Minha primeira morte - Atarah

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  – O castelo, está sendo invadido. Venha, vou tirá-la daqui.

  Sentia que algo estava errado com ele, sua voz? Seu jeito frio? Mesmo assim o segui, mas não fui levada a um lugar mais seguro ou algo do tipo. Estava tão tonta. Alastair me deixou em uma sala e trancou a porta, mas o guarda não ficou comigo.

  Assim que me virei vi Adenna. O que aquela tola está fazendo aqui?

  A sala estava fria, mas a lareira queimava, será que eu estava alucinando por conta do veneno? Um pouco difícil pelo tamanho das doses que estava bebendo.

  – Alastair foi bem útil, eu realmente achei que você descobriria que ele era um rebelde.

  – O que?

  A desgraçada agia como se eu não pudesse feri-la, mas ela estava certa. Adenna serviu uma taça de vinho para si e começou a caminhar pela sala enquanto bebericava.

  – Devo admitir que foi difícil conseguir invadir esse castelo, suas amizades realmente foram um problema, mas como estou te matando agora, não existe forma deles a ajudarem, e nem podem, estão ocupados de mais lutando lá fora... – Ela olhava pela janela e fazia diversas caretas. – Terei que arrumar todo o jardim. Abra mão da sua coroa Atarah, mesmo que agora já não faça tanta diferença já que está morrendo.

  – Se eu morrer Sorin se torna rei, meu trono não ficara vazio. – Dei um sorriso cruel. – E se Sorin morrer o Norte será do Sul. Passei uns dias em Aislinn. Não soube?

  Espero que Brylee realmente conquiste o Norte caso eu morra. Não falei nada sobre isso com ela, mas se eu realmente me tornar uma deusa acho que posso fazer isso. Quem sabe possa destruir o Norte eu mesma.

  – Não pode fazer tal coisa...

  – Claro que posso. Sou a rainha, e sou mais inteligente que você. E como disse. Se eu morrer levarei o Norte comigo. – Me aproximei lentamente de Adenna tentando manter a minha postura a melhor possível. – Sou Atarah Kalliste, a rainha do Norte, legítima herdeira do trono. A escolhida pelos deuses. Acredite em mim quando digo que esse não é o seu lugar. Você nunca terá a minha coroa de verdade. Alguém a tirará de você, quem sabe alguém muito pior, pois os deuses me escolheram para isso. E não você... Não importa o que você faça, eu ainda serei a rainha.

  Minha visão começou a ficar escura.

  – Está morrendo Atarah, mas tudo bem. Eu amo Sorin e acho que ele também me ama, acho que seu juramento de círculo íntimo não é tão bom. Eu me casarei com seu primo e serei a rainha. O clero terá que me aceitar.

  – Adenna... Conseguir o poder é muito mais fácil que mantê-lo, mas você é tola de mais para entender isso.

  Após isso eu caí e o mundo ficou completamente preto. Não sei por quanto tempo fiquei apagada, mas eu não morri. Veneno errado. Ainda não chegou a minha hora. A porta da sala estava aberta e antes de levantar conferi para ver se não havia ninguém. Assim que me levantei achei que iria vomitar, e realmente iria, mas se eu quiser fingir estar morta, não posso sujar o tapete. Engoli tudo e foi péssimo.

  Corri para as passagens secretas, as quais estavam vazias. Assim que cheguei a meu quarto, peguei uma roupa e diversas jóias, coisas que eu poderia vender, e a coroa, meus venenos, uma mochila e uma capa. Então voltei para a passagem e me troquei. Usei as passagens até chegar aos túneis que davam no estábulo. Peguei duas adagas e uma espada e subi em um cavalo qualquer e fugi o mais rápido que pude.

  Me sentindo péssima, não apenas por abandonar meus amigos, minha família, mas por ter sido traída, traída pela pessoa que eu amava. Só quando já corria com o cavalo percebi que chorava. Quando já estava bem longe de Melione parei o cavalo e vomitei e chorei um pouco mais, mas por que estava chorando? Estou tão cansada de chorar!

  Adenna tentou me matar, ela me machucou. E eu vou a machucar de volta.

  Segui pelo resto da noite cavalgando em direção ao Leste. Eu sei, completamente suicida, mas existe um detalhe das terras de meus tios que me fizeram ir em sua direção. Lá ninguém me conhece, nunca fui ao Leste, e eu vou ter que parar em algum lugar. Acho que vou ter que dar uma mudada no visual.

  Eu voltaria para Melione, iria reconquistar o meu trono, mataria Adenna e Alastair. E iria fazer isso lentamente. Até o Leste levaria oito dias, sem paradas e correndo, mas não tenho como fazer tal coisa. No mínimo onze dias, mas pelo menos serão dias onde um supostamente estarei morta, não irão me procurar.

  Quem sabe eu nem volte para recuperar meu trono, um novo começo, um novo destino, posso fugir do meu assim. Estou morta, esse foi o meu fim. Atarah Kalliste está morta, mas na vida cada final pode ser um novo começo. A partir de agora não sou ninguém. Sou apenas mais uma camponesa. Que Adenna se destrua sozinha, sei que é completamente capaz de fazer isso. E Alastair... Pode ser que volte a Melione, mas apenas se minha nova vida der errado.

  Alastair me traiu, e podia existir uma grande chance de eu o amá-lo. Eu ia o fazer rei do Norte... Como pude ser tão burra?

  Enquanto cavalgava repeti a mim mesma diversas vezes algo que havia dito enquanto estava muito bêbada com Keir, Faolan, Keres e Sorin.

  – Me assista destruir o mundo, e com isso destruindo vocês. Ou o destrua comigo, e escape da possibilidade de ser arruinado.

  No dia quando disse aquilo, todos ficamos em silêncio por alguns segundo e então caímos na gargalhada. Estávamos tão mal. Keres então se levantou do tapete que nós práticamente manchamos inteiro e jogou seu braço sobre meus ombros, tive que me curvar para ficar mais próxima do seu tamanho.

  – Por que destruir o mundo se podemos fazer todos se curvarem a nós? Somos lindas, espertas – Ela levava na mão direita uma garrafa, e antes de terminar de falar deu um gole logo do bico. – Fortes e independentes. Podemos conquistar o mundo ao invés de destruí-lo.

  Keir se atirou no sofá gemendo e então disse.

  – Mas isso vai dar tanto trabalho.

  Faolan que claramente era o que estava mais sóbrio assistia rindo a nossa situação ainda mais deplorável. Sorin estava ocupado trançando, ou pelo menos acreditando que estava fazendo isso, nos belos cabelos do Elfo quando parou e ficou olhando para nós. Todos ficamos quietos novamente.

  – Já disse que vocês são as mulheres menos modestas e mais empoderadas que conheço? – Sorin disse algo, mas estava completamente enrolado, no fim, deixou o pobre Feérico em paz e se jogou no tapete, então disse gritando de um jeito dramático. – Eu amo todos vocês!

A queda das rainhas do norte (Em processo de reescrita) Where stories live. Discover now