A última coisa que ela se lembrava antes de acordar naquele lugar era dos olhos sem emoções de seu pai ao enfiar-lhe um adaga no peito. Efraim havia lhe matado.

Porém, o que ela estava fazendo ali? 

Ela deveria estar morta.

Seu povo cultivava uma lenda que dizia que quando um soldado de Deus morria eles tinham um lugar guardado no paraíso, um lugar em que eles não seriam feras, eles estariam seguros e vivendo uma vida sem mortes e sacrifícios.

Ela encontraria sua paz, sua mãe…

Mas aquele lugar não era nem de perto parecido com o que seus avós falavam, o que os lobos all-bunami diziam que seriam assim quando morressem.

Ela observou por alguns segundos ao seu redor e notou estar em um ambiente parecido a Nova Orleans, confusa ela percebeu a luz que a seguia ficar mais perto.

Assustada ela não pensou em nada, mas viu quando seus próprios pés a enviaram para longe daquela coisa brilhante, algo nela queria ficar e ver para qual lugar a luz a iria a levar, outra parte de si já desejava com todas as forças fugir, sabia que aquela não era a melhor opção, porém foi aquela que seu coração seguiu.

Virou a esquina rapidamente de um prédio, sentia a presença da luz sinistra atrás de si, mas em momento algum Noemi pensou em desistir.

Os olhos chorosos de Asenath vieram em sua mente, o dia em que as três irmãs fizeram a promessa vagou por sua mente quando ela acelerou os passos, a grande bola de luz ainda seguia e ela sabia que se não conseguisse escapar nunca mais veria suas irmãs, ela sabia que quebraria sua promessa e sua palavra nunca mais teria nenhum valor.

Então ela correu.

Correu como nunca tinha feito em sua vida.

Palácio All-bunami 

Anos atrás.

Asenath se encolheu sobre o olhar do pai, engolindo seco ela tentou não chorar. Sabia que se saísse alguma lágrima seu castigo seria maior.

— Você é uma péssima lutadora, não me serve de nada! — O alfa All-bunami resmungou olhando para a garotinha tendo dez anos encolhida no canto da parede. — Olha só para você, me parece uma ratinha assustada.

Ele diz com feições de nojo.

Noemi olhou para a irmã do meio com os olhos banhados em lágrimas, ela não entendia por que seu *Baba tratava sua irmã assim. Ela sabia que Asenath era a melhor de todas em luta corpo a corpo. Ela assistia sua irmã todas as noites se esforçar para aprender os golpes certos para no outro dia tentar acertar para que seu pai não a castigasse. Mas nunca adiantava.

Asenath sempre era castigada, tudo que sua irmã fazia estava errado aos olhos de seu *Baba.

Engolindo seco, Noemi viu Radija se levantar e olhar desafiadoramente para Efraim.

Noemi sabia o que sua *ukht ( lê-se Ortur.) iria fazer.

— Mas ela não errou nenhum golpe Baba! — Radija Rosnou irritada.— Por que você estava fazendo isso com ela?

Efraim ergueu uma sobrancelha olhando para a mais velha que o desafiou daquela forma.

— O que você disse *Bragh, você ousa desafiar seu pai? — O alfa diz deixando seus olhos brilharem em azuis.

Radija se encolheu sobre o olhar do pai olhando para os lacrimosos de Asenath, a menina estava cheia de hematomas e seu braço esquerdo estava inchado, Radija soube que aquilo estava doendo igual ao inferno. O maldito pai delas a tinha machucado outra vez. Semana passada ele tinha quebrado o pulso esquerdo de Asenath apenas porque a menina havia deixado uma xícara cair no chão, dizia que aquilo era um castigo para elas aprender a serem fortes, mas Radija sabia que não, aquele só era o monstro do seu pai fazendo coisas horríveis com ela.

Acasalamento ●Klaus Mikaelson Where stories live. Discover now