We used to be friends || Nohy...

By stormindly

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As férias de verão levaram Jeno embora. Donghyuck se pergunta o que diabos aconteceu com o garoto que antes e... More

Ouch, isso doeu
Então é de mudanças que estamos falando?
Mas ele foi mirar justo no hétero...
Pelo o menos eu vou morrer feliz
Cheguei no fundo do poço, finalmente

Eu acho que estou entrando em colapso

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By stormindly

- O que foi isso?

- Eu rejeitando uma pessoa, ué.

- Não, Jeno, o que foi... Isso.

Uns segundos de silêncio permanecem entre nós até que ele força uma tosse rápida para limpar a garganta, antes de falar:

- Não me diga que está chocado por eu gostar de garotos. - o silêncio se repete, o que é suficiente para ele continuar falando. - Lee Donghyuck, eu nunca dei atenção para absolutamente nenhuma menina e sempre falava dos jogadores do time de basquete do colégio, tinha mesmo alguma possibilidade de eu ser hétero?

Agora que ele disse...

É, eu fui meio desligado.

- Tá, tá... Digamos que eu não prestei muita atenção nessa parte. Mas afinal você... Você é o q-que, então? Bi, né? - Tropeço em algumas sílabas, ainda tô meio atordoado.

Esse filho da mãe está rindo?

- O que é tão engraçado? - Pergunto com os braços cruzados, que absurdo.

- Você fica muito fofo quando é pego de surpresa. - Responde, ainda rindo baixinho. Logo contém o riso, mantendo apenas seu sorriso bonito no rosto. - E eu gosto apenas de meninos, respondendo sua pergunta de antes.

Isso significa que ele é...

Gay?

Lee Jeno é gay.

Haha...

Lee Jeno é gay. Boiola. Gayzão.

Isso não pode ser verdade.

- Pois é, Dong... Pela sua cara, você também não esperava por essa. - Apoia os cotovelos na mesa com o sorriso intacto e os olhos mirando os meus.

Eu não fazia ideia.

Hoje a aula terminou mais cedo, o professor de química ficou gripado e não pôde dar as últimas aulas do dia.

Nossa, eu estaria tão feliz se isso tivesse acontecido num dia qualquer... Mas é que justamente hoje, nesta maravilhosa quinta-feira, vou sair com Jeno pela noite e minha esperança era que o professor acabasse atrasando para terminar a aula e então eu teria uma desculpa para sair voando para casa antes de encontrá-lo mais tarde, dizendo que demoro muito para me arrumar, por isso nem dei tchau na saída.

Estou estranho com ele esses dias, não estou evitando-o por ruindade, é só que ando mais nervoso perto dele ultimamente e isso me desespera em dobro, porque descobri que meu caro melhor amigo super hétero na verdade é homossexual de carteirinha e eu nem sonhava com tal possibilidade, além de que tenho alguns sentimentos confusos por ele, o que agrava ainda mais a situação como um todo...

Resumindo: acho que estou entrando em colapso.

Vou passar mais tempo com Jeno, porque a porra da aula terminou mais cedo e agora vamos embora juntos. Que legal. Talvez ele queira parar em algum lugar para conversarmos, já que temos mais tempo. Bacana. Isso se não inventar de ficar na minha casa até a hora de sairmos à noite. Muito bom.

E lá se vai meu plano de ficar o menor tempo possível perto dele.

- Parece que o universo está a nosso favor hoje, finalmente um tempinho extra de descanso.

E falando na fera...

- É, acho que vou poder dormir agora, estou tão cansado... - Coço os olhos para parecer realmente esgotado.

- Oh, é melhor mesmo, recarregue suas energias para hoje à noite, porque vai precisar. - Dá dois tapinhas no meu ombro.

Do que ele tá falando...?

Encaro-o um pouco surpreso e ele ri.

- Eita, no que você ta pensando, seu safado? - Me empurra de leve e eu dou um sorriso envergonhado, negando com a cabeça.

- Aish... - Reclamo e afasto sua mão do meu braço, caminhando até a saída.

Meu rosto está queimando. Minhas bochechas devem estar vermelhas. Com certeza estão vermelhas.

A caminhada até nossas casas é surpreendentemente pacífica. Não houve mais nenhuma provocação por parte dele, conversamos normalmente e cada um foi para sua própria residência... Jeno não quis passar mais tempo comigo - o que é um alívio - estranhei um pouco, mas acho que ele precisa descansar também, ou comprou a ideia de que eu é que vou descansar.

Bom, se descansar significa ter pequenos surtos antes de encontrá-lo, então não está tão errado assim.

E pelo visto o tempo não gosta muito de mim, já que passa bem mais rápido do que eu gostaria, o que aumenta a minha ansiedade. Por fim, resolvo ligar para Jeno, perguntar que roupa devo vestir, já que ele não me falou exatamente onde vamos.

- Alô, Dong?

- Jeno! Oi... Hum... Queria saber com que tipo de roupa eu devo ir hoje, sabe? É que você não me disse onde vamos.

- Ah... - Da uma risada relaxada e um pouco antes de dar sua resposta, ouço uma voz desconhecia no fundo da ligação. - Vá com uma roupa que você goste, mas que seja confortável, vamos só andar por aí pela cidade.

- Entendi, obrigado. - Faço uma pequena pausa antes de continuar falando. - Aliás, tem alguém aí?

- Tem sim, o Mark tá aqui. - Fala e ouço Mark me dando um "oi". - Ele veio passar a tarde comigo.

Mark? O canadense que é capitão do time se basquete?

Pois agora faz sentido...

Ele é o menino que Jeno gosta.

- Entendi... Só por curiosidade, quando começaram a se falar? É que nunca vi vocês dois conversando na escola. - Quero mesmo saber, Jeno anda muito cheio das surpresas e dessa em especial eu não gostei muito.

- Sei lá... - Ri e posso ouvi-lo sentando na cama. - Acho que foi um pouco antes das férias, a gente se encontrou na quadra de basquete depois do jogo e começamos a nos falar.

Escuto Mark confirmando o dito de Jeno e logo nos despedimos. Então é isso. Jeno às vezes assiste aos jogos de basquete, imaginei que fosse porque gostasse do esporte, não porque estava de olho em um jogador... De fato, ele já comentou dos jogadores antes, mas nunca mencionou Mark Lee, não que eu me lembre.

Eles devem ter se falado por mensagens as férias todas, agora que voltaram a se ver, Jeno o chamou para ir à sua casa...

Por isso não falou nada de passarmos mais tempo juntos hoje.

O que sinto agora é um desconforto inexplicável - ou nem tão inexplicável assim. Isso não é bom. Não gosto nem um pouco desse sentimento.

Lee Donghyuck, seu imbecil, por que diabos está chorando?

Nem notei quando lágrimas começaram a escorrer pelos cantos dos meus olhos, só me dei conta delas quando me olhei no espelho do banheiro. E agora não consigo parar de chorar enquanto tomo meu banho.

Isso é ridículo. Eu sou ridículo.

Depois do banho, me troco e opto por roupas mais soltinha no corpo, já me sinto sufocado o suficiente, não quero nada que agarre na minha pele e me aperte ainda mais.

Os ponteiros rodam e rodam, até que a hora de sair de casa chega e assim o faço. De repente não estou mais tão nervoso em ver Jeno, sinto-me meio vazio. Não sei.

Mas quando chego no local onde marcamos de nos encontrar, vejo Mark ali também, eles estão conversando e sorrindo como se fossem amigos há décadas. E isso me irrita, mas obviamente não demonstro, tenho conhecimento da fragilidade que esse sentimento pode transparecer e eu não sou frágil. Não sou.

- E aí... - Mark me cumprimenta assim que me aproximo, notando minha presença até mesmo antes do meu dito melhor amigo.

- Oi, Hyuck! - Jeno finalmente direciona seu olhar para mim e abre um sorriso, me abraçando em seguida.

- Oi, gente... - Digo assim que desfaço o abraço com Jeno.

Mark estende a mão para mim, eu a aperto timidamente, com um sorriso meio torto, mas o estrangeiro parece não se importar com minha falta de habilidades sociais, já que balbucia um "cute" enquanto me analisa com um olhar um tanto simpático.

- Bom, eu vou nessa, minha mãe deve estar me esperando para jantar. - Mark diz, colocando as mãos nos bolsos.

Aproveito para passar o olho nele, antes de respondê-lo.

É... No fim, Jeno tem um bom gosto, Mark é muito atraente.

- Pode vir com a gente, se quiser... Não temos um local específico para irmos mesmo. - Convido, porque quero parecer pelo o menos um pouco amigável.

E Jeno torce o nariz, antes de olhar meio desesperado para o canadense.

- Não, não... Minha mãe é capaz de me trancar para fora de casa se eu não chegar até a janta, mas obrigado pelo convite, outro dia a gente marca. - Mark dá um abraço em Jeno e também me abraça antes de sair.

Eu e Jeno estamos sozinhos agora.

- Vamos? - Ele aperta de leve meu braço para chamar minha atenção.

Viro-me e então andamos um ao lado do outro pelas ruas iluminadas do centro da cidade. É muito bonito, tão colorido e chamativo, que, por um momento, me faz esquecer do caos interno no qual me encontro.

- Gosto quando usa roupas maiores do que seu tamanho. - Joga no ar, do nada.

- Você disse que era para eu me vestir com algo confortável e eu vesti. - Sorri pequeno e o olho. Ele já estava me olhando.

- Sua calça de couro preta é confortável?

Essa sua sequência de falas está meio bizarra.

- Embora não pareça, é sim... - Respondo.

- Poderia ter colocado ela hoje também.

Ele lembra dessa calça?

- É, poderia... Mas por que diz isso? - Pergunto, agora franzindo as sobrancelhas, confuso.

- Você fica ainda mais... - limpa a garganta antes de dar continuidade. - estiloso. É, fica muito estiloso quando usa ela.

Murmuro um "ahh" enquanto concordo com a cabeça, agradecendo-o em seguida.

Continuamos o trajeto rumo à lugar nenhum e então paramos em um restaurante francês, coincidentemente um que eu queria muito visitar. Um garçom guia-nos até uma mesa e nos acomodamos ali, não é comum escolhermos um lugar requintado para comermos juntos, normalmente paramos apenas em lanchonetes e enchemos a barriga com fast food barato e gorduroso. Este restaurante não é bem nossa cara, mas considerando a enxurrada de mudanças que tenho vivido com Jeno, nem dou muita atenção à isso.

Peço um Boeuf Bourguignon e ele pede Carbonnade Flamande. Pedimos suco de limão para acompanhar, já que ainda não temos idade para degustar dos vinhos.

Caio de costas ao ver os preços, mas não posso dizer que não estava esperando por alguma coisa nesse nível. Acho que vale a pena pagar mais caro para experimentar coisas inéditas de vez em quando.

- Você fica bonito nessa iluminação... Posso tirar uma foto sua? - Diz e já vai pegando o celular do bolso, apontando a câmera para mim.

Nem tenho tempo de responder direito, apenas faço uma pose comum e ele tira a foto, guardando o celular de volta.

- Ei, nem me mostrou a foto. - Reclamo e o olho incrédulo.

- Ficou bonito, depois te mostro. - Responde com um sorriso bobo.

Que panaca.

- Mas eu quero ver agora. - Exijo, porque posso muito denunciá-lo por direito de imagem, se eu quiser.

- Como você é chato, meu Deus... - Da risada e joga a franja para trás, tirando-a dos olhos.

E como esse desgraçado é bonito, tá me desconcentrando.

- Pois então vou tirar uma foto sua também. - Pego meu celular e bato uma foto.

Capturo exatamente o momento em que sorri descontraído e tenta virar o rosto para se esconder da câmera, mas sou mais rápido que ele para apertar o botão e num ímpeto sua imagem já está salva na minha galeria.

Reparo que hoje ele não usa tudo preto, só as botas e a calça jeans. Sua blusa é branca e de gola alta, enquanto o blaser é cinza escuro.

- Isso não vale, você não me deu tempo de me preparar! - Ousa me cobrar.

- E você não quis me mostrar a foto que tirou de mim. Agora estamos quites.

Após mais alguns minutos, nossos pratos chegam e saboreamos muito bem a comida - Não é todo dia que se pode provar da fina culinária francesa - pagamos pela refeição e seguimos caminho para sabe-se lá onde.

Observo que Jeno anda mais perto de mim hoje, não sei se é pelo fato de estarmos no centro à noite e é mais perigoso...

Noto também que me faz elogios distintos de tempos em tempos, coisa que também não é tão familiar vindo dele. Jeno me elogia casualmente, mas não nessa frequência.

Eu gosto disso.

Passamos numa loja de cookies para pegarmos a sobremesa e depois disso continuamos entrando em lojas diversas, até me compra um ursinho de pelúcia. Ele sabe me deixar feliz.

Compro uma pulseira prateada para ele em forma de agradecimento, acho que combina com seu estilo atual e assim que o entrego, Jeno não tira a pulseira de seu pulso até o momento em que nos despedimos para irmos para casa.

Nem vejo o horário quando me deito na cama, abraçado no ursinho que ganhei, só sei que hoje foi mais divertido do que pensei que seria.

E que Lee Jeno continua a fazer algazarra em meu peito.

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