Ran Before The Storm - Remus...

By JuLovegood

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Luna foi nomeada pelo nome do único satélite natural deste planeta. Remus por inúmeras vezes odiou a lua. Rem... More

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Epílogo

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By JuLovegood

Inspirar e expirar é um movimento involuntário mecânico que aprendemos a realizar nos primeiros segundos de vida. Teoricamente, a coisa mais fácil que se pode fazer enquanto saudável e... vivo.

Não para Luna.

O simples movimento de soltar o ar que estava em seus pulmões parecia urgente, mas quando uma pequena remessa de ar saia entrecortada pelo choro, seu corpo exigia mais ar. Ela inspirava. Precisava ser rápida. Mas então o ar se misturava com a tristeza que o som, que seria inaudível, tornava-se soluços.

Tio Guildo estava preso. Em Azkaban. Ela nunca o veria de novo. Tio Guildo estava preso.

Tio Guildo nunca mais a ninaria.

Nunca mais a cobriria e daria um beijo estalado em sua testa.

Ele nunca mais comeria sua comida favorita.

Nunca mais tocaria um violão.

Nunca mais a abraçaria novamente.

Seu pensamento acelerado sempre a beneficiara nos testes e nos duelos. Mas agora era seu pior inimigo.

No percurso corrido entre o salão até a saída da escola para a floresta, sua mente já havia criado inúmeras histórias tristes sobre seu tio. Sobre como o descobriram. Sobre como arrastaram seu corpo machucado até a prisão.

Sentia suas vísceras doerem. Ele estava com fome? Ele sentia frio?

Entrou na floresta. Galhos arrebatando em sua face molhada. Tinha torcido o pé pela segunda vez, mas não parara de correr. Tinha que correr.

E se eles tiverem batido tanto nele que ele estava desacordado? E se estivesse machucado? E sua namorada? Com certeza estaria preocupado com ela.

E se estivesse morto?

O pensamento a fez parar abruptamente. Com a boca arreganhada em espanto, os olhos em pânico, teve que usar as mãos para abafar o choro alto que arranhou sua garganta e escapou para o mundo num tom desesperador.

Suas pernas não funcionavam mais. Ela caiu de joelhos em cima das raízes das árvores um baque que só foi ouvido pelo cão que corria em seu encalço. Não sentia dor. Não sentia frio. Não sentia a brisa congelante balançando seus cabelos.

Tentou buscar o ar. Ele não veio.

Sentiu um par de mãos a segurar firmemente pelos ombros. A voz dele parecia estar debaixo d'água. Ela olhou pra frente, mas não sabia quem era. James? Peter? Sirius?

Ele estava falando com ela, mas ela não ouvia nada. Era como se estivesse submersa em um oceano turbulento e tempestuoso.

Ele a abraçou. E só então ela conseguiu distinguir uma palavra dentre as que ele disse próximo a seu ouvido.

- Respira.

Eles a levaram caminhando até algum lugar. Luna não sabia dizer como andou, mas andou. Não sabia onde estava, nem com quem. Se eram professores, os marotos ou Romina.

- Romina? - ela disse apertando o grosso cobertor que estava em volta de seus ombros. Olhou ao redor tentando encontrar a melhor amiga.

- Lu... A gente tá aqui com você. - ela sentiu um carinho no joelho e logo sentiu uma fisgada incomoda que a fez recuar. - Acho que ela se machucou, gente...

Peter Pettigrew. Luna conseguiu identificar o amigo a sua frente examinando seu joelho.

- Eu vou pegar alguma coisa pra passarmos aí... Tenho uma poção preparada no quarto.

Remus. Remus estava lá também. Sua voz era doce e baixa. Como se tivesse uma criança dormindo e ele não quisesse acorda-la. Seu coração se apertou mais ainda.

- Vou com você. Vocês ficam aqui com ela?

James. Ela olhou para o maroto e viu seu olhar de pena pairar sob ela. Não queria que sentissem pena dela. Mas sequer se lembrava o motivo que poderia levá-lo a sentir pena de si.

- Claro, cara. Aonde mais a gente iria? Comprar cigarro?

Ela olhou para o último maroto. Sirius. Com sua típica pose de durão, mas com olhos expressivos variando entre James e ela.

Ela permaneceu em silêncio. Seu cérebro não funcionava mais. Parecia ter caído num limbo.

Úmido, mal iluminado e... Com repleto de côco de gigante. Era o lugar onde seu cérebro estava.

- Luluzinha, meu amor... - viu os cabelos pretos de Sirius quando ele se ajoelhou em sua frente e tentou pegar as mãos da amiga - Você quer alguma coisa? Água, whisky de fogo, café...?

Ela não conseguiu responder. Abriu a boca pra perguntar onde eles estavam, mas o único som audível foi de um soluço e logo depois uma cachoeira de lágrimas voltou a banhar suas bochechas.

Peter a puxou, tombando-a para o lado. Ela sequer teve forças para relutar e sair correndo novamente. Queria tomar a forma de uma leoa e correr o quanto suas patas aguentassem. Queria gritar tão alto até sentir suas cordas vocais se arrebentando. Mas o que fez foi deixar seu corpo se deitar e apoiar a cabeça no colo macio de Peter.

Peter tentava acalmar a amiga. Ele estava orgulhoso de estar mantendo a calma. Sua vontade era de sair correndo para o castelo e deitar debaixo dos seus cobertores quentinhos e seguros. Mas era Luna que estava ali. Ele faria qualquer coisa por Santiago.

Ele tentava fazer um cafuné desajeitado nos cabelos macios e negros da menina. Ela sequer sentia o afago.

Logo os dois voltaram, saindo da capa de invisibilidade. Estavam ofegantes e suados, mesmo com o frio que fazia lá fora.

- Explicamos tudo ao Dumbledore. Quando voltarmos, temos que levá-la imediatamente a enfermaria. Ele vai passar aqui daqui alguns minutos, assim que todos estiverem dormindo. - Remus bateu as mãos nas calças, tirando um pouco de neve que estava ali.

- Eu achei essa a pior ideia que Aluado já teve. Contar para o diretor que pegamos a aluna que saiu correndo da escola e a levamos para a casa dos gritos ao invés de levá-la para a segura escola de Hogwarts. Mas por incrível que pareça, ele foi super compreensivo. Não estamos de detenção, nem perdemos pontos. Literalmente, estamos dormindo fora da escola com a permissão dele e a exigência de que não morramos... Ou algo do tipo. - James batia os sapatos no chão de madeira do lugar e pendurou a capa em uma cadeira velha e mofada.

Remus jogou uma bolsa no chão próximo de Luna e a olhou pedindo permissão para levantar o cobertor por cima de seus joelhos cortados. Mas ela sequer olhou para ele. Tinha os olhos vazios, olhando para ponto nenhum, transmitindo nenhuma emoção. Sentiu seu coração se partir e sentiu os pulsos gelados.

Ele fez seu melhor. Usava sempre aquela poção para melhorar o aspecto dos machucados feitos pelo lobisomem. Era antisséptico e ardia, mas Luna não reclamou mais do que um franzir do nariz. Ele enfaixou o joelho direito que estava com um rasgo considerável e poderia inflamar. Pediu a alguma força superior para que os machucados não inflamassem.

Alguns minutos de um silêncio mórbido se seguiram.

Peter começou a cochilar com Luna em seu colo, mas acordou num solavanco quando sentiu o toque quente do rosto da morena dando lugar a uma sensação fria e úmida.

Os outros três pararam o que estavam fazendo e voltaram sua atenção para a menina. Sirius estava lendo uma revista com os pés em uma mesa. Remus estava em pé, olhava para o céu pela janela apoiado nela. James estava sentado com os pés no colo de Sirius tentando fazer um origami com um pedaço de revista velho que rasgara das mãos do Black.

Todos em silêncio, se voltaram para a menina aguardando qualquer reação. Choro. Gritos. Tentativa de fuga. Sirius por um momento até pensou que ela fosse bater neles.

- Eles o pegaram. 

- Sim. - James disse baixinho, quase como se pudesse mudar o fato se ninguém o escutasse.

- Vocês são as melhores pessoas do mundo, sabiam?

A pergunta de Luna deixou os quatro marotos sem palavras. Era a primeira vez que Sirius não tinha um comentário a fazer. Peter sentiu seu peito inchar de carinho. Remus ainda estava muito preocupado com a... Namorada? Foi James quem conseguiu responder.

- Só com você, Lulu. A gente disse que você era uma de nós, lembra?

A menina sorriu fraco. E se ajeitou no banco.

- Obrigada por me buscarem lá na floresta... Eu... Não sei o que deu em mim.

- Pelo menos não se transformou em leoa. Padfoot aqui não consegue correr tanto quanto você não. - Sirius piscou para a morena que riu nasalmente e fungou em seguida. Sempre disputaram corridas quando Luna se sentia triste. Ele sempre a deixava ganhar. De propósito, claro.

- Aliás, estamos na casa dos gritos. - Peter disse coçando a cabeça.

Luna juntou as sobrancelhas e franziu a testa.

- Mas é seguro, não se preocupa! - James tirou a perna de cima de Sirius. – Dumbledore tá por dentro. Vai passar aqui daqui a pouco.

Remus se sentou ao lado de Luna e tentou colocar a mão por cima da dela.

Ele pensou que ela fosse recuar, xinga-lo, ou algo assim. Mas ele precisava demonstrar de alguém forma que estava com ela, apesar de tudo. Naquele momento não se importou com sua maldição, com seu coração dolorido, com quão péssima devia estar sua aparência. Ele só queria fazer sua Luna se sentir melhor.

Luna não recuou. Nem o repreendeu

Ao contrário do que Lupin esperava, ela apertou a mão dele, olhou em seus olhos e sorriu de leve. Deitando a cabeça em seu ombro.

Estava exausta. Não conseguia pensar em nada. A leve lembrança de seu tio fez seu coração queimar.

- Eu tenho uma porção para... Acalmar, se você quiser. Não tem nenhum efeito colateral, além de abaixar a sua pressão. - Remus disse baixinho para a menina.

- Fica aqui comigo?

Ela estava tão cansada. A vista já estava embaçada. Seu corpo pedia descanso. Seu cérebro reagia como quando ela esteve bêbada na última festa escondida que Sirius e James deram na comunal da Grifinória. Ela não raciocinava, não pensava coisas com muito fundamento.

Peter se deitara em um sofá vinho no canto do quarto. Tinham três colchões enrolados num canto. E uma cama quebrada, onde Remus e Luna estavam sentados.

- Eu não vou sair daqui a menos que você peça. - ele beijou o topo da cabeça a menina.

Ele ousou abraçar a menina. Não era a reconciliação que eles queriam, mas acima de tudo eram amigos. Acima de qualquer coisa estariam ali um pelo outro. Mesmo que Remus ainda temesse machucar a amada.

Outro pensamento ruim passou pela cabeça de Luna. O tio, gritando e chorando segurando as grades de prata de prisão, sendo destruído por si próprio na lua cheia. Ela suspirou. Não tinha mais lágrimas. Não tinha mais forças.

- Eu quero a poção.

Remus carinhosamente se desvencilhou da menina. Foi até sua bolsa e pegou o pequeno frasco. Deu as instruções e ela bebeu.

Ela se deitou no canto da cama e o olhou em pedido.

Remus se deitou frente a ela. Tomando o espaço adequado para não invadir o espaço pessoal dela, ou a pressionar contra a parede. Metade de suas costas estava no ar por isso.

- Você não vai cair? - ela sussurrou. As mãos dela estava próxima do peito dele

- Logo eu vou para o colchonete. Vou ficar aqui até você dormir, não se preocupe.

- Dorme comigo... - ele disse manhosa e já com as pálpebras pesando - por favor.

Ele se esticou e deu um beijo na testa dela.

- Estou aqui.




Amoras da minha vida, desculpem a demora para postar, mas to fazendo horário dobrado no serviço porque pegaram mais projetos do que eu aguento (e eu sou a única arquiteta responsável, então imaginem o tamanho da tora que enfiaram no meu rabo)

Agora, por exemplo, eu estava escrevendo um HOT de Lumus e meu chefe me ligou pedindo alteração num projeto e, não, gente, não rolou mais escrever o hot KKKK talvez amanhã.

Se cuidem, amo vocês <3 obrigada por todos os comentários, vocês me motivam muuuuito!! 

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