Final de outubro de 1995:
Eli Lange;
- Eu já dividi as duplas para essa tarefa. São só um metro de pergaminho, por isso quero que me entreguem amanhã. - O professor Snape continuava falando.
É simplesmente impossível prestar a atenção por mais do que cinco minutos no que ele fala. O fato dele ser um bom professor, não anula o de ser completamente chato, entediante e cafona. Com seu cabelo oleoso e um estilo de gosto duvidoso, ele é um..
- Elizabeth Lange e Fred Weasley. - Ele pronunciou.
- O que? - Minha voz sai mais alta do que eu calculei, o que chama a atenção de todo mundo na sala.
- Vocês vão ser uma das duplas no trabalho, notaria isso se prestasse mais atenção na aula. - Ele respondeu me olhando de cara feia, tenho a impressão de que ele me destesta desde que eu falei que ele favorecia a sonserina. - Menos dez pontos para a grifinoria. - Sentenciou.
Beleza, eu merecia essa depois de ficar olhando para o chão fixamente sem pensar em nada específico.. espera! Eu com o Fred? Dupla!?
- Eu vou fazer com o Weasley? - Perguntei olhando do Snape para os gêmeos, não reconhecendo quem é quem pela distancia que os ruivos estavam. Nossos nomes são seguidos por ordem alfabética, mas nunca fizemos um trabalho juntos.
- Esta surda? - O professor questionou, o que arrancou alguns risos dos alunos da Sonserina. O fato dessa aula ser obrigatória e ainda ser com a Sonserina ainda vai me matar um dia!
- Você não pode separar gêmeos assim! - Um dos gêmeos protestou de forma corajosa, pela voz percebi que foi Jorge.
- Esta questionando minha autoridade, senhor Weasley? - O professor indagou irritado.
- E se eu estiver? - A coragem de Jorge estava sendo bem interessante de se ver, todo mundo ficou em silêncio para ver a reação do professor.
- Menos vinte pontos para a Grifinória e detenção para você. - Snape ordenou olhando para o ruivo como se pudesse azara-lo nesse instante.
- Se ele ficar de detenção eu também vou ficar! - Fred protestou se levantando da sua cadeira como se isso fosse chamar mais atenção.
- Ótimo. - Snape ironizou. - Detenção para os dois então.
- Você não pode fazer isso, ele nem fez nada. - Eu falo não conseguindo ficar calada.
- Eu posso fazer o que bem entender e só pela sua petulância detenção para você também, senhorita Lange. - Proclamou Snape. - Vejo que não aprendeu com o último mês limpando a sala.
Eu cruzei os braços desgostosa só de me lembrar o tempo que perdi limpando essa sala depois que um aluno causou uma explosão acidental num caldeirão, eu nunca demorei tanto para limpar um como naquele dia.
- Eu e o Fred sempre fazemos as tarefas juntos. - Jorge voltou a falar e o professor bufou sem paciência.
- Cansei-me das desculpa que os dois incompetentes sempre dão, vocês nunca fazem as tarefas quando são postos como dupla. - Snape respondeu olhando fixamente para os dois, quase uma áurea assassina.
- Você estava louca em ficar batendo boca com o professor Snape? - Paige perguntou assim que saímos da sala quando a aula chegou ao fim.
Alguns alunos, em sua maioria da sonserina e que estavam na aula também, passam por nós e cochicham olhando para mim.
- Ele abusa do poder. - Justifiquei revirando meus olhos. - Tenho certeza que se fossemos da Sonserina ele não faria isso.
- Ele sempre foi assim, não é nenhuma surpresa. - Ela comentou amarrando o cabelo num coque.
- A surpresa mesmo foi ver a Eli bater de frente com ele pela segunda vez. - Candy mencionou rindo.
- Acho que ele me odeia. - Eu resmunguei, mas rindo também.
- Eu não duvidaria. - Paige se expressou.
- Weasley! - Chamei quando vi os gêmeos mais na frente do corredor. Os dois se viraram e eu balancei a cabeça me lembrando que seria melhor dizer o primeiro nome logo. - O Fred.
- Eu sou o Fred. - Os dois falaram e deram risada ao mesmo tempo. - Mentira, sou o Jorge. - Eles falaram juntos mais uma vez.
A voz dos dois falando ao mesmo tempo são muito, muito, parecidas. Tanto que nem consigo diferencia-las.
- Parem de palhaçada! - Eu mandei enquanto Paige e Candy acabaram rindo também.
- Esta muito estressadinha para quem estava a poucos minutos discutindo com o Snape. - So um deles fala dessa vez e só assim eu consigo identifica-los. Jorge é o da esquerda.
- Falando assim até parece que eu briguei com ele, Jorge. - Eu digo usando seu propositaomente para que ele saiba que sem quem ele é.
- Eu não sou o Jorge. - Ele negou.
- Eu sou o Jorge. - Fred se manifestou fingindo indignação.
- Eu sei que você é o Jorge, a voz do Fred é mais irritante. - Revelei fitando o verdadeiro Jorge.
- Minha voz não é irritante! - Fred proferiu insultado, se entregando.
- Vamos fazer esse trabalho na sala comunal depois do almoço. - Eu disse olhando para ele dessa vez.
- É claro que eu não vou ter nada para fazer essa tarde e estarei disponível para fazer esse trabalho, Lizzy, obrigado por perguntar. - Ele ironizou fazendo seu gemeo rir.
- Você as vezes esgota a minha paciência, Fred. - Comentei.
- É um prazer. - Ele debochou.
- Vocês vão ficar de conversinha por mais quanto tempo? - Paige perguntou impaciente.
- Às duas na sala comunal, Fred. Não se esqueça e separe sua parte do capítulo três do livro. - Eu mandei pronta para caminhar com Paige e Candy para a próxima aula.
- Ei! - Fred chamou antes que eu pudesse sair.
O modo lento e deliberado com que as palavras foram ditas, como se ele estivesse planejando me tirar do sério, me fez levantar uma das sombrancelhas.
- O quê? - Perguntei, seca.
- Poxa, Lizzu. - Fred reclama com a falsamente dramática. - Não faz isso. Somos amigos, não somos?
Eu não sei o que me surpreende mais: a abreviação casual do meu nome, o tipo de intimidade fácil que há anos não tenho com ninguém além das minhas amigas e de Lino… ou o fato de que Fred acha que somos amigos.
- Uma semanas atrás você nem gostava de mim.
A maioria das pessoas negaria aquilo, mas ele só deu de ombros, sorrindo de leve.
- Você também não gostava de mim. Mas, agora que te conheço melhor, te acho engraçada e até fofa, e gosto de você.
Um calor leve e formigante se espalha por mim enquanto luto para impedir um sorriso amplo e tolo de se abrir. Eu quase conseguira me convencer de que o tom vertiginoso dele é só por causa do seu charme natural, que eu já o tinha visto ostentar várias vezes para impressionar as pessoas, como moedas de cinquenta galeões. Mas não parece ser o caso. Parece que as piadinhas e a doçura dele são sinceras. O que é um alívio, já que são sinceras da minha parte também. Mas meu prazer com as palavras dele, com o modo como me descrevera, é entusiasmado demais, então eu procuro me controlar.
- Tá. Somos amigos. - Eu reviro meus olhos, ouvindo as meninas rirem e vendo como Jorge sorri também. - O que você quer?
- So iria desejar uma boa tarde. - Ele provoca, saindo em seguida com o irmao.
Duas horas depois do almoço, fui para a sala comunal. Os gêmeos e meu primo chegaram um tempo depois. Ao ver Jorge e Lino com Fred eu já soube que isso seria desastroso.
- Podemos nos concentrar? - Questiono esfregando minhas têmporas.
Lino e os gêmeos olham para uma das janelas da sala comunal enquanto a chuva começa a cair lá fora.
- Está chovendo muito lá fora. - Lino falou.
- Este projeto é para amanhã. - Tentei relembrar. Estava tudo indo tão perfeitamente bem na minha vida, tive o encontro com Ethan no sábado e até cheguei a esquecer um pouco sobre a carta da minha mãe, mas então fui como dupla num trabalho com o Fred e agora tudo desandou. Sorte foi da Candace e da Paige que estão fazendo o trabalho juntas na biblioteca, nessa altura devem estar até terminando.
- Acho que o treino de mais tarde vai ser cancelado. - Jorge comenta olhando para a chuva lá fora como um bobo, igual ao seu irmão e meu primo.
- Sério? - Fred perguntou. - So por causa de uma chuvinha?
Hoje eles estão realmente testando minha paciência. Eu estava bem perto de fechar as matérias desse semestre com notas ótimas, e então sou colocada como dupla com o Fred. Sim, Fred Weasley. Ele não leva a escola muito a sério, eu já até o ouvi roncando durante uma aula. E agora ao invés de fazermos o trabalho para eu finalmente ir embora, ele e seu irmão estão olhando para a maldita janela. Eu sabia, sabia mesmo que Lino e Jorge aqui não iria ajudar, mas quando vi eles já estavam aqui!
- Fred?! - Perdi a paciência e gritei fazendo com que ele finalmente se junta-se a mim na mesa. Alguns alunos que estavam conversando ou lendo até me olharam assustados pelo grito, mas não me importei já que surtiu efeito pois o ruivo se aproximou.
- Que tarefa idiota, por que nós que estamos ensinando? - Ele olhou para nosso pergaminho fazendo uma careta desgostosa. - Isso não é trabalho para o professor?
- Isso é para se tornar divertido. - Eu tento dizer, mas Fred me zomba apenas com o olhar. - Me de as suas anotações sobre o trabalho. - Peço sem paciência. Ele me entrega dois cartões, passo meus olhos por eles e fico incrédula. Como ele quer tirar uma boa nota com isso? É impossível. - O que é isso?
- É o que você pediu, resumo do capítulo três daquele livro tedioso.
- Sim, mas você escreveu só duas frases! Nós precisamos de parágrafos, Fred.
- Você é muito crítica.
- Alguém tem que ser. - Me expresso exaltada. - Nossas notas estão em jogos, não que eu ache que você se importe.
Ele dá de ombros e retorna para a janela onde Lino e seu irmão ainda estavam. Já chega! Se eu pensar nessa tarefa mais um minuto, serei capaz de esgana-lo. Talvez o professor Snape me deixe fazer sozinha so eu prometer nunca mais me distrair ou falar alguma na sua aula. É um trabalho simples, tanto que o professor deu só um dia para fazermos, mas aparentemente Fred não se deu conta disso.
- Quer saber? - Falei me levantando e me aproximando dos três. - Eu vou fazer sozinha. - Decidi olhando so para Fred agora. - Nunca mais faço trabalho com você.
Ele parece magoado, mas isso não supera a raiva que eu estou sentindo. Olhei para a janela que eles tanto observavam e vejo que a chuva está tão forte que mal consigo ver a grama lá fora.
- Eu disse que estava chovendo muito. -
Meu primo fala. - Vamos sentar.
Balançando a cabeça eu me sento num dos sofás vazios, enquanto eu cruzo meus braços. Eu odeio chuvas com trovoadas.
- Você está bem? - Lino me perguntou deitando-se no sofá da frente. É em momentos como esse que devemos agradecer pela sala comunal da nossa casa ter tantos sofás e ser tão aconchegante.
- Já estive melhor. - Respondi.
Fred de repente me jogou uma manta e eu o olhei confusa.
- Tá frio. - Se explicou. Eu não posso deixar de reconhecer que essa atitude foi fofa, então me aconchego embaixo da manta.
- Obrigada.
Sorrindo, ele se sentou ao meu lado enquanto seu irmão se sentava no tapete escrevendo algo num caderno de anotações, provavelmente sobre os produtos Weasley. O joelho do Fred toca no meu e eu sinto uma sensação de excitação, o que está acontecendo?
Como se estivesse fazendo algo de errado, olhei rapidamente para o outro sofá, mas tanto Jorge quanto meu primo parecem completamente alheio a tudo. Lino se deitou confortavelmente no sofá e está com uma almofada na cara do mesmo jeito que sempre faz quando vai dormir.
- Eu odeio quando chove muito. - Jorge reclamou concentrado no seu caderno de anotações. - Nunca tem nada para fazer.
- Acho que eu vou dormir um pouco. - Lino resmungou.
Eu olho para Fred no outro canto do sofá, ele me deu a manta que tinha e está visivelmente com frio.
- Pega um pouco do cobertor. - Ofereci me sentindo um pouco mal por ter sido dura com ele.
- Tem certeza?
Nossos olhares se encontram e por um momento me sinto estranha por ter oferecido isso.
- Pega logo, Fred. - Eu bufei.
Rindo, ele pegou um pouco da manta. Lentamente eu cai no sono. Um tempo depois eu acordei num salto, percebi então que estava sozinha no sofá.
- Gente? - Olhando para a janela vejo que a chuva parou.
- A bela adormecida acordou! - A voz do Jorge ecoou nos meus ouvidos e eu olhei para frente encontrando ele e o irmão na mesa onde eu havia sentado mais cedo para fazer a tarefa de poções.
- Não consegui dormir muito, então resolvi terminar o pergaminho e o Jorge me ajudou. - Fred exibe o pergaminho com orgulho, ele completou tudo e até expandiu as seções. - Você gostou?
A expectativa brilha nos seus olhos e mesmo se esse trabalho estivesse horrível eu não diria para não acabar com isso.
- Sim. - Sou sincera. Fred me pegou de surpresa ao terminar todo o trabalho sozinho, ele parece ter se esforçado para fazer isso durante esse tempo em que estive dormindo.
- Cade o Lino? - Perguntei olhando para o sofá vazio em que ele estava deitado mais cedo.
- Ele foi no banheiro. - Respondeu Fred, sem me olhar. Ainda super concentrado nos mínimos detalhes do trabalho, chego a me sentir um pouco mal por ter dito que ele não se importava e que eu não gostaria de fazer dupla com ele de novo.
- Está perfeito Fred, não tem o que arrumar. - Digo para ele que me olha surpreso. Nós nos olhamos por mais tempo do que o necessário até Jorge fingir uma tosse falsa me fazendo desviar o olhar, vermelha.