___ É uma premonição? — Cathy perguntou, em tom de provocação.

___ Não! — a outra tratou de negar — Não preciso ouvir a música do Universo, nem utilizar meu aguçado sexto sentido pra ver que as nossas matérias batem de longe as dos outros concorrentes! — brincou.

___ Ah, é? — Cathy ganhou um ar malicioso, que Nes já conhecia — Mas vai precisar para saber quem vem aí...

___ Também não! — ela sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo, logo que Thomas depositou as mãos em seus ombros, dando-lhe um beijo no rosto.

___ Meninas, acabo de saber da novidade! Parabéns, vocês merecem!

___ Gente, calma! — ainda sorriam — Assim vou ficar tímida! — Cathy brincou, levando uma das mãos ao rosto, a esconder-se.

___ Imagino a cara da queridinha... — Thomas sabia da implicância mútua entre elas e Mel, a colunista social do portal que cismava em dividir a redação com fofocas nada produtivas.

___ Precisa ver a cara de dor-de-cotovelo da outra! — Nes caiu no riso e eles, cúmplices, voltaram cada qual para o seu trabalho.

___ Realmente a mulher não sabe o significado da palavra "sororidade"! — Cathy lamentou.

Dentre eles, Martin, era o editor-chefe da redação, Dre, um fotógrafo e web designer, Thomas cobria esportes, Cathy, a "revelação", e Agnes a jornalista comportamental, mas comumente era confundida com uma bruxa, ou algo do gênero, mas ela odiava essa "vulgarização do espiritual", por isso toda a brincadeira de Catharina.

Formavam o time mais animado do mundo jornalístico e cuidavam do portal mais lido da Baía dos Santos, a N. W. Notícias.

No final da tarde, Cathy voltava para a casa a pé, já que seu carro estava na oficina (pela milésima vez), quando foi abordada por uma cigana, uma das várias que povoavam o calçadão da praia naquela hora.

___ Garota, vem! Eu tenho que te dizer uma coisa! — a mulher, de vestido azul-celeste e mostrando vários dentes de ouro a chamou, e achando a coisa mais normal do mundo, ela sorriu, recusando com educação e continuando a caminhada — Prepare-se para começar a viver a razão da sua existência sobre a terra: o amor! — a mulher berrou, com um ar de quem sabia de tudo, um tom profético na voz — Se acha que já o conhece, vai se surpreender muito nos próximos dias!

Cathy diminuiu subitamente os passos, voltando os olhos para a figura de pele quase rubra que se aproximou rapidamente, certa de que tinha lhe convencido a dar-lhe atenção e também alguns trocados!

___ E quanto você julga que eu devo pagar por essa informação vital para a minha existência? — cética, encarou a mulher, não acreditando numa única palavra do que ouvira.

___ A mim, nada. Mas, vai pagar caro se continuar negando o seu destino.

Claro que a cigana perdeu a atenção de Catharina quando, num erro clássico, ela pronunciou a palavra que a jornalista mais repelia no mundo, talvez mais do que a palavra "amor": a palavra "destino".

____ Os dois homens que dividem com você o sentido da sua existência vão voltar, e você, se continuar se negando a viver esses relacionamentos, vai sofrer e não ganhar nenhum conhecimento com esse sofrimento, porque ele será em vão.

Como a jornalista nem sequer tinha dado atenção ao restante da "revelação", com sua pluralidade de homens, retrucou:

___ Se eu tiver que pagar alguma coisa por continuar "negando o meu destino" de ser mais uma mulher dominada pela mídia machista que só quer nos ver implorando de joelhos, a nos rastejar atrás de uma penetração, então eu acho eu não me importarei nenhum pouco!

Desde o Princípio - Livro 1 - Passado no PresenteWhere stories live. Discover now