A CHUVA

By auauderabia

129K 10.2K 11.6K

Noiva há 3 anos e pressionada pela família para se casar, Bianca começa a se questionar sobre seu relacioname... More

Prólogo
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Capítulo 31.
Capítulo 32.
Capítulo 33.
Capítulo 34.
Capítulo 35.
Capítulo 36.
Capítulo 37.
Capítulo 38.
Capítulo 39.
Capítulo 40.
Capítulo 41.
Capítulo 42.
Capítulo 43.

Capítulo 25.

3.2K 237 240
By auauderabia

3/5

POV Bianca Andrade

Na manhã seguinte, Marcela e eu combinamos de nos encontrar no estúdio para podermos renderizar e dar o tratamento adequado para as fotos tiradas no evento de sexta-feira.

O plano era finalizar tudo antes da noite chegar, mesmo que para isso tivéssemos que ficar presas em frente aos computadores por horas e horas.

Queríamos enviar as fotos para Rafaella o mais rápido possível.

No momento, eu estava sentada em um dos bancos próximo ao balcão de atendimento da cafeteria dos meus pais enquanto esperava pelo meu pedido.

Resolvi fazer uma pequena parada para comprar café da manhã para mim e para Marcela. Tinha certeza que ela acordaria atrasada e sairia correndo de casa, então resolvi poupá-la de ter trabalho para arrumar algo para comer.

Senti meu celular vibrando em meu bolso e rapidamente o peguei, atendendo a chamada ao ver o apelido de Marcela no visor.

— Bom dia, bela adormecida! — falei.

— Bia, eu perdi a hora, me desculpe! Estou terminando de me arrumar e já saio de casa para te encontrar.

Eu já sabia.

— Não se preocupe, Ma. Estou na cafeteria comprando nosso café da manhã. Vá direto para o estúdio, nos encontramos lá. — falei batendo os dedos da mão contra a madeira do balcão.

— Você é a melhor amiga do mundo, Bianca. Eu te amo! — ela respondeu ofegante.

— Eu também te amo. Até daqui a pouco! — respondi e encerrei a chamada.

Assim que coloquei o celular sobre o balcão, avistei minha mãe vindo até mim com meu pedido em mãos.

— Dois cappuccinos bem quentinhos, dois pães de queijo e dois pedacinhos de torta de limão. Por conta da casa. — ela sussurrou a última frase.

— Obrigada, mamai! Você é a melhor do mundo! — falei inclinando-me sobre o balcão e abraçando-a.

Ela deixou um beijinho em minha bochecha e voltou a limpar o balcão.

— Está indo para a loja de vestidos? — ela perguntou.

— Hoje não. Estou indo para o estúdio me encontrar com Marcela. Temos que resolver umas coisas. — respondi pegando o suporte dos copos e os saquinhos com as comidas.

— E até que horas você acha que consegue resolver suas coisas, filha?

— Não sei, mas espero estar com tudo resolvido até o final da tarde. Por quê?

— Seu pai e eu queríamos fazer um jantar mais tarde. Como nos velhos tempos. — ela sorriu.

— Iris também vai estar presente? — perguntei.

— Vai sim. Acho que a Flavina também vai estar presente. Essas duas são como unha e carne, não se desgrudam nunca! — mamãe riu.

— Elas são mesmo. — sorri. — Fico feliz que Iris tenha encontrado alguém que a faz tão bem.

— Eu também! Fazia tempo que não a via tão feliz com uma amizade.

— Sim... — suspirei.

— Por que não convida o Bruno para jantar conosco? — ela perguntou animada.

Droga.

— Ele não está na cidade. — menti.

— Viagem a trabalho de novo?

— Pois é... — respondi desviando o olhar.

— Tudo bem, filha. Marcamos outro dia com ele então. Posso contar com a sua presença?

— Pode sim, mamai. Estarei lá!

[...]

Assim que saí da cafeteria fui para o estúdio.

Marcela havia acabado de chegar.

Observei-a saindo de seu carro e indo até a porta do estúdio, destrancando-a e entrando no ambiente no instante seguinte.

Desliguei meu carro e peguei nosso café da manhã com cuidado, trancando a porta, atravessando a rua e finalmente chegando até meu local de trabalho.

No momento em que abri a porta, o pequeno sino localizado em cima dela soou, anunciando minha chegada.

— Bom dia, Bia! — Marcela falou ao me ver.

— Bom dia, dorminhoca! — falei enquanto me aproximava dela e deixava as coisas em cima do balcão.

— Amiga, eu estava quebrada ontem, sério. — ela falou.

— E o que você fez pra ficar tão dolorida e cansada? — perguntei e a olhei, recebendo um olhar malicioso em troca. — Quer saber? Não precisa me contar.

— Qual é, Bianca! — ela riu. — Luiza é a mulher mais gostosa do mundo!

— E eu sou uma mulher que definitivamente não precisa saber da vida sexual da minha melhor amiga. — respondi.

— Isso é falta de sexo, eu já te falei. — ela me olhou. — Aliás, o que você ficou fazendo ontem o dia inteiro? Depois que você me mandou mensagem falando que chegou bem em casa eu tentei te ligar o resto da tarde e você não me atendeu.

— Eu... Estava ocupada. — sorri. — Vamos tomar café? Vai esfriar.

Peguei as embalagens que havia deixado sobre o balcão e segui em direção até nosso escritório.

— Bianca, de hoje você não escapa! — ela falou me seguindo pelo corredor. — Você estava com a Rafaella, não é?

Coloquei nosso café da manhã sobre a mesa e sentei-me na cadeira estofada, passando a mão em meu rosto.

Eu não conseguiria escapar do interrogatório de Marcela.

— Sim, Ma! Eu estava com a Rafaella. — falei. — Era isso que você queria ouvir?

— Sua safada! Eu sabia! — ela falou animada, sentando-se na cadeira a minha frente e pegando seu copo de café. — Eu quero saber de tudo!

— Ai Ma... — suspirei.

— Já está apaixonada? — ela perguntou.

— Nós só estamos nos conhecendo. — respondi.

— Já conheceu a cama dela?

Quase engasguei com o café.

— Marcela! — falei.

— O que foi? Eu só te fiz uma pergunta.

— Já conheci a cama dela. — respondi. — Dormimos juntas, lembra? Eu comentei no dia em que fomos ao bar.

— Ai Bianca, deixa de ser boba. Isso não é conhecer a cama de alguém.

— Nós não transamos, se é isso que quer saber. — tomei um gole de meu café.

— Vocês são duas lerdas. Eu fico dois minutos ao lado de vocês e já tenho que sair por conta da áurea sexual que se instala no ambiente. — ela falou. — Aquela mulher quer você, Bianca. Eu sinto. E eu sei que você também a quer, não vem não.

— Se você já sabe de tudo, por que ainda insiste em ficar me perguntando coisas?

— Porque eu quero saber de você! Não das suposições que crio na minha cabeça. — ela falou. — Ela já sabe sobre o Bruno?

— Não. — respondi. — Mas deve imaginar.

— Como assim?

— Ontem enquanto estávamos juntas percebi que ela ficou um tempinho olhando para o meu anelar direito. — olhei para minha mão. — Não estou mais com o anel de noivado.

— Então ela com certeza já sabe. Só está esperando você dar o sinal verde.

— Sinal verde pra quê? — perguntei.

— Pra transar com você, ué.

— Ai Ma... Eu tenho medo. — falei.

— Medo do quê, Bianca?

— De não saber o que fazer ou de sei lá... Fazer errado.

— Você fala como se nunca tivesse transado com uma mulher antes. — ela revirou os olhos.

— Marcela, isso já tem trezentos anos! Eu não lembro mais.

— Claro que lembra, Bianca! É só seguir seus instintos e suas vontades quando chegar a hora.

— Tem razão. — falei.

— Você enrolou, enrolou, enrolou e não respondeu a minha pergunta.

— Que pergunta? Você fez tantas!

— Engraçadinha. — ela franziu a boca. — Você está apaixonada por ela?

Fiquei em silêncio.

Eu estava?

— Não sei... — respondi vagamente.

— Como assim não sabe?

— Não sabendo. — falei. — Ela é diferente de todas as pessoas com quem me envolvi.

— Diferente em um bom ou mau sentido?

— Bom. Definitivamente bom. — respondi. — Eu me sinto tão bem quando estamos juntas! Ela me ouve, ri das minhas piadas sem graça, topa tirar foto mesmo estando suja com recheio de cupcake, me leva a lugares incríveis e está sempre me fazendo sorrir. Sem contar que, quando estou perto dela, eu sinto como se o mundo todo deixasse de existir, sobrando nada além de nós duas. — suspirei. — Meu coração acelera, o ar falta e...

Olhei para Marcela, que observava meu monólogo com um sorriso de orelha a orelha.

— Acho que eu respondi sua pergunta. — sorri tímida.

— Com toda certeza do mundo. — Marcela sorriu. — Seja bem-vinda de volta, Bia. Senti falta dessa Bianca feliz e falante.

— Eu também senti, Ma. Eu também.

[...]

Depois de tomarmos o café da manhã, Marcela e eu começamos a trabalhar.

Juntas havíamos tirado quase quatro mil fotos.

Analisamos todas. Escolhemos as melhores, descartando as que apresentavam ângulos parecidos ou que continham erros que o photoshop não conseguiria corrigir.

Até o horário do almoço havíamos conseguido analisar a metade da metade das fotos.

O dia seria longo.

Fizemos uma pausa para almoçar indo em um restaurante próximo ao estúdio.

Depois de contar em detalhes sobre o que havia acontecido ontem em meu encontro com Rafaella e ouvir todos os surtos e recomendações de Marcela, voltamos para nosso escritório, onde ficamos até o entardecer.

— Estou exausta. — falei enquanto me alongava na cadeira e sentia minhas costas estralarem.

— Nem me fale, Bia. — Marcela respondeu, repetindo meu gesto.

— Daria tudo por uma massagem agora. — comentei.

— Nossa, eu também!

Meu celular começou a tocar e quando olhei o visor brilhante em cima da mesa, vi o apelido de Rafaella.

Sorri.

— Oi, Rafinha! — falei e Marcela me olhou.

— Oi, Bi! — a voz rouca do outro lado da linha respondeu. — Tudo bem?

— Tudo sim e você?

— Estou bem também. — ela respondeu e eu pude ouvir um barulho de chaves. — Ainda está no estúdio?

— Estou sim. Acabamos de terminar aqui. — falei. — Onde você está?

— Acabei de trancar a loja de vestidos. — ela falou. — Posso ir até aí? Queria te ver.

Mordi o lábio inferior e afundei meu corpo na cadeira, fitando o teto.

— Claro que pode! Quero te ver também. — sorri.

Marcela olhou pra mim e deu um sorriso malicioso. Peguei um bloquinho de post-it e arremessei em sua direção.

— Então até daqui a pouquinho. — ela falou. — Beijos!

— Até, beijos! — respondi e encerrei a chamada.

Peguei impulso no chão e girei sobre o eixo da cadeira.

— Rafaella está vindo pra cá. — falei sorrindo.

— Eu sei. Sua cara entrega. — ela riu, me jogando o bloquinho de post-it de volta.

Levantei da cadeira e terminei de me alongar.

— Como estou? — perguntei.

— Gostosa. — Marcela respondeu.

— E meu cabelo? — joguei-o para os lados.

— Está lindo, Bia! — ela começou a rir. — Meu Deus, você está parecendo uma adolescente!

— Estou ficando nervosa. — ri junto com ela.

Resolvemos conversar sobre outras coisas enquanto esperávamos por Rafaella. Aproveitamos também para desligar os computadores e deixar tudo em seu devido lugar antes de irmos embora.

Não demorou muito para ouvirmos uma batida na porta do estúdio acompanhada do tilintar do sino em cima dela.

Ela havia chegado.

— Bi? — sua voz rouca chamou.

— Estou aqui nos fundos! — gritei.

Poucos segundos depois a silhueta de Rafaella apareceu na porta.

Ela estava linda.

Levantei-me e fui até ela, que abriu um sorriso ao me ver. Selei nossos lábios e a envolvi com meus braços, abraçando-a.

— Oi, gatinha. — falei.

— Oi, princesa. — ela respondeu e eu sorri.

— Adorei sua jaqueta. — passei a mão pela gola da peça jeans clara que ela vestia.

— Muito obrigada! — ela pincelou o dedo contra meu nariz, me fazendo franzir o mesmo.

Cof, cof! — Marcela tossiu, chamando a atenção para ela. — Oi, Rafaella! Nem tinha te visto aí!

Nós duas rimos e Rafaella foi até ela, abraçando-a.

— Achei que não ia vir aqui. — Marcela falou para a mulher de olhos claros.

— Claro que viria! Só estava cumprimentando a Bianca primeiro. — Rafaella me olhou e piscou.

— Vocês duas são tão boiolas! — Marcela revirou os olhos.

— E você adora. — completei.

— Eu não faço a mínima ideia do que você está falando, Bianca. — ela respondeu e eu ri.

— E então, vamos embora? — perguntei.

— Vamos! Não aguento mais ficar nessa cadeira. — Marcela se levantou e veio em direção a porta, onde eu estava.

Saímos as três para fora do estúdio e eu fiquei responsável por trancá-lo. Rafaella e eu nos despedimos de Marcela, que entrou em seu carro e saiu dirigindo pela rua pouco movimentada.

— E nós... Para onde vamos? — Rafaella perguntou.

Senti meu celular vibrar em meu bolso e o peguei. Olhei para Rafaella e ela fez um sinal com as mãos indicando para eu atender a ligação.

— Oi, mamai! — falei.

Filha! Onde você está? — ela perguntou.

— Estou na frente do estúdio, acabei de sair.

— Que bom! Liguei para ver se você já está vindo. As comidas já estão sendo preparadas a todo vapor aqui. — seu tom de voz era animado.

Olhei para Rafaella e sorri. Ela estava encostada no poste de luz em frente ao estúdio enquanto observava o movimento da rua.

— Tem problema se eu levar alguém comigo? — perguntei.

— Claro que não, filha! Pode trazer! Eu conheço?

— Conhece sim! Mas vou fazer surpresa. — falei. — Fique atenta à porta.

— Adoro surpresas! Ficarei atenta, querida. Até logo!

— Até! Te amo, mamai!

— Te amo, filha!

Assim que encerrei a chamada, Rafaella se aproximou.

— Era minha mãe. — falei.

— Poxa, se eu soubesse tinha pedido para você mandar um beijo pra ela.

— Você pode fazer isso pessoalmente.

— Como assim? — ela franziu o cenho confusa.

— O que acha de jantar na casa dos meus pais? Eles estão fazendo tipo um jantar em família. — expliquei.

Os olhos verdes de Rafaella dobraram de tamanho.

— Jantar em família? — ela perguntou.

— Sim! — respondi animada.

— Está me chamando para conhecer sua família? — ela sorriu com malícia.

— Estou sim. — sorri tímida.

— Eu topo! — ela respondeu. — Mas antes precisamos parar em um lugar.

— Onde? — perguntei.

— Vem comigo. — Rafaella pegou em minha mão e me puxou até seu carro.

— Eu estou com o meu carro hoje, Rafinha. — respondi triste.

— Sério? Que droga... — ela me olhou cabisbaixa.

— Mas eu posso te seguir até esse tal lugar e de lá você me segue até a casa dos meus pais. O que acha? — falei.

— Perfeito! — ela se animou. — Não é muito longe daqui.

Entramos cada uma em seu respectivo carro e assim que Rafaella deu a partida, comecei a segui-la.

Paramos em dois semáforos e contornamos algumas ruas até Rafaella começar a diminuir a velocidade, estacionando o carro próximo à guia da calçada, em frente a floricultura onde ela havia comprado meu lírio.

O que ela estava planejando?

Observei-a ligar o pisca-alerta do carro, sair pela porta do motorista e em seguida caminhar na minha direção, que estava estacionada logo atrás dela. Assim que ela se aproximou, abaixei o vidro da janela.

— Oi, posso ajudar? — perguntei rindo.

— Pode! — ela riu. — Você sabe qual é a flor preferida da sua mãe?

— Ela é apaixonada por margaridas brancas.

— Ótimo! Obrigada, Bi. — ela se inclinou para dentro do carro e me roubou um selinho. — Eu já volto!

— Rafaella! — tentei chamá-la, mas ela se limitou somente a virar-se sorrindo e acenar com a mão esquerda, seguindo até a entrada da floricultura.

Liguei o pisca-alerta do meu carro e fiquei esperando por ela durante alguns minutos, até vê-la saindo com um buquê de margaridas brancas em uma mão e algo que não consegui identificar na outra.

Ela foi até seu carro, abriu a porta oposta a do motorista e deixou o buquê de margaridas no banco do passageiro, para então voltar até onde eu estava.

— Pronto! — ela falou e eu pude notar que suas mãos estavam atrás de suas costas.

— Eu não acredito que você comprou um buquê de flores pra minha mãe! — sorri olhando em seus olhos.

— Não foi só isso que eu fiz. — ela trouxe as mãos para frente, revelando uma rosa vermelha. — Trouxe isso pra você também.

Sorri ainda mais com sua fala, pegando a flor e levando-a até meu nariz, aspirando o cheiro natural das pétalas.

Rafaella não era real e a cada surpresa que ela me proporcionava eu tinha mais certeza disso.

— Sei que sua flor preferida é o lírio branco, mas como eu já te dei um dele, pensei que talvez você gostaria de conhecer qual é a minha flor preferida. — ela sorriu.

— Rafinha... — sussurrei balançando a cabeça negativamente e sorrindo de orelha a orelha. — Vem cá.

Segurei em seu rosto com as duas mãos e a beijei.

Foi um beijo rápido porque Rafaella querendo ou não estava do lado de fora do carro, correndo perigo de ser atropelada, mas mesmo assim não deixou de ser especial.

Eu estava ficando cada vez mais viciada em seus beijos.

Assim que encerrei o beijo, mordendo o lábio inferior dela e em seguida dando-lhe alguns selinhos, Rafaella foi até seu carro e eu dei partida no meu.

Era hora de apresentar minha família para ela.

[...]

Não demorou muito até chegarmos à casa dos meus pais.

Estacionamos o carro do outro lado da rua, já que a garagem estava ocupada pelo carro da família e fomos juntas até a calçada da casa.

Antes de abrir o portão de madeira que dava acesso ao quintal, virei-me de frente para Rafaella, que parecia um pouco nervosa.

— Olha, tem uma coisa que eu não te contei.

— Ai meu Deus, Bianca! O quê? — ela perguntou assustada.

— Minha família toda está lá dentro. Isso inclui meus avós e minhas tias. — falei de forma séria e convincente, quase acreditando na minha própria mentira.

O rosto de Rafaella, naturalmente pálido, ficou ainda mais branco e seus olhos pareciam que iriam saltar para fora a qualquer instante.

— Estou brincando. — empurrei-a com o corpo e pude ouvi-la suspirar aliviada.

— Bianca, pelo amor de Deus! Não faça mais isso, por favor. — ela levou a mão até o peito. — Sente.

Com a mão livre, Rafaella segurou a minha e a levou até seu peitoral, deixando-a sobre seu seio esquerdo.

Senti meu rosto queimar e meu coração acelerando cada vez mais assim que tive contato com aquela área de seu corpo.

Pra falar a verdade, não cheguei sequer a reparar nos batimentos cardíacos acelerados de Rafaella.

A única coisa que eu conseguia prestar atenção era na textura da camiseta que ela usava, cobrindo seu sutiã, que também consegui sentir.

— Acho que o que acelerou agora foram os meus batimentos. — falei e ela riu.

— É bom, não é? — ela perguntou sorrindo e arqueando as sobrancelhas.

— Muito. — fitei sua boca e voltei a olhar para seus olhos. — Enfim, o que eu ia te contar é que Fla também estará jantando com a minha família. Iris a convidou.

— Obrigada, Iris! Me sinto um pouco mais relaxada agora.

Ri de sua fala e voltei a virar para o portão de madeira, abrindo-o em seguida.

Caminhamos lado a lado até a porta de entrada, onde toquei a campainha, esperando até que alguém viesse abrir.

Poucos segundos depois minha mãe apareceu, destrancando a porta e abrindo-a, sorrindo ao me ver acompanhada de Rafaella.

— Que surpresa maravilhosa! — minha mãe falou, puxando-me para um abraço e em seguida olhando para Rafaella, que estava tímida.

— Isso é para a senhora, Mônica. — ela falou entregando o buquê de flores para minha mãe.

Sorri com a cena.

— Deixe de formalidades, querida! Muito obrigada, eu amo margaridas! — as duas se abraçaram. — Vou colocá-las em um vasinho.

Minha mãe voltou para o interior da casa com o buquê em mãos, anunciando minha chegada para toda a família.

— Como eu fui? — ela me olhou desesperada.

— Perfeita! — me aproximei dela e segurei em sua mão que estava gelada e tremendo. — Fique calma, está tudo bem! Afinal você já os conhece, só vai... Jantar com eles.

Beijei sua bochecha e ainda segurando em sua mão fria entramos em casa.

Caminhamos pelo corredor até chegarmos à sala de estar, onde meu pai estava assistindo a algum jogo de futebol enquanto bebia cerveja.

Papai! — falei me aproximando dele.

Filha! — ele se levantou e me abraçou. — Que saudade!

— Quero te apresentar alguém. — falei e olhei para Rafaella que estava parada na entrada da sala. — Na verdade vocês já se conheceram na cafeteria, mas como foi uma única vez não sei se você ainda se lembra dela.

Meu pai olhou para a entrada da sala e assim que viu Rafaella abriu um sorriso.

— Rafaella! É esse o seu nome, não é? — ele perguntou confuso. — Venha aqui, garota!

Ela se aproximou sorrindo e estendeu a mão para meu pai.

— Sim, senhor! rafaella Kalimann, mas pode me chamar apenas de Rafaella.

— Eu me lembro de você, apenas de Rafaella. — meu pai brincou, repetindo o que ela havia dito assim que eles se conheceram.

— Bianca, querida, pode me ajudar aqui na cozinha um minuto? — minha mãe gritou.

— Claro, mamai! Já estou indo. — olhei para Rafaella. — Eu já volto, ok? É rapidinho.

— Eu vou ficar aqui com seu pai? — ela sussurrou com os olhos levemente arregalados. — Posso ajudar na cozinha.

— Você é convidada, Rafaella. Não vou te deixar ir pra cozinha. E além disso, mesmo que eu deixasse, você sabe que minha mãe não te deixaria fazer nada. — sorri. — Encare isso como uma oportunidade de conhecer meu pai. Vai ser divertido, eu prometo.

— Ok... Me deseje sorte. E tenta não demorar na cozinha, por favor. — ela pediu e eu ri.

— Vai dar tudo certo, Rafinha. Fica tranquila. — pisquei e saí em direção a cozinha.

POV Rafaella Kalimann

Desespero.

Essa era a única palavra que eu conseguia pensar.

Eu estava desesperada em ficar sozinha na sala de estar com o pai de Bianca.

O que eu iria falar? E pior, o que ele iria dizer?

Por fora eu mantinha minha pose de que estava tudo correndo perfeitamente bem, sorrindo casualmente enquanto estava parada no meio da sala de estar, mas por dentro todos os meus órgãos pareciam ter virado um só.

Sentia meu coração batendo na garganta e minhas mãos não paravam de suar.

— Gosta de futebol, Rafaella? —  Marcos me perguntou.

— Gosto sim! — falei e olhei para a televisão. — Quem está jogando?

Palmeiras e Corinthians. — ele respondeu. — Sente-se, fique à vontade.

Enquanto sentava no sofá, tentei buscar em minha mente toda e qualquer informação útil sobre futebol, mas a verdade era que eu não sabia praticamente nada sobre esportes.

A única memória que eu tinha em relação ao futebol eram os jogos que meu pai costumava me levar quando eu era pequena, mas nada além disso.

— Está torcendo pra quem? Não me decepcione, Rafaella. — o homem brincou.

Olhei para ele e tentei dar meu melhor sorriso.

Ok, Rafaella, acalme-se.

Você tem 50% de chance de falar a resposta certa.

E 50% de chance de falar a resposta errada.

Pense.

Voltei a olhar para a televisão e busquei pelo placar na tela. Escolhi torcer para quem estava vencendo.

Corinthians! — falei rápido, torcendo para ter optado pelos 50% certos.

— Eu também! Eles foram muito bem durante toda o campeonato. Merecem ganhar. — o homem respondeu, bebendo um gole de cerveja em seguida.

Todos os músculos do meu corpo relaxaram.

Encostei-me no sofá estofado aliviada, voltando a respirar normalmente enquanto concordava com o pensamento do pai de Bianca.

— Você toma cerveja? — ele perguntou.

— Tomo sim! — respondi. — Mas estou dirigindo, então não sei se é uma boa opção.

— Deixe disso, garota. — ele fez um gesto com a mão. — Você vai ficar aqui por um bom tempo até esse jantar acabar. Até lá pode ter certeza que o efeito do álcool já vai ter passado. — ele se inclinou até o cooler e tirou uma garrafa da bebida de lá, entregando-me.

— Tudo bem, então. — sorri. — Obrigada!

[...]

Por incrível que pareça, o que começou como uma torturante conversa, acabou se transformando em algo divertido, assim como Bianca havia dito.

Marcos era um homem muito engraçado e em pouco tempo conseguiu me deixar confortável, fazendo algumas piadas e contando algumas histórias de Bianca, que adorei conhecer.

Me senti conversando com meu próprio pai e acabamos descobrindo gostos em comum, como as bandas de rock dos anos 80, por exemplo.

— Vamos jantar? — Bianca apareceu na sala e sorriu ao me observar rindo com seu pai.

— Vamos! — falei e me levantei, levando minha garrafa de cerveja junto comigo.

Assim que me aproximei dela para podermos ir até a sala de jantar, Bianca sussurrou baixinho:

— Parece que vocês se deram muito bem.

— Seu pai é incrível, Bi.

— Sabia que iria gostar dele. De bravo ele só tem a cara. — ela riu. — Vem, vamos comer.

Chegamos à sala de jantar e assim que olhei para a mesa senti minha boca salivar.

— Seja bem-vinda ao México! — Mônica falou, enquanto levava uma vasilha com guacamole para a mesa.

— Adoro comida mexicana! — respondi.

Flavina e Iris apareceram na cozinha dando risada e assim que minha irmã me viu, veio correndo até mim.

— O que você está fazendo aqui? — ela sorriu.

— Sou convidada para o jantar da família Andrade e você?

— Eu também sou convidada. — ela jogou os cabelos por cima do ombro e se virou para a mesa, escolhendo onde iria se sentar.

A mesa tinha ao todo seis lugares, número exato de pessoas que ocupavam a cozinha.

Marcos se sentou na ponta esquerda da mesa, enquanto Mônica sentou-se na ponta oposta.

Sobraram quatro lugares.

Bianca contornou a mesa e sentou-se na cadeira próxima ao pai, enquanto Iris sentou-se ao seu lado, deixando livres as cadeiras de frente para elas.

Sentei-me de frente para Bianca, com  Marcos na minha diagonal esquerda e Rafaella do meu lado direito.

— Temos Tacos e burritos de carne, nachos com chilli, tortillas e claro, a guacamole.

— As tortillas fui eu quem fiz. — Bianca falou e eu a olhei.

— E para beber teremos mojito, uma bebida típica do México. Porém Iris e Flavina já conhecem as regras, nada de bebida alcóolica para vocês duas. — Marcos falou.

— Espero que gostem! — Mônica falou.

[...]

Depois de experimentar literalmente todas as comidas da mesa, incluindo a bebida, começamos a conversar entre nós.

— E quanto ao Bruno, Bianca? Por que não nos acompanhou no jantar de hoje? — Marcos perguntou.

Bianca, que estava tomando um pouco do mojito, pareceu se engasgar por alguns segundos após a pergunta de seu pai.

— Ele está viajando. — ela respondeu.

— De novo? Esse homem só viaja! — Marcos brincou. — Para onde ele foi?

— Não sei... Acho que para Los Angeles.

Ela voltou a tomar a bebida e enquanto segurava o copo, notei novamente que seu dedo anelar estava sem o anel de noivado.

Bruno viajando, o sumiço do anel...

Alguma coisa ali não fazia sentido.

POV Bianca Andrade

Era tão difícil mentir para os meus pais. Eu me sentia péssima.

Tentei contornar a situação, mas não pareci ter sucesso já que mais perguntas apareceram.

— A comida está maravilhosa, Mônica! — Rafaella falou, mudando de assunto e quebrando o clima pesado que começava a se formar no ambiente.

— Que bom que gostou, querida! Fico feliz em saber!

Conversamos mais um pouco sobre nosso dia e eu acabei contando que estava exausta de passar tanto tempo em frente ao computador.

— Por que não dorme aqui, Bibi? — Iris perguntou.

— Achei que a Fla fosse dormir aqui. — falei.

— Imagina, Bia! Eu vou embora com a Rafaella, não é? — a Kalimann mais nova olhou para a irmã, que assentiu com a cabeça.

— Então tudo bem, eu durmo aqui essa noite. — respondi.

Filha, me ajuda com os pratos? — minha mãe perguntou.

— Claro!

Meu pai levantou e colocou seu prato na pia, seguindo em direção à sala. Iris e Flavina fizeram o mesmo, porém indo para o andar de cima, deixando Rafaella, minha mãe e eu sozinhas na cozinha.

Comecei a juntar as louças sujas e Rafaella me ajudou no processo enquanto minha mãe começava a lavá-las.

— Obrigada, Rafinha. — falei e ela piscou pra mim.

— Posso ajudar com a louça? — Rafaella perguntou para minha mãe.

— Imagina, menina! Deixe aqui que eu lavo, é rapidinho.

— Mas se eu ajudar a senhora as coisas vão ser ainda mais rápidas. — Rafaella insistiu.

— Bianca, por que você não leva sua amiga lá pra fora? Ela não sabe que visitas não podem fazer nada além de se divertirem. — minha mãe brincou.

— Ótima ideia, mamai!

— Obrigada de verdade, menina Rafaella. Você é uma graça!

Rafaella se aproximou de mim enquanto eu terminava de pegar alguns pratos sujos.

— Me espera lá fora? Vou só deixar essas louças ali em cima e já te encontro lá. — falei.

— Sem problemas. — Rafaella sorriu.

— Tem certeza de que não precisa de ajuda? — perguntei para minha mãe, deixando as louças ao seu lado.

— Absoluta, filha. Fique tranquila. — minha mãe sorriu.

Me virei para ir de encontro com Rafaella, porém fui impedida pela mão da minha mãe segurando meu braço levemente.

— Está tudo bem? — ela perguntou.

— Está sim. — falei.

— Com você e o Bruno, eu quero dizer...

Engoli em seco.

— Por que não estaria?

— Você está sem seu anel de noivado, filha.

Olhei para minha mão e observei o anelar direito vazio.

— Eu devo ter perdido enquanto lavava louça. — menti.

— Bianca... — minha mãe falou séria.

— Outra hora conversamos sobre isso, pode ser? — falei.

— Sabe que sempre fomos amigas uma da outra. Você pode me contar tudo! — ela falou e sorriu.

— Sei disso, mamai. Obrigada! — beijei sua testa. — Agora vou lá fora com Rafaella.

— Divirtam-se! — ela falou e eu saí da cozinha.

Caminhei até a porta que dava para a varanda e assim que a abri, não encontrei Rafaella.

Andei até o jardim e vi que ela estava sentada na grama, observando o pequeno balanço vermelho com o qual eu costumava brincar quando era criança.

Sorri com a cena e lentamente caminhei até ela, sentando-me ao seu lado.

— Oi. — falei.

— Olá! — ela respondeu.

— O que faz aqui? — perguntei.

— Estava te esperando na porta da varanda, mas isso aqui acabou me chamando atenção. — ela apontou para o balanço. — Então resolvi vir aqui dar uma olhada.

— Eu costumava brincar aqui quando era criança. — falei enquanto abraçava meus joelhos. — Quando Iris nasceu ela ainda era muito nova pra brincar comigo, então meu pai resolveu construir um balanço para eu ter onde ficar.

— Que fofo! — ela respondeu. — Eu adorei conhecer seu pai.

— Mesmo?

— Mesmo! Ele é super divertido. — ela riu.

— Acho que ele gostou de você também. — comentei. — Minha mãe você já sabe que te adora.

— A família de vocês é linda, Bi. — ela me olhou.

Seus olhos estavam bem clarinhos e sua pupila levemente dilatada.

— Você é linda. — falei e observei suas bochechas corarem.

Rafaella passou a mão pelo rosto e voltou a me olhar enquanto sorria.

— Tive uma ideia.

— Qual? — perguntei vendo-a se colocar de pé.

— Me dá sua mão. — ela pediu e eu atendi ao seu pedido, levantando-me do chão.

— Vou te balançar. — ela falou.

— Rafaella, esse balanço não me aguenta mais. — falei.

— Aguenta sim! Senta aí.

Sentei-me no banquinho preso às duas correntes de ferro e as segurei com minhas mãos enquanto Rafaella ia para trás de mim.

— Por favor, não empurra tão forte porque eu... — tentei pedir, mas foi em vão.

Enquanto falava, Rafaella empurrou minhas costas fazendo o balanço começar a se mexer.

Peguei impulso com o auxílio das minhas pernas e assim que voltei para perto de Rafaella senti suas mãos novamente em minhas costas, dando-me ainda mais impulso.

Não demorou muito para eu começar a balançar bem alto. O único som que se dava para ouvir além do ranger das correntes, era o de nossas risadas.

Eu me sentia tão feliz ao lado dela.

Era como se eu voltasse a ser criança, não me importando com as consequências das minhas ações ou com o que iriam falar sobre mim, já que eu simplesmente não lembrava que essas coisas existiam quando estava com ela.

— Eu vou pular! — falei, pegando impulso.

— Bianca, não! Você vai se machucar! — Rafaella gritou.

— No três! — falei.

— Bianca!

— Um! — continuei pegando impulso.

— Bi!

— Dois!

— Bianca, pelo amor de Deus!

— Três! — gritei, pulando do balanço ainda em movimento e aterrisando perfeitamente sobre a grama.

— Sua doida! — Rafaella falou vindo até mim enquanto eu não conseguia parar de rir.

— Nada aconteceu, viu? — perguntei ainda rindo enquanto apontava para meu corpo.

— Mas vai acontecer agora! — ela falou e começou a correr atrás de mim.

Começamos a correr pelo jardim rindo e gritando cada vez mais alto.

— Você não consegue me pegar! — provoquei.

— Será? — ela perguntou, fingindo que ia correr para um lado e vindo para o outro, me agarrando pela cintura e nos derrubando sobre a grama.

O som de nossas risadas se misturou, assim como nossas respirações.

Rafaella se deitou ao meu lado, ainda rindo, e juntas olhamos para o céu, que agora já estava escuro e completamente preenchido por estrelas.

Aos poucos meu riso foi cessando e minha respiração voltando ao normal.

— Rafinha... — falei ainda recuperando o fôlego.

— Eu. — ela respondeu.

— Tem algo que eu preciso te contar.

— E o que é? Pode me falar.

Levantei meu braço direito para cima e ela repetiu meu gesto, entrelaçando nossas mãos e iniciando um carinho entre meus dedos.

— Eu terminei com o Bruno. — falei de uma vez.

O carinho em meus dedos foi interrompido enquanto ela soltava minha mão e se virava de bruços, me olhando.

— Jura? — ela perguntou séria.

— Juro. — respondi, também me colocando de bruços.

— Então quer dizer que...

— Não tem mais nada que nos impeça de ficar juntas. — sorri.

Ela leva a futura namoradinha pra jantar com os pais sim. 

Eu estou muito boiola, tchau. 

Volto já!  😘😘

Continue Reading

You'll Also Like

MINHA SORTE By K.

Fanfiction

42.9K 4.3K 48
Rafaella não tem pelo que lutar e não acredita no amor até vê aquela foto que salva sua vida... tudo que ela quer é agradecer a moça de sorriso doce...
1.1M 119K 59
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
1.2M 62.8K 153
Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...
86.6K 5.1K 33
[ Concluída ] S/n se vê a pior amiga do mundo quando descobre que o cara com quem ela ficou em uma boate é o pai da sua melhor amiga. +18 Manipulad...