~ Bruno ON ~
Quando minha mãe chegou na manhã seguinte e me acompanhou até o escritório, senti que aquela conversa não seria nada fácil.
Tive certeza ainda mais quando vi o olhar sério que meu pai lançou para ela quando passamos pela porta.
Parecendo nervosa, ela parou na frente da mesa e cruzou os braços.
Seus cabelos estavam presos e ela usava um simples vestido branco. Diferente do seu ex marido que estava vestido como se estivesse prestes a entrar em uma reunião de negócios.
- Oi, Damon. - ela disse, quebrando o silêncio da sala.
Meu pai que estava sentada atrás de sua mesa, não desviou os olhos dela por um segundos. O que piorou o clima.
Quando ele não respondeu, arrastei uma cadeira para ela sentar, e logo depois sentei ao seu lado.
- O que exatamente você pretende com essa conversa? - meu pai finalmente perguntou em um tom calmo.
Mas eu sabia que ele estava tão nervoso quanto ela.
Me senti um mero coadjuvante na cena que acontecia bem na minha frente.
- Achei que gostaria de ouvir algumas explicações.
- Talvez, nos primeiros meses que você foi embora. Mas agora? Anos depois? Não acho que me interessa tanto. - falou, não escondendo o rancor.
- Sei que deveria ter aviso antes de ir...
- Sabe mesmo, Sophie? Eu criei ele sozinho enquanto você fingia que não existiamos.
- Pai. - chamei, porque ele alterou sua voz.
Apesar de não conhecer muito bem a mulher sentada ao meu lado, ela era minha mãe, e eu não deixaria ele falar como bem entender com ela.
- Está tudo bem, filho. - minha mãe disse me lançando um rápido sorriso. - Está enganado Damon, não teve um dia que eu não pensei em vocês.
- Quer que eu acredite? Talvez isso melhore sua consciência.
- Sabe pelo que eu estava passando.
- Pelo que nós estávamos passando. - ele fechou suas mãos que estavam apoiadas na mesa. - Foi escolha sua passar por aquilo sozinha, então não venha aqui achando que pedir desculpas vá apagar tudo que aconteceu.
- Não jogue na minha cara como se você tivesse sido santo. - ela falou, brava. - Pra começar você preferiu fingir que nada estava acontecendo.
- Eu? - ele levantou da cadeira. - Tentei a todo momento te ajudar.
- Não, você tentou a todo momento me manter na linha assim não deixaria escapar que não éramos a família perfeita.
- Nunca exigi perfeição de você, Sophie. - falou, sem paciência. - Quer saber? não vou ficar aqui ouvindo isso. Essa conversa foi um erro.
Com isso, meu pai saiu da sala batendo a porta.
Ele tinha perdido o controle, e poucas vezes vi aquilo na minha vida.
- Vou conversar com ele.
Ela segurou minha mão me impedindo.
- Deixa ele. - pediu. - É bom para seu pai pensar e se acalmar um pouco.
Ela levantou também e arrumou sua bolsa em seu ombro.
- Não precisa ir agora. - falei.
- Não quero mais causar incômodos. Sei quando não sou bem vinda, apesar dessa casa já ter sido minha um dia.
Ficando na sua frente, não me afastei quando ela me abraçou.
- Acalma meu coração você ter me perdoado pelo tempo que passei fora. - disse, e se afastou. - Sempre que quiser conversar me liga. Prometo estar presente agora.
Quando saímos do escritório, acompanhei minha mãe até a porta. E, antes dela ir, falei para a mesma ir um dia até minha casa ver suas netas.
Quando ela saiu e fechei a porta, suspirei sentindo um peso no peito.
- Helena acordou? - perguntei, quando entrei na cozinha.
Lúcia colocou a garrafa de café em cima da mesa antes de responder.
- Sim, ela acabou de passar aqui perguntando por você. - disse. - Toma café, você parece tenso.
- Minha mãe acabou de sair daqui. - contei, e sentei na mesa.
- Como foi a conversa com seu pai?
- Difícil. Ele não acredita nela.
- Porque no fundo seu pai ainda se importa.
Isso era algo que eu não podia negar. Meu pai ainda sentia algo por ela, eu só não sabia exatamente o que era.
Peguei a garrafa de café e enchi a xícara que a Lúcia colocou na minha frente.
- Obrigada. - falei, e tomei um pouco do café.
Helena escolheu aquele momento para entrar na cozinha. E pela sua expressão, ela não estava muito feliz. Sentando do meu lado, ela digitou algo em seu celular.
- O que foi? - perguntei, confuso.
- Olha isso. - disse, e mostrou a tela do seu celular.
Olhando para o aparelho vi que tinha uma foto, e nela estava Alfredo sentado no colo da Ângela.
E o gato estava bem confortável.
- O que tem? - quis entender.
- Esse gato nunca nem me pediu carinho e agora ele tá agindo como se a Ângela fosse dona dele. - falou, colocando o celular na mesa. - Eu acho que ele tem algum problema comigo.
Sorri achando uma graça como ela estava brava.
Vendo que Lúcia estava ocupada mexendo na geladeira, voltei minha atenção para minha noiva. Estendendo minha mão na sua direção, puxei seu cabelo até sua cabeça se inclinar para cima me fazendo beijar seus lábios.
- Não faz isso. - disse, quando soltei seu cabelo.
- Você não reclamou ontem... não reclamou de madrugada. - falei, e me aproximei para completar perto do seu ouvido. - Ou quando te acordei bem cedinho hoje.
Segurei uma risada quando ela deu um tapa leve no meu ombro ficando envergonhada.
- Meu deus a Lúcia está aí. - sussurrou, constrangida.
Ainda conseguia lembrar da sensação que foi ter ela subindo e descendo em cima de mim. Aquelas lembranças faziam meu dia melhor.
- Toma café. Daqui a pouco vamos embora. - falei, alguns minutos depois.
- Já falou com seus pais? - perguntou. - Não vi a Sophie.
- Ela foi embora muito rápido. - contei.
Depois do café, nos arrumamos e saímos da mansão. Já no carro, Helena encostou suas costas no banco depois de ter colocado o cinto.
- Parece que passamos uma semana inteira aqui. - disse. - Mas foi só uma noite.
Assenti porque tive a mesma sensação.
xxxxx
Quando chegamos em casa, pendurei a chave do carro na porta e tirei meu casaco.
- Vou atrás das meninas. - Helena disse, indo em direção as escadas.
- Acho que elas estão na cozinha. - falei, depois de ouvir barulhos vindo da cozinha.
Desviando, Helena foi até as gêmeas. Eu segui ela também sentindo vontade de abraçar nossas filhas. Depois da discussão que presenciei dos meus pais eu precisava mais do que nunca da minha família unida.
Faria qualquer coisa para minha relação com a Helena nunca chegar ao nível que chegou a dos meus pais. Não dá história dos dois, mas do rancor e mágoa que sentiam um pelo outro.
Quando entrei na cozinha, vi quando Helena pegou Sophie fazendo a bebê rir. Ela estava feliz que a mãe tinha chegado, assim como Alexia que também queria ser carregada.
Não conseguia mais imaginar minha vida sem aquelas garotas, sem a Helena.
Como o ar que passa pelos meus pulmões, eu preciso delas. Como nunca precisei de ninguém.
Está aí nosso Bruno narrando. Mas não deixem a Helena ouvir o "nosso" porque criei a bicha para ser ciumenta.
Desculpa qualquer erro é difícil revisar pelo celular.
Até a próxima amados(a) e bom domingo.