Ardente Perdição - Duologia V...

By AutoraLua_M

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Uma missão não finalizada. Uma traição dentro de uma salaz paixão. Dois marcos dentro da história de duas bom... More

Ardente Perdição
Guia de personagens
Book Trailer
Prólogo
INÍCIO DE POSTAGENS
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
× Recado ×
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV

Capítulo VII

333 26 87
By AutoraLua_M

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Uma narração diferente...

Boa leitura não se esqueçam dos votos e comentários!

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Roxie Lowell

Três meses antes

O som de meus saltos era a única coisa que ecoava nas salas que cruzava, além da finalização da ligação apressada de Antony. Não era uma tarde comum, os passos apressados e determinados evidenciavam isso, minhas pernas rumavam a sala de estar e meus olhos por debaixo das lentes escuras procuravam o sinal de algum Vasiliev atrasado, afinal poderia tirar proveito.

E para minha sorte, ou não, Lev estava adentrando a última sala que antecedia meu destino, contudo ele detinha uma mistura de pressa e indiferença. Quem iria contestar o atraso do Chefe da máfia?

— Algumas coisas nunca mudam — Vasiliev pontuou com cinismo direto a mim, mas logo se voltou ao meu companheiro. — Sinto que alguém faliu, Kozlov. — Apontou aos seguranças que seguiam a outro andar com sacolas.

— Não chegou nem perto, até porque quem pagou fui eu, porém mais uma provocação e eu faço com prazer — acentuei ao recordar do drama nas lojas.

— Quando eu aceitei casar mesmo? — Antony questionou em um longo suspiro.

Ignorei as brincadeiras que começaram entre os dois russos, não estava a fim de forçar meu cérebro nessa língua, e segui ao espelho mais próximo. Toda a pressa correu como água, agora minha preocupação era meu estado.

Prendi os óculos escuros na gola da camisa, então chequei e alinhei a roupa que abraçava meu corpo e o longo casaco que me adornava. Era o que menos me importava.

Curvei-me ao espelho procurando alguma mínima diferença ou erro em meu rosto, até em simples traços. Quase um ato de nervosismo, quando na verdade não passava de estresse e uma mania adquirida. Deixei as vírgulas de lado antes que se prostassem onde não deviam no momento, por fim alinhei os fios escuros e claros por meus ombros.

Muitas mudanças em pouco tempo, conferiu minha mente.

— Espero que esteja pronta — Antony constatou com os olhos âmbar brilhantes grudados ao meu reflexo.

— Não acredito que esteja duvidando de mim, Antony Kozlov.

— Não podemos colocar nada a perder aqui, Kozlova — Lev reafirmou enfatizando o chamado de meu sobrenome.

— Melhor se acostumarem a me chamar de Lowell, não trabalho por detrás de nome de cônjuge — declarei assertiva me voltando aos dois. — Minha vida foi um jogo e os últimos tempos uma bagunça que fiz ao meu favor, me preparei por meses colocando tudo em risco e estou aqui, não é? Façam o trabalho de vocês e não arruínem o meu — repliquei fitando os olhos de cada um.

— Ainda existem detalhes não acertados.

— Poucas palavras e um bom russo irão bastar, não é nada que não seja corrigível, querido. — Pausei ao discorrer meu veneno. — Ou não se lembram que sou uma ótima atriz?

Não deixei a conversa seguir, indiquei para a sala com a cabeça e seguimos sem mais demorar para a reunião, onde por sinal todos estavam em um tênue equilíbrio. Todos os convocados estavam presentes, ou quase se não fosse pela ausência de Andrei Vasiliev, o jovem conselheiro e primo de Lev, que estava resolvendo questões diretas com outras grandes máfias envolvendo a marca Vasiliev, o retorno de Kozlov e meu nome.

Boas conversas apesar da situação tensa que nos encontrávamos tomavam o lugar, assim como fumo e bebidas diversificados ao gosto de cada representante importante da máfia do território.

— Senhores — Lev cumprimentou chamando a atenção para nós. — Deem as boas-vindas ao nosso velho companheiro, Antony Kozlov e sua esposa Roxie Lowell Kozlova, que creio já terem conhecimento sobre a importância.

— Alexeev. — Um deles, Petrov, provou o nome ignorado de meu marido, tão poderoso quanto o citado.

— Petrov — respondeu o aceno rijo.

— Se manteve muito tempo afastado Kozlov. — Um velho soldado iniciou as boas-vindas.

— Meu trabalho e interesses não remetem apenas a vocês — reiterou Antony ao acariciar meus ombros e lançar um olhar firme.

— Creio que muito largos para seu grande poder monetário e de influência, se saiu muito bem — confirmou outro com um parabenizar carregado de ambição. — E ainda se casou sem notificar a sociedade.

— Devo dizer que entendo o motivo, não gostaria que roubassem tamanha peça valiosa em beleza e poderio...

— Não sou uma peça de mostruário e se desejam falar sobre mim ou me elogiar, se dirijam a mim, é muito mais educado e inteligente, não acham? — Interrompi chamando a atenção total ao tom pétreo.

— Creio que não seja apenas uma fama.

— É muito mais real do que podem imaginar — Antony complementou com a postura firme e olhar cúmplice.

Um bando de homens compunha a sala, eles variam entre corpos comuns e brutamontes, mas todos carregavam um ar de ambição e uma postura inigualável, porém com a presença do chefe da máfia isso se tornou ainda mais intenso. Eles desejavam mostrar serviço e lealdade, afinal na situação que nos encontrávamos, ninguém iria querer perder a cabeça para Lev Vasiliev por um ínfimo erro.

Movi o olhar pela sala, ele não poderia contestar por estar sob minha tutela na sala, apesar de nossa recém reconciliação por interesses mútuos, ele ainda detinha um pequeno rancor.

Assim que meus olhos caíram sobre uma mulher de longos cabelos castanhos e olhos claros, Alexa Montez adentrava a sala, um sorriso salaz se apossou do canto de meus lábios assim que a cumprimentei com a cabeça. Uma rápida troca de olhares e expressões rápidas foram suficientes para selar o momento que tudo se iniciaria de fato para nosso jogo.

— Pearl, quanto tempo.

— Em péssimas e exatas circunstâncias, Lowell — refutou carregando o mesmo tom de empáfia.

— Eu diria que perfeitas em nosso ponto de vista.

Não era momento para alfinetadas ou conversas mais importantes, retomei minha atenção para onde rumava e aos homens que pareciam competir posto e postura para ganhar algo, todavia não ultrapassavam os limites dos superiores.

Sentei-me no apoio da poltrona onde Antony se encontrava e deixei que repousasse a mão em minha coxa como um costume, nos fitamos rapidamente lançando uma mensagem curta um ao outro e demos passagem para Lev, que se preocupava em finalizar a degustação de um de suas caras bebidas.

— Como todos sabem o equilíbrio de nossos negócios estão em jogo, desde a questão diplomática até a econômica. — O chefe iniciou brincando com sua bebida.

— Com um lunático no poder das agências — afirmou o mais velho dos representantes.

— Não o conhecemos, não temos certeza sobre isso além de relatos.

— Você não o conhece — assegurou Petrov arisco. — Quem já precisou trabalhar com ele sim, então fale apenas por você.

— Sim, Oliver Sparks é um lunático no poder da maior agência do mundo e consequentemente da segunda maior, é um fato indiscutível — Briskin finalizou a discussão. — Isso me faz questionar o motivo pelo qual ainda não o atacamos ou mantemos aliança. Sei que tem objetivos, mas...

— Porque para nos manter no poder é necessário, para evitar maiores catástrofes com outras máfias, agências e governos, o melhor é ter Oliver sob controle. — Lev enunciou simplista mesmo que não precisasse dar explicações sobre, ou seja, algo estava errado. — Então ao questionar minhas decisões, tome as suas próprias e melhores, senhor Briskin

— Nós jamais aceitaríamos algo impensável ou errado, não duvide de Sea — Nikolai complementou em uma repreensão incomum que gerou olhares surpresos. — Apesar dos riscos e novidades, todo ato está sendo supervisionado e confiado.

— Tudo está onde deveria estar. — A Montez garantiu confiante e serena.

— Ou acham que vocês ainda teriam poder ou uma língua se não estivessem? Tudo foi perfeitamente calculado e alinhado, assim como os objetivos que traçamos.

A tensão tomou conta da sala depois das poderosas e ameaçadoras palavras de Antony, era o poder que ele detinha sobre as pessoas por sua posição e palavras astutas quando necessárias, como todo homem de poder deveria agir dentro da máfia. Mesmo que não tenha sido seu desejo, ele se moldou perfeitamente para controlar muitos.

Era o tipo de homem que não precisaria demonstrar grande virilidade, apenas um olhar e a postura já exalava o perigo de se provocar, poucos, os mínimos sons não precisavam ser latidos ou altos rosnados, no entanto alinhava a todos. O tipo perfeito para gerar problemas em meu cérebro e vida, meu histórico dizia isso.

— Os reuni para enfatizar as informações necessárias quanto aos próximos meses e nosso objetivo quanto a isso — Lev retomou ao avaliar a situação minuciosamente. — Nossos recursos, alianças e homens estarão em todos os cantos, em campos e ações, com um único objetivo.

— Derrubar Oliver. — Provei o gosto das palavras que ressoariam doces em qualquer idioma.

— E quem estiver ao seu lado. — Complementou o homem ao meu lado. — Para isso todo detalhe será minimamente analisado.

— Soube, e creio, que não iremos manter o poder sobre ele apenas com dinheiro, território e conselho, entretanto com homens, isso é perigoso.

— Não se eu estiver no comando, Lukin.

— Ele assistiu Lowell em ação e todas as condecorações que vocês também tiveram poder, sua ganância atingiu níveis altos, entretanto precisamos que seja extremo, como se estivesse em uma aposta — Alexa elucidou. — Ele a cobiça como a carta principal do jogo, mas não demorará a cobiçar como prêmio.

— Qual o plano?

— Conquistar seu olhar, conquistar sua confiança e o meu lugar, e por fim seu poder — enumerei simplista causando confiança entre eles.

— Nada melhor que uma sessão de ataques contra ele, não acham?

— O fará perder dinheiro e prestígio — concluiu Petrov.

— O fará necessitar de alguém que mantenha o controle e salve sua cabeça — Lev corrigiu.

— Precisará abaixar a cabeça para ele e acatar as ordens...

— Vocês se enganam facilmente com Oliver. — Os olhos curiosos se voltaram a mim. — Para ter a confiança e o poder que desejo, não posso ser subordinada a ele, preciso ser como ele ou perfeita aos seus moldes. É olhar reto e não por cima. — Um segredo que ele jamais admitiria facilmente. — Eu sei muito mais do que vocês poderiam imaginar.

— Ao mesmo tempo ele será atacado pelo outro lado, por Pearl que mostrará submissão e lealdade a ele, e o encaixe perfeito a Lowell. — O subchefe complementou.

— Nada melhor que se mostrar como ele, alguém subjugado pela família que deseja trair e se vingar — Alexa comprovou. — Como já estou trabalhando nisso há meses, não será complicado que me tome quando o amparar em meio à confusão.

— A ilusão do poder é sempre a melhor. — Antony asseverou com um sorriso medíocre. — Ele ganhará muito mais que duas peças importantes para seu jogo.

— Então cederemos os investimentos e alianças?

— Assim como territórios neutros e uma quantidade significativa de nosso pessoal de campo.

— Outra estará em sigilo ao dispor direto Lowell e Kozlov.

— E Shadow? — Briskin indagou. — Soube que está sob poder de Sparks e sua situação...

— Ele está seguindo as ordens direcionadas a ele pela sub-líder das NYX e o ex-presidente da ASSA, apesar de não concordar plenamente.

— Estará logo sob nosso poder — finalizou o chefe. — Quer dizer, de Lowell.

Os últimos detalhes foram acertados entre os mafiosos e Alexa, tudo se remetia a valores, números, nomes e locais, que em seguida seriam anotados e solicitados para a movimentação perspicaz de cada peça no tabuleiro.

— Espero que esteja preparada Pearl, será um prazer jogar ao seu lado — afirmei ao passar pela mexicana para cumprimentar o último dos homens.

— Espero que os meses tenham sido suficientes.

— Oliver Sparks não perde por esperar — garanti com um discreto sorriso e voltei-me aos outros presentes. — Ah, muito cuidado, não recomendo que entrem em meu caminho.

— Traidores não têm um bom final.

— Sim, senhor e senhora Kozlov.

Ao final, os homens saíram da sala para começar o trabalho de fato, deixando apenas o que poderíamos chamar de diretoria, os líderes da máfia, Antony, Alexa e eu.

Eu e os homens nos reunimos com olhares coniventes, enquanto a mexicana se afastou para comunicar algo a sua base e agentes infiltrados. Todo ato, decisão e conclusão era importante.

— Se em poucos meses é capaz de chegar a esse nível, devo dizer que não sei se temo seu poder ao final de tudo ou se tenho sorte em ter a reencontrado — Antony parabenizou exalando escárnio que me fez lamber um sorriso presunçoso em meus lábios.

— Aprenderam a não me subestimar mais?

— Temo lhe elogiar e seu ego retornar ao máximo que um ser humano possa suportar. — Lev disse carregando seu ácido sarcasmo. — Passou em todos os testes, Roxie, melhor do que qualquer um pudesse esperar.

— Nikolai?

— Se manteve uma grande vadia traiçoeira e mentirosa — engatou fazendo seus companheiros rirem e eu negar levemente com a cabeça.

— Como eu disse, quem está no controle desse jogo, sou eu.

Nos mantivemos pontuando poucas coisas, como quais seriam nossos próximos passos e o que precisaria ser melhorado ou acentuado sobre o plano oficial, cada palavra era anotada mentalmente por mim e algumas coisas testadas. Porém, assim como Alexa, minha atenção não estava totalmente focada ali, existiam outras preocupações e ela exalava isso.

— Precisamos conversar — Alexa anunciou em um sussurro ao meu lado.

Eu conhecia todos os olhares de Alexa e esse ditava tudo o que desejava passar minuciosamente, ao ponto de fazer uma linha fria correr rapidamente por minha espinha em resposta.

— O que acha de fazer isso enquanto torturo Zoe Klein?


(...)


Depois da longa e afiada conversa com Alexa, tudo o que precisava era organizar as ideias importantes e chutar outras para o fundo de minha mente, mesmo que fossem importantes em algum momento.

Não era momento para perder minha sanidade, não poderia me testar agora, e muito mais, não poderia envolver sentimentos a mais nos problemas que almejava resolver. Eles poderiam me quebrar de alguma forma ou atrapalhar.

Me restava provar o inverno de início de fevereiro e assistir os flocos de neve caindo pelo vasto e pouco iluminado jardim da casa principal dos Vasiliev, eles dançavam serena e despreocupadamente de forma que era capaz de dar inveja, enquanto as duas crianças de Lev brincavam animadamente.

Por poucos segundos pude sentir meu peito apertar vagamente por um deslize mental, era saudade de um passado que parecia excruciantemente distante, mesmo que talvez não fosse.

Contudo retomei as rédeas ao perceber uma presença no local, poderia ser sufocante para seus homens ou muitas mulheres de seu mundo, todavia para mim não passava de gatinho procurando o momento certo para se aproximar e cometer um ato imprevisível, seja ser companheiro ou atacar.

Aparentemente, a jogada da noite seria apenas o companheirismo, era o que todos necessitamos neste momento de loucura, mesmo que cada movimento tenha sido comprado. Sentou-se no apoio do assento ao meu lado e direcionou o olhar para suas pequenas e jovens cópias.

— Estranho que não tenham se aproximado e grudado em você — sondou hesitante.

— Muitas coisas estão estranhas Lev. — Segui seu olhar aos pequenos herdeiros. — Eles não me reconhecem, e é melhor.

— Então devo reconhecer que é melhor não escutar uma de suas piadas ácidas e sujas?

— Como por exemplo pela intromissão de você e Antony em minha massagem, que o levou a me ver nua mais uma vez? Passamos da idade de pudor.

— Você não detém pudor, estou falando que jamais perdeu uma gota de veneno.

— Nossas posições mudaram e eu estou tentando manter isso no controle — soprei com indiferença. — Aprendi, absorvi e moldei muitas coisas durante este tempo, desde detalhes da infância até o ponto principal, e mesmo que sejamos amigos, não farei disso um ponto fraco.

— Poderia dizer que está exatamente como precisávamos, porém está pior ou melhor.

— Depende do ponto de vista de cada um e o que está em jogo.

Novamente o silêncio caiu sobre nós, não era como se apreciasse isso, contudo eu mesma precisava absorver as palavras que desenhei e escrevi no vento para Lev, ele entendia isso.

— Lana diz que você é uma mulher de muita sorte, e isso é assustador, ao menos sendo você uma inspiração para ela — reconheceu com um ar zombeteiro.

— Diria que uma ótima inspiração para lhe enlouquecer. — Pausei ponderando o sorriso sórdido. — No entanto digamos que isso não é uma preocupação, atualmente meu ego é a menor das minhas ocupações. — O fitei vagamente para perceber a surpresa e o vacilar de sua feição, aquilo era um veneno difícil de engolir, até mesmo para ele.

— Ficou deslumbrada com a capacidade de manter na mesma sala duas pessoas com quem transou ao mesmo tempo e separadamente, no entanto como se nada tivesse acontecido.

— Você faz o mesmo. — Dei de ombros. — Problemas assim acontecem.

— Ironias assim acontecem.

— Me surpreenderia se Olena comentasse isso.

— A internaria sem precisar de opinião, não é algo de seu fetio mesmo com a forçada relação apaziguada.

Meu passado com Olena era conturbado em veneno e discussões, erros e problemas exorbitantes que foram necessários para cada uma de nós e para outros, entre eles, Lev. Portanto, me foi vantajoso os anos problemáticos antes da verdade estilhaçada no rosto da russa.

Não é como se a perdoasse, não era algo necessário ou que fizesse, simplesmente era incapaz de realmente me importar ou lutar contra ela antes, atualmente meu último problema seria esse, havia coisas mais importantes em jogo. Apenas se conformou, depois de ácidas e duras palavras, ao ponto de deixar reconhecer as si mesma e suas obsessões.

— Tenho problemas maiores que Olena, não iria a manter em meu caminho por problemas passados com sua preocupação em derrubar outras pessoas em uma obsessão por alguém que jamais olharia para ela.

Não continuamos a conversa, Lev parou suas palavras e direcionou a atenção a outra pessoa que adentrava o local, fazendo uma pequena conversa de gestos silenciosos. Me virei minimamente para espiar quem era, o russo de cabelos castanhos medianos e olhos âmbar, postura impecável ao carregar uma coberta e uma bandeja, e um pequeno sorriso que se fez em minha direção.

— Kozlov. — Acenou com a cabeça. — Tenho coisas a resolver agora, mas esta conversa deveria ter sido enterrada há anos.

Lev cumprimentou mais uma vez o velho amigo e seguiu para casa, me deixando com um ponto de interrogação voltado a Antony e o que carregava, apenas tinha certeza de que o conteúdo nas porcelanas era chá de menta, meu favorito.

Não pude perguntar, afinal não detive tempo, ele apoiou as bandejas na mesa próxima e me cobriu com o tecido quente, em seguida se aconchegou ao meu lado e buscou pelas xícaras.

— Nem parece que foi minha dor de cabeça durante os últimos meses.

— Foi necessário — atestou forçando um tom sério que se desfez em um sorriso infantil. — E divertido.

— Para você, estúpido — rezinguei.

Meses de tormenta e discussões importantes, carregado de testes e provas de confiança em todos os níveis possíveis, ainda detinham pequenas pitadas de pirraças e provocações que me faziam cogitar o assassinato do homem que detém o nome em minha aliança.

— Se arrepende de algo? — inquiriu despretensioso, porém com uma exatidão que eu desejava fugir.

— Quer saber sobre você?

— Não, sobre você.

Por segundos todas minhas escolhas e feitos passaram por meus olhos, as reações de cada ação que foi tomada, desde a mais racional a mais irracional, o que me era estranho por ser alguém tão racional.

— Sabe que é indiferente — certifiquei indiferente. — Mas sobre você, senhor Kozlov, de não ter o matado antes.

Era algo que Antony não perdeu através dos anos, mesmo detendo 30 anos, ria alto como quando éramos pequenas crianças brincando pelos parques de New York, ou fugíamos pelas ruas de Durham.

— Você precisa de mim, Cherry. — exprimiu em pirraça. — E eu que pensava que ser casado era simples.

Rolei os olhos e voltei a atenção ao jardim quando o silêncio tomou conta do lugar. Nos restou apenas apreciar o calor da coberta, o gosto do chá e a presença do outro, enquanto navegávamos em nossos próprios mares íntimos. Haviam sido longos dias e hoje o estopim de todos, o real início do que desejava.

— Pensei que tiraria as marcas definitivamente, mesmo tendo opção — deduziu curioso.

— Para as refazer depois? Estarei vestida, ninguém as verá.

— Se verem saberão...

— Já temos um plano para isso e bastará cuidado na ausência dos artifícios.

Tentei lhe passar segurança com o olhar firme, apesar de refazer pela milésima vez cálculos da probabilidade de alguma vírgula ser posta errada. Contudo ele sabia que eu também tinha um pequeno temor sobre isso, ainda assim assentiu com a cabeça, algo que também não havia perdido, a mania de se jogar em aventuras incertas com as poucas cartas que tinha em mãos.

— Isso significa que está pronta para seguirmos ao outro lado do oceano?

▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜

Dia de postagem: Domingo

Lua

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