Quase uma véspera de Natal...

By pinkopenbook

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Oneshot + extra Era véspera de Natal e o pior dia da vida de JungKook. Fala sério, devia ter algum duende mal... More

Avisos
Extra - Pedidos de Natal

Único

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By pinkopenbook

O orgasmo atingiu os dois com força, o mais novo perdendo a visão por alguns segundos e o outro teve que apoiar-se na cama para não esmagá-lo.

JungKook respirou fundo e sentiu o corpo se afastar.

— Você já vai? — ele sempre se vestia tão rápido.

— Eu não sempre vou?

— Hoje é véspera de Natal — tentou persuadi-lo.

— E isso muda algo?

— Não — respondeu sem humor, indo em direção ao banheiro e trancando-se lá.

Pegou a lista de contatos, passando por ela pela milésima vez naquela semana.

TaeHyung ia passar de 20 a 25 na casa dos avós, JiMin tinha uma festa da empresa durante a noite — e o mais novo já se arrependia de ter recusado o convite para ir com ele, mesmo que não conhecesse ninguém. — Yugyeom passaria na casa da namorada e até MoonJi disse que ia passar numa festa de um clube que era sócio e já tinha acompanhante. Onde ele conseguiu um acompanhante?

E agora Yuri, como sempre, também o tinha dispensado. Qual é? Apenas não queria passar o Natal sozinho em casa, mais uma vez.

Ele podia até ir para algum desses cafés temáticos, mas sabia como isso ia acabar. Ele, sentado num sofá, fingindo ler algo, para não ter que falar com ninguém, graças a vergonha.

 — Merda — grunhiu encostando a cabeça na parede, mas respirou fundo em seguida. Não ia chorar novamente por causa disso.

Mas poxa, o Natal sempre foi a melhor época do ano. Ver a neve com os primos. Comer o peru que a avó fazia e a torta de chocolate da mãe, trocar presentes. E, desde que mudou para Seul, não tinha isso. E deixou a mesma coisa do ano anterior acontecer: atolou-se no trabalho e, quando ia comprar a passagem, já não tinha mais nenhuma para chegar lá no dia certo. Estava tão frustrado e irritado consigo mesmo.

Destrancou a porta e assustou-se com o garoto à sua frente.

— O que ainda faz aqui? — passou por ele sem o encarar, ainda nu e sujo, indo para a cozinha. A cabeça doía novamente e ver as caixas cheias de decoração, não colocada por falta de ânimo, que provavelmente voltariam assim para o sótão, apenas o irritava mais. Porém não tinha estrutura para arrumar tudo para no fim ficar olhando para ela, sozinho.

— Está tudo bem? — o mais velho perguntou e sua falsa preocupação apenas irritou o mais novo.

— Tudo ótimo. Pode ir embora — respondeu seco, novamente sem olhá-lo. Fingindo que ele não estava ali

— Está irritado comigo? — perguntou confuso e insultado. Tinha certeza que não havia feito nada de errado.

JungKook respirou fundo e disse: 

— Não, eu estou irritado comigo. Sempre espero de mais dos outros. Você vai ficar a noite toda parado aí me encarando, ou vai embora?

— Foda-se — falou irritado, saindo e fechando a porta com força.

E JungKook xingou a si próprio antes de se encolher, com as costas na parede, voltando a chorar. Poxa, o quão difícil era para o mais velho passar a noite ali? O que custava? Sabia que não estavam namorando, mas já transavam havia tanto tempo, e continuavam presos naquela merda de casualidade.

Seu relacionamento com Yuri era outra coisa que piorava sua dor de cabeça. Não amava o mais velho, nem nada do tipo, mas, se davam-se bem na cama, não podiam fazer o mesmo na vida? Pelo menos assim ficaria menos tempo sozinho.

"Devo estar fazendo algo errado" pensou frustrado, voltando a encarar as caixas espalhadas pela sala.

Estava decidido, o Natal era o pior feriado que existia. Pelo menos se fosse passá-lo sozinho.

Pegou alguns dos remédios que usava para dormir, para passar dor no corpo, de cabeça... (aqueles que servem para tudo) e tomou. Só queria dormir e apenas acordar dia 29. Quando finalmente estaria indo para Busan, ver a família.

...

O garoto jogava tudo nas caixas com raiva. Depois de dizer várias vezes que não faria, resolveu arrumar a casa para o Natal, para ver se parecia, pelo menos um pouquinho, mais acolhedora. Mas percebeu que decidiu isso muito tarde, como sempre, não conseguia tomar uma decisão a tempo?

Eu não preciso de uma árvore lembrando que é Natal — resmungou, tentando convencer a si mesmo. Sequer tinha comprado uma árvore naquele ano, como arrumaria a casa?

Continuou jogando a decoração na caixa e quem visse acharia que os enfeites fizeram alguma coisa para ele estar tão irritado. Mas a verdade era que estava frustrado com tudo. Poxa, ele era tão insignificante que ninguém quis ficar com ele, mesmo sendo véspera de Natal?

A campainha tocou quando estava empacotado a última bola e se animou pensando que Yuri poderia ter voltado, mas era apenas JiMin. 

— Oi, Hyung — falou sem animo.

— Bom te ver também — debochou. — O que está fazendo?

— Levando o lixo para fora — passou por ele com uma das caixas na mão, indo à calçada.

— Lixo? — seguiu-o para fora e, quando ele colocou a caixa no chão, voltando para dentro da casa, JiMin espiou o que tinha dentro. — Isso não é sua decoração de Natal? — perguntou quando o mais novo voltou.

— É sim.

— E por que está livrando-se dela? Comprou novos enfeites? — o mais novo não respondeu. Apenas passou por ele novamente, voltando para dentro da casa. — JungKook, isso foi sua mãe quem te deu — falou mais alto ao ver os anjinhos usados para pendurar na árvore.

— E daí? — ouviu o outro gritar de volta.

— Você vai jogar fora? — a preocupação era perceptível na voz.

— Vou, não preciso mais — falou, colocando mais uma caixa e teria voltado para a casa novamente se JiMin não tivesse segurado seu braço.

— JungKook, pare com isso. Vamos levar tudo isso de volta. Eu posso ajudar a arrumar até umas três e...

— E depois, eu vou estar sozinho, de novo. Eu já decidi. Não vou comemorar o Natal esse ano — disse, soltando o braço e voltando para pegar mais uma caixa.

— JungKook, você adora o Natal — seguiu ele.

Adorava — pontuou, pegando a caixa.

— Qual é? Você não quer mesmo ir comigo? O pessoal é legal. Eu fico com você o tempo todo e...

— Eu sou o quê? Um idiota que precisa de babá? — perguntou irritado. Não queria a pena de JiMin.

— Quando eu disse isso? — Park perguntou irritado. JungKook era seu amigo há muito tempo, desde Busan, e foi ele que recebeu o garoto quando chegou em Seul. Realmente tinha muito carinho por ele, mas esses dramas que o garoto fazia, tiravam a sua paciência.

— Olha, Hyung. Obrigada, mas ninguém tem tempo pra mim no feriado, decidi que não vou ter tempo para o feriado, vou passar o Natal dormindo.

— Qual é, JungKook? Você quer que eu venha ficar aqui com você? Eu desmarco com o pessoal e...

— Não — interrompeu sério. Sabia que JiMin tinha entrado há pouco tempo na empresa e que se enturmar lá não foi a tarefa mais fácil. Não queria estragar a noite do mais velho, só porque a sua seria uma merda. — Eu estou bem. Ótimo. Um feriado a menos não faz diferença na minha vida — sorriu antes de voltar às caixas.

— Não me convenceu. Eu não me importo de ficar aqui com você — insistiu. Não tinha certeza do quão mal JungKook estava com tudo aquilo e não queria deixá-lo sozinho.

— Mas eu sim. Eu quero que você saia com seus amigos.

— Você é meu amigo.

— Você entendeu. Por favor, Hyung. Eu quero mesmo que você vá.

JiMin analisou as possibilidades e, depois de suspirar, disse:

— Só se você me prometer não ficar em casa.

— Pra onde eu iria? — a irritação era clara. JiMin não podia deixá-lo triste e em paz?

— Tem uma livraria café ali na esquina, eu vi que eles vão virar abertos, com decoração, música e bebidas de Natal. Por que não vai lá?

— Ah, Hyung... — ele realmente odiava aquilo. Podia parecer Natal, mas não era. "Natal é família, não estranhos com quem tenho vergonha de falar" pensou.

— Por favor, Ggook. Só o tempo de mandar uma selfie e pedir um americano com vodca. Aí, se não quiser mais ficar, você volta para casa. Pode ser? — tinha certeza que o garoto se contagiaria com o clima e decidiria ficar mais. Tinha que funcionar.

— Certo...

— Ótimo, então vamos levar tudo lá para dentro e...

— Eu não vou arrumar nada — interrompeu sério e irritado. — O caminhão de lixo deve passar daqui a pouco. Eu vou voltar lá para dentro e você pode ir embora se precisar.

— Eu vou ficar com você até depois do almoço — era o mínimo que podia fazer.

— Quer almoçar de graça, né, Hyung? — perturbou.

— Ah, seu moleque. Eu venho aqui para te ver e você fala isso? Quer que eu pague o almoço, é?

— Não, não, Hyung — JungKook riu minimamente, entrando em casa. — Pode vir almoçar aqui sempre que quiser.

Apesar das pequenas brincadeiras que seguiram até a hora de JiMin ir, não conseguia parar de pensar no quão torturante seria ir ao café. Não queria ir. Só queria ficar em casa e afundar na tristeza que sentia.

...

Oito horas, seu celular tocou e sabia que era JiMin para irritá-lo novamente.

— Oi — respondeu sem ânimo.

— Onde você está?

— Em casa.

— JungKook, você...

— Estou terminando de me arrumar, o.k.? Para de pegar no meu pé.

— Certo, desculpa. A reunião acabou agora, por isso estou meio avoado.

— Tudo bem, como foi?

— Foi ótimo. Ah, obrigado — agradeceu a outra pessoa. — Eu te ligo depois, Ggook.

— Tudo bem. Tchau... — a ligação encerrou. — Hyung.

Suspirou, calçando os sapatos e, depois de pegar o cachecol e tomar alguns remédios para dor de cabeça, saiu de casa, em direção à livraria, cafeteria, o que quer que fosse. Viu que as caixas não estavam mais na frente da garagem e que o caminhão de lixo devia ter passado mesmo. O arrependimento o atingiu com força, mas não queria pensar nisso naquele momento. Faria isso quando pudesse chorar em sua cama novamente ou chegaria no café com o rosto vermelho, não somente pelo frio.

Não demorou a atingir o destino, era realmente logo na esquina. O lugar mais iluminado e chamativo de todo o quarteirão. Parecia acolhedor e quente de fora, mas ainda assim não parecia um bom lugar para passar o Natal. Mas respirou fundo e entrou, sem olhar para ninguém, apenas para o chão. Tirou uma foto meio borrada do local — que ele até que gostou — e mandou para JiMin, mesmo não achando que ele fosse ver naquela hora.

Foi até o balcão e pediu o bendito café com álcool que JiMin falou, queria fazer tudo como ele falou, assim não sobraria espaço para reclamações sobre ele nem ter tentado. Ele ia comprar, tirar mais uma foto e ir embora. Então aguardou, internamente impaciente — por fora não demonstrava nada — para poder voltar para casa logo.

Agradeceu quando o atendente entregou o pedido e foi fazendo o caminho para a saída enquanto pegava o celular para tirar a foto da bebida o quanto antes. E teria dado tudo certo se, no meio do caminho, não tivesse esbarrado numa pessoa, derrubando a maior parte do seu café em cima de si próprio e o resto em cima do livro do outro.

— Desculpa — falou rápido, tentando secar, na roupa ,a mão que ardia, sem derramar o que sobrou no copo ou o celular, mas o outro ignorou o pedido.

— Você é cego? Não olha por onde anda? Veja o que fez com meu livro — perguntou irritado.

— E-eu sinto muito. Eu posso pagar — foi a primeira coisa que pensou, tentando acalmá-lo, já que algumas pessoas já olhavam a discussão.

— Vai pagar com certeza. Acha que isso serve para alguma coisa todo manchado do modo que está? — continuou, sacudindo o livro.

— Eu sinto muito — repetiu uma última vez.

O homem seguiu com os gritos irritados até que um novo livro estivesse comprado. Então sentou em uma mesa e voltou a ler, e JungKook saiu do local finalmente liberando as lágrimas que queriam cair há alguns minutos. Devia ter ficado em casa. Com certeza devia ter ficado em casa. Encostou na parede, sentindo-se momentaneamente tonto. Iria para casa e, na manhã seguinte, gritaria muito com JiMin, chorando um bocadinho também, pra ver se bajulava o amigo a passar, pelo menos, o dia vinte e cinco com ele.

— Ei — sentiu um toque em seu ombro e virou assustado, limpando o rosto rapidamente.

— Oi?

— Nossa, você... tá bem? — ele afirmou mesmo sendo mentira, tentando entender porque o rapaz falava com ele. — Sabe, nem foi grande coisa. O cara fez aquele escândalo todo sem motivo.

Eu estraguei o livro dele... — disse sem encará-lo. Não achando o argumento do outro convincente.

— É, eu sei. Ficou lá então... ia perguntar se você não vai querer ficar — ele estendeu o livro na direção que o encarou confuso.

— Pra que eu ia querer isso? — ele estava brincando com a sua cara?

— Tem certeza? Tecnicamente, você pagou por ele.

"É verdade" pensou frustrado.

— Vou jogar fora — disse num suspiro, pegando o livro da mão do rapaz.

— Não, não, não — o estranho falou alarmado pegando o livro de volta. — Se você não quer, eu... posso ficar?

— Pra que você quer isso? — pensou se o homem não era louco.

— Eu acho que assim fica mais legal. Tem uma história por trás — JungKook riu em desgosto das palavras do outro.

— Claro. Aí pode olhar e lembrar do idiota que derrubou café em si mesmo e em outro cliente — disse amargurado e começou a afastar-se.

— É — JungKook sentiu os olhos marejarem novamente. Qual é? Que cara idiota. — O dia em que alguém quase bateu meu recorde de vergonha alheia no café — o quê? — Mas só porque aquele cara começou a gritar, porque se não seria um acidente normal que acontece sempre. As pessoas direto estão mexendo no celular enquanto andam e se esbarram lá dentro.

JungKook já tinha parado de andar, mas o estranho não continuou o monólogo. Então ele teve que perguntar:

— O que você fez de tão ruim, que te colocou no topo desse ranking de acidentes?

Ouviu a risada baixa, como se zombasse de si próprio.

— O quê? Bom, tem uma lista. Fala sério, eu sou um desastre. O senhor Bang só não me proibiu de vir aqui ainda porque sou o maior cliente também, mas deixa eu ver... Uma vez eu consegui derrubar uma das estantes, pra minha sorte eram todos livros de capa dura, então não tiveram páginas amassadas. Já saí da loja com a sexta na mão sem pagar e não percebi que era por minha causa que o alarme estava tocando. E claro, uma vez peguei a sacola errada no caixa e levei um livro sobre o corpo feminino para casa — JungKook acabou rindo nessa. — Já derrubei uma mesa do café também.

— Desculpa — sentiu-se culpado por rir dos acidentes do estranho sendo que não gostaria que rissem do seu.

— Não, pode rir. Queria dizer que inventei isso pra você se sentir melhor, mas aconteceu mesmo. Tudo.

— Eu sinto muito — falou voltando a virar-se para o outro.

— Eu já tô acostumado. Como eu disse, sou um desastre. NamJoon, a propósito.

— JungKook — sorriu fraco, pelo menos se comparado com o mais alto. Não estava tão claro como dentro da loja, mas dava para ver as covinhas e os olhos fechados, que ele achou bonitinho.

— Você não quer entrar e voltar a comer? Aposto que todos já esqueceram do acidente, ou não lembram do seu rosto. E sua roupa é escura mesmo — deu de ombros.

JungKook mordeu o lábio inferior porque ele realmente parecia legal e agora a bronca que daria em JiMin não tinha mais tanto sentido.

— Pode ser... depois de amanhã ou... dia vinte e sete? — pediu mesmo que um pouco receoso. Tinha medo do outro perder o interesse, se é que tinha algum (talvez ele só fosse educado), mas ainda não se sentia bem o suficiente para ficar. Depois de chorar a dor de cabeça tinha triplicado e só queria sua cama.

— Ah, hoje é véspera de Natal, né? Deve estar ocupado, desculpa atrapalhar.

— Não. Eu não tenho... absolutamente nada para fazer. Mas não estou me sentindo bem.

— É algo sério? Quer que te leve ao hospital? — JungKook não entendeu porque ele estaria preocupado, afinal eram estranhos. Estava tão mal que parecia que precisava ir ao hospital?

— Não eu só... não estou no clima para aproveitar o Natal esse ano. Não quero comemorar nem nada do tipo.

— Alguém... morreu? — ele perguntou cauteloso, assustando o mais novo.

— O quê? Não — respondeu alarmado.

— Ah — riu fraco dessa vez. — Desculpa, é que eu só vejo pessoas assim no Natal quando alguém morre.

— Assim?

— Tristes — explicou.

— Eu... não estou triste — mentiu.

— O.K., então. Se você diz...

— Eu só não quero comemorar esse ano, não posso? — não sabia porque tinha exaltado-se, mas não queria admitir a um estranho que estava sim triste na véspera do natal.

— Pode sim. Eu mesmo, não comemoro nunca — respondeu tranquilo.

— Nunca? — perguntou assustado. — Por que não?

NamJoon riu antes de responder:

— Eu sou ateu.

— Ah... e daí? — não entendia como alguém podia não comemorar o natal.

— Se não acredito Nele, por que comemoraria seu aniversário?

— É um bom ponto, mas é o Natal — disse como se isso fosse suficiente (e para ele era mesmo) — Todas as crianças ficam felizes e acreditam em magia, você pode reunir a família, comer comida gostosa e... Tem a casa toda decorada também — falou sorrindo fraco, porém empolgado.

— Cara, você ama o Natal — NamJoon disse rindo.

— É eu... amo — concordou cabisbaixo.

— Você parece no clima, sabe? Por que não comemorar? — NamJoon questionou, já que ele parecia super animado falando do feriado.

— Eu estou sozinho.

— Nossa, valeu, hein? — zombou.

— Não, não é isso. É que não queria passar meu Natal com um estranho.

— Sutil — NamJoon disse sem humor antes de começar a afastar-se.

— Não — JungKook repetiu, sentindo-se cansado e andou mais rápido para parar na frente do outro. — O problema não é você. Eu que não queria estar aqui, queria estar com a minha família.

— E por que não vai?

— Porque eu sou um idiota, comprei a passagem muito tarde e agora só vou estar lá no dia vinte e nove.

— Ah... eles não são daqui. E você... está sozinho aqui?

— Sabe, essa pergunta foi muito estranha. Agora eu estou com medo de você ser um louco querendo me sequestrar para vender meus órgãos.

Ele viu o semblante do mais alto entrar em desespero e ele começou a negar com a cabeça e os braços:

— Não. Eu não quis ser... eu não... - JungKook riu fraco.

— Relaxa, eu não acho mesmo, só estava brincando e... nem me importaria. Hoje não — encostou a cabeça na parede, a dor continuava ali, latejante.

— Você está realmente mal, né? Acho que devia ir para casa, descansar um pouco — JungKook sorriu triste. 

— Eu te assustei com o que disse, não foi? Sinto muito — não sabia pelo que se desculpou, mas achou certo na hora.

— Não, eu que assustei você e que devia me desculpar. Até me ofereceria para levá-lo até em casa, mas eu não tenho carro e pioraria a imagem de traficante de órgãos que você já tem de mim.

JungKook riu mais tranquilo dessa vez.

— Não se preocupe, minha casa é logo ali na esquina e... não me importo se você for comigo.

Fazia um tempo que JungKook não flertava com ninguém e não achou a sensação ruim. Ainda não tinha certeza do outro estar flertando ou não, mas ele, mesmo cansado e com a cabeça explodindo, estava, só um pouquinho. Eles andaram em silêncio até a casa, mas foi agradável, apesar de um pouco cansativo para JungKook.

— Olha, você é legal, bonito e engraçado. Então pode me chamar para sair que eu vou dizer sim. Mas num dia que minha cabeça não esteja doendo, ou minha mão ardendo, ou minha roupa toda suja de café. Um dia que eu não esteja extremamente triste. De preferência entre vinte e seis e vinte e oito porque eu só volto dia cinco e aí já vou estar trabalhando e... — respirou pesadamente. Sua cabeça parecia doer mais ainda. — Isso se você não me achar louco ou... — segurou no portão, sentindo-se tonto.

— Certo, você não parece nem um pouco bem — segurou em suas costas para que ele não caísse. — Devia entrar e... sobre sair...

— Você não quer, né? — perguntou sorrindo amargo. — Tudo bem, já me acostumei.

Talvez ele não fosse feito para namorar.

— Não, eu quero, o.k.? Eu quero — ele só não achava aquilo importante naquela hora, o mais baixo parecia muito mal. — Pode ser dia vinte e sete às três?

— Da manhã? — perguntou confuso e NamJoon riu.

— Da tarde, no café. E de lá nós vamos para outro lugar — explicou calmo.

— O.K., até depois — acenou, subindo os degraus com cuidado.

— Precisa de alguma ajuda? — o mais alto perguntou ainda preocupado.

— Não, eu estou bem — mentiu e entrou em casa. Não tinha porquê perturbar o estranho.

Tirou os casacos e ligou a luz. A mão estava queimada em cima de algumas tatuagens, mas já fazia tempo desde que o café caiu e não tinha ânimo para colocar o gelo. Só queria dormir e acordar melhor. O garoto da livraria parecia tão legal e, com certeza, havia assustado-o e agora ele pensava que era biruta. Por que tinha que estar se sentindo tão merda naquele dia? Por que estragou tudo com um cara legal? Ele parecia ser legal. Mas contentou-se em tomar mais dois comprimidos e ir deitar, deixaria para resolver as coisas com ele dia vinte e sete, ou seria vinte e seis? Também não lembrava mais a hora o que o deixou em desespero. Deixaria a oportunidade passar? Não queria ficar preso àquele relacionamento com Yuri para sempre. Mas também não podia voltar lá para perguntar, não do jeito que estava. Resolveu que iria lá de vinte e seis a vinte e oito e passaria o dia no café, pronto, resolvido. Agora era só relaxar e dormir.

Mas os segundos se arrastavam. Achava que tinham passado horas, mas, quando checou, foram apenas míseros minutos, longos minutos de tortura psicológica.

"Os remédios não estão fazendo efeito" Foi seu primeiro pensamento e levantou, ouvindo batidas na porta ao chegar na cozinha. Ele tinha certeza que estava alucinado. Quem bateria a sua porta naquela hora? Mas arrastou-se até ela. Abriu e encontrou os olhos puxados de minutos atrás, inundados de preocupação.

— Eu sei que isso é estranho mas...

— Porra, vai se foder — soltou.

— O quê? — NamJoon perguntou incrédulo, mas JungKook foi até a bancada pegando o remédio e tentando ler as letras miúdas. — O que... o que está fazendo? — realmente não tinha entendido. Jungkook o xingou, mas não mandou embora ou fechou a porta, apenas entrou na casa, como se ele não estivesse ali.

— Checando se isso causa alucinações — respondeu, deixando NamJoon ainda mais confuso. Ouviu outro foda-se antes do garoto virar mais de cinco pílulas na mão e engolir sem água nem nada. JungKook só queria apagar. O dia já estava sendo uma merda, mas começar a alucinar com o bonitinho da livraria, já era demais. E se a quantidade anterior não foi suficiente para fazê-lo dormir, essa seria. 

Uma respiração funda e dois passos, em direção ao quarto, depois — nem pensou em fechar a porta — ele desabou. NamJoon correu em sua direção, certo de que o garoto teria uma overdose.

"Por favor, esteja acordado" repetia mentalmente enquanto o carregava até algum cômodo que tivesse um banheiro.

— JungKook, olha para mim — pediu e o garoto reagiu letárgico, os olhos piscando meio fechados, grunhindo algo incompreensível. — Ótimo.

Não pensou duas vezes antes de enfiar os dedos na garganta do outro que vomitou na latrina aberta. E o corpo tremendo não o impediu de repetir o ato.

Ele não sabia se o que estava fazendo era certo e culpou-se por ser imprudente. Mas pensava que tinha que tirar aquilo do estômago do garoto antes que fizesse efeito porque, pelo que entendeu, ele já tinha tomado outros antes.

— NamJoon...

Ignorou o chamado, já que ele não estava totalmente lúcido, deu descarga e ajudou ele a lavar a boca, na medida do possível. Depois o carregou até a cama.

— Você vai embora também? — perguntou preocupado, enquanto o mais alto checava sua temperatura.

— Não, você está com febre, vou cuidar de você. Tudo bem?

— Obrigado, mas eu queria... alguém de verdade.

— Alguém... de verdade? E eu sou o quê?

"Até meio grogue o garoto zomba da minha companhia?" pensou frustrado.

— Uma alucinação, causada pelo remédio — e NamJoon entendeu que ele realmente havia tomado, pelo menos, um comprimido do remédio antes. Mas suspeitava que haviam sido mais.

— Por que tomou tantos?

— Eu só queria conseguir dormir. Eu não aguento mais o Natal. Meu dia foi uma merda, a única coisa boa foi conhecer você, ou quase você — disse confuso e NamJoon riu fraco ainda preocupado. — E eu nem lembro qual era o dia do encontro.

— Não se preocupe com isso.

— Não posso dormir e acordar no dia vinte e nove? — pediu como se aquela "alucinação" pudesse fazer algo por ele.

— Infelizmente não — falou sério, ainda mais preocupado. E JungKook suspirou frustrado.

— Eu só queria que alguém se importasse o suficiente para ter ficado comigo. Mas sem ter que estragar os planos deles. Eu sei que não faz muito sentido, mas... não é só porque eu me sinto mal que quero que eles fiquem aqui sentindo-se assim também. Não quando todos já tinham planos e eu estraguei os meus.

— E se eu disser que sou eu mesmo aqui? — perguntou.

— Por que o você de verdade estaria aqui? Ele estava bem motivado a ficar lendo no café. Ou era lendo o livro sujo de café? Ele também acha que sou louco — sussurrou como se fosse um segredo e NamJoon respondeu do mesmo modo:

Não acho. Você só precisa de ajuda.

Tentou afastar-se, mas a mão tatuada segurou sua roupa. E não teve tempo de analisar os desenhos antes de ouvir:

— Por favor, não vai embora — a voz parecia tão magoada e frágil que quebrou NamJoon. Mas o garoto não podia aceitar que até sua própria "alucinação" o abandonasse.

— Eu já disse, você está com febre. Eu tenho que pegar uma toalha para baixar. Mas eu prometo que volto logo.

NamJoon então seguiu para a sala, fechando a porta da rua, que ficou aberta, e procurando por uma toalha pequena, resolvendo pegar a do banheiro mesmo. Molhando-a com água gelada, voltou ao quarto.

JungKook segurou sua roupa novamente e ele riu, achando-o adorável, colocando a toalha em sua testa em seguida. Talvez fosse bom colocar outra no peito, mas nesse ponto também não queria deixar o garoto sozinho. Levou quase uma hora para que a febre baixasse e JungKook pediu para vomitar mais uma vez, antes de conseguir realmente dormir, relaxando o quase estranho que estava ali ao lado de sua cama.

...

O celular do menor já havia tocado três vezes, a mesma pessoa ligando. Então NamJoon resolveu atender:

— Alô.

— Q-quem é? — a voz parecia assustada.

— Aqui é o NamJoon — falou como se isso explicasse algo ao tal JiMin-ssi (como estava no contato).

— Eu... O JungKook está com você?

— Sim.

— Ah, que bom. Ele não estava atendendo, eu fiquei preocupado.

O honorífico no contato dizia outra coisa, mas parecia que eram amigos, então achou bom contar o que aconteceu. Ou, pelo menos, uma parte:

— Ele... passou mal, vomitou e estava com febre, mas eu já baixei.

— Eu... quer que eu vá aí? Eu...

— Você que sabe. Ele está bem agora, conseguiu dormir.

— Ah...  que bom, ele não tem dormido bem essa semana. A propósito, vocês se conhecem de onde? Ele nunca falou de você — NamJoon ficou sem reação por dois segundos, antes de responder:

— Da livraria que tem aqui perto da casa dele. Nós... nos conhecemos hoje.

— Então vocês se conheceram hoje? E está aí na casa dele.

— Falando assim fica um pouco estranho, mas...

— Estranho? O quê? Não. Está tudo certo — JiMin garantiu, mas NamJoon entendeu de outro modo:

— Está... zombando de mim? - perguntou irritado.

— Não, não é nada disso. Estou apenas feliz que o Ggook saiu de casa e encontrou alguém. Aí posso esfregar na cara dele que foi bom ir à livraria ao invés de ficar em casa se lamentando — NamJoon não respondeu nada. — Ele está bem mesmo, né? 

— Ele parece bem. Melhor do que estava antes. Mas não posso garantir.

— Ele surtou mais cedo, porque ia passar o Natal longe da família pelo segundo ano seguido. Resolveu que ia jogar toda a decoração fora. Que ia virar dormindo e isso vai fazer mesmo, né? — resmungou. — Mas no fim não foi tão ruim, né? Ele encontrou um carinha legal pra tomar conta dele. Aqui já está acabando, aí eu passo para vê-lo.

— Certo.

— Quer dizer, você vai ficar aí, né?

— Sim. Claro.

— Não tinha nada para fazer agora?

— Não.

— Ah, o.k., ótimo. Até mais tarde então.

— Até... — e o telefone desligou.

Encarou a sala toda escura e lembrou de como o garoto parecia animado quando falou de ter a casa arrumada. Mas o outro disse que ele jogou a decoração fora... Devia estar realmente mal.

Então teve uma ideia louca. Podia decorar a casa do garoto.

— Não, que ideia estúpida — mal conhecia JungKook, não fazia sentido. E nem decoração tinha, como faria isso?

E se arrumasse sua casa e chamasse ele para ir lá?

— Isso consegue parecer ainda mais estranho — e ele também não tinha uma decoração.

Esperaria então o amigo do garoto chegar para perguntar um modo de animar JungKook, porque realmente não parecia certo ele estar triste daquele modo.

...

Quando JungKook acordou, estava sentindo-se péssimo, não só a dor de cabeça irritante e a boca seca. Mas o corpo também doía. Parecia que ter dormido não havia ajudado em nada. E ainda tinham as alucinações. O que estava acontecendo com ele? Será que tinha surtado de vez?

Depois de ir ao banheiro, foi direto para a cozinha, para tomar o remédio de sempre, mas não encontrou onde deixava. Será que tinha deixado no quarto?

Foi fazer o caminho de volta, mas o corpo no sofá fez com que gritasse.

— Quem é você? — perguntou ao estranho, que levantou assustado com o grito, enquanto pegava a primeira coisa que encontrou para se proteger, tentando entender como aquele garoto entrou em sua casa.

— Calma, é um amigo meu — ele encarou o garoto da noite anterior, os olhos dobrando de tamanho em susto. Por que ele estava ali?

— NamJoon-Ssi... o que...? Quem...? Como...? Você... passou a noite aqui? — o mais alto assentiu. — Era você de verdade naquela hora? — NamJoon assentiu novamente, rindo fraco. E JungKook fechou os olhos amaldiçoando-se. — Eu te disse um monte de besteiras, não foi? — NamJoon negou dessa vez.

— Você estava mal. Bem mal.

— Você não precisava ter ficado.

— Depois a gente conversa sobre isso.

— Já entendi que estou sobrando — o mais baixo avisou. — A gente já arrumou quase tudo, você se vira com o resto — disse a Namjoon.

— Arrumou? — ele então viu a decoração espalhada pela casa (sua decoração, espalhada pela casa), sem saber como não tinha percebido ainda. Haviam pisca-piscas no teto, festão cobrindo as janelas, algumas meias na parede. E, o que ele julgou ser a árvore de Natal mais feia que já havia visto na vida, no meio da sala. — Você... vocês... por quê?

— Eu me fiz a mesma pergunta a noite toda — o mais baixo reclamou.

— Poxa, Hyung — NamJoon falou pensando no que o JungKook pensaria ao ouvir aquilo.

— Que seja. Estou morrendo de sono. Na hora de comer você me liga. Até depois, garoto.

— Até... depois? — ele acenou e saiu. Jungkook então virou-se para NamJoon. — O que está acontecendo? Eu estou confuso. 

— Imagino. Bom, que tal você sentar e a gente conversa? — sugeriu e JungKook foi, sem reclamar. — E, se não se importar, acho que não precisa ficar com isso na mão — apontou para a faca que o garoto pegou antes e segurava sem perceber.

— Ah, desculpa. Eu me assustei antes.

— Sou eu que te devo desculpas. Várias. Mas... antes de começar a explicar, você está se sentindo melhor? — as mãos dele foram ao pescoço de JungKook com delicadeza. Depois à sua testa, afastando a franja. - Parece que não está mais com febre, mas sente enjoo ou tontura?

— Só um pouco de dor de cabeça. Mas não achei o remédio, você sabe onde...?

— Eu vou chegar lá, o.k.? — sorriu doce e JungKook não entendeu porque um estranho estava tão preocupado com ele, mas sorriu também sentindo-se minimamente melhor por ele estar. — Bom, vou voltar para o começo. Quando eu estava flertando com você no café, tão mal que você achou que eu queria sequestrá-lo e vender seus órgãos — o mais baixo mordeu o lábio com vergonha, nem lembrava porque havia dito isso. — E, mesmo assim, me ofereci para trazê-lo em casa, porque você parecia bem mal. Mal ao ponto de ter aceitado. — JungKook riu.

— Desculpa ter dito aquilo de você.

— Não, tudo bem. Fica ainda mais estranho depois. Você flertou de volta disse que eu era legal, bonito e engraçado, e que se eu te chamasse pra sair você iria, mas só entre o dia vinte e seis e vinte e oito, porque vai pra Busan dia vinte nove, então marcamos o dia, você quase desmaiou no portão, mas disse que estava bem e entrou em casa.

— Foi vinte e seis ou vinte e sete?

É com isso que ele está preocupado?

— Vinte e sete. Às três.

O.K....

— Voltando a história, eu... voltei para o café, mas toda aquela cena antes de você entrar, ficou na cabeça. Você estava passando mal e sem ânimo nenhum. Além disso, estava triste porque estava sozinho, ou seja, não tinha ninguém aqui para cuidar de você. E eu deixei você e fui embora? Que tipo de idiota eu sou?

— Você não...

— Eu voltei então, porque fiquei preocupado que algo acontecesse. Você abriu a porta, depois me xingou antes mesmo deu me explicar, largou a porta aberta e foi até a cozinha. Então foi ler o frasco do remédio para ver se causava alucinações. Ou seja, você tinha tomado o remédio e achou que estava alucinando. Naquela hora ainda não tinha percebido que achou isso por me ver. E, por algum motivo, resolveu que tomar umas oito pílulas daquele negócio seria bom pra você. Desmaiou dez segundos depois e os remédios nem estavam fazendo efeito ainda. Então eu entrei. Porque eu não ia deixá-lo ali caído na sala para morrer. É, eu achei que você ia ter uma overdose e morrer. Levei-o ao banheiro e induzi que vomitasse. Duas vezes. Não sei se eu fiz certo ou não, mas pelo menos você está bem agora. Aí você estava com uma febre alta, e eu fiquei para baixar, você pediu para eu não ir embora, e não fui.

— Você ficou mesmo a noite toda cuidando de mim? — perguntou incrédulo.

— Você tentou uma overdose. Eu não iria embora até ter certeza que estava bem.

— Desculpa. Eu só estava tentando dormir.

— Pra sempre?

— Eu não... não estava tentando suicídio, se é o que você acha. Eu só... não estava pensando direito ontem.

— Tudo bem — garantiu sem saber se ele falava a verdade ou não.

— E... por que acabou arrumando minha casa para um feriado que já passou? — NamJoon riu.

— Um amigo seu, JiMin, ligou meio preocupado. Eu falei o que aconteceu, mas que você já estava bem.

— Contou tudo para ele?

— Sobre os remédios, você quer dizer? — JungKook assentiu. com certeza JiMin ia ficar preocupado e contar a TaeHyung, e os dois ficariam em cima dele. — Não. Não contei. Mas você devia falar, pelo menos, com um médico se tem um problema. O frasco está aqui — disse tirando do bolso e colocando na mesinha. — Mas se você puder dormir mais ao invés de tomar para passar a dor de cabeça, eu ficaria pelo menos mais tranquilo.

— Certo... — falou encarando o frasco. Será que se não tomasse, conseguiria ficar bem? 

— Voltando à arrumação de Natal. Você ter baixado a febre e conseguido dormir, não quer dizer que estivesse mentalmente bem. E eu queria te ver pelo menos um pouquinho feliz. Então pensei, porque não arrumar a casa já que tinha dito que gostava tanto? Já que trazer seus pais era meio impossível. Seu amigo falou que você tinha jogado toda a sua decoração de Natal fora, mas que tinha salvado tudo antes do caminhão de lixo passar. Então pensei, por que não?

"Ele adorou a ideia, disse que deveríamos fazer um Natal todo de novo, para passar com você dessa vez, então veio te ver, deixou a decoração e disse que faria compras. Isso eram três da manhã, ou seja, faz sete horas e ele ainda não voltou. Mas acho que deve ter parado para dormir."

— Eu... vou... mandar uma mensagem — antes que pudesse levantar para procurar o telefone, NamJoon se esticou, pegando-o e entregando a ele.

— Então chamei o YoonGi-Hyung para me ajudar — continuou depois que a mensagem foi enviada. — Sabia que ele não estaria em nenhuma festa e disse que ele podia ficar para a ceia se ajudasse a arrumar. Aí pedi ao Jin-Hyung para fazer a comida e o HoSeok vem de bônus porque ele se irritaria se chamasse os outros dois e ele não. É... isso. Agora nós temos uma ceia de véspera de Natal no Natal, aqui na sua casa. Seu amigo disse que avisaria outro amigo seu. Então agora vai ser um Natal com dois amigos e quatro estranhos, o que deve ser pelo menos um pouquinho melhor.

JungKook assentiu. Mas ainda não conseguia acreditar:

— Por que você... se importa?

— Você não disse que queria que alguém se importasse? — JungKook não achou a resposta suficiente.

— Mas eu não faço parte da sua vida, sou só um estranho que... te trouxe vários problemas.

— Que problemas?

— Você perdeu sua véspera de Natal.

— Você precisava de mim naquela hora. E eu fico feliz de ter ajudado. E que esteja bem — sorriu, deixando JungKook com vergonha.

— Obrigado.

A campainha tocou forte assustando os dois. 

— É o JiMin — tinha certeza que era, então foi até a porta para abrir.

— Quem trouxe os...? Mas que árvore horrorosa — JungKook deu uma cotovelada nele, irritado com o comentário, mas NamJoon riu.

— YoonGi-Hyung disse que só achou essa. Por causa da hora e tal.

— Ah... bom, pelo menos eu trouxe presentes — JiMin falou.

— Hyung — JungKook repreendeu novamente que ele fizesse pouco caso com o esforço deles.

— O resto da decoração está linda — garantiu. — Mas a árvore coitada... Mas voltando aos presentes. TaeHyung e JungKook, você vai adorar — falou colocando-os debaixo da árvore.

— Espero que não seja algo que você adore como no ano passado. Aquele tênis está até hoje no meu armário, sem usar — reclamou.

— Se quiser dar pra mim de presente esse ano...

— Hyung.

— O.K., o.k., relaxa. Estou brincando. E eu realmente acho que eles combinariam com você, se desse uma chance. Mas, voltando aos presentes, SeokJin, HoSeok e YoonGi eu comprei baseado no que você disse. Espero que esteja tudo certo — falou para NamJoon. — E pra você... cara, eu não fazia ideia. Joguei na mão de Deus.

— Tudo bem. Mas e o seu? — NamJoon questionou.

— Taetae vai trazer. Disse a ele o que queria. Ele disse que vai comprar tudo menos aquilo. Espero ganhar algo bom. E esse seu amigo, consegue mesmo fazer o peru?

— Ele consegue até fazer a ceia inteira, mas não tem tempo.

— Bom, basta esperar então. E você, meu neném? — falou como se visse JungKook pela primeira vez desde que entrou. — Tá melhor? Eu fiquei preocupado. Mas você achou um macho bonito pra cuidar de você, não quis atrapalhar — falou baixo para apenas o amigo ouvir.

— Hyung — reclamou e JiMin riu.

— Você tá de boa mesmo? Com essa loucura na sua casa? — NamJoon chamou atenção para si e JungKook assentiu, parecia até animado (e estava mesmo). — Certo, então... eu vou em casa, tomar banho e... volto umas oito?

— Sim — JungKook falou, mas o não de JiMin foi mais alto. — Não? Por que não?

— Porque mais tarde eu vou sair pra me arrumar também, você vai ficar sozinho e...

— Para com isso, Hyung. Pode ir, NamJoon-ssi.

— Certo. Até depois. JungKook-ssi, JiMin-ssi — e, assim que ele saiu do apartamento, JiMin começou:

— Então... cadê você me agradecendo por ter te convencido a sair ontem?

— Deixa eu ver... — fingiu pensar. — Obrigado, Hyung, ontem foi ótimo — a ironia assustou JiMin um pouquinho. — Mal tinha comprado o café que você falou, derrubei em mim, sujando minha roupa toda e queimando minha mão. Também estraguei o livro de um cara, no qual eu me bati. Ele fez um escândalo tão grande que chamou atenção da cafeteria inteira e eu acabei comprando um livro novo para ele.

JiMin desviou o olhar.

— É..., você tava mal em...

— Você acha? — zombou irritado.

— Pelo menos encontrou o NamJoon — tentou acalmá-lo um pouquinho.

— É — admitiu sem perceber. — Mas eu não estava bem, e tão sem ânimo de fazer algo que fui embora rápido. Ainda passei o resto da noite passando mal.

— Nada disso. Passou a noite, e a manhã, toda num soninho gostoso enquanto o bonito arrumava a casa e essa árvore horrorosa.

— Deixe de implicação com a árvore — reclamou.

— Vai dizer que não é feia? — desafiou.

A árvore era relativamente pequena, da altura de JungKook, e parecia que alguns galhos faltavam. Além de não ter muitas folhas.

— Ah... mas foi feita com carinho e tem várias bolinhas. A propósito, obrigado por ter salvo minha decoração do caminhão de lixo — agradeceu sincero.

— Você achou mesmo que eu ia deixar você se livrar das coisas que sua mãe te deu? Claro que não — disse abraçando-o.

— Obrigado mesmo, Hyung — apoiou o queixo em seu ombro sentindo o carinho nas costas.

— Que nada. Agora vamos ver qual dos seus três mil suéter de Natal vai usar hoje.

JungKook riu e concordou, afinal era véspera de Natal. Ou quase.

...

Às cinco, a campainha tocou e JungKook saiu desastrado do quarto, um pé de meia e o outro sem, para encontrar NamJoon na porta.

— NamJoon-ssi? Ainda... está bem cedo — falou procurando algum relógio de parede.

— Eu sei, mas JiMin me deixou preocupado. Ele ainda está aqui?

JungKook suspirou, fazendo uma nota mental para enforcar o loirinho mais tarde.

— Não, ele já foi. Mas está tudo bem, não se preocupe.

— Eu me preocupo sim — viu o remédio em cima da pia, mas não disse nada. JungKook seguiu seu olhar, mas também ficou calado.

Tinha sido unzinho só, poxa. Porque a cabeça ainda doía e não conseguiu dormir quando JiMin estava lá.

— Está cansado? — foi o jeito que ele achou de perguntar.

— Um pouco, mas tudo bem. Eu estou animado também. Seus amigos são legais? — isso tinha ficado rodando sua cabeça a tarde toda. Será que os amigos de NamJoon gostariam dele?

— Eu acho — respondeu rindo pensando que se não achasse, não seriam amigos. — Jin-Hyung sempre tenta descontrair com piadas, mas a maioria é ruim, às vezes, o Hope ri. O Hope é nosso motivo de sorrisos diários. Ele é muito animado sabe, não dá para ficar triste perto dele. Sempre positivo. E o YoonGi-Hyung... é um pouco emburrado. Mas ele ama a gente que eu sei — foi uma descrição muito mais rápida do que JungKook queria, mas não questionou. — E os seus?

— Os meus?

— Sim.

— O Tae-Hyung é meio doidinho. Às vezes ele fala umas viagens que só ele entende, mas ele é artista aí a gente releva. As vezes vem com uns papos profundos também e eu acabo viajando junto. O Ji-Hyung é exagerado às vezes. Mas é bem carinhoso sempre. Ele gosta de abraçar e cuidar. Eles dizem que são almas gêmeas.

— Almas gêmeas?

— É.

— Que legal.

— É...

— O que foi? — perguntou já que a entonação foi meio desanimada dessa vez.

— Nada, é só que... às vezes, eu me sinto um tiquinho de fora, sabe? Mas eu acho a amizade deles muito legal. Viraram amigos na escola quando o Ji-Hyung veio para cá. E não desgrudaram mais. Aí o Hyung me apresentou ele quando vim também e somos todos amigos agora.

— Ah sim — falou, pensando se esse era um dos motivos do garoto se sentir sozinho.

— E você? Como conheceu seus amigos?

NamJoon pensou por um momento, tentando lembrar:

— O Hope foi na escola também. Estávamos num clube do livro que os pais dele o forçaram a ir para ver se ele se interessava mais pela leitura. No fim ele não leu nada e eu contava os resumos para ele antes da reunião. O Jin-Hyung eu conheci... não lembro, foi na faculdade, na verdade, foi o YoonGi-Hyung que nos apresentou. Eu conheci ele na faculdade também e, às vezes, trabalhávamos juntos. Um dia o Jin-Hyung estava lá e... ele é legal. Viramos amigos.

— Ah... e você fez faculdade de quê?

— Jornalismo.

— Que legal — falou animado.

— E você? 

— No momento, eu estou dando aula de defesa pessoal. Mas só até eu conseguir juntar dinheiro — tratou de explicar, para ele não pensar que era só aquilo.

Mas NamJoon focou mais no ponto de que se ele fosse mesmo um louco tentando atacá-lo — como o garoto disse que achou que ele fosse — ele conseguiria defender-se.

— E aí? Depois de juntar o dinheiro? Vai mudar de cidade? — brincou e JungKook riu.

— Não, eu até que gosto daqui. Eu quero comprar uma câmera boa para fazer produções de vídeos meus. Talvez continue na academia e mantenha os dois, não sei... — respondeu sem encará-lo, com um pouco de vergonha.

Defesa pessoal e vídeos. Pra falar a verdade ele pensou no garoto fazendo algo como taekwondance, mas não sabia se era isso mesmo então perguntou:

— Vídeos de quê?

— Pessoas, animais, natureza. Não sei, colocar uma música e deixar fluir.

— Parece bem legal — admitiu. Gostaria de poder ver algum dia.

— Nada comparado a jornalismo, né?

— O que quer dizer?

— Ah, você sabe, meus pais estariam felizes se eu tivesse feito uma faculdade de verdade.

— Ah... mas se você gosta do seu curso de mentira de audiovisual, tenho certeza que se sairá bem melhor do que se fizesse jornalismo sem gostar — falou num tom de brincadeira e JungKook sorriu concordando.

— Tem certeza que você não é formado nisso de animar os outros? Fazer os outros se sentirem melhor? Ou qualquer coisa do tipo — NamJoon riu dessa vez, com vergonha. E, ao olhar para baixo, disse:

— Pode terminar de se arrumar. Eu abro se alguém bater.

— O quê? — perguntou confuso e NamJoon apontou para seus pés que ainda estavam com um meia só. 

— Ah... eu já volto — falou com vergonha indo calçar a outra meia e passar um pouco de maquiagem no rosto. Voltando não muito tempo depois e sentando perto do outro.

Eles ficaram um tempo em silêncio. NamJoon estava bem cansado da noite anterior e JungKook não sabia se devia começar uma conversa ou não. Mas o silêncio o estava incomodando, então criou coragem e perguntou:

— NamJoon-ssi, você é daqui?

— Daqui de Seul?

— Isso.

— Não, sou de Ilsan, vim para estudar também. Eu tinha boas notas e ganhei uma bolsa. Moro aqui desde então.

— Que incrível.

— Não é para tanto. E você é um garoto de Busan.

— É...

— Sente falta da praia?

— Um pouco, sinto mais falta da minha família.

— Eu percebi.

— Você não? — perguntou surpreso.

— Sim. Mas estou bem com a minha independência, vou passar o ano novo com eles também.

— Ah... sim. Que bom — sorriu e o outro sorriu também. — Você... tem quantos anos?

— Vinte e seis.

— Ah...

— Por quê?

— Nada não — olhou para o lado como se a decoração tivesse ficado interessante de repente.

— O quê? Quantos você tem?

Vinte e três... - falou olhando para as mãos.

— Por que fala como se fosse algo ruim?

— Sinto que sou mais novo que todo mundo — NamJoon não aguentou e riu, riu porque não entendeu como o garoto pensou que fosse mais velho que ele. E porque era um motivo muito bobo para se chatear. — Por que está rindo?

— O que é que tem ser mais novo?

— Todo mundo me perturba.

— E você não perturba todo mundo também? O mais novo é sempre o mais perturbado — disse certo.

— Claro que não, eu sou quietinho.

— Quietinho uma porra — JiMin reclamou entrando na sala e assustando os dois. — É pra deixar a porta aberta mesmo?

— Tava aberta? — JiMin revirou os olhos, fechando-a.

— Não se deixe enganar por essa carinha fofa viu? Esse aí é uma peste.

— Hyung! - reclamou, mas JiMin não deu muita bola, sentando do lado do mais novo. Voltei rápido para meu bebê não ficar sozinho, mas você veio também — falou para NamJoon. — Eu podia ter tirado um cochilo.

— Digo o mesmo — esse falou, encostando mais no móvel.

— Eu não sou um bebê — JungKook reclamou fazendo os dois mais velhos rirem.

— Eu não disse que você é um bebê. É meu bebê. É diferente — JiMin se justificou.

— Eu concordo — NamJoon falou.

— Até você zombando de mim — JungKook reclamou indignado.

— Você praticamente me deu passe livre quando disse que todos zombam de você por isso — o mais velho se defendeu. 

— Idiotas.

Mas a discussão não durou muito mais, porque ainda faltava tempo para as oito, horário que tinham marcado com o resto do pessoal. Então JiMin fez JungKook desenterrar um jogo de tabuleiro que estava há anos perdido no guarda-roupa. E jogaram até a primeira pessoa bater na porta.

— Oi, Hyung — NamJoon cumprimentou SeokJin que entrava com a comida.

— Oi, NamJoon. Quem é o JungKook? — perguntou colocando a ave assada na mesa e o garoto levantou a mão curvando a cabeça. — Meu Deus, que árvore feia. Bom, não importa. Está de parabéns, JungKook. Eu nunca imaginei que veria esse garoto comemorar uma festa religiosa, capitalista e cheia de falso sentimentalismo como o Natal.

— Acontece — NamJoon deu de ombros, mas JungKook o encarava incrédulo.

— Você não gosta do Natal?

— Eita. Vai pedir o divórcio — JiMin brincou, recebendo um tapa de JungKook, mas pode ouvir a risada de SeokJin.

— Eu já te disse que sou ateu.

— Mas você disse que não comemorava, não que não gosta.

— Isso faz alguma diferença? — o mais novo afirmou. — Não é que eu odeie o Natal, mas tem comemorações melhores, tipo o Chuseok.

— Muito bom mesmo — JiMin concordou.

— Tem família e ancestrais e... até acredito mais nisso.

— Poxa, mas todo mundo fica feliz no Natal. E tem as roupas — falou sacudindo os pés esbanjando as meias vermelhas com estampa de flocos de neve que tinha comprado umas semanas antes que combinava muito bem com o suéter da mesma cor com o papai Noel voando de trenó, bordado em cima de um Ho Ho Ho. — E comida gostosa. E doces... os doces... — sorriu pensando nos biscoitos de gengibre da tia. — E, às vezes, neva, a gente pode patinar... Natal é tudo de bom.

— Eu não vou discutir com você.

— Poxa...

— Qual é, NamJoon-Ssi? O garoto queria muito um motivo para ficar falando sobre isso por horas — JiMin perturbou.

— É verdade — concordou e os mais velhos riram.

— Pode falar. Quer jogar, Hyung?

— Tá. O HoSeok e o YoonGi vem juntos, eu acho. Melhor se preparar porque aquela briga no grupo... — falou já jogando os dados, antes de escolher o pino, certo que tinha prioridade por ter pego o jogo andando.

— Que briga?

— O HoSeok reclamando que só sabe das coisas em cima da hora. O YoonGi que você podia ter acordado o outro para vir arrumar. O de sempre, né? Tinham que ter um motivo para discutir. E hoje é Natal.

— E eles vem juntos?

— YoonGi disse que quer beber, o Hobi vem dirigindo.

— Melhor ele comprar a bebida então — disse pensando que ninguém tinha ficado de trazer.

— Ele já comprou. Disse que é Natal então pode fazer uma boa ação. Vai trazer três garrafas de vinho e duas de champanhe.

— O YoonGi-Hyung sempre me surpreende. Aposto dez que ele dorme vinte minutos depois da meia noite — NamJoon falou para o mais velho.

— Certo, eu vou com dez minutos então.

— O que estão fazendo? — JungKook perguntou confuso.

— Apostando que horas o YoonGi vai pegar no sono. Aposto até que vai ser naquela cadeira — SeokJin apontou para a poltrona perto da janela.

— Aquela cadeira é a cara dele — NamJoon concordou.

— Que maldade — JungKook disse e eles riram.

— Na verdade é genial — JiMin discordou. — Pode zombar dos seus amigos e ainda ganhar dinheiro com isso. 

— Sim! — SeokJin concordou.

— Vocês são horríveis. Como podem ter tanta certeza que ele vai dormir?

— O Hyung tá sempre cansado. Ele trabalha muito, às vezes, vira a noite. O sono dele é todo desregulado e acho que o cérebro dele não considera encontros assim como algo muito importante. Ele sempre acaba dormindo.

— Entendi, tadinho — SeokJin riu novamente do comentário.

— E ele trabalha com o quê? — JiMin perguntou.

— Ele é produtor, às vezes, faz umas músicas famosas — SeokJin respondeu orgulhoso dessa vez.

— Nossa, incrível — JungKook quem disse.

— E você, SeokJin-ssi?

— Estou começando a faculdade ainda. ADM.

— ADM? Desde quando? — NamJoon perguntou confuso.

— Três meses já.

— E não disse nada? O que aconteceu com gastronomia?

— Cozinhar eu já sei, decidi que vou abrir um restaurante.

— Seu pai deve estar explodindo de raiva. Ele queria que você fizesse administração desde cedo e você ficou naquela teimosia. Biologia marinha, você tem medo de algas, o que queria com biologia marinha? — os outros dois riram.

— E daí? Podia dar certo, tá? Mas não era para ser.

— Você mudou de curso, foi? — JiMin perguntou.

— Quatro vezes agora — NamJoon reclamou.

— Nossa... E não tem medo disso atrasar sua vida?

— Esse aí é um burguês safado. Não precisa trabalhar não. 

— Fique quieto, seu moleque — SeokJin reclamou dando um tapa em sua coxa, fazendo NamJoon rir.

— Desculpa, Hyung, mas é verdade. Você pode começar a trabalhar com trinta e vai estar tranquilo do mesmo modo. Mas eu acredito que vai conseguir um papel num dorama de sucesso antes disso.

— Eu sei que está me bajulando, mas pode continuar — os outros riram novamente.

— Aí, Ggook, pode chamar ele para estrelar seus filmes.

— Não fale isso, Hyung. Eu não tenho nem câmera. E meus vídeos também seriam coisas de YouTube primeiro.

— Eu aceito qualquer trabalho, lindinho. Se você quiser esse rosto é só pedir.

— O.K. — SeokJin não achou que ele fosse fazer, mas, na verdade, JungKook gostou da iniciativa e com certeza chamaria ele se tivesse algo.

— E você, JiMin-ssi? — NamJoon pergunta. — O que faz?

— Contabilidade.

— Um garoto de exatas.

— É — JiMin riu.

— Trabalhando numa empresa que você disse, não foi?

— É, faz pouco tempo, mas o que vier eu pego.

— Ele e o Tae-Hyung vão abrir uma escola — JungKook disse animado.

— Uma escola? — SeokJin perguntou surpreso.

— Sim, não é legal?

— É sim - NamJoon concordou com o mais novo. — Muito legal.

— O Tae adora crianças. Ele fez pedagogia, mas resolveu que quer abrir sua própria escola agora. Aí vou ajudá-lo com o financeiro.

— Ah... é escola infantil. 

— Isso. Por quê?

— Só achei interessante.

— Vamos voltar a jogar, eu tô quase ganhando — JungKook disse já que a conversa ficou estranha.

— Tá, é a vez de quem? — NamJoon perguntou.

— A minha — SeokJin disse e foi suficiente para começar uma discussão entre ele e JungKook sobre as regras do jogo.

...

A campainha tocou novamente e, quando abriu, JungKook reconheceu o garoto baixo e pálido de mais cedo, lembrava ser YoonGi. Então o sorrindo do seu lado devia ser HoSeok.

— Oi, bem vindos.

— Trouxemos doces — HoSeok falou animado, fazendo JungKook sorrir.

— E álcool — YoonGi disse um pouco menos animado.

— Podem colocar na mesa.

— Ai, Hyung, é mais feia do que você falou — HoSeok disse referindo-se à árvore e YoonGi suspirou.

— Você que saiu de madrugada pra comprar?

— Não.

— Então fique quieto — o mais novo levantou os braços em rendição e seguiram para a cozinha.

— Todo mundo já chegou? — SeokJin perguntou.

— Não, falta o Taetae, mas ele só vem mais tarde — JiMin explicou.

— Ele vem direto da estação? — JungKook perguntou.

— Sim. 

— Ele não precisa vir — o mais novo disse sentindo-se culpado. — Vai ficar cansativo pra ele.

— Eu disse isso. Mas ele disse que tinha que ver o Natal atrasado que a gente fez pra você. E você conhece o TaeHyung, ele vem nem que seja sonambulando da estação até aqui.

— Sabe que isso não é uma palavra, né? — YoonGi perguntou.

— É claro que é — NamJoon disse.

— Vocês querem jogar também? — JungKook perguntou.

— Jogar o quê? — HoSeok perguntou e SeokJin agradeceu mentalmente.

— Ótimo, pode ficar no meu lugar.

— O quê?

— Já estou velho demais para isso aí — reclamou e HoSeok riu sentando onde ele estava. — Cadê o álcool, Yoon?

— Vinho ou espumante?

— Vinho.

— Aqui — e os dois sumiram na cozinha.

— Você não se importa com essa bagunça toda na sua casa? — HoSeok perguntou a JungKook?

— Não. Eu... achei legal — admitiu.

— Sério?

— Sim.

— E sei lá, não tem medo? E se a gente fosse um bando de malucos querendo te matar?

— HoSeok? — NamJoon reclamou.

— O quê? Eu tenho medo de estranhos — defendeu-se.

— Se o NamJoon-Ssi quisesse me matar, tinha me matado ontem. Ou me deixado morrer.

— Pare de drama, ele disse que você só teve uma febre alta e vomitou algumas vezes, não ia morrer — Jimin disse irritado com a fala do garoto.

— Foi...

— Bom, vamos mudar de assunto — NamJoon falou. — Hope, o que vai fazer nas férias?

— Acho que vou tirar férias mesmo. Não vou fazer nada.

— Não queria fazer uns cursos?

— Ah, Joonie, sem saco agora. Quando voltar a trabalhar eu faço.

— Você adora se entupir de trabalho. Depois fica aí reclamando que não tem tempo para nada.

— Ah, você me conhece. Eu não gosto de uma vida parada.

— Mas quer passar as férias inteiras sem fazer nada? — JiMin perguntou.

— Eu não quero, eu vou. E vou convencer o YoonGi-Hyung a entrar de férias comigo.

— Duvido — SeokJin falou alto da cozinha.

— Vamos, Hyung. Quinze dias em Jeju — falou mais alto para que YoonGi ouvisse da cozinha.

Eu queria ir para Jeju... — JungKook pensou alto.

— Eu também — YoonGi respondeu. — Vai pagar pra gente é, Soeokie? Porque eu não tô cagando dinheiro ainda.

— Aish, Hyung — HoSeok reclamou mas riu junto com JiMin da fala do mais velho.

SeokJin e YoonGi voltam para a sala e a conversa seguiu animada até a hora que JungKook foi para a cozinha e NamJoon o seguiu.

— Oi — falou e JungKook deu um pulinho de susto que fez ele rir. — Coloca um pouco para mim?

JungKook, que enchia uma taça de champanhe, afirmou, fazendo o mesmo em outras duas.

— Uma é para o JiMin-Hyung.

— Tudo bem. Por que você está assim, quietinho? Você parecia ser uma pessoa que gosta de falar.

— Ah é que... vocês estão conversando e eu... não quis atrapalhar. Estou bem ouvindo.

— Você não atrapalha. O JiMin-ssi está conversando com a gente desde que chegamos.

— Mas ele é mais extrovertido. Eu fico com um pouco de vergonha... sei lá, vai que eu falo alguma besteira. E eu gosto de ouvir a conversa, é divertido ouvir as histórias de vocês — NamJoon assentiu, mesmo não achando o comentário uma coisa boa. Por que ele não se misturava com os outros? Estavam todos na casa dele afinal. — Eu vou levar isso para o Hyung — ele começou a afastar-se, mas NamJoon o parou:

— Antes de você ir, posso dar um presente de Natal a você?

— Presente? — perguntou surpreso. — Ah eu... eu não comprei nada para...

— Eu não comprei também. Eu só queria dar a você. Não tenho para os outros, por isso queria dar logo, antes da troca oficial com o que o JiMin-ssi comprou. Pode ser?

— Tudo bem... — falou ainda meio estático. Não estava esperando que o mais velho tivesse algo para ele.

Namjoon tirou a corrente que usava no pescoço e entregou ao mais novo, que examinou a peça delicada com o pingente relativamente grande preso ao cordão.

— Pra mim? — NamJoon assentiu. — É lindo.

— Eu achei que era uma flor quando fui comprar, mas a atendente disse que é um floco de neve.

— Acho que uma flor deixa mais interessante — JungKook disse ainda analisando a peça.

— Eu também acho. Uma flor diferenciada. Era o que eu pensava no começo. Pra falar a verdade... eu comprei essa corrente faz três anos. Era para uma amiga minha. Como falei, eu pensava que era uma flor diferenciada, queria dizer a ela, que mesmo uma dessas poderia ser bonita. Mas, no fim, achei a dualidade interessante. Eu... pensei que ela poderia guardar como uma lembrança de que depois do inverno vem a primavera. Que as coisas iam melhorar com o tempo. Mas... eu não consegui... entregar — ele não encarava o mais novo, mas era encarado.

— Ela... morreu? — perguntou receoso, ainda em choque.

— Ela se matou. As coisas não estavam indo bem na escola e as pessoas não eram sempre as mais amigáveis.

Eu sinto muito — JungKook respondeu ainda afetado pelo que o mais velho disse.

— Já faz um tempo — disse num suspiro. — Eu queria dar para você. Se você quiser, claro. Eu sei que disse que não estava tentando isso naquele dia, mas queria que ficasse com ele. Para saber que mesmo que você esteja sozinho, que ninguém tenha tempo para você, mesmo sendo Natal, e que você queira muito uma companhia. Mesmo que você ache que as vezes fica sobrando entre os seus amigos. Ou que esteja com dor de cabeça ou no corpo, cansado de tudo. Você não precisa de seis, sete comprimidos de uma droga forte para dormir. Não precisa afastar-se dos outros com medo de "contagiá-los" com a tristeza, porque essas pessoas, que se importam com você, são mais prováveis de contagiá-lo com alegria. Às vezes, parece que o inverno não vai acabar, mas a primavera está logo ali — ele viu JungKook deixar algumas lágrimas escaparem.

Ele pensou que talvez tivesse sido direto demais. Mas não deixaria nada acontecer com aquele garoto. Não ia deixar aquilo acontecer de novo.

— Obrigado. Se você acha mesmo que eu posso ficar, eu quero. — falou colocando no pescoço e NamJoon sorriu. Assustando-se em seguida, quando JungKook o abraçou.

— De nada — abraçou de volta. — E se você precisar de alguém, para ir com você ao médico. Ou só precisar de companhia. Eu sei que tem seus amigos, e acho que devia falar com eles sobre essas coisas, mas eu estou quase sempre livre.

JungKook achava que as pessoas o julgariam por ele, às vezes, se sentir daquele modo, que elas iam achar que ele estava sendo dramático ou algo do tipo. Claro que ele não achava que estava depressivo, depressão era coisa séria, ele só se sentia mal de vez em quando, nem era sempre. Não queria preocupar os outros com seus problemas, ou contagiá-los com tristeza, como o mais velho disse. Mas, por algum motivo, não se importava com a preocupação de NamJoon, gostou dela. E ficou ali abraçando ele por um tempo.

— Mas gente que árvore feia — a voz grave foi ouvida e JungKook sorriu, afastando-se de NamJoon: 

TaeHyung — correu de volta para a sala enquanto ouvia um "eu desisto" de YoonGi. Abraçando o amigo.

— Como você está? O JiMin disse o que aconteceu ontem.

— Eu estou bem agora.

— Está? Que bom — disse ainda sem soltá-lo.

— Trouxe meu presente? — JiMin perguntou animado, aproximando-se dos dois e TaeHyung fez uma expressão assustada.

— Seu... presente? Eu...

— TaeHyung eu não acredito — reclamou, avançando na direção dele. — TaeHyung eu...

— Claro que eu trouxe seu presente, idiota — disse rindo, soltando-se de JungKook para abraçá-lo. — Achou que eu fosse esquecer de você, Ji?

— Você não ousaria — riu abraçando-o também.

— De onde saiu essa gente toda? — perguntou ao desfazer o abraço, encarando o sofá. — Eu saio por uma semana e vocês me trocam por três?

— Quatro — NamJoon falou saindo da cozinha.

— Pode isso? — questionou e YoonGi começou a rir antes de avisar:

— Tem bebida e doces na cozinha.

— E NamJoon e o JungKook estão há umas quatro horas tentando terminar um jogo de tabuleiro — JiMin falou.

— Eu estou ganhando — JungKook disse a TaeHyung.

— Você está sempre ganhando — respondeu ouvindo um "eu sei" do mais novo.

— Então vamos deixar como se você tivesse ganhado, o.k.? Eu desisto — NamJoon anunciou e JungKook sorriu, virando-se novamente para TaeHyung:

— Eu ganhei — todos riram e JiMin agarrou ele, sacudindo-o e comentando sobre o quão fofo JungKook era. Levando a uma pequena discussão entre os dois (sobre ele ser ou não), que TaeHyung interrompeu pedindo a eles que apresentassem seus substitutos. 

A conversa voltou animada, menos por JungKook que estava perdido em seu próprio mundo, girando o pingente do novo colar. JiMin não percebeu que o colar não estava com eles antes, mas os outros sim. E deixou HoSeok alerta sobre a conversa de mais cedo quando o garoto disse que NamJoon poderia tê-lo deixado morrer, porém não comentou nada, deixaria para o dia seguinte. Fora isso, tinha NamJoon, que, às vezes, saia de órbita também, perdido nas ações do mais novo.

Meia noite eles rezaram e depois inflaram o ego de SeokJin, elogiando sua comida como se fosse uma ceia completa. E, por fim, chegou a hora de trocar os presentes.

— Certo, acho que o mais velho deve ir primeiro — NamJoon falou e SeokJin levantou.

— Como pode saber se é o mais velho? — JiMin perguntou.

— Sou de noventa e dois.

— Vá em frente — NamJoon e JungKook riram e SeokJin foi até a árvore, procurou pelo presente com seu nome e sentou para abri-lo.

— Vamos ver... — ele abriu a sacola e tirou uma blusa de manga cumprida, de veludo, num tom de terra. — Nossa, é bonita. Obrigado, quem quer que tenha comprado.

— O JiMin-ssi — NamJoon falou.

— Mas ele me disse o que vocês provavelmente gostariam — deu os créditos.

— Eu agora — YoonGi levantou.

— Você é de quando? — JiMin questionou.

— Noventa e três.

— E a gente noventa e quatro — HoSeok apontou para si e NamJoon.

— Afe — reclamou e os outros riram.

— E eu que sou o último — JungKook falou num biquinho.

— Vocês querem mudar a ordem? — NamJoon perguntou.

— Não — YoonGi reclamou antes que eles respondessem. — É minha vez. Velho tem prioridade.

— Velho só você, né? — SeokJin reclamou e os outros riram.

YoonGi pegou o presente dele e encontrou tênis coloridos de uma marca famosa que muita gente estava usando na época.

— O que você disse a ele? — perguntou a NamJoon.

— Eu também estou tentando entender.

— Eu... — JiMin começou, mas YoonGi interrompeu:

— Obrigado — e JiMin assentiu mesmo um pouco decepcionado, odiava errar no presente.

— Você vai ou eu vou? — HoSeok perguntou a NamJoon.

— Pode ir. Eu vou depois — garantiu.

— Certo — ele pegou o presente, abrindo com cuidado e tirando um kit de acessórios com: saca-rolha, salva e corta gotas e tampa. Fazendo uma expressão confusa.

— Calma — NamJoon pegou os dois trocando. — Agora sim.

— Ah... — disseram.

— Eu troquei? — JiMin perguntou com vergonha.

— Trocou — NamJoon falou rindo.

— Vocês gostaram agora?

— Eu teria gostado mesmo do outro — HoSeok disse.

— Você sabe que isso é pra vinho, né? — YoonGi perguntou.

— Vinho? — os mais novos acompanharam ele na surpresa.

— Bom, o meu agora — JiMin falou animado ignorando os leigos sobre utensílios para bebidas alcoólicas. — Taetae?

— Tá ali — apontou para uma das caixas e ele pegou animado. — Mas você pulou NamJoon-Ssi. 

— Ô, desculpa.

— Tudo bem, Pode pegar antes se quiser.

— Não, não, melhor você ver o seu antes. Eu fui na louca com ele. Qualquer coisa a decepção vem antes — os outros riram.

— Eu já agradeço que tenha comprado.

— Aqui — entregou a caixa e NamJoon abriu, encontrando um relógio analógico com as tiras de couro num marrom claro.

— É lindo, JiMin-ssi.

— Você usa relógio?

— Agora eu uso — falou, colocando. — Obrigado.

— Vê se não perde — YoonGi disse.

— Nem quebra — SeokJin completou.

— Qual é, vocês dois? — reclamou. — Eu vou tomar cuidado, tá?

— Esse aí quebra tudo, nunca vi um negócio desses — SeokJin teria continuado suas críticas ao descuido do mais novo, mas esse o impediu:

— Vamos logo para o presente do JiMin-Ssi que ele estava animado.

O garoto pegou o presente que tinha sido indicado por TaeHyung um tempo antes.

— Eu realmente espero que você goste, porque ninguém consegue bater o nível dos seus presentes.

— Relaxa. Eu já estou acostumado a... TaeHyung!

— Gostou?

— Eu adorei.

— Mesmo? 

— Sim.

— O que foi? — JungKook perguntou curioso.

— Uma caneta de pena com um potinho de tinta e esse caderno de capa dura — mostrou.

— Ah... é a sua cara, Hyung.

— Sim, aqui o seu logo — entregou a caixa a TaeHyung que rasgou o saco encontrando um casaco de pele e botas de couro combinando.

— Uou, obrigado, JiMinie — falou sorrindo.

— Eu achei a sua cara quando vi. Tive que comprar os dois.

— Claro, sempre uma desculpa para gastar dinheiro.

— Senti uma certa preferência nesses dois — SeokJin perturbou.

— Almas gêmeas têm prioridades — TaeHyung disse.

— Posso pegar o meu? — JungKook perguntou agoniado antes que os outros pudessem perguntar sobre a fala de TaeHyung.

— Acho que não. Acho que você espera mais um pouquinho, né, Tae? — JiMin provocou.

— Pois é, pra que essa agonia toda? — o outro entrou na brincadeira.

Os três encararam o último embrulho. JiMin e JungKook avançaram na caixa, TaeHyung segurando o mais novo pela cintura, que conseguiu arrastá-lo até JiMin, antes de tomar a caixa de sua mão.

— Cuidado, é frágil — JiMin repreendeu.

— Desculpa. Solta, Hyung — pediu a TaeHyung. Que soltou um não, fazendo JungKook revirar os olhos em irritação antes de arrastá-lo de volta ao sofá, sentando em cima dele mesmo.

— Vai me matar — reclamou.

— Problema seu, eu falei pra me soltar — rebateu JungKook, mas, ainda assim, levantou um pouco para que o outro se ajeitasse, antes de voltar ao seu colo. 

Abriu então o presente, encarando JiMin perplexo em seguida.

— Não é uma filmadora profissional, mas pelo menos você pode ter suas fotos reveladas — JungKook tirou a máquina Polaroid da caixa ainda meio abobado.

— Eu adorei, Hyung — apontou para ele, tirando a primeira foto e fazendo JiMin rir.

— Por que tirou uma foto minha, seu bobo?

— Pra guardar, Hyung. Eu quero de todo mundo — levantou para enquadrar todos, enquanto sacudia a foto recém revelada.

— Não — NamJoon falou. — Você precisa estar na foto também.

— Eu concordo — HoSeok falou e todos os outros fizeram o mesmo.

— Deve ter um temporizador aí — JiMin disse, já indo ajudá-lo. E, depois de arrumar a pose, deixando o espaço para JungKook no meio, ele apertou o botão e foi correndo ao seu lugar, rindo com todos os outros quando a foto bateu.

— Agora tem uma recordação de verdade — NamJoon disse. — Imagina uma foto sem esse suéter e meias combinando — JungKook riu com um pouco de vergonha, mas HoSeok falou:

— As meias são realmente incríveis. Onde você comprou? Quero um par assim para o Natal que vem.

Uma conversa descontraída sobre suéteres de Natal serem bregas ou não começou, e dessa JungKook participou, avidamente defendendo seu ponto de vista.

Mas durou no máximo uns vinte minutos até o clima de pós festa os pegar, deixando-os meio letárgicos. JiMin então colocou uma música para ver se animava, mas não deu muito certo.

Para a infelicidade de NamJoon e SeokJin, era quase uma e quinze quando YoonGi finalmente pegou no sono, resultando em uma derrota dupla na aposta. Além disso, não foi na poltrona que tinham apontado antes, foi no sofá mesmo. Encostado em TaeHyung, que dormia tão pleno quanto ele.

Fora os dois, a conversa ficou mais baixa, já estavam mais afetados pelo álcool e pelo cansaço. 

— Ah, vai. Ela até que é bonitinha — NamJoon disse de repente.

— O quê?

— A árvore — explicou. — Não é perfeita, mas tem seu charme. Sendo assim, diferente do esperado — NamJoon falou e todos riram.

— Até o YoonGi admitiu que ela é feia mesmo. Por que insistir nisso? — SeokJin perguntou.

— Mas vocês não veem? — perguntou e considerou que talvez ele próprio estivesse bêbado, porque ela realmente parecia bonita. Mesmo que meio pelada e raquítica.

— Eu vejo, NamJoon-Ssi — JungKook falou encarando as luzes nos galhos, enquanto girava o pingente sem perceber. — Ela é bonita mesmo.

.

.

Foi isso, pessoas. Espero que tenham gostado. Obrigada por ler.

Volto a falar que cuidem dos amigos de vocês, tá?

Desejo a todos um feliz ano novo ♡

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