BOA LEITURA.
" Acho que minha mente é uma prisão e eu nunca poderei ser solto. "
Alec Benjamin / Mind is a prison
JEON JUNGKOOK
Após o retorno para casa, apenas pensamentos intrusivos juntamente a flashbacks eram transmitidos pelo inconsciente, testando o meu ego e acabando com minha sanidade mental.
- Já estamos a sós, explique logo, o que são esses documentos?
Philips me olhou, gesticulou para que eu me aproximasse enquanto revirava a pequena pilha de documentos em sua frente.
- Seu prontuário, escrito pela Doutora Petras. - Pronunciou-se, posicionando o documento original em minha frente. -
- Qual o problema? - Por breves segundos eu li, as primeiras escritas. -
Tratava-se da minha primeira consulta.
- Começaram a terapia quando? - Perguntou-me. -
- Porque está perguntando sendo que já sabe a resposta? - Contestei. -
- Para você entender aonde eu quero chegar, Jungkook. - Explicou. - Responda.
- A tia marcou dois meses depois que saímos da casa do Sr Jeon, quando começamos a morar com ela. - Respondi contragosto. -
- Quantos anos você tinha? - Revirou mais alguns papéis naquela mesa, perguntando sem me olhar. -
- Dezoito.
- E Jeon? - Me olhou, aparentemente sem demostrar alguma expressão. -
- Treze.
Novamente o silêncio surgiu no ambiente.
Ele pegou algumas fotos e mostrou-me. Eram fotos de Jeon pequeno, antes dos oito anos de idade.
Um garotinho...
Um sorriso tão doce...
Sem meu consentimento, senti meus olhos arderem e se enxerem de lágrimas, respirei pesadamente perguntando.
- Porque está me mostrando isso!? - Alterei um pouco a voz. -
- Quantos anos você tem? - Perguntou calmo. -
Eu sabia que naquele momento, por se pronunciar calmo, não demostrar nenhuma reação.
Ele estava me analisando.
- Vinte e dois. - Eu disse, fitando todas aquelas fotos encima da mesa transparente. - Diga logo, Philips... o porquê disso.
- Atualmente você tem vinte e dois anos, diferente de Jeon, que tem treze.
- Qual o problema? - Retornei a perguntar. -
- Um, dois, três, quatro... - Ele contava os anos, apontando para cada foto da criança, que se tornava adolescente aos poucos. - Sete anos. - Finalizou. -
Deslizou-as para o canto, pegando outras mais que havia em suas mãos.
- Oito, nove... - Pulou os três números á frente. - Treze.
Eu não dizia nada, ver todas aquelas fotos, o crescimento que dava a vislumbrar por aquelas imagens, era torturante.
O receio de saber que Jeon Jungkook é o que nunca quis ser, e terá sempre que conviver com essa dualidade, é inexplicável.
- Termina aqui. - Philips disse, voltando a me olhar. - Porque parou aos treze?
- Porque você quis que parasse ali. - Desviei meu olhar daquelas imagens, me concentrando em outro ponto. -
Eu sentia minha cabeça doer, pesar.
As consultas com Philips sempre me deixavam vulnerável e ao mesmo tempo a ponto de surtar.
Com certeza não era o que eu precisava no momento.
- Você despertou em Jeon aos treze anos, porque ele continua parado no tempo enquanto você apenas evoluí?
- Não... Ele não continua. - Fraquejei pouco. -
- Então porque você teve seu amadurecimento? Está hoje na maioridade enquanto ele continua uma personalidade infantil? - Alterou por breves segundos a voz, fazendo-me retornar a olhar-ló. -
- Porque é o que ele é! A droga de uma personalidade infantil. - Esbravejei calmo, respirando devagar. -
- Você não pode afirmar isso, assim como você, também tem a possibilidade de Jeon ter seus vinte e dois anos. - Ponderou. -
- Cala a boca! Você está mentindo. - Neguei, rindo forçado. - Acha mesmo que irei acreditar em você? Depois de praticamente ter puxado o gatilho para minha desavença com Jeon?
- Mesmo que tenhamos desavenças e que eu não goste de você, nunca mentiria para um paciente. - Confessou. - Me diz porque Jeon parou aos treze anos, o que aconteceu?
- Que inferno, porque está perguntando sabendo que eu não sei a droga da resposta!? - Esbravejei devagar. -
- Então eu vou lhe explicar, Jeon não tem treze anos, creio eu que ele tenha a mesma idade que seu outro alter-ego, você. - Exclamou. - Alter-egos em si, tem idades diferentes, comportamentos, pensamentos e execuções. Porém Jeon e você, mesmo com toda essa desavença, precisam um do outro, os dois são necessários para formar Jeon Jungkook.
Eu ri, enojado.
Esfregando violentamente as mãos em meu rosto.
- Quer me explicar o porquê daqueles atos então? Se ele realmente tem vinte e dois anos, porque haje como uma criança imatura? - Questionei. -
- Você diz isso porque sua personalidade foi criada para detestar a de Jeon, ele é sensível, medroso e carente até, tanto que o próprio Jeon é o seu ponto fraco, pois se você sofrer uma intensa tristeza, ele automaticamente retoma a luz. - Explicou, sincero. -
- Por quê? - Foi a única coisa que saiu de minha boca. -
- É normal ele querer reencontrar os pais, é normal serem o gatilho dele, pois são seus pais, pessoas de grande valor. - Explicou, aparentemente calmo. - A personalidade de Jeon é pouco infantil, sim, mas também é difícil de lidar, principalmente nessas circunstâncias que você mesmo o colocou, ele não é o mesmo, as expressões dele não indica mais a carisma, indica revolta e vulnerabilidade. Você está acima dele porque você é a personalidade forte, raivosa e violenta, mesmo que tente se controlar, um surto seu, pode matar alguém, você sabe. - Apontou para o próprio pescoço, fazendo-me rir baixo. - Não estou brincando Jungkook, seu ego não pode ser testado.
- E acha que eu vou sair socando todo mundo? - Perguntei, com pouco deboche. -
- Se o seu ego for testando, sim, é o que eu acho. - Sentou-se na cadeira atrás de si. - Lembra quando saíram de casa? Pelo pai de Jeon o comparar com o irmão, Junghyun.
- Infelizmente não tem como esquecer.
- Pois então, seu ego é testado no momento em que é comparado ou desprezado por alguém.
.
Pisquei fortemente, saindo daquele flashback.
Eu estava dentro do box, sentado no chão gelado, sentindo a água fria cair sobre meu corpo quente e ainda coberto por roupas.
Encolhi as pernas, as abraçando forte.
Suspirei com alguma dificuldade, deitando a cabeça sobre o joelho e fechando devagar os olhos.
Dando início a mais um flashback.
- Porque, porque você não é como seu irmão, Jeon? - Ele esbravejou. - Porquê é tão difícil seguir as regras? Fazer as escolhas certas!?
Ele continuava a se alterar, fazendo-me abaixar a cabeça e batucar os dedos na mesa de vidro.
Já acostumado com toda aquela situação, a rotina na qual eu me encontrava todos os dias.
- Tudo bem, pai... - Suspirei. - Eu já entendi, desculpe...
- Um homem não abaixa a cabeça para nada, Jeon. - Afirmou, erguendo meu queixo para cima. - Suas desculpas não servem de nada se seu comportamento for o mesmo.
- Eu prometo... - O mesmo me interrompeu. -
- Não prometa, consiga. - Soltou meu queixo, se afastando um pouco. - Seu irmão é um exemplo, o que você deve seguir.
- Junghyun e eu não somos iguais, pai... - Afirmei, trocando o copo de lugar pela quarta vez. - E nem nunca seremos.
O maldito toc do alter-ego.
Jungkook por favor...
- Porquê!? A educação foi a mesma, o carinho, os conselhos, as broncas, tudo. Porque ele é melhor do que você? Porque você é o erro dessa família?
Ele andava desnorteado, de um lado para o outro.
Eu sentia os olhos cansados, a ponto de fecharem a qualquer momento.
E eu já sabia o que era.
- Não diz que eu sou o erro apenas por você querer que eu seja como meu irmão e eu não ser... - Pedi, baixo. - Posso subir para o quarto? Minha cabeça está doendo.
- Não terminamos, Jeon. - Negou. - Eu quero o melhor para você, quero que tenha a possibilidade de conseguir tudo. Eu fui exatamente assim com Junghyun, e olhe para ele hoje.
- Eu sei... Eu sei...
Eu fraquejei pouco, sentindo a cabeça agitada, me afastando daquela realidade aos pontos sem nem notar.
- Eu só quero o seu bem, meu filho. - Deu um mísero sorriso, fazendo-me semi-cerrar os olhos. -
- Se o seu bem é querer que eu seja como Junghyun, que oprime os demais afim de conseguir o que quer... Sinto muito, mas prefiro que você queira o meu mal. - Confessei. -
- Não seja insolente e diga bobagens, Jeon. - Repreendeu. - Diferente de você, o seu irmão é capaz de me dar orgulho, é digno de ser um Jeon e graças a mim ele é o que é hoje.
- Porque não se contentou apenas com ele então!? Porque quis ter outro filho!? - Esbravejei fraco. -
- Nunca quis, você nunca foi desejado por mim, um mero acidente aconteceu! - Exclamou. -
Eu senti os olhos arderem, se encherem de lágrimas, fechando-se em seguida.
A respiração tão fraca quanto os batimentos cardíacos.
Ouvi um sussurro pronunciando-se "Obrigado, Jeon."
Bastou isso para me sentir longe, longe de tudo e de todos.
Ao abrir os olhos, eu sentia.
Não era Jeon.
- A maioria das crianças é uma decepção, não vale a pena criar-lás.
- Junghyun sempre foi o melhor, certo? O seu preferido! - Levantei, o encarando. - Um filho hipócrita para um pai hipócrita. - Esbravejei. -
- Você deve me respeitar. - Exigiu. - Abaixe o tom de voz.
- Ou o quê!? Vai me bater? - Alterei mais a voz, me aproximando. - Então o faça, ao menos saberei o que dói mais, suas palavras ou a sua força física.
- Nunca levantarei a mão para um filho. - Afirmou, firme e sincero. -
- Nunca nem foi preciso, não é? - Perguntei retórico, enojado. - Suas palavras são certeiras, o que nenhuma criança precisa ou deve ouvir.
- Não seja sentimental, Jeon. - Revirou os olhos. -
- É Jungkook. - Corrigi. - Junghyun é tão querido por você, porque não pede que volte para casa?
- Porque ele já é um homem feito, sabe tomar as decisões certas, não precisa de mim. - Respondeu. -
- Eu também não preciso de você. - Afirmei, entre dentes. -
- Você precisa, porque a única coisa que faz é estudar, não é capaz de se sustentar. - Garantiu. -
- Me acha incapaz de tantas coisas? - Perguntei, novamente retórico. - Vou lhe mostrar como não preciso de você.
- E como pensa em fazer isso? - Perguntou, pouco debochado. -
- Vou embora, livrar sua mente de continuar educando um inútil, segundo você. - Eu ri fraco, sorrindo de lado. -
Dei as costas, saindo da cozinha e indo de encontro as escadas.
Ouvindo passos apressados atrás de mim.
- Jeon, volte aqui. - Pediu, sendo em vão. - Jeon Jungkook! Você não vai há lugar algum.
Novamente ri, contragosto.
Retornei os poucos degraus e andei reto, afim de passar por ele, sem dizer nada.
O mesmo segurou meu antebraço, com força, enquanto me olhava com repudia.
- Me solte. - Esbravejei. -
- O que está acontecendo? - A mãe pronunciou-se, após passar pela porta principal. - Solte o braço dele, pelo céus...
Ele continuou a me encarar, ignorando o pedido da mãe aflita.
Olhando-me com pouca repudia, sendo a minha mil vezes maior.
- Me solte agora! - Gritei. - Não sabe o quanto eu lhe odeio, senhor Jeon.
- Jeon, por favor, solte o braço de nosso filho... Está machucando ele. - Pediu novamente, nervosa com toda aquela situação. -
- Se passar por aquela porta, não é mais necessário que volte! - Ele disse, sem mostrar alguma expressão á não ser a firmeza na voz grave. -
- Deveria me agradecer, não estou facilitando para o senhor? - Erguei um de meus celhos. -
- Não seja sínico, Jeon! - Semi-cerrou os olhos. - Você é meu filho.
- É Jungkook! E não, eu não sou. - Eu ri nervoso, com poucas lágrimas nos olhos, vendo o mesmo me olhar confuso e ao mesmo tempo com raiva. -
Eu nunca o vi dessa maneira.
- Ouça-me bem, garoto atrevido! - Puxou-me mais para si, fazendo-me erguer o pescoço para trás, já dolorido pela forma que estava. - Não irei permitir que... - Antes que terminasse a fala, eu cuspi contra seu rosto, franzindo os celhos. -
- Trate de largar meu braço agora! - Exigi. -
Ele havia ficado sem reação com um ato inesperado meu.
Segurou meu outro antebraço após limpar o rosto, fazendo-me sentir dores ali, além da minha cabeça que já havia começado a doer.
Eu sinto muito Jeon, mas há limites para tudo.
- Jeon, por favor... - A mãe se referiu ao mais velho. - Solte, Jungkook.
Com um pedido de apelação, ele soltou.
Por breves segundos eu avistei meu braço, estava nitidamente vermelho.
- Jungkook, meu filho... - Ela chamou, estendendo os braços. -
- Desculpe, mas esse é o meu limite. - Lamentei, avistando poucas lágrimas saindo pelo rosto da mesma. - Não chore, ele nem sequer merece isso da senhora.
- Fora. - O pai expulsou diretamente, fazendo-me retornar o olhar a ele. -
- Jeon! - A mãe repreendeu. - Meu filho não irá a lugar algum!
- Ele diz ser tão capaz assim, que vá! - Aproximou-se mais de meu corpo, fazendo-me sentir sua respiração sobre minha testa, pela diferença de altura. - Mas quando passar por aquela porta, deixará de ter uma família.
Trombou comigo, fazendo-me desequilibrar e por pouco não cair.
Andou devagar até a escada, e antes que subisse completamente, eu me pronunciei.
- Não se preocupe, não serei eu a voltar a lhe ver, será você quem irá me procurar... E quando isso acontecer, será tarde de mais. - Neguei, dizendo entre dentes. - Irá ver o homem que irei me tornar, e de duas, uma, ou irá se orgulhar, ou irá detestar ver o que me tornei, por culpa sua, meu futuro não será como eu desejaria que fosse.
Ele olhou por breves segundos minha imagem, não disse nada e retornou a subir as escadas.
.
Ainda com os olhos fechados, ouvi, a voz doce, totalmente reconhecida, fazer meu coração apertar ao chamar pelo meu nome.
- Jungkook! - Chamou, me fazendo sair daquele transe e abrir os olhos. -
Era Anna, estava com Namjoon, que me olhava confuso e preocupado.
Não era para menos, eu mal sabia o que estava acontecendo.
O que era realidade e o que era ilusão.
- Como entraram? - Perguntei sem forças, levantando devagar. -
- Essa é a última pergunta que você deve fazer. - Franziu levemente os celhos, ajudando-me a levantar. - Está tremendo, o que aconteceu?
Ela perguntou, penteando meus cabelos encharcados para trás, olhando-me com alguma aflição.
- E-eu... - Espirrei, pouco antes de ser interrompido. -
- O que ouve em Busan, Jungkook? - Namjoon perguntou, fechando o chuveiro. - Não deveria ter feito aquilo.
- E o que ele fez? - Perguntou, pegando uma toalha afim de tirar o excesso da água em minhas roupas. -
Cuidando de mim.
- Quase matou Philips! - Exclamou, pouco alterado. -
Anna parou por pequenos segundos o que estava fazendo, pensando sozinha, suspirou audível e retornou a secar o excesso de água.
- Foi o que Park Jimin disse? - Perguntei baixo, segurando em uma barra ao lado, pouco tonto. -
- Foi o que aconteceu!? - Perguntou retórico, dizendo o óbvio. - Ele não tem o porquê mentir.
- Namjoon, se acalme. - Anna pediu, deixando a toalha de lado. - É melhor deixarmos as perguntas para depois. Jungkook está frio, tremendo muito... É melhor tomar um banho quente, antes que tenha uma hipotermia.
Namjoon concordou, me olhando.
- Vou pegar suas roupas no closet, já está tarde, é melhor descansar. - Aconselhou, saindo dali. -
Deixando apenas nos dois.
Anna ainda se mantinha em silêncio, pensando sozinha, enquanto pegava os produtos que supôs que eu usaria no banho.
- Eu posso fazer isso... - Sussurrei, vendo a mesma parar com o que estava fazendo. - N-não vai me perguntar o que aconteceu?
- "Sem segredos ou mentiras", você decide se quer ou não seguir esse caminho. - Respondeu simplista. -
Suspirei devagar, pronto para dizer.
- Jeon retornou a luz, foi procurar por Philips, saber como podia me tirar do controle... Philips disse que ele deve atacar meu ego ou o meu suposto gatilho... Jeon, e-ele mudou, provavelmente será mais difícil lidar com ele agora. - Expliquei, com alguma dificuldade. - E.. de certa forma eu temo, por você.
- Porquê? - Perguntou, ainda de costas para mim, mexendo em algo aleatório. -
Me torturando levemente devido a tal ato.
- Segundo Philips, você pode ser o meu gatilho. Ele mencionou que Jeon não consegue se aproximar da luz quando você está presente... E eu realmente sinto isso, sinto que nada pode me tirar daqui, enquanto estamos juntos. - Confessei. -
- Acha que ele pode me machucar de alguma forma? - Perguntou-me, novamente simplista. -
Aquilo não foi uma surpresa para ela tanto quanto foi para mim?
- Por favor... Olhe para mim. - Pedi, talvez com alguma súplica. - Eu não sei o que esperar de Jeon, então não posso lhe dar uma resposta concreta.
- O que faz Jeon aparecer? - Perguntou, finalmente virando-se afim de me olhar. -
Um olhar preocupante, mas que passava todo conforto que eu precisava naquele momento.
- Para ele aparecer sem que eu interfira, preciso estar vulnerável e ter uma intensa tristeza, para que eu me sinta assim, preciso sentir que fui abandonado, desprezado ou comparado... Dessa forma, é inevitável que ele não apareça, pois é o meu ponto fraco.
Ela balançou a cabeça, parecendo realmente entender a situação.
Deu-me um selar rápido em meus lábios molhados e tremedores.
- Teve pensamentos intrusivos e flashbacks agora, não teve? - Perguntou, se agachando em minha frente, por eu estar sentado na privada. -
- Sim, do Srº Jeon dizendo que Junghyun era o único que lhe dava orgulho, que Jeon deveria ser como o irmão, que nunca foi desejado por ele. - Esbravejei, olhando para um outro lugar. - E Jeon só pedia desculpa, desculpa, desculpa desculpa!! Porquê!? Porquê ele queria que Jeon fosse a cópia de Junghyun!? Que inferno.
- Calma, Jungkook. - Pediu, acariciando meu rosto afim de passar algum conforto. -
Sendo em vão, porque meu ódio sempre aumentava ao lembrar dos acontecimentos, das pronúncias, de tudo.
- Sei que mais cedo ou mais tardar, Jeon reecontrará os pais, e espero que o pai dele, esteja arrependido. - Eu dizia, entre dentes. - Porque mesmo sendo o gatilho de Jeon, sabés bem que antes da tristeza dele, vem o meu ódio, que será incontrolável ao vê-lo.
O arrependimento dele é pouco para o que ele realmente merece, por culpa dele o filho criou duas personalidades para se defender. A que quer reencontrar-ló e a que mataria ele se pudesse.
- Meu amor, olhe para mim. - Segurou meu rosto, tocando em alguns lugares. - Não se machuque, não se prenda ao passado, vamos viver o agora, certo? Você e Jeon precisam entrar em um acordo, dividir a luz, caso contrário, essa guerra nunca irá terminar.
- Philips disse que Jeon não tem treze anos, temos a mesma idade. - Avisei, coçando a nuca molhada. - Mas eu não acredito, os atos de Jeon mostraram o quanto infantil ele é.
- Como você mesmo disse ao Tae aquele dia, "é como se fosse uma criança interna, que cresceu rápido demais", pode ser o caso de Jeon. - Segurou uma de minhas mãos, a acariciando. - Me responde uma coisa, você acha ou sente que o verdadeiro Jeon Jungkook existe?
- Não, sinto que Jeon Jungkook sempre foi formado por nos dois, sinto que sou Jeon Jungkook do presente, que está sendo assombrado pelo Jeon Jungkook do passado, Jeon. - Respondi complicando-me um pouco. - Mas eu também sinto que não passamos de duas personalidades, e que a qualquer momento, o verdadeiro Jeon Jungkook pode acordar.
Ela balançou a cabeça em concordância, deu-me um beijo no maxilar e se levantou.
Namjoon retornou com minhas roupas em mãos e um copo de água.
- Pega o meu remédio. - Apontei para o armarinho acima do espelho. -
- Remédio? - Perguntou, franzindo os celhos. - Você precisa de um banho quente e de um chá para se acalmar.
- Sei como cuidar de mim, Anna. - Deixei claro, avistando a mesma pegar o remédio. - Jeon está agitado, minha cabeça parece querer explodir, não quero ter uma crise e menos ainda surtar.
Levantei, afim de tirar o remédio de suas mãos, mas antes que eu o fizesse, ela o escondeu atrás de si.
Eu revirei os olhos, ouvindo algo tocando.
- Eu preciso atender, já venho. - Namjoon apressou em dizer, saindo do quarto. -
- Esses remédios são para dormi, sem mencionar que são de criança. - Afirmou, lendo as letras miúdas na embalagem. -
- Isso não impede que eu toma ou continue comprando, remédios de adultos são fortes, no final, o efeito é sempre o mesmo. - Contrapûs, tirando o remédio de suas mãos e colocando encima da pia. - Em algumas ocasiões, é claro.
- Acho que consegue dormir sem precisar tomar isso. - Indagou. - Vá tomar banho logo, sua temperatura corporal está abaixando e seus lábios estão clareando aos poucos... Terá uma hipotermia em breve se continuar enrolando. - Repreendeu preocupada. -
Levei as mãos até minha blusa social, desabotoado os botões presentes.
Senti seu olhar sobre mim, seguindo meus movimentos. Mas não pude distinguir se eram olhares maldosos ou preocupantes.
Devido a isso, optei em não tentar nenhum tipo de provocação, pois outras oportunidades viriam.
Após me livrar daquelas roupas molhadas, as coloquei encima do cesto, entrando em seguida debaixo do chuveiro, sentindo a água quente percorrer por todo o corpo nu.
Sem vergonha de avistar Anna ali presente, até porque ambos conhecem o corpo um do outro.
- Não acha isso um exagero? - Perguntei-lhe após sentir o corpo queimando, por dentro e por fora. - Está muito quente, faz mal a saúde.
- Irá tomar banho assim até que sua temperatura corporal suba. - Ordenou, cruzando os braços. -
- Faz mais de cinco minutos que estou aqui, não acha que subiu até demais? - Perguntei incrédulo, trocando a temperatura da água. - Quem está no banho sou eu, portanto quem decide a temperatura da água sou eu.
- Sim, mas quem está cuidando de você sou eu, portanto pare de me contrariar. - Rebateu. -
Eu a olhei, incrédulo e apaixonado. Sorri até finalmente estar rindo junto a ti.
Namjoon havia ido embora, estava tarde e amanhã precisávamos ir para faculdade cedo.
Estávamos apenas eu e ela, enrolando dentro daquele banheiro.
- Vou fazer um chá para você descansar. - Avisou, abrindo a porta. -
- Eu não gosto de chá. - Neguei, desligando o chuveiro. -
- Irei fazer do mesmo jeito. - Afirmou decidida, fazendo-me revirar os olhos. -
- Vai ficar a noite toda comigo?
- Sim. - Respondeu simplista, acenando para mim esperar ao que saiu do banheiro. -
Me enxuguei, vesti o pijama cinza sem muitos detalhes e comecei a secar o cabelo com o secador.
Tempo depois, passei hidratante em meu rosto, fazendo movimentos circulatórios até que todo o produto espalhasse.
Ao final de tudo, retornei para o quarto, sentando-me no colchão macio, avistando de realce o gato preto na sacada, olhando sabe se lá o que.
- Seu chá. - Avisou, colocando a xícara encima da cômoda. - Como se sente?
- Cansado. - Respondi sem demostrar algo. -
- Beba o chá e descanse, amanhã temos aula. - Aconselhou, acariciando meus cabelos. -
- Obrigado... - Sussurrei, me ajeitando na cama. - Por estar aqui, cuidando de mim.
- É o que todo casal deve fazer, cuidar um do outro. - Afirmou, fazendo-me sorrir grande. -
- Posso lhe beijar? - Perguntei, com pouca súplica, sentindo as bochechas formigando. -
- Pode, depois que tomar o chá e escovar os dentes. - Impôs, tirando-me risadas. - É sério. - Confirmou risonha. -
Em um movimento rápido eu a deitei, forçando os joelhos no colchão afim de não por peso algum sobre seu corpo.
Segurei seus pulsos, levando-os para acima de sua cabeça.
A mesma levou os lábios para dentro da boca, fazendo-me rir no mesmo instante.
- Vou-lhe algemar se continuar negando-me beijos. - Avisei, aproximando meus lábios dos seus, novamente avistando o mesmo movimento de antes. -
Caminhei a mão livre de encontro a cômoda ao lado, vasculhando a gaveta sem desviar nossos olhares.
- Não não não! - Apressou em dizer, risonha. -
- Vamos experimentar algo novo, Anna. - Propus, sussurrando em seu ouvido. -
- Jungkook, não. - Negou, decidida. -
- Não vou beber o chá, portanto terei que fazer isso para conseguir lhe beijar. - Eu disse, sorrindo de lado. - Ou podemos optar pelo lado mais fácil.
- Tudo bem, solte-me e saía de cima de mim. - Pediu simplista, assim o fiz. -
- Não tente nenhuma gracinha. - Pedi. -
- Jungkook, você estava a ponto de ter uma hipotermia, um surto e uma crise. - Negou junto a um muxoxo. - E agora está assim.
- Não nos vemos desde cedo, por eu estar em Busan, daqui a algumas horas teremos aula e você está me forçando a beber algo que eu não quero por um beijinho. - Exagerei pouco. - Acha justo?
- Minha boca está aqui. - Afirmou com um sorriso bonito, fazendo-me semi-cerrar os celhos. -
Por fim nossos lábios já estavam juntos, em um beijo calmo e delicado.
Suas mãos apoiadas em minhas coxas cobertas pelo tecido fino, deslizando vez ou outra para cima, até chegar no cós de elástico, onde brincou com os dedos, fazendo-me rir fraco durante o beijo.
Devagar afastei nossos lábios, trilhando selares por toda parte exposta de seu pescoço, sentindo a vibração gostosa e involuntária que eu a fazia sentir, tão ou igual como a mesma me fazia sentir.
Deslizei o nariz sobre sua pele, sentindo a fragrância doce e marcante ali presente.
Minha mão apoiada em sua nuca, tirando os cabelos que atrapalhavam sempre aquela região.
- É melhor irmos dormir, não quero chegar atrasado na aula. - Aconselhei, me afastando devagar. -
- Antes, vamos esclarecer uma coisa. - Pigarrou. - Se realmente eu for o seu gatilho, sabe que suas ações, reações e pensamentos irão mudar, não sabe?
- Sei sim, não é necessário que me lembre. - Respondi simplista. -
- Peço-lhe que seja transparente comigo, se algo lhe incomodar ou caso venha a ter pensamentos intrusivos e insistentes, converse comigo, para resolvermos isso juntos. - Mostrou-me um sorriso pequeno. - Não quero que seja como uma sombra que sempre está atrás de mim, vamos agir naturalmente e confiar um no outro.
- Eu prometo que vou tentar. - Afirmei, sincero. - Mas caso ocorra algo, me perdoe.
- Tudo bem, não seja pessimista. - Pediu, negando devagar. -
- Não estou, você diz isso porque é simples ler e vislumbrar algo psicótico... Mas a realidade, o presencial, é diferente, Anna. - Afirmei sem jeito. - Não estou sendo pessimista, estou sendo realista. Você nunca vivenciou um surto meu, por isso supõe coisas, mas provavelmente está enganada.
- Está me assustando, Jungkook. - Ela disse, rindo sem jeito. -
- Não quero que sinta medo ou receio de mim, isso me machucaria muito. Mas não irei dizer mentiras, eu poderia sim lhe machucar em um surto psicótico... E isso doeria muito mais em mim do que em você, principalmente se você realmente for o meu gatilho.
- Um passo de cada vez. - Pediu-me, entrelaçando nossas mãos. - Vamos dormir agora.
Apenas assenti em resposta, deitando-me e nos cobrindo.
- No final, você realmente não bebeu o chá. - Afirmou, tampando a xícara com o pratinho. - Se não gosta, porque tem tantos saquinhos de chá?
- São para visitas. - Dei de ombros, envolvendo meus braços em você. -
- Isso me lembra o dia em que "jantamos" juntos pela primeira vez. - Claramente fez aspas, rindo. - Você havia encomendado três pizzas, pensei seriamente se você iria comer tudo aquilo.
Eu ri baixo, mantendo os olhos fechados, apenas ouvindo suas pronúncias.
- Foi quando nos beijamos pela primeira vez. - Afirmei, relembrando. - Naquele dia eu não esperava lhe ver, Seokjin havia combinado de vim jantar comigo, eu não queria preparar algo e menos ainda queria que ele prepare-se, pois eu teria que limpar tudo depois. - Referia-me sobre o toc. - Então encomendei as pizzas.
- Aquele beijo foi agressivo... - Confessou. - Na verdade, no começo você era totalmente diferente do que é agora.
- No começo eu só queria lhe ter, não importava como, devido a essa obssesão, deixei o jornalismo e meu antigo apartamento, apenas para ficar perto de você, eu provavelmente mudaria de cidade se você mudasse. - Confessei, abrindo os olhos. - Mas eu não contava que iria me apaixonar, ansiar por você, sentir coisas novas e fortes demais para serem reais. Aos poucos você foi me transformando, de um jeito natural e que não era possível notar.
- Você fala tão abertamente comigo, mostra seus verdadeiros sentimentos, eu gosto tanto. - Sorriu bonito, dando-me um selar demorado. -
- Se eu lhe contar que é a primeira vez que realmente abro o coração para alguém, você nem acredita. - Eu disse, negando devagar. - As pessoas com quem eu ficava, eram só por ficar.
- Creio que não se refira a apenas beijos. - Indagou. -
- Sim, mas, obviamente eu sabia com quem me envolver, até que ponto eu podia ir. Posso lhe dizer uma aluna de nossa sala que já se envolveu comigo.
- Não, eu acho que não preciso saber. - Fez escárnio, simultâneamente com uma careta adorável, fazendo-me lhe dar um beijo com tal ato. - Posso perguntar algo?
- Claro.
- Já falhou, brochou no momento? - Perguntou incerta, mostrando-me um bico nos lábios afim de segurar a risada. -
Eu vi, as bochechas da mesma corar devagar e seus olhos aumentarem pouco.
Com aquilo, a puxei mais para mim, sentindo suas mãos contra meu abdômen, nos mantendo afastados um pouco.
- Que tipo de pergunta é essa? - Perguntei risonho. -
- Curiosidade, mas não precisa responder se estiver envergonhado. - Garantiu. -
- Não sinto vergonha em responder, apenas achei inesperada. - Afirmei. - Mas respondendo a pergunta, não, nunca me aconteceu.
Ela assentiu, virou-se dando-me as costas e se encaixando em meu corpo, entrelaçou uma de nossas mãos e a segurou enfrente seu corpo.
Desejou boa noite e apagou o abajur ao seu lado.
Eu sem entender, apenas desejei igual e lhe dei um último beijo na testa, apagando em seguida o abajur frente a mim.
.
.
.
.
.
Hi peoples.
A estrelinha!!!⭐
As ações, reações e pensamentos de Jungkook iram mudar aos poucos, tornando-o uma pessoa um tanto diferente.
Não tire conclusões precipitadas, não se estresse com o personagem, pois como eu disse, aqui vocês poderão ver de tudo.
Thanks, adios.