Minhas mãos estão suando. Muito. Tentei controlar a minha ansiedade a manhã toda, e até funcionou por ora, mas agora pareço estar à beira de um colapso nervoso. O meu dia foi cheio de preparativos: últimos ajustes nas roupas, mais ajustes com as roupas no corpo das modelos, ensaios, pressão, estresse e tudo o que se tem direito. Tudo tinha de sair perfeito, mas trabalhar com um conjunto de pessoas é bastante complicado, porque qualquer coisa, até mesmo o mínimo detalhe, tende a dar errado. Mas agora, faltando apenas meia hora para o início do desfile, sinto que todo aquele esforço valeu a pena.
As cadeiras estão praticamente todas ocupadas e algumas pessoas ainda circulam pelo lugar, interagindo com os outros convidados. Os fotógrafos capturam fotos das pessoas importantes enquanto os jornalistas apenas circulam por aí com uma taça de champanhe na mão, esperando uma oportunidade para fazer perguntas inconvenientes.
Fico feliz por estar afastado dessa zona de guerra por ora. Estou nos bastidores, onde toda a magia acontece. Mas não se engane: nada aqui é um conto de fadas. As modelos estão correndo para lá e para cá, preparando-se, dando os últimos retoques no penteado e maquiagem, enquanto eu grito ordens aos ventos. Acho que vou enlouquecer se continuar mais um segundo neste lugar; mas não posso abandonar o barco agora. Minhas garotas precisam de mim, e eu estou aqui para elas.
— Certo, meninas, quero todas vocês reunidas aqui agora — chamo.
Uma por uma, elas começam a se amontoar na minha frente em um círculo. Estão todas lindas e glamourosas, e eu quase sinto vontade de chorar por saber que eu desenhei cada detalhe dos tecidos que cobrem suas silhuetas. Mas eu seguro as emoções: as lágrimas ficam para o final do espetáculo.
— Bom, meninas, a maioria de vocês já trabalham comigo faz algum tempinho — começo. — Quero pedir, antes de tudo, desculpas por parecer tão irritado nos últimos dias. Vocês mais que ninguém sabem como os últimos dias antes de um desfile é estressante… Mas quero que saibam que eu estou muito agradecido e lisonjeado por contar com cada uma de vocês para finalmente realizar esse projeto que marca o início da minha carreira como estilista. Obrigado a todos.
Sou retribuído com uma salva de palmas. Sorrio.
— Agora eu quero que vocês vão lá e arrasem, combinado? — acrescento.
Recebo um “sim!”, “pode deixar!” e “com certeza!” de todos os cantos antes delas se espalharem e tomarem suas posições antes de entrar na passarela. Confiro o relógio de pulso e percebo que ainda temos dez minutos antes do show começar.
— Belo discurso.
Viro-me a tempo de ver Denzel se aproximando com um sorriso de orelha a orelha.
— Não é? Passei a noite toda praticando no espelho — brinco.
Ele ri e me dá um abraço.
— Estou muito orgulhoso de você, irmão.
— Obrigado — sorrio. — Você tem me dado tanto apoio… Parte dessa coleção também é sua.
— Ora, Tyler, nós dois sabemos de quem é parte dessa coleção, senão toda.
Contenho um sorriso.
— Eu só vim desejar boa sorte — emenda ele. — Vou me sentar junto com os outros para assistir ao desfile. A Teri já está aí — acrescenta. — A vi sentada na primeira fila.
Prendo o fôlego por um instante.
— Ah, é?
— E ela está linda — dá um sorrisinho. — A bunda dela fica um espetáculo naquela calça.
Lanço um olhar fulminante para ele, fazendo-o recuar com as mãos erguidas, sorrindo.
— Calma, cara, eu só estou brincando. Falando a verdade, mas brincando. Sei que a supernova já é sua.
— Bom, não totalmente — murmuro.
— Seja lá o que você esteja planejando, acho bom que seja rápido… tem um monte de cara lá fora de olho nela.
Sinto-me incomodado, mas não impressionado. Teri é linda, e cada vez mais vem se mostrando uma mulher cheia de confiança e determinação. É claro que os homens vão reparar nela, e preciso aprender a lidar com isso.
— Relaxa, cara — Denzel segura o meu ombro. — Vou cuidar dela na sua ausência.
Dou de ombros.
— Não acho que precise; a Teri sabe cuidar muito bem de si mesma.
— Se você diz… Bom, eu vou indo.
— A gente se ver daqui a pouco — despeço-me.
Então tudo começa. O início do desfile é anunciado e uma a uma as modelos começam a entrar na passarela. Ouço palmas o tempo todo, mas não consigo ver a expressões das pessoas; isso me assusta. Mas, pra ser sincero, eu queria olhar para o rosto da Teri olhando para essas roupas. Queria saber qual emoção se passaria diante dos seus olhos, pois sua opinião é muito importante para mim, mais do que qualquer outra.
As meninas vão e voltam, trocam de roupas e voltam novamente para a passarela. Enquanto isso, tento administrar o tempo de cada uma para não haver nenhum atraso: isso é inadmissível. Então as últimas modelos entram na passarela com as últimas peças de roupas e sinto meu coração bater tão forte que tenho medo do mesmo saltar pela boca. Aí elas voltam… e de repente tudo ao meu redor explode em palmas.
A sensação é como se eu tivesse tirado um peso das costas. Uma emoção avassaladora toma conta do meu peito e lágrimas surgem nos meus olhos enquanto recebo abraços e apertos no ombro de toda a equipe.
Vou até o palco e então a vejo. Como Denzel disse, Teri está sentada na primeira fileira de cadeiras, e é a única que permanece sentada enquanto todos estão me aplaudindo de pé. Nossos olhos se encontram e eu vejo um pouco de emoções neles. Ela sabe.
Custa-me muito desviar o olhar do dela.
— Obrigado — digo no microfone, apertando os lábios em um sorriso.
Espero as palmas cessar antes de dar continuidade.
— Bom, primeiramente, eu queria desejar uma boa noite a todos — começo o discurso que vim decorando há dias. — É um grande prazer contar com a presença de cada um de vocês esta noite. Realmente um prazer. E espero que tenham gostado da coleção tanto quanto eu. — Recebo mais aplausos. — Obrigado. Bom… faz anos que estou tentando criar uma coleção própria, mas nunca encontrei uma essência própria. Isso foi frustrante por um tempo, e quando pensei que não havia mais esperanças, eu conheci alguém… — lanço um rápido olhar para Teri. — Uma mulher, para ser mais exato. E ela… tem um estilo totalmente inusitado, diferenciado, cheio de cor… e foi nela que eu me inspirei para desenhar cada uma dessas roupas.
Escuto alguém gritar na plateia, querendo saber quem é essa pessoa. Apenas abro um sorriso misterioso e respondo:
— Ela sabe. É isso que importa. Bom, obrigado a todos.
A minha vontade é descer agora mesmo dessa passarela e correr até ela, mas ficaria óbvio demais aos olhos dos jornalistas, então apenas reprimo a vontade de olhar para ela novamente e volto por onde entrei.
Os próximos segundos são cheios de abraços e parabenizações. Está muito barulhento e apertado aqui, e tudo o que eu queria era tomar um pouco de ar fresco, mas seguro as pontas até tudo estar calmo o suficiente. Quando saio dos bastidores, sou engolido por jornalistas que perguntam sobre a coleção e, principalmente, sobre a mulher misteriosa que me inspirou a fazê-la.
Quando finalmente consigo me livrar da imprensa, pego uma taça de champanhe pelo caminho e bebo tudo em longos goles, sem pausa.
— Tyler?
Viro-me e lá está ela. Teri abre um sorriso meio tímido e eu só consigo olhar para ela. A mesma está usando um conjunto de terninho vermelho que a destaca diante de cores tão mornas no salão, e é impossível não reparar nela. Noto que o cabelo castanho está bem mais curto agora, acima dos ombros. Também percebo que ela está usando o colar que lhe dei da última vez que nos vimos.
Parece que tudo desaparece a minha volta enquanto vou até ela. Nossos olhos parecem estar conectados por algum tipo de ímã sendo atraídos um para o outro.
Paro bem diante dela e posso inalar o seu perfume de flores.
— Você está linda.
Ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorri.
— Obrigada.
— Cortou o cabelo…
— Pois é.
— Eu gostei.
Ela apenas sorri mais um pouco.
— Então… a sua coleção é excepcional, eu… compraria todas as roupas, com certeza.
É a minha vez de sorrir.
— Claro que sim. Ela foi feita especialmente para você.
Vejo um rubor se espalhar por suas bochechas.
— Tyler… — sussurra.
— Quero que venha comigo — digo.
— O quê? Agora?
— Sim. Agora.
— Mas… pra onde? E o seu desfile? — questiona, perplexa.
— O desfile acabou. Mas a nossa noite só está começando.
Teri parece estar tentando conter um sorriso, e isso só fica ainda mais claro quando ela morde o lábio inferior cheio de gloss. Se eu tiver sorte, passarei a noite toda me deliciando naqueles lábios.
— Pra onde? — repete a pergunta.
— Acho que estou te devendo um jantar, senhorita. E promessa é dívida.
NOTAS DA AUTORA
PRIMEIRAMENTE, tem livro novo na área. Já foram conferir a minha nova obra, "Dean"?
Segundo... O que acharam da atitude do Tyler? 🤩 Ele finalmente encontrou sua própria inspiração, e foi em uma pessoa bastante inusitada... esse jantar promete, hein?
Enfim. Espero que estejam gostando desse finalzinho. Volto assim que possível. 🤩