido por causa das missões da Ordem? Principalmente quando ele se pôs em risco de propósito por se negar a estar com ela.

— Não, ele não vai, mas não vai me obrigar a ficar — ela retrucou.

Caminharam em silêncio de volta ao Salão Comunal da Gryffindor.

Como não encontraram os marotos no salão, pensaram que talvez eles estivessem no dormitório deles. Quando subiram, encontraram os garotos e Lily conversando com seriedade. Ela foi a primeira a escutar quando abriram a porta, virando-se para vê-los.

— Como foi lá? — a ruiva perguntou.

Harry deu de ombros, ainda chateado.

Apesar de querer voltar para o seu tempo e ver Ginny, Hermione e os seus amigos de novo, também sentia medo. E se eles não fossem amigos porque os seus pais estavam vivos? Quantas coisas podiam ter mudado por causa disso? E não tinha como ser confortado porque eles não se lembrariam do que descobriram para garantir que não aconteceria, então manteve as suas preocupações para si mesmo, da mesma forma que sabia que Tonks estava fazendo.

— Dumbledore vai atrás do medalhão hoje — disse Tonks sem ânimo.

A notícia foi recebida com profundo silêncio. Pôde ver Lily abaixar a cabeça, pesarosa, mesmo que a destruição de Voldemort fosse algo bom, pelo simples fato de que eles iriam embora em seguida.

— Como vai funcionar? — perguntou Sirius — Quero dizer, a poção vai apagar vocês das nossas lembranças, então como...? Lily e James ainda estarão juntos? Nós vamos lembrar da traição de Rabicho?

— Eu não sei — confessou Tonks — Imagino que as suas memórias vão se ajustar para preencher os campos vazios.

— Mas se Pettigrew atacou Remus por causa de você... — Lily deixou no ar a pergunta.

A carta não dizia como a poção funcionaria, mas sabia que funcionaria de algum jeito.

— Estavam conversando sobre isso? — Harry aventurou-se a perguntar — Se iriam tomar a poção ou não?

— Sim — admitiu Lily — Sirius está completamente em desacordo.

— Que surpresa — murmurou Tonks.

— Eu não vejo o porquê precisamos esquecer. Se Voldemort vai ser destruído, seus Comensais vão ser capturados, vocês vão estar longe, não tem como essas memórias nos prejudicarem — argumentou Sirius.

Tonks deu um olhar para Remus, que estava calado.

— Bom, Remus já deve ter contado o que eu disse a ele — ela disse apenas.

— Mas por que todos nós?

— Almofadinhas — reclamou James.

— Não, é sério, pensa. Para garantir que vai dar tudo certo no final, não seria melhor que pelo menos um de nós se lembrasse de tudo? Pode ser a Lily, eu não confio em mim mesmo para isso — sugeriu Sirius — Mas pelo menos a Lily se lembrar, porque aí ela pode nos orientar de vez em quando, eu não sei. Era só uma ideia.

Não era uma ideia de todo ruim.

— As coisas vão ser diferentes agora — disse Tonks — Se for para acontecer, vai acontecer. E se não for, não tem como forçar.

Apesar de querer se referir a qualquer coisa, incluindo as amizades de Harry, essa frase pareceu muito pessoal, muito ligada ao seu relacionamento.

— Eu acho que é uma escolha de vocês — Harry interveio — Na carta dizia que era uma sugestão, então imagino que vocês tenham o poder de escolher.

Eles assentiram, não parecendo muito conformes com a explicação.

Estavam com tanto medo quanto os viajantes no tempo. E se as coisas dessem errado? E se tomassem más decisões? Ainda era difícil acreditar que, se não fosse por Harry e Tonks, Lily e James morreriam aos 21 anos, Remus passaria anos sozinho e Sirius seria condenado injustamente por assassinato.

Estiveram tão perto, mas tão perto desse futuro desastroso.

— Eu não vou conseguir ser a única a me lembrar se vocês esquecerem, é muita responsabilidade — disse Lily, desviando o olhar.

— Você é incrível, Lily, pode fazer qualquer coisa — James pegou a sua mão, escondendo-a entre as suas — Mas se não quiser fazer isso, nós vamos respeitar a sua decisão.

Ela sorriu levemente, agradecendo pelo apoio.

Nunca pensou que estaria namorando com James Potter, depois de tantos anos e tantas intrigas.

— Pelo amor de Merlin, vamos mudar de assunto, isso aqui está um clima de velório — Sirius tentou aliviar a tensão do ambiente — Deveríamos comemorar, pensar nas partes positivas. Voldemort vai ser destruído, Lily e James vão ficar juntos, eu não vou ser preso, eu e meu irmão voltamos a nos falar...

— Sirius, não está ajudando — comentou Tonks, mas sorria.

— E eu vou ser padrinho do casamento do Remus com a Tonks.

— Quê? — Remus levantou a cabeça — Quando que isso foi decidido?

— Agora mesmo — disse Sirius, solene.

— Ei, isso não é justo! Você já vai ser padrinho do meu casamento — protestou James.

— Também não lembro quando que isso foi decidido — Lily levantou uma sobrancelha.

Por mais que se esforçasse para sorrir e participar das provocações, Tonks não conseguia realmente estar presente de corpo e alma ali. Sua mente estava bem longe, pensando no que teria que enfrentar dali a algumas horas.

Não estava exatamente apavorada pelos inferis, apesar de serem criaturas horríveis, o que a apavorava era a ideia de falhar. Estavam tão perto de conseguir o que queriam, e não podia falhar. Precisava garantir que Dumbledore saísse dali com vida e que se recuperasse bem, ou nada daquilo teria valido a pena. Ele precisava derrotar Voldemort, ele precisava destruir as horcruxes.

— Dora?

Acordou de seus pensamentos, percebendo que estavam olhando para ela, como que esperando uma resposta para uma pergunta que não escutou. Lily demonstrava preocupação em seu olhar, ela desviou os olhos.

— Desculpa, o que você disse? — perguntou.

Ninguém respondeu, e ela sentiu o clima voltar a pesar.

— Por que não vamos descendo? — Harry deu um olhar significativo aos seus pais e padrinho — O jantar vai ser servido em breve.

— Ótima ideia — Lily levantou-se da cama de James — Nos vemos lá embaixo.

Quase teve que arrastar Sirius, que era um pouco lento para entender indiretas.

Apesar de que Harry passaria praticamente a noite inteira com eles — mais tempo do que Tonks passaria com Remus —, aquele momento a sós com seus progenitores era quase como uma despedida. Nunca tinha como adivinhar quando as coisas dariam errado e teriam que sair às pressas, antes do planejado, já aconteceu tantas vezes em sua vida que já tinha perdido as contas.

Tonks aproximou-se de Remus quase imediatamente depois da porta se fechar.

— O que Dumbledore disse? — ele perguntou.

— Ele repassou o plano que já tínhamos quando chegamos aqui — respondeu, sentando-se ao seu lado — Contamos a ele sobre o medalhão e... ele disse que vamos depois do jantar.

— Hoje? — não demonstrou reação, o que a preocupou mais do que se estivesse visivelmente frustrado.

— Sim. Amanhã ele vai destruir as horcruxes e nós vamos voltar para o nosso tempo.

Ele não fez perguntas. Tonks pôs a mão em seu queixo, obrigando-o a olhá-la.

— Não faz isso — ela disse com seriedade — Não finge que está tudo bem.

— Acho que não tem muito o que eu possa falar. Você vai embora e amanhã eu vou tomar uma poção para esquecer de tudo o que aconteceu nos últimos meses.

Era difícil de lembrar às vezes que ele ainda tinha 17 anos. Mesmo que fosse mais velho, não sabia como seria lidar com aquele tipo de situação, que não era comum. Ela não sabia como lidaria se fosse com ela: se Remus voltasse no tempo, dissesse que ela tinha morrido, que precisava tomar uma poção para esquecer tudo o que tinha lhe contado e confiasse que ele poderia consertar tudo. A última parte não seria a mais difícil, mas odiaria a ideia de esquecer de tudo.

— A decisão é de vocês — disse, tentando conter o choro.

— Eu não entendo o porquê o meu eu do futuro sugeriu isso — Remus mal pareceu tê-la escutado — Não vai ser fácil passar os próximos 15 anos sem você, mas a ideia de simplesmente esquecer...

Moveu-se para abraçá-lo, tentando dizer sem palavras o que estava sentindo e confortá-lo de alguma forma.

Por isso não queria que eles tivessem descoberto, que tivessem escutado conversas. Se tivessem simplesmente desaparecido, teria sido mais fácil para ambos os lados. Tinha sido tão bom conhecer como ele era quando mais jovem, quando não tinha passado por tantos traumas ainda, quando tinha os seus jovens amigos ao seu lado, sem nenhuma perspectiva do futuro desastroso que o aguardava.

— É melhor nós descermos — afastou-se dele.

Se estivesse pensando em quando se despediriam, não conseguiria ter foco para o que enfrentaria na caverna, e precisava estar preparada.

— Dora... — ele tentou falar, mas foi calado com um rápido beijo.

— Ainda não é a hora para despedidas.

Viu o seu medo refletido nos olhos dele, mas Remus apenas assentiu.

Sabia que estavam adiando o inevitável, mas era melhor assim. Desceram as escadas, seus amigos não estavam no Salão Comunal, provavelmente já tinham caminhado até o Salão Principal. Preferia que estivessem ali, mesmo que Lily e Harry fossem tentar interpretar pela sua expressão facial se eles tinham brigado.

— Então vocês vão embora amanhã? — ele perguntou no meio do caminho, sem conseguir manter o silêncio.

— Sim, hoje seria muito tarde e Dumbledore vai precisar se recuperar — não entrou em detalhes, não tinham chegado a contar muito sobre o que aconteceu na caverna quando contaram sobre a vida de Harry.

— Pelo menos Harry já passou por isso antes, então será mais fácil — ele tentou ser otimista.

— Harry não vai.

Remus segurou o seu braço para que eles parassem de caminhar um pouco.

— Por favor, não começa — Tonks pediu.

— Eu pensei que vocês dois iam.

— Você sabe que quanto mais pessoas, mais difícil é.

Ele parecia estar se controlando para não dizer algo.

Segurou o rosto dele em suas mãos.

— Eu vou ficar bem. Eu sou uma auror, já passei por coisas muito piores.

— Já enfrentou inferis? — Remus retrucou.

— Não, mas eu sei como lidar com eles.

Era completamente diferente de Harry, que dependia inteiramente de Dumbledore.

— Me desculpe, eu não quero ficar brigado com você, é só que... — ele desviou o olhar.

— Eu sei — respondeu — O que acha de dormirmos juntos hoje? Assim a gente pode passar as minhas últimas horas aqui juntos.

Remus forçou um sorriso.

— Parece uma boa ideia.

Selou os seus lábios por algum tempo, querendo que aquele momento não acabasse. Quando se separaram, voltaram a caminhar calados até o Salão Principal.

Lily, James, Sirius e Harry já estavam lá, sentados na mesa da Gryffindor comendo. Uma rápida olhada para a mesa dos professores mostrou que o diretor não estava lá, provavelmente se preparando para mais tarde. Seria prudente se pedisse a ajuda de Madame Pomfrey para quando ele chegasse ao castelo.

Não sentia a menor fome, mas por experiência sabia que não podia ir a uma missão de estômago vazio, mesmo que fosse vomitar tudo depois.

— Já tomaram uma decisão? — foi a única pergunta que conseguiu pensar em fazer.

Queria ter a habilidade de Sirius de aliviar o clima, mas não conseguia pensar em outros assuntos naquele momento.

— Eu não vou tomar a poção — Lily respondeu.

Até James pareceu surpreso com sua declaração.

— Mas você disse... — Sirius começou.

— Eu sei o que eu disse, mas pensei melhor e... — ela deu de ombros — Pelo menos assim vocês não ficam tão preocupados.

Era uma atitude extremamente "Harry".

— Eu preciso ir — disse Tonks, não muito tempo depois.

— Você mal comeu — Harry demonstrou sua preocupação.

— Não consigo.

— Vai dar tudo certo, não se preocupe — Lily segurou a mão dela, mostrando um sorriso doce.

Não conseguiu responder, apenas exibiu um sorriso e então levantou-se para sair.

O diretor estava às portas do castelo. Era de se esperar, pouparia uma boa caminhada do escritório até a entrada. Tonks respirou fundo, tinha consigo tudo o que precisava. Transfigurou as suas roupas rapidamente para que não lhe atrapalhassem na empreitada e seguiu o diretor para fora, aproveitando o fato de que os alunos estavam todos jantando.

— Tive a oportunidade de dar uma rápida olhada na região — Dumbledore informou.

— Então não vamos perder tempo — ela disse.

A parte boa de caminhar com o diretor era que ele era um homem de poucas palavras. A menos que forçasse um assunto, ele não tentaria distraí-la com conversas sem sentido. Era uma das poucas vezes em que partia para uma missão com o diretor ao lado, geralmente estava sempre com Moody, Kingsley ou Bill. Ou Remus.

Era errado considerar aqueles tempos como bons? Tinha tanto medo no ar, a expectativa de quando Voldemort se mostraria de uma forma que o Ministério não teria outra escolha a não ser aceitar o seu retorno. Mesmo assim, foram bons anos, comparado ao que veio depois. Antes da morte de Sirius.

— Sei que falhei com vocês.

Tonks desviou o olhar da estrada para o diretor.

— Quando chegaram ao meu escritório e contaram tudo o que aconteceu, eu quase não pude acreditar em quantos erros cometi — dava para perceber que era algo que estava lhe tirando o sono há alguns meses.

— Como o senhor sempre nos disse, é apenas um ser humano — ela respondeu — E seres humanos cometem erros, por mais que não gostemos da sensação.

— Era o meu dever cuidar do bem estar de todos.

— Senhor, eu não quero soar grossa, mas insistiu em tomar a poção na caverna, então acho que termos essa conversa no momento não é uma boa ideia — Tonks o interrompeu — Vai tornar as coisas mais difíceis. Sei que se sente culpado, sente que falhou com todos nós, e talvez tenha falhado, mas nós conseguimos. A vida funciona desse jeito. Nós cometemos erros e sofremos as consequências, e aprendemos para que não se repitam. O que não podemos fazer é desistir, por mais difícil que seja.

Sabia que estava soando hipócrita, considerando o jeito como agiu depois da perda de Remus, mas se as coisas não dessem certo naquela viagem, ela não teria outra escolha a não ser seguir em frente com Teddy. Não tinha falhado como mãe naqueles meses, na verdade, o seu filho era a única coisa que a mantinha seguindo em frente. E era por ele e por Harry que queria um futuro melhor, porque eles mereciam, porque não era justo depois de tudo que passaram.

Precisava convencer a si mesma de que ficaria bem.

Quem sabe, quanto mais mentisse, mais acreditasse na própria mentira.

Dumbledore ficou em silêncio pelo resto do caminho a Hogsmeade, parecendo refletir suas palavras. Parecia que o que tinha dito tinha funcionado, por mais que ela fosse péssima em consolar as pessoas.

— Sabe onde fica? — o diretor perguntou em certo instante.

— Não — admitiu — Se importa se...?

— Segure no meu braço — ele ofereceu o braço.

Fazia um tempo que não fazia aparatação acompanhada, mas era comum quando não se conhecia o lugar para onde ia, não era algo relacionado a maturidade, como muitos adolescentes pensavam quando conseguiam a autorização.

Respirou fundo antes de segurar no braço do homem e sentir a fisgada característica.

Durou apenas alguns segundos e então sentiu como se os seus ossos fossem congelar. Não era dezembro, não estava nem perto do inverno, mas as águas da caverna estavam congelantes. O ar cortava como se estivessem em um lugar longe da Escócia, mas sabia que não era verdade. Talvez houvesse algum feitiço que tornasse as condições péssimas sempre.

— Então vamos — disse Dumbledore, antes de mergulhar no oceano.

Tentou controlar o pavor. Se tinha uma ideia que odiava era a de mergulhar em mar aberto. Fechou os olhos e respirou fundo, lembrando-se de todas as coisas que Moody tinha lhe dito quando era o seu mentor. Quando abriu os olhos, descreveu uma perfeita curva em direção às águas abaixo da pedra.

Nadaram em direção à fenda, que dava para um túnel coberto por pedras, impossível de ser visualizado do lado de fora por causa das pedras que formavam o teto e as paredes. Realizaram um breve feitiço para secarem suas roupas antes de irem até onde se escondia a entrada da caverna. Dumbledore realizou alguns movimentos de varinha, para ter certeza de que estavam na direção certa, e então abriu um corte em sua mão. Tonks não argumentou, sabendo que era inútil, acreditando que de alguma forma o homem se punia, mesmo depois da conversa que tiveram.

Observou a entrada da caverna se abrir, assim que o sangue molhou a pedra. Perguntou-se se aquele corte podia de alguma forma afetá-lo mais do que a poção que tomaria. Caminharam, mantendo-se afastado do lago, que era onde estava o perigo, até o lugar onde Dumbledore ergueu a mão, fazendo a corrente do barco surgir.

Era agora que as coisas iam piorar. Tonks pegou a varinha de seu bolso e a manteve firme em suas mãos, quase com medo de parti-la ao meio com a força com que a segurava.

— As damas primeiro? — o diretor tentou aliviar o clima de tensão.

Entrou no barco com dificuldade, já que era para apenas uma pessoa, e então esperou o homem entrar.

— Não creio que eu possa entrar — ele disse — Acredito que Voldemort tenha lançado algum encantamento que impeça que mais de uma pessoa possa partir.

Então por isso Harry tinha ido com ele da outra vez, ele não era adulto.

— E como sabe que os inferis não atacarão o barco quando ele voltar? — Tonks perguntou.

— Acho que teremos que descobrir.

Odiou aquele plano.

Observou como a margem desaparecia aos poucos, aproximando-se cada vez mais da ilha no meio do lago, onde estava a bacia com a horcrux oculta. Desceu rapidamente do barco, observando como ele retornava em uma velocidade lenta demais para onde o diretor estava. Olhou para a bacia, perguntando a si mesma se deveria tentar tomar a poção antes do homem chegar, se deveria impedi-lo de cometer esse erro.

Era arriscado demais tentar agir sem apoio. Se Moody estivesse ali, a repreenderia por sequer pensar em agir em uma missão sozinha e sem avisar aos outros, para caso algo desse errado.

Por fim, Dumbledore desceu do barco.

Esperou por alguns segundos, a varinha pronta em mãos, preocupada se os inferis tentariam subir na ilha atrás deles, mas como não tinham se aproximado da horcrux ainda, nada fizeram.

— Albus? — tentou impedir sua voz de estremecer.

— Sim? — Dumbledore observava interessado para a poção.

— Se só um de nós pode subir no barco, como vamos voltar?

Ele não respondeu.

Por que tinha se oferecido para ir no lugar de Harry? Por que Harry não tinha contado sobre essa parte da conversa que tiveram na caverna? Se bem que não faria diferença, Harry já tinha completado 17 anos, ele já era um adulto. Mas os marotos não eram.

Não, eles nunca deixariam os marotos irem. Era arriscado demais.

Tentou não entrar em pânico. Certamente a garrafa d'água que tinha levado no seu bolso já tinha evaporado, Voldemort não deixaria as coisas tão fáceis. Ela só precisava resistir tempo o suficiente para que Dumbledore atravessasse o lago, e torcer para que ele não caísse no processo.

— Saúde — disse o diretor, pegando a concha e tomando o primeiro gole da poção.

Ele conseguiu tomar mais algumas conchadas, mas era visível em seu rosto como a poção piorava o efeito conforme bebia. Em certo momento, ele começou a suplicar, e Tonks obrigou a si mesma a não prestar atenção. Usou de sua metamorfose para que seus ouvidos fossem incapazes de escutar os sons ao seu redor.

— Já está acabando, Albus. Vamos — encheu mais uma concha e o fez beber.

Aquela foi uma das piores missões que teve de enfrentar.

Quanto mais mentia e mais poção o forçava a tomar, mais ele gritava e, mesmo que não escutasse o que dizia, a sua expressão facial dizia tudo. Em certo momento, o diretor caiu e teve de ser rápida para evitar que ele caísse e afundasse no lago.

— Vamos, isso vai fazer acabar — mentiu mais uma vez, sem deixá-lo responder antes de enfiar mais uma concha de poção em sua boca.

Liberou os seus ouvidos da surdez assim que a bacia ficou seca.

— Água... — Dumbledore pediu rouco.

— Venha, Albus — o forçou a se levantar — Tem água do outro lado.

— Água — o diretor repetiu.

Tirou a garrafa d'água de seu bolso e deu ao diretor quando o obrigou a entrar no barco, esperando que ela voltasse ao normal quando estivesse afastada da ilha.

Permaneceu parada, observando ao redor. Nenhum dos inferis tinha se movido, talvez porque a horcrux permanecia ali. Tonks aproximou-se da bacia, observando o maldito medalhão. Sentiu a sua respiração evaporar e o seu coração bater com força, precisaria ser muito rápida. Assim que pisasse fora da ilha com o medalhão, os inferis a seguiriam.

— Lumus Maxima — aponta a varinha na direção de onde imaginava que o barco estaria.

Conseguiu ver por um breve momento o diretor descer do barco, direto em terra firme. Torceu em silêncio para que ele não tentasse entrar no lago para beber água, mas não podia contar com essa sorte. Ergueu a sua mão sem a varinha para que o barco voltasse em sua direção e então tirou o medalhão de dentro da bacia. Esperava que, estando com a horcrux, os inferis focariam nela e ignorariam o diretor bebendo da água do lago.

Pôs o medalhão dentro do bolso do casaco, considerando que seria estupidez demais pô-lo ao redor do pescoço. E então pôs um pé rapidamente dentro da água para chamar a atenção. Uma mão cadavérica puxou a sua perna antes que pudesse puxá-la. Caindo sentada na ilha, e observando como os cadáveres aproximavam-se de todas as direções, respirou fundo mais uma vez antes de pronunciar:

— Incendio!

Cada vez que atingia um inferi, ele caía pegando fogo na água, e o fogo se apagava. Conseguiu levantar-se e conjurou o fogo repetidas vezes, girando em seu torno, atingindo as criaturas à sua frente, atrás de si e dos lados. Quanto mais atingia, mais surgiam.

Perguntou-se se alguma metamorfose a tornaria capaz de respirar debaixo d'água, nunca precisou testar sua habilidade dessa forma. Se pudesse respirar debaixo d'água, que era a forma que os inferis matavam, ela poderia resistir até o barco chegar à superfície, mas em compensação seriam criaturas demais para conseguir se livrar e nadar de volta.

Pulou por cima de um inferi se arrastando no momento em que o barco bateu na ilha e continuou conjurando o fogo conforme o barco se movia lentamente pela baía, sendo perseguida pelos inferis.

Em certo momento, alguns inferis se jogaram para dentro do barco, fazendo com que ele virasse. É claro que Voldemort não faria um feitiço para impedir o barco de virar, era a proteção dele.

— Nymphadora! — escutou o chamado urgente de Dumbledore antes de seus ouvidos serem inundados pela água.

Continuou conjurando o fogo debaixo d'água, mas o efeito não era tão eficaz quanto em cima dela. Lá embaixo, apenas afastava os inferis mais próximos, mas rapidamente era apagado pela água.

"Pensa" obrigou a si mesma.

E então conjurou um feitiço de iluminação não verbal, que fez com que as criaturas se afastassem. Eles não temiam apenas o fogo, mas também qualquer forma de luz.

Tentou nadar até a superfície, conjurando o feitiço de iluminação toda vez que ele se apagava. E então, por mais que estivesse tudo certo, sentiu alguma coisa puxar a sua perna. Tentou chutar, apontou a varinha na direção da criatura, mas ao contrário dos outros inferis, a criatura não afastou-se.

E então sentiu tudo ao seu redor desaparecer.

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