Narrador desconhecido: Parte 2: Como eles ficaram assim?

13 4 0
                                    

Daylla, agora com 15 anos, dá um suspiro alto e olha com desgosto e preguiça pra porta. 

-Você não vai nem responder?

-Pra você me fazer levantar do sofá? Não obrigada

-Certo.

Iscar dá um sorriso leve e volta a olhar pro livro aberto em suas mãos, com demasiada preguiça demais pra ler de verdade

A pessoa a porta continua a bater. Daylla geme de novo, e finalmente se levanta de sua posição jogada no sofá e vai até a porta. Assim que ela abre um dos lados da porta dupla da madeira queimada uma criada aparece em um dos vãos da sala e dá um sorriso leve ao ver, ou ao acredita e ver, que um dos gêmeos está lendo um livro em um local aonde mais pessoas podem estar, e não seu quarto, e outro está socializando

Iscar lança um olhar furtivo tão rápido a moça que ela nem percebe, analisando sua expressão com desgosto disfarçado em indiferença. A mulher vai embora, deixando a tarefa de atender a porta de lado

-Sim?

-Eu tenho uma carta para Daylla Smith e uma para Iscarmiff Smith- fala pausadamente, com certa dificuldade

-É aqui

Ela estende uma das mãos e dá um sorriso bondoso ao garoto não muito mais velho que ela, que parece ficar mais relaxado, e lhe entrega as cartas idênticas. Ele faz um sinal rápido de tchau e dá meia volta, seguindo o caminho de volta pro portão da casa

-O que era?

-Cartas. Pra gente. Logo vão consertar o portão. As empregadas não estão acostumadas e nem com tempo de vir para abrir a porta pro correio. E eu odeio correio.

-Tá, tá, papai disse que vai estar pronto até essa noite, agora me dá a carta aí.

Ela entrega a carta na mão dele e olha pro próprio envelope, relendo seu nome prateado no envelope cinza escuro. Virando o envelope de frente, ela lê as três palavras prateadas e lê de novo

-Instituto Nonomura Ashitana. Por que o INA, um dos institutos mais renomados do mundo nos mandou duas cartas?

-Uma ótima pergunta. Que tal a casa na árvore pra resposta?

Ela concorda com a cabeça, cimo se dissese "boa ideia"

Os dois passam pelos corredores da casa lado a lado em puro silêncio, cada um com sua carta em mãos.

Eles passam pela cozinha com sorrisos forçados para as empregadas bondosas, tentando ser gentis enquanto saem pela porta pro quintal

Os dois analisam rapidamente o enorme salgueiro e sobem as escadas de madeira clara até o alto, entrando pela porta de vidro e finalmente abrindo as cartas

Depois de um tempo lendo ambos sobem os olhos e falam quase ao mesmo tempo

-Fui aceita no INA

-Sou um estudante oficial do INA

-Espere, você nos inscreveu?

-Não.... Não foi você?

-Não

-Foi o pai de vocês

Os dois olham pra frente, no rumo da pequenina cozinha da casa, e olham pra sua prima mais nova como se soubessem que ela estava ali o tempo todo

-Oi Tiana. O que faz aqui?

-Sério? Eu não assustei nem surpreendi vocês?

Os dois se encaram um pouco e Iscar responde por eles enquanto Daylla guarda a carta de volta ao envelope

Arautos da Morte e a Queda do DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora