"Olá, Cassie. Ontem eu te pintei, você viu? Agora não está mais desbotada. Você está bonita.
Não que você não fosse, é só que agora você é mais.
Mas acho que meus pais não aprovam o filho pintando caixas de correio. Minha mãe gritou e disse que era coisa de gente pobre, coisa de empregado. Ela estava desesperada pensando em como seria mal falada pelo condomínio se os vizinhos tivessem me visto. Meu pai ficou calado o tempo inteiro, e isso me dá medo. Quando minha mãe se acalmou e saiu, foi a vez dele. Ele não disse nada; apenas levantou e começou a me bater, com a expressão fria e séria de sempre. E eu só podia ficar parado.
Ele só parou quando eu estava começando a perder a consciência. Então apenas me relembrou a vergonha que é me ter como filho e saiu.
Eu não sei bem o que dói mais, as marcas em meu corpo ou suas palavras. Não só as dele; as de todo mundo. Quantas pessoas não me lembram todos os dias do quão insignificante eu sou? Meu pai, Michael, Luke, todos. Talvez eu realmente seja.
L."
Harry estava terminando de enviar as últimas cartas quando terminou de ler, e se pegou sussurrando um "eu não te acho insignificante" enquanto seguia para casa no fim do expediente.