— Consegui sim, tudo certo. — olhei para o lado e vi ela dar um pequeno sorrisinho.

— Como disse você aquele dia, mi casa, su casa. — sorri enquanto entrávamos no ambiente.

— Obrigada, Bi. — assim que chegamos na sala, os cinco gatos da casa se enrolaram em nossos pés.

— Ei seus safados, vieram ver a menina bonita né? — falei com "voz de Luete", me agachando para acariciá-los.

— Que recepção boa! — ela também se agachou.

— Olha, tia Rafa, essa é a Luete, essa é a Mulanzete, esse é o Publinho, esse é o Mimo, e essa a Fumacinha, mais conhecida como Boca.

— Meu Deus, cêis são criativos com nomes. — ela deu uma risada e fez carinho nos bichinhos. — As vezes penso em ter um gatinho pra me fazer companhia aqui em São Paulo.

— Gatinho é tudo! — Falei com a voz modificada. — Próxima vez que eu for resgatar um, te ligo.

— Tudo bem, até lá eu penso se quero mesmo. — me levantei e ela repetiu meu movimento.

— Vamos entrar. O que você quer beber?

— Hum, um vinho? Não sei, o que você quiser.

— Estamos conectadas então, porque já tinha separado um vinho mesmo.

— Ah, então quero alguma outra coisa. — ela disse em tom de brincadeira.

— Poxa, que pena, agora vai tomar a garrafa de vinho inteira sozinha. — ela sorriu mais uma vez e revirou os olhos.

— Cê só me implica, Bianca.

— Cê só me implica, Bianca. — repeti a frase, porém, utilizando a língua do "i" e o tom de criança birrenta.

— Ai, que ódio! — peguei o vinho e as taças e a guiei até a varanda externa da casa.

Nos sentamos lado a lado. Enchi as taças e, em seguida, brindamos.

— Mas e aí, como foi sua semana?

— Bem corrida, pra falar a verdade. Tô cheia de aulas, projetos e mil coisas pra resolver, tá bem complicado, mas tô tentando tirar pelo menos um momentinho por dia pra mim, sabe?

— É, esse luxo já não consigo me dar tanto. Só quando a Venturotti e o Miguel me obrigam a quietar que me dou um tempinho.

— Falando neles, cadê?

— Ah, eles tinham compromissos hoje. — menti. — Somos só nós e meus filhos mesmo.

Ficamos jogando conversa fora mais um tempo, até eu perceber que já havíamos esvaziado a garrafa de vinho.

— Tá com fome, Rafinha? — toquei sua perna levemente.

— Pior que tô um pouquinho, sim. — falou sorrindo sem graça.

— Ai, desculpa não ter perguntado antes. — me levantei.

— Relaxa. Qual receita de família você preparou hoje? — perguntou com um sorriso provocante.

— Nenhuma, né? Nosso contrato não começou ainda. — fiz uma careta e afastei a cadeira para sair. — Já volto, minha rosa.

Caminhei até a cozinha, peguei a pizza que havia pedido e voltei para a varanda.

— E agora tu quer beber o que? — coloquei os pratos e a comida na mesa.

— O que cê quiser eu te acompanho, Bi.

Personal ContractWhere stories live. Discover now