— Vamos logo. — Apaguei o cigarro e tomei rumo para a saída da sala de reuniões sem os esperar. — Amanhã terá seu anel de volta e sua cabeça não estará a prêmio.

— Eu espero.

— Nós nunca erramos, Koll, fique tranquilo.

Ignorei o olhar desconfiado e crítico de William pela fala de James e segui pelo corredor planejando mentalmente o que faríamos, contudo meus pensamentos foram interrompidos por uma discussão na sala a poucos passos em minha frente.

Alexa estava de frente para o corredor com uma postura irresoluta e um tom bronco para alguém de costas para nós. Uma mulher de cabelos castanhos e roupa branca, esta carregava um ar indiferente enquanto brincava com o líquido em seu copo.

Não sei se me preocupava com a presença repentina de Alexa, ou com o fato de repreender alguém de uma forma tão contida como ela jamais fazia, sem veneno como sempre tratava pessoas próximas ou que não suportava. Me deixado perdido entre ignorar ou sacar a arma para a desconhecida, que eu teimava em analisar tentando me recordar de onde a conhecia, parecia uma memória gravada com uma lâmina em minha mente.

— Você só pode ter batido com a cabeça durante a vinda para Los Angeles, ou bebeu água estragada que afetou os neurônios de senso! Quantos anos você tem? — acusou em um misto de raiva e preocupação.

— Atiramos? — Janne questionou baixo ao meu lado, porém Hillary negou com a cabeça.

— Poderia ter colocado tudo a perder e eu não digo por sua missão, objetivo e localização, e sim por você, foi completamente imprudente. — A mexicana apontou mais uma vez e não obteve qualquer resposta.

— Será que sai sangue? — Dean se posicionou para tentar ver quem estava de costas para nós.

— Essa foi a ideia mais ridícula e infantil que você já teve. — Alexa se projetou para a mulher em sua frente que não se moveu para recuar.

Por míseros instantes o silêncio inundou a sala e cogitei que o pior aconteceria, afinal o rosto de Alexa se contorceu em uma feição irritada e depois em incredulidade. Porém a sala foi preenchida por uma gargalhada alta que poderia simplesmente ignorar e seguir meu caminho, entretanto paralisei por instantes com o som.

Como se meu corpo não fosse capaz de me obedecer mais, eu conhecia muito bem aquela risada e mínimos movimentos durante o ato, poderia ser uma coincidência assustadora ou meu cérebro me pregou uma grande peça, todavia também poderia ser verdade e com os fatos ocorridos na noite anterior sem qualquer explicação ou vestígio, tudo era possível.

Quando percebi minha blusa estava molhada por ter girado e puxado a mulher de cabelos castanhos rapidamente para poder ver seu rosto e por segundos um choque correu minha espinha. Meu cérebro me pregou uma grande peça ao detalhar vestígios nos traços ao mudar a expressão da mulher por meu ato e presença.

Por segundos agarrei a esperança de que os delírios de Lindsay não estivessem errados.

— Isso são modos Shadow? — Alexa interpelou com os olhos arregalados para minha ação com sua companheira, todavia não obteve resposta.

Desta vez não apenas analisei, mas gravei cada parte do rosto de quem estava em minha frente e sequer emitiu um som, me fazendo perceber como me irritava sua petulância silenciosa, como não ocorria há tempos.

Traços rasos parecendo perpendiculares a outros finos e quase invisíveis, ainda capazes que lhe fazer ter um rosto familiar demais sob alguns fios castanhos, contudo sem expressão alguma. Olhos em formato quase amendoados com pálpebras desenhadas com algo preto e de íris castanhas marcantes e sem aspecto, nariz empinado em desafio silencioso, lábios marcados em um batom quase sem cor e ainda assim parecia minimamente desenhado propositalmente.

Ardente Perdição - Duologia Volúpia - Livro II Where stories live. Discover now