Luxury | l.s version

By willrocklou

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Quando Harry Styles, escritor de romances erΓ³ticos, recebe o contato de Louis Tomlinson, nem imagina o quanto... More

avisos iniciais

01. une

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By willrocklou

Harry Styles soube que era ele no exato momento em que viu a franzina figura irromper no estacionamento em frente ao Museu de Arte Asiática em uma clássica Ducati, a motocicleta impecável, preta e cromada. Louis Tomlinson, o homem que viera entrevistar. Famoso por seus talentos e bem conhecido como dominante sexual no ambiente de submissão e sadomasoquismo da cidade de Seattle, nos Estados Unidos. Não era a jaqueta de couro negro que lhe conferia aquele ar de distanciamento. Tampouco seu tamanho, levando em consideração que mesmo diante da distância ainda sim era notório a estatura mediana do homem. Mas havia algo na atitude corajosa e de absoluta confiança que ostentou ao parar a moto, acelerando o motor antes de desligá-lo. E a forma como ele, tirando o capacete, passou a perna grossa que parecia impor uma boa musculatura, sobre o resplandescente tanque, como se fosse um cowboy desmontando elegantemente de um cavalo. Era inegável a aura de poder absoluto, que Harry conseguia sentir mesmo a vários metros de distância, como uma brisa suave soprando em seu corpo.

Sem o capacete, Louis Tomlinson era melhor ainda. Cabelos havanos - quase um castanho mélico - eram bem lisos, mas simultaneamente alguns poucos fios despojados num singelo desalinhamento, que alcançava até seu modesto topete impondo um formato espiral ao topo, ligeiramente ondulado, a nuca batida pairando um pouco acima da gola da jaqueta. Um forte perfil, que poderia ter sido talhado em mármore. Com toda certeza, a linha maxilar era o fragmento que mais se destacava em sua face, não muito atrás as maças do rosto, absolutamente encovadas em uma sensualidade entorpecente. Harry permaneceu ao lado de seu carro, a porta ainda aberta, as chaves esquecidas na mão. Por que seu coração estava disparando? Era incapaz de afastar os olhos dos encantadores movimentos das mãos robustas de Louis enquanto esse retirava as luvas de couro e afivelava o capacete no assento da moto.

Ele ainda estava observando-o quando seus olhares se cruzaram. Penetrantes olhos azuis de um brilho intenso e que parecia o conhecer inteiramente, como se olhassem através de sua pele. Prontamente atento a seus movimentos. Pela primeira vez depois de adulto, Harry se sentiu completamente atrapalhado. Se ao menos sua pulsação se acalmasse, maldição! Este é um encontro profissional. Sim, mas o fato não parecia impedir nem um pouco sua reação diante daquele homem. Teria de se recompor antes de falar com ele. Estava ali para aprender. Para fazer pesquisa. Danielle, a mulher submissa com quem conversara via internet na semana anterior, disse-lhe para falar com Louis Tomlinson, mas esqueceu de mencionar tamanha beleza.

Louis Tomlinson era um homem que deveria vir acompanhado de um alerta de perigo.

Ele sorriu - um surpreendente raio de cintilantes dentes muito alvos, com a exuberante linha da boca se destacando no rosto totalmente másculo, enquadrada por uma penugem caótica, que performava seu ligeiro bigode e barba e que o deixava com cara de mau. Gostava daquele ar malévolo. Um calor se espalhou por seu abdômen como fogo líquido. E acompanhando como ele se movimentava em sua direção. Seus joelhos tremeram em antecipação. Ele se aproximou mais, até que parou do outro lado do sedã Audi branco.

- Pressinto que você é o homem que eu vim conhecer. - Voz profunda, modulada em uma calmaria, mas ao mesmo tempo alta e surpreendentemente suave. Sensual. Harry só conseguiu assentir com a cabeça. Os lábios finos do homem se contorceram ligeiramente diante do persistente silêncio, antes de tornar a perguntar:

- Harry Styles? Autor de livros eróticos? - e novamente aquela voz estava lá, saboreando as palavras antes de deixá-las escaparem de sua boca charmosa.

- Sim... - conseguiu responder, fazendo com que a colocação saísse raspando por entre sua garganta. O que estava errado com ele? Por que será que não conseguia dizer uma frase sensata e completa?

- Sou Louis. Podemos entrar? - os olhos azuis percorreram o rosto de Harry, o analisando, antes de virar ligeiramente o queixo e apontar em direção a porta, como se demarcasse um ponto.

- O quê? Sim, com certeza.

Ele bateu a porta do carro e acionou a fechadura automática. E tentou ignorar o calor que se espalhava por sua pele. Subitamente, seu casaco de lã parecia pesado demais, mesmo no outono úmido tão característico de Seattle. Ele estava muito sensível ao homem que caminhava ao seu lado enquanto se aproximavam da imponente entrada do museu, ladeada por dois camelos esculpidos em pedra. Sempre gostara daquele prédio e das exposições que havia ali. Quando Louis sugeriu que fossem até o café, ficou agradavelmente surpreso. Apreciador de arte, particularmente a asiática, estivera ali muitas vezes. Subiram os largos degraus de pedra, e o dominador, gentilmente, colocou a mão em suas costas. Um arrepio o percorreu. Olhou para ele, descobrindo que lhe oferecia um sorriso sereno. Mas ambos permaneceram em silêncio ao se movimentarem pelo saguão, seus passos ecoando pelo chão de mármore e depois pelo pequeno lance de escada que conduzia ao Tate Café, no pátio central.

Ao entrar, Louis indicou uma das pequenas mesas sob o teto abobadado. Lá fora, havia estátuas: Buda, Vishnu, Kali. Harry jurava que podia sentir o cheiro das pedras ancestrais além do aroma do café e do chá, disperso no ambiente. Luzes difusas atravessavam os vidros foscos das janelas do átrio, acentuadas pelas arandelas de âmbar com seu sutil brilho dourado. Era um lugar tranquilo, onde ia com frequência para tomar uma xícara de chá, mas hoje ele estava defintivamente uma pilha de nervos.

Por que se sentia tão excitado? Ele era só mais um homem, como qualquer outro. E aquela era apenas uma nova entrevista.

Ele o ajudou a tirar o casaco e afastou a cadeira para que se acomodasse. Gentil, com maneiras à moda antiga. Tudo muito raro naquela cidade cosmopolita. Em seguida ele retirou sua própria jaqueta de couro e colocou-a no encosto da cadeira, sentando-se relaxadamente, seguro de si, mesmo que não fosse possível vislumbrar de suas pernas corpulentas, de alguma maneira atrevida Harry sabia a exata posição que estavam, julgando toda auto confiança do mais baixo. Percebeu que ele usava uma malha fina e cinza que destacava seus ombros afilados, e como num bônus o presenteava com um vislumbre de algumas tatuagens sobrepostas ao peitoral, devido a leve transparência. Um homem esguio, com uma constituição física de um jogador de futebol novato. Suas feições eram absolutamente masculinas, das linhas angulosas do queixo às maçãs do rosto tentadoramente salientes, aquela região que não conseguia parar de admirar desde o primeiro instante que cravou os olhos naquele rosto. Somente sua boca era suave, lábio superior fino e com o arco bem esculpido, em contraposição com o inferior, moderadamente mais cheios, em total contraste com o resto da face. Sensual também. Como se para fugir do que estava fazendo Harry se virou na cadeira, pegou o cardápio e examinou a seleção de chás.

- O que você vai querer? - Louis questionou brevemente.

- Geralmente, misturo chá de jasmim e chá-verde. - Tomlinson fez um sinal ao garçom e, antes que Styles pudesse dizer algo mais, fez o pedido para ambos.

- Espero que você goste de torradinhas de amêndoa - disse, sorrindo para ele. - As daqui são tão boas como as de Roma. Lá existe um pequeno café, bem perto da praça de Espanha. Você não imaginaria algo tão espetacular em uma área turística. Mas aquele lugar faz os melhores biscotti da Itália. - algo na forma como ele pronunciava a sobremesa parecia o teletransportar no tempo.

- Faz anos que não vou a Roma. Mas lembro desses biscotti e do lugar. - Harry se pegou respondendo antes que pudesse pensar a respeito. Toda reunião começa com uma conversa trivial, não?

- Estive lá no ano passado, quando voltava para casa depois de um mochilão na Espanha.

- Você viaja com frequência? - o escritor erótico embarcou na conversa, parecendo muito focado e interessado na manifestação sobre o mochilão de Louis na Europa.

- O máximo possível. Não gosto de ficar em um lugar por muito tempo, embora meus prazos de escritor estejam me prendendo em casa atualmente. Isso me deixa inquieto. Há muito o que fazer no mundo. - Harry observou Louis responder, conforme se inclinava, deslizando as pontas dos dedos na colher que repousava no guardanapo de papel sobre a mesinha, antes de deixar com que sua curiosidade estalasse contra a atmosfera.

- Como o quê?

Deus do céu, realmente estava flertando com ele?

- Tudo. - Ele sorriu. - Qualquer coisa. Escalei montanhas no Brasil, fiz mergulho em área de tubarões na costa de Fiji. Fiz caminhadas no Nepal carregando mochila. - a emoção das lembranças eram evidentes em seu tom de voz e no formato enrugado que tecia embaixo de seus olhos.

- Então, você é um viciado em emoção. - murmurou sua afirmação, os lábios acerejados movendo-se com lentitude durante pronuncia, os cantos se elevando brevemente, mas logo retornando a postura séria.

- Sim, acho que sou. Mas não quero me gabar. São apenas coisas que gosto de fazer. Para desafiar as probabilidades. - Ele deu de ombros, arqueando ligeiramente o canto da boca, em um breve sorriso. -Velocidade. Gosto de minhas motos e de dirigir velozmente, até para testar como controlo a máquina em manobras radicais.

Harry estremeceu conforme imaginava a cena do homem a sua frente correndo com a motocicleta, Louis pareceu perceber trazendo o torso a frente querendo descobrir mais sobre a reação anterior, e então o mais alto abriu a boca pensativo antes de replicar:

- Eu nunca poderia andar em uma motocicleta. Nem em um milhão de anos.

- Você iria gostar. - Louis ripostou achando graça do tormento do mais alto diante de sua declaração sobre viver intensamente.

Harry estreitou os olhos, deixando um ínfimo espaço para as íris verdes espiarem, um biquinho desgostoso pairando em seus lábios cheinhos, antes de contornar o dialogo: - Não, acho que não. Então.... Suas viagens são em busca de emoções? - claro que retumbar uma pergunta foi o caminho mais fácil.

- Até certo ponto. Mas muitas têm sido também jornadas espirituais. - o dominador pontuou os seus dizeres, para ele descobertas eram um caminho altamente instigante.

- E você escreve ficção de horror, Danielle me contou. Ela mencionou o fato de que, por ser um autor... dominante..., talvez seja útil para mim nas pesquisas que faço para meu livro erótico.

Ele balançou a cabeça concordando, os olhos nunca deixando seu rosto, ao mesmo tempo que aparentava vislumbrar de um dialogo interno. Os dedos alongados da mão direita vagarosamente tecendo linhas inconsistentes defronte a sua mandíbula demarcada pelos fios dispersos de barba, um suspiro partindo do feixe de seus lábios.

- Sim, acho que sim. Você parece se sentir desconfortável com o termo "dominante". - elucidou sua breve concepção, dando margem para uma resposta, caso houvesse de ter uma.

Porventura, o termo talvez o deixasse levemente desnorteado, porém, esse incomodo não era o suficiente para paralisar sua imensa curiosidade. - É mesmo. E talvez seja verdade. Embora eu seja um autor dedicado ao gênero erótico, este não é o tipo de conversa que eu costumo ter.

- Tudo bem.

O garçom serviu o chá, e Harry tomou bastante cuidado ao passá-lo do lindo bule japonês para sua xícara, evitando o olhar azul congelante de Louis. O aroma de jasmim imediatamente o envolveu, acentuado pelo toque terroso do chá-verde. A fragrância era familiar, básica, mas gostosa e reconfortante. Louis pegou um dos biscotti e lhe ofereceu.

- Aqui está. Você tem de provar. - A forma como as palavras perpetuaram-se dos lábios finos e roséos, claramente denotava uma ordem, não uma sugestão. Ele se surpreendeu, quando pegou-se obedecendo o desconhecido, sentindo o biscotti esfarelar pouco a pouco em seu palato.

- Na verdade, escrevo thrillers psicológicos - Louis continuou o assunto que por alguns poucos minutos pareceu-se esquecido. - Será que já leu algum deles?

- Não. Sinto muito. - Um encontro para discussão de uma obra antes de ler um trabalho do entrevistado. Bingo, Harry!

- Talvez devesse.

Harry estava ficando irritado. A linha entre a autoconfiança e a arrogância estava se desfazendo.

- Quem sabe você deva ler algo de minha obra.

- Já fiz isso. Assim que Danielle me falou a seu respeito, li seu último livro erótico.

- E? - Harry o desafiou, corajoso como sempre fora seu ímpeto.

- Acho que você é um ótimo escritor. Inteligente. Instigante. Desenvolve muito bem os personagens. O aspecto romântico não tira o brilho da história, como acontece com muitos outros autores. E você sabe como abordar o tema sexo de uma forma bem realista. Com uma crueza admirável.

- Oh! - Não era o que ele esperava que o dominador dissesse. Ficou momentaneamente perturbado. De novo. - Obrigado.

- Então, fale-me sobre este último projeto. Por que razão você precisava falar comigo? - E lá estavam eles, aqueles olhos azuis estavam fixos nele. E pareceu-lhe, de repente, que eram muito parecidos com os de Niall, embora Niall fosse inocente de uma forma que, ele achou, Louis jamais deveria ter sido, mesmo quando jovem. Tinham, porém, aquele tom de azul-turquesa que o remetia ao Caribe. Havia sinceridade naqueles olhos, apesar da arrogância. Ele fugiu de seu olhar, mirando o ponto exato em que os dedos dele acariciavam a xícara de chá. Parecia minúscula na mão dele. Frágil. Como se ele fosse capaz de quebrá-la com uma leve pressão de sua mão robusta. Talvez fossem as veias salientas, que engrandeciam aquela parte de seu corpo. E os dedos deslizando suavemente pela superfície lisa... Em uma caricia. Se esforçou para afastar os olhos daquelas mãos, voltando ao rosto.

Não ajudando em nada...

- Estou escrevendo sobre um casal que explora o sadomasoquismo. A mudança de poder, alguma submissão... Temas sobre os quais já escrevi antes. Mas dessa vez gostaria de me aprofundar mais. Possivelmente explorar o papel da dor. E quero que tenha alguma autenticidade. Não vou fazer isso de qualquer jeito. Sabia que teria de começar por uma boa pesquisa, conversando com pessoas que vivenciaram essas coisas na vida pessoal. Recentemente, encontrei Danielle em uma comunidade virtual de sadomasoquismo que existe aqui, enviei-lhe um e-mail e perguntei se poderíamos conversar. Entrevistei-a e ela foi muito gentil e aberta comigo. Mas, como submissa, não achou que estava qualificada para me oferecer o quadro completo. É por isso que me indicou você.

Ele assentiu, com um movimento de cabeça, parecendo intrigado com relação até onde aquele assunto poderia ir, a pose austera e atenta, aquela extrema atenção em si, fez Harry vacilar por alguns segundos, o lado bom de tudo era que a atenção estava sendo mutua.

- É difícil ter uma boa ideia de como é o ambiente de sadomasoquismo e de qual é sua dinâmica e psicologia falando só com uma pessoa. As experiências individuais são distintas e particulares. Se ela é puramente submissa, não pode saber muito bem como funciona uma mente dominante e detalhes de nosso processo. - Louis buscou externar uma explicação à altura do autor a sua frente, tomando o cuidado necessário para falar do movimento e fisgar ainda mais a atenção sobre si.

Para Harry foi impossível deixar de concordar com a elucidação sobre aquele mundo novo. - Sim, foi essa a ideia que ela me passou. E faz sentido.

- Você nunca escreveu sobre submissão e sadomasoquismo? - o questionamento dançou na ponta da língua do dominador, como o néctar derretendo de uma fruta.

- Não. Apenas sobre fetiches menores, um pouco de escravidão na cama, entre as quatro paredes de um quarto, mas nada realmente sério. - Harry confessou, de repente sentindo-se juvenil demais, sexo não era um tabu para si, longe disso, mas foi impossível não se sentir inexperiente.

- Você acha que o tema submissão e sadomasoquismo é sério? - Louis perguntou sendo o mais franco possível.

- Não é? - Harry devolveu o questionamento, mas ele não o respondeu, ao invés disso retrucou embalado em serenidade, como se o real conteúdo do dialogo não fosse sexo em sua estrutura variante e selvagem:

- Você nunca experimentou essas coisas?

- Eu... não.

- Ah... Você gostaria de manter essa discussão no terreno profissional. Estritamente com propósitos de pesquisa. - Louis averigou o âmbito de conversação, observando como os olhos verdes tornaram a se expandir conforme sua fala.

- Sim. Com certeza.

Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa; chegou um pouco mais perto até que Harry pudesse sentir o cheiro de seu perfume, uma coisa ao mesmo tempo limpa e escura. Como o oceano e a madeira mesclando-se tortuosamente. Ele abaixou o tom de voz, subitamente fazendo com que a conversa parecesse mais íntima. Talvez com mais intimidade do que Styles poderia suportar confortavelmente.

- Vou lhe dizer uma coisa, Harry, e é a pura verdade. Não há como retratar um estilo de vida de forma acurada se você não entrar nele. Tem de experimentá-lo, mergulhar nele. Há muitos componentes físicos, psicológicos, emocionais, e todos sobrepostos. É complexo. Por isso é que nós que praticamos gostamos dessas coisas. A complexidade. A intensidade. - foi tomado de surpresa quando sentiu a caricia contra as costas de sua mão, os dedos deslizando pela superfície morosamente, apenas experimentando o contato em face de seu próprio tato. A pele dele era quente. E Harry sentiu a sua ficar mais ainda, foi como uma transmutação energética.

- Tem a ver com sensação. E com o que se passa em sua cabeça. Pode ser sensual ou sexual. Ou ambos. Você não pode começar a descrever as dinâmicas envolvidas sem ter estado lá. - Harry ficou com a garganta seca. A ideia em si não era chocante para ele. Não tanto quanto o toque dele.

Pegou a xícara, e bebeu rapidamente um gole de chá, a temperatura antes quente, agora encontrava-se morna, limpou a garganta, sentindo o liquido descer por ela. - Imagino que você esteja certo. E esse é um tema interessante. Mas eu não sei...

- Pare de fingir que isso não passa de um tema interessante, Harry. - Ele deslizou a ponta dos dedos no interior de seu pulso, sob a manga do suéter de cashimira. - Eu posso sentir seu pulso acelerado. - as digitais ásperas prosseguiram contornando as veias delgadas lenta e continuamente, desenhando-as em sua própria forma.

- Louis...

- Vamos lá, Harry. Você não precisa repreender essa vontade para mim. Faz parte do contexto da escravidão sexual e do sadomasoquismo. Aquela honestidade fundamental que nos caracteriza.

- Eu ia dizer que você... está certo. - Será mesmo que ele havia admitido? Mas talvez Louis tivesse razão a respeito de tudo aquilo - o fato de ter de ser profundamente honesto com ele para aprender alguma coisa. Teria de mergulhar profundamente, como ele disse. Não tinha nada a ver com aquela atração ridícula que estava sentindo por ele, não é mesmo? Harry puxou a mão, repousando-a em segurança sobre seu colo. - Você e Danielle devem conhecer alguns homens submissos. Existem alguns em quem confiem e que possam me indicar? E eles aceitariam se relacionar com um homem que não tem nenhuma experiência como dominante?

Louis riu, recostando-se na cadeira. Parecendo ter escutado uma grande piada partir dos lábios rechonchudos.

- Você está se referindo a ficar por cima, dominando esses homens?

- Sim. - Harry murmurou, moldando o seu timbre ao mais impenetrável possível, tentando deter-se de uma confiança que parecia um tanto quanto perdida em seu estado mental.

- Ah, Harry... Não percebe que você é o contrário, a base?

- O quê?

- Notei no exato momento em que o conheci. Podia sentir lá fora, no estacionamento, mesmo antes de conversarmos. - curto e direto, as palavras de Louis foram imediatamente alvejando sua face conturbada.

- Não entendi. - Por que suas maçãs do rosto estavam esquentando? Por que estava tão confuso? Odiava que aquele homem surtisse tal efeito sobre si.

- Acho que você entende o suficiente sobre esse tema para saber exatamente do que estou falando. - Harry conseguiu ouvir-se suspirando conforme atentava-se as palavras do homem, antes de buscar uma forma ou qualquer amontoado de palavras que pudesse contornar todo aquela conversação embaraçosa, que era devidamente embalada em um orgulhoso no que era dirigida a si, precisava responder a altura:

- Claro que tenho uma vaga ideia do que seja a base. Uma pessoa submissa. Mas isso não tem nada a ver comigo. O que realmente faz sentido, para mim, é estar por cima, dominar. Não tenho receio de admitir que sou uma pessoa controladora.

- E é exatamente por isso que precisa mudar de perspectiva. Tem de se abrir. Renunciar a essa necessidade de controle em favor de outra pessoa capaz de assumir esse papel. - Estava ficando bravo com aquela plenitude e a quase marca de um sorriso que teimava em pairar sobre Louis enquanto explicava seu ponto, mas de alguma forma tentava manter a linha, uma pena que sua língua não concordava:

- Você é muito arrogante.

- Sim, sou mesmo. Mas tenho razão. Sempre acerto em relação a esse assunto. Você tem problemas de autocontrole; posso notar pela maneira como se controla. Vejo a raiva em seus olhos. Na forma como aperta as mandíbulas. E, uma vez ou outra, provavelmente poderia administrar com sucesso ficar por cima de um homem. Ou de uma mulher. Mas isso não o faria chegar a seu anseio mais profundo, que é o da servidão. Não lhe daria o que você realmente precisa, Harry.

O mais alto balançou a cabeça incrédulo, cerrando os dentes. Louis, novamente se inclinou por cima da mesa, segurando a mão dele. A mão rústica envolvia a de Styles com ternura, mas ao mesmo tempo força, o suficiente para fazê-lo tremelicar internamente perante ao toque. O silêncio pairando pelo ambiente acolhedor da Cafeteria do Museu. As irís verdes intensamente focadas no contato intimo e enlaçante de ambas as mãos, a pausa sendo rápida, mas parecendo demasiadamente demorada no plano mental, antes de Louis quebrar o silêncio, impondo sua voz suave e didática:

- Harry, deixe-me fazer uma proposta a você. Submeta-se a mim. - O mais alto tentou desvencilhar a mão, mas ele a segurou ainda mais firme. Seu olhar estava mergulhado em si, incrivelmente convincente, de um azul cintilante. - Tente - ele continuou. - Sinta sua reação. Se lhe parecer que estou certo, você terá aprendido algo a seu respeito e conseguirá uma pesquisa bastante pessoal e exclusiva para seu livro. E, se eu estiver errado, bem.... mesmo assim terá feito alguma investigação.

- Posso fazer essa pesquisa como alguém que domina. - Harry respondeu rispidamente, a maneira como ditou cada palavra, sendo demasiadamente rápida e cortante, diferente da lentitude anteriormente utilizada, naquele momento acabava em moldar seu evidente transtorno.

- Não, não pode. É extremamente difícil para alguém submisso ensinar a um dominante inexperiente. Uma vez que as endorfinas começam a bombear pelo corpo de um submisso, ele entra no subespaço, aquele momento na mente, em que tudo é silêncio e só o que se pode sentir é a interação entre o superior e o inferior; as sensações e os cheiros não serão suficientes para funcionar como professores, no seu caso. Talvez não aprenda tanto. Mas pode aprender de mim. Sou muito competente. - Fez um gesto com a mão livre, teatralmente desdenhando. - Sei que estou sendo arrogante de novo. Desconsidere. O que importa é que essa é a verdade.

- Talvez.

Quem sabe fosse verdade mesmo e essa fosse a melhor maneira de aprender? O fato de sentir que tudo estava esquentando a seu redor poderia não ter nada a ver com a proximidade de Louis, que ainda segurava sua mão. Aquilo fazia com que ficasse ligeiramente molhado sob a fina camada de pele que envolvia sua glande, o tecido da peça intima sentindo sua ansiedade sintetizada ao puro tesão, por Deus do céu! Mas não passava de pura química. Não significava nada nem conferia credibilidade à argumentação do dominador.

Estava certo de que poderia provar o quanto ele se enganara. Mordeu o lábio. Tomlinson estava totalmente enganado a seu respeito.

- Por quanto tempo deveríamos tentar? - perguntou, observando a movimentação que o corpo a sua frente tomou, enquanto dava de ombros.

- Pelo tempo necessário. Até que você descubra o que precisa saber. Para seu livro. Para si mesmo.

- Será que poderíamos tentar algo como tocar as orelhas um do outro? Só para ver como as coisas se desenrolam?

- Ah... eu sei o que vai acontecer. - e lá estava novamente, pairando sobre ambos, a arrogância incrustada contra o timbre suave do homem de olhos azuis turquesas.

- Mesmo? E o que é? - talvez só estivesse sendo petulante, mas queria ver até onde iria toda aquela segurança de Louis.

Estava irritado, de novo. E ele ainda segurava sua mão. Com o polegar, acariciava os nós de seus dedos, enviando uma fagulha de desejo diretamente a seu íntimo. Mas não lhe daria a satisfação de tentar se esquivar outra vez.

- Primeiro, você vai lutar. Terei de trabalhar muito. Conquistar sua confiança. - A voz dele era baixa, a tenacidade envolta da sonoridade levando a sua voz, antes de margem suave, a tornar-se um grave murmúrio. Harry foi obrigado a se inclinar para frente na tentativa de ouvi-lo melhor. - Mas pouco a pouco vai se voltar para mim. Ficará em minhas mãos. Serei duro com você. E gentil. - Ao mesmo tempo em que tonalizava sua exposição, o dominador pôs-se a erguer a mão do curioso escritor, roçando lentamente os lábios por toda a sua extensão, ampliando o calor que o escaldava, chocando-o. Harry não conseguia articular as palavras. Sua mente estava em ligeiro caos.

Durou poucos segundos, e logo Louis liberou sua mão sobre o tampo frio da mesa, olhando-o fixamente.

- É assim que vai ser, Harry.

Odiava o fato de estar meio tonto, e absolutamente confuso. Não conseguia entender o que se passava. E não queria se entregar àquilo. Ou a Louis Tomlinson. Pegou sua xícara de chá, tomou um gole, já estava gelado o conteúdo. Respirando fundo, fez um esforço para se acalmar e colocou a xícara na mesa com a mão firme.

- Pense o que quiser, Louis. Mas obviamente você não me conhece, ainda.

Ele também pegou seu chá, sorveu um longo gole, espelhando-o em sua ação anterior, e fez uma pausa. Ao passo em que, continuou olhando para Harry, de maneira penetrante.

- Não tão bem como certamente conhecerei. Quer dizer, se você concordar com minha proposta.

- Estou concordando. - a forma que a confissão escapou de sua boca, acabou pegando até mesmo Harry de surpresa por conta espontaneidade que circulava cada silaba. O que ele estava fazendo? Realmente estava concordando com essa ideia maluca?

- Você gosta de um desafio. - o homem pareceu murmurar mais para si, do que qualquer outra pessoa ali presente

- Sim.

- Eu também.

Aquele insistente olhar azul o perfurava, da cabeça aos pés, mas aguentou firme, não estava disposto a recuar. E em uma coisa aquele homem estava certo: iria lutar, desistir não fazia parte de sua natureza. Nem mesmo diante de Louis Tomlinson e seus olhos extraordinários olhos, suas mãos quentes, sua boca macia e lasciva... Precisava manter as coisas sob controle, como de hábito. E ignorar a aparência dele, o jeito como falava, a maneira como o tocava. Em breve, ele realmente iria lhe tocar.

Silenciosamente, mais uma vez, Harry se obrigou a ficar calmo; respirou longa e profundamente.

A chave era o controle, e ele não seria ninguém se não se sentisse o rei do controle. A vida ditara que ele deveria ser exatamente assim, desde criança. Tinha de ser, com aquela mãe desequilibrada que teve. Alguém tinha de fazer esse papel, e ele era o mais velho. Tinha de tomar conta de Quinn. E fez um péssimo trabalho. Por que estava pensando naquilo agora? Afastou o passado para o fundo da mente, que era onde tinha de estar. Concentrou-se no homem sentado à sua frente, observando-o com cuidado.

Sim, podia lidar com Louis Tomlinson sem se importar com a opinião dele ao seu respeito.

- Louis. - sussurrou e por um momento pensou não ter sido escutado, porém, tão breve como o pensamento veio ele se esvaiu quando a maciez daquela voz o atingiu:

- Sim?

- Tenho minha proposta. - Se Louis poderia ter uma sugestão em sua preposição, por quê não impor outra também? Agora, obviamente sob seu próprio controle.

- É mesmo? - uma sobrancelha escura e arqueada se levantou, como se para confirmar seu questionamento.

- Se você não conseguir me dobrar, como pensa que pode...

- Ah... eu vou mesmo. Embora prefira pensar nisso como domar. - Louis o interrompeu tentadoramente imperturbável.

- Entenda como quiser. Mas, se não funcionar, você vai me deixar dominá-lo. Ficar por cima. - Harry respondeu, devolvendo sua face com a moldura da mesma expressão intrínseca em Louis. Era arriscado, claro. Mas era uma oportunidade maravilhosa demais para se perder dito o cenário em que estavam, Harry almejava vê-lo perturbado diante daquela fala. Quebrar sua postura de conforto.

Mas ele o surpreendeu ao abrir um sorriso e declarar simplista:

- Tudo bem.

Uma imagem passou pela sua mente: Louis nu, ajoelhado. Mas, mesmo nessa breve fantasia, ele não parecia em nada com um submisso, nem mesmo o seu porte físico afilado impunha a vulnerabilidade precisa. Não, era totalmente ao contrário! Aparentava força, desafio e estava destemido como sempre. Harry não acreditava que ele poderia ser diferente. Não havia nada suave e fácil naquele homem.

Exceto aquela boca...

- Temos um acordo, então?

Ele rapidamente assentiu com a cabeça.

- Sem dúvida. Temos um acordo. - Louis pegou a mão dele outra vez, curvando os dedos sobre. E, antes que Harry percebesse o que estava acontecendo, ele o puxou em sua direção, inclinado sobre a pequena mesa de café, e sussurrou contra sua boca: - Os melhores acordos são selados com um beijo. Sua boca estava muito perto, lasciva, deliciosa. Harry sentiu o corpo fraquejar e se inclinou para ele, sentindo seu hálito suave e com aroma de chá. À espera do beijo.

Mas, logo ele se afastou, afundando-se na cadeira.

- Mas teremos de esperar até que esteja pronto para mim, Harry. Terá de implorar por isso.

Jesus! Estava quase prestes a implorar agora mesmo! Balançou a cabeça. Queria passar suas mãos frias na própria pele ruborizada. Afastar o cacho de cabelos acastanhados que pairava sobre seu rosto. Mas não queria que ele notasse a sua inquietação. Estava cheio de desejo. Um desejo que chegava a doer. Por ele.

Tinha de sair dali em busca de ar fresco e úmido. Precisava respirar.

- Preciso ir - mentiu. - Tenho outro compromisso.

- Obviamente. Eu o acompanho. - Ele se levantou, mostrando que estava pronto para segui-lo, se assim quisesse.

- Não há necessidade.

Ele inclinou a cabeça, todo galante, daquele jeito à moda antiga, mais uma vez. - Se insiste...

Harry se ergueu, pegou o casaco, a bolsa. Tentando não pensar em como suas bocas haviam ficado a milimetros de distância, e em como o vapor quente dos lábios finos não havia atingido seu buço e a pele fina que encobria seus próprios lábios. Provavelmente deveriam estar tingidos em cereja agora, a circulação de sangue devido a excitação era óbvia.

- Eu... nós nem chegamos a começar a entrevista. - Harry queixou-se, um suspiro de insatisfação sendo transmitido.

- Acho que começamos, sim.

- Ah... bem, concordo. Suponho que falaremos mais quando... depois...

- Sim, conversaremos. Embora eu creia que, se você se dispuser a experimentar, não precisaremos de uma entrevista formal. Vou lhe mandar um e-mail dizendo quando podemos nos encontrar de novo.

Não era uma pergunta. Mas definitivamente não sabia como murmurar algum tipo de protesto.

Maldição!

- Sim, conversaremos. - Ia vestir o casaco e lá estava ele, bem ali, colocando-o em seus ombros largos. Podia sentir seu aroma de novo, aquele perfume profundo de oceano e madeira, ao passo em que a respiração soava próxima de sua nuca.

- Estou grato por vir ao meu encontro hoje. - divagou, aquele livro era importante para ele, seu mais novo projeto erótico.

- O prazer foi meu.

Tomlinson estava olhando para cima, em sua direção e sorria. Styles aspirou sutilmente, como se estivesse trazendo aquele homem para dentro de si. Deus do céu, Harry realmente tinha de controlar seus impulsos. Voltar ao seu estado normal. Mas tudo parecia diferente, com ele. Era perigoso. Styles jamais recuara diante de um desafio antes e não ia fazê-lo agora. Mesmo que aquele desafio, em particular, o fizesse duvidar de si mesmo, imaginando qual deles dois acabaria, de fato, por cima.

Tinha de ser ele, sem nenhum espaço para Louis o domar.

Tinha, sim.

I just wanna show you
All the things that I could do with you
I just wanna show you
All the places I could go with you - Fytch ft. Alisa Napppa

(...)

🌈 Olá? E então, gostaram? Espero de coração que a leitura tenha sido a melhor possível, estou muito feliz com esse novo projeto junto da Hêlo, é algo novo para nós duas, mas também é algo extremamente divertido e muito gostoso. Quero agradecer por terem dado uma chance para a nossa adaptação e que tenham um ótimo dia. ❤ Beijinhos! #carlinha

🦂 Eai, amores? O que acharam do primeiro capítulo? Comenta aqui se você chegou a ler a primeira adaptação ou até mesmo o livro... Riram bastante com o Harry achando que vai domar o Louis? Pois, eu sim! Coitadinho, não? O que esperam do próximo? Até a próxima 😘😘 SUPER ANIMADA AQUI AAAAAA beijos e até a próxima #helô

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