O Passar dos Anos

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[Assista Me&You para ter uma melhor experiencia ao ler o capítulo -> http://vimeo.com/120893601]

Audrey fora uma das primeiras candidatas. Audrey é essa esselência em pessoa de 24 anos, tem esse cabelo afro e lábios carnudos invejáveis e um cérebro paranormal. Ela reconheceu-me logo de cara como "a menina que salvou o presidente". Audrey é dona de uma das histórias de vida mais emocionantes que já ouvi; perdeu os pais logo cedo e foi adotada com sete anos por pais maravilhosos. Nesse tempo teve de lutar muito para entrar em uma boa escola e lutar contra o preconceito. Ela só usa roupas coloridas, para "atrair boa energia" como ela diz. Sua vida no orfanto havia sido dura, porque enquanto observava crianças e bebês brancos indo e vindo, ela permanecia por lá. Era a mais velha de todas, e a mãezona. Diz ela que isso a tornou uma garota forte e pronta a qualquer momento. Ela é estudante de Harvard também, e procurava por um lugar barato e perto. Lembro que simpatizei no primeiro olhar, e na outra tarde já desabafava toda minha existência. Porém, entretanto e todavia, ela também era uma estudante de Harvard e tinha um compromisso com os estudos. Ela não pôde oferecer sua análise psiquiátrica reconfortante e conselhos em período integral. Eu ainda estava sozinha e sem perspectiva. Daí eu implorei para alugarmos o outro quarto, desta vez para um não estudante de Harvard.

Apareceu o Steeven. Steeven, com dois es mesmo para preservar suas origens orientais (como diz ele), é o rapaz mais sem noção que conheci. Ele também reconheceu-me logo de cara como "a menina que salvou o presidente". Ele é japonês direto, mas se rebelou ao sistema de Tóquio e veio tentar a vida nos Estados Unidos. Mas não antes de mudar seu estilo e nome. Deixou a barba e o cabelo crescerem (trançando dreads por toda a cabeleira depois) e usa as estampas mais improváveis. Ele não revela seu nome próprio, porque diz que não é mais essa pessoa e prefere esquecê-la. Steeven foi meu grande aliado. Com sua mudança eu ganhei um companheiro para fazer minhas besteiras ocasionais. Havia dias em que eu furava com o trabalho e não levantava da cama, e mergulhava em seriados aleatórios. Steeven trazia a pipoca e sentava junto.

Eu fazia muitos bicos, porque pelo jeito quando você não aparece todos os dias no lugar eles não te querem e não te pagam. Um dia era garçonete, outro dia; secretária de Hotel. Ao passo que eu tentava liderar algo com os desenhos que faço. Mas nada alavancava. Eu tinha trabalhos esporádicos de freelancer, que pagavam um belo almoço pelo mês inteiro, mas não eram constantes. Esse ritmo levou-me a uma mini depressão. E graças ao apoio que tive dos três, fui encorajada a assumir de vez pro mundo minha vocação; arte. Larguei tudo o que fazia e me trazia sustento para dedicar-me em 100% ao meu novo estilo de vida. Eu e Steeven abrimos um "estúdio" há meia hora de casa, perto de Thiago e Audrey para podermos almoçar juntos. Nesse estúdio nós produzíamos massificadamente para depois anunciar e ver no que dava. Lógico que passamos por muitos apertos - houve tempos em que devemos três meses de aluguel - mas o prazer e paixão que nos movia na hora da arte compensava o tranco. Isso tudo deu-se no nosso primeiro e segundo ano morando sozinhos.

Thiago tinha ciúmes. Ciúmes, assim, de louco. O que eu não esperava, para ser sincera, porque lembro de um cara uma vez, de quem eu era bem amiga, e Thiago não demonstrou uma gota de ciúmes. Mas agora ele tinha. Do Steeven. Ele reclamava que passávamos horas e horas juntos e ele se sentia muito por fora do meu trabalho. Eu dizia a mesma coisa em relação a Audrey e sua vida em Harvard, embora Audrey frequentasse outro curso e fosse muito santa para trair-me. Mas esta foi nossa maior briga.
Dela, nós terminamos.

Foi a pior época de todas as épocas. Se você crê que a época da escravidão foi ruim, bem, você está certo mas essa época foi pior. Digo, não. Não foi pior, pior. Mas foi ruim.

Eu fazia de tudo para não cruzar com ele no café da manhã e no jantar. No almoço, quando os quatro se reuniam, eu tive de inventar "horas extras". Mesmo se não havia nenhum trabalho para produzir, eu produzia. Minhas obras eram sombrias, tão mais sem vida do que na minha depressão. E foi depois do primeiro mês que assustei. Pensei "Pronto! Agora é de vez, nós acabamos.". Demorou para processar. Porque eu nunca pensei que fossemos acabar. Parecia que era de ferro ou coisa assim. Mas nenhum de nós aparecia de pidão no quarto do outro. Teve vezes que fui, mas ele não estava lá.

A Vida De Uma Garota Super PopularWhere stories live. Discover now